Tributo ao Raça Negra
Por Alexandre Inagaki ≈ quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Você pode falar de desilusões amorosas, corações partidos e a solidão oriunda dos desencontros da paixão com versos embebidos em tristeza e saudade. Mas, se essas músicas dociamargas são cantadas com o ritmo malemolente de um pagode, no mínimo consolam o corpo. Que, ao fim, acaba por se deixar levar por meio de requebradinhas e batucadas, acompanhando a ginga e o balanço atemporais do samba.
O Raça Negra foi um dos artífices principais do Pagode Romântico, movimento musical que conquistou FMs, TV e ouvidos incautos nos anos 90, embalando corações e arrebatando fãs. Mais do que isso, foi um grupo que chegou à expressionante marca de 30 milhões de cópias vendidas em toda a sua carreira. Com letras simples, mas que falam sem firulas sobre todos os desenredos fragmentados do discurso amoroso, o Raça Negra compôs boa parte da trilha sonora afetiva de toda uma geração. Quem nunca cantarolou um hit deles que jogue o primeiro discman (que pena, que pena, amor!).
O jornalista Jorge Wagner foi um dos muitos fãs que não passaram incólumes ao impacto de pagodes como “Cheia de Manias”, “Jeito Felino” e “Vida Cigana”, e articulou a criação de um tributo ao grupo liderado por Luiz Carlos, inolvidável vocalista de língua presa. E foi assim que surgiu Jeito Felindie, coletânea com bandas e cantores do naipe de Letuce, Lulina, Nevilton e Minha Pequena Soundsystem recriando os sucessos do Raça Negra em versões surpreendentes. Destaco em especial a sensacional recriação de Vivian Benford, que fez uma versão acachapante de “Cheia de Manias” (sim, é aquela do “didididididiê”).
Jeito Felindie já está disponível para download no site do Fita Bruta: http://fitabruta.com.br/2012/10/exclusivo-ouca-aqui-o-jeito-felindie-tributo-ao-raca-negra.
Minha recomendação: baixem, ouçam e depois sejam obrigados a concordar com as palavras do grande Carlos Eduardo Lima, que definiu com precisão o que esse tributo representa a todos que foram contagiados pela ginga malemolente dos pagodes românticos dos anos 90.
Raça Negra é isso: é amor, é cartão de aniversário de namoro com o Garfield na capa, é festa de quinze anos, é almoço de domingo na casa do parente distante ou na churrascaria que fica ao lado do mercadinho em que a família tem conta e pode pedir fiado pro dia seguinte. Isso tudo constitui um painel emocional que todos já experimentaram, isso tudo, quem sabe, pode ser o samba, a Jovem Guarda, a música, juntos, assumindo formas e valores que vamos levar pra sempre na memória.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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