Amores Urbanos
Por Alexandre Inagaki ≈ quinta-feira, 19 de maio de 2016
Nestes tempos de relacionamentos líquidos, nos quais é possível dispensar um pretendente com a agilidade de um swipe à esquerda num Tinder da vida, talvez a amizade seja a maior constante capaz de solidificar as fluidezas que marcam este cotidiano. Mas não me refiro aos “amigos” de Facebook, esta rede social que banaliza um termo tão significativo aplicando-o a qualquer contato superficial que aceitamos ter em nossos perfis por questões de networking ou mera educação. E, sim, aos amigos que seguram a sua barra nos momentos mais difíceis, sem que sejamos obrigados a dar justificativas para os eventuais tropeções e presepadas que inevitavelmente damos por aí.
Quando vi Amores Urbanos, o surpreendente longa-metragem de estreia de Vera Egito, a sensação que me veio ao acabar de assisti-lo foi esta: que história bem contada, com personagens tão tangíveis, e que bacana ver o retrato emocional de uma geração tendo sido feito de maneira tão viva e palpável, a partir da narrativa das desventuras amorosas e familiares de três amigos (interpretados por Maria Laura Nogueira, Renata Gaspar e Thiago Pethit). E o modo como Amores Urbanos traça suas histórias em pouco mais de 1 hora e meia de duração, conseguindo construir seus personagens de modo a fazer com que sejamos cativados por eles e pela sua história de amizade sem julgamentos (ao melhor estilo “elogie seus amigos publicamente e deixe para dar as broncas nas DMs”), é um dos diversos méritos do filme.