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Pílulas

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 05 de dezembro de 2008

Tom Zé e Caetano Veloso andaram discutindo feio em seus respectivos blogs, em um trelelê que repercutiu na Rolling Stone e no blog do meu amigo Gravatai. O imbróglio foi muito bem resumido pela Ericka: “Caetano e Tom Zé bancando Camus e Sartre via blogs”. E o Ronaldo Evangelista fechou esta discussão de boteco lembrando da faixa final do álbum Todos os Olhos (sim, é aquele mesmo da polêmica capa), gravado por Tom Zé em 1973. Trata-se da genial “Complexo de Épico”, cujos versos dizem:

Capa de Todos os Olhos, álbum de 1973 do Tom Zé

Todo compositor brasileiro é um complexado
Porque então essa mania danada
Essa preocupação de falar tão sério
De parecer tão sério
De ser tão sério
De se sorrir tão sério
De se chorar tão sério
De brincar tão sério
De amar tão sério?
Ah, meu Deus do céu
Vá ser sério assim no inferno

Alguma coisa há em comum entre compositores brasileiros e blogueiros. :P

A Defesa Civil de SC pede a suspensão de doações de alimentos e roupas por falta de espaço físico para armazenamento nas centrais de arrecadação e distribuição. Bom saber que, apesar da crise econômica, o espírito de solidariedade permanece entre os brasileiros. Mas, enquanto Santa Catarina busca sua reconstrução com o auxílio de todo o país, que tal lembrar que em Campos dos Goytacazes mais de 17 mil pessoas perderam suas casas por causa de fortes chuvas que também caíram no estado do Rio de Janeiro?

Se você já havia separado roupas e alimentos para doar para os catarinenses, por que não destiná-los para as vítimas das enchentes em Campos? Dê um pulo no blog coletivo Urgente!, escrito por jornalistas da região Norte fluminense, que informa endereços e telefones de diversos locais que recebem e encaminham doações para as milhares de famílias desalojadas e desabrigadas em Campos.

Em tempo: nos dias 6 e 7 de dezembro a Secretaria de Estado de Cultura de SP promoverá uma Virada Cultural em prol de Santa Catarina. Mais informações neste link.

Após uma conversa que tive no Twitter com a Lucia Malla, gravei um áudio no Gengibre no qual tergiverso sobre a estranheza de ouvir minha própria voz. Gostei da experiência de gravar um mini podcast, mas não do som da minha voz. |-|

A lista dos 40 melhores videoclipes de 2008 feita pela Pitchfork é boa, mas como toda lista que se preze cometeu alguma injustiça. No caso, esqueceram de citar a excepcional Amanda Palmer, vocalista do Dresden Dolls, cujo primeiro álbum solo, o saudavelmente anárquico Who Killed Amanda Palmer, certamente constará na minha lista de melhores do ano. Ao menos dois clipes mereciam menção: “Oasis”, ironicamente dedicado a Sarah Palin, e o vídeo a seguir, da música “Leeds United”, dirigido por Alex de Campi.

Eis alguns textos que andei publicando fora deste blog: Saudades antecipadas do trema, Títulos de filmes na vida real, Arquitetura, música, jóias e Oscar Niemeyer, A morte oficializada de Richey James Edwards, Capitu, os Mil Casmurros e a Globo na Web e Top 5 Começos de Romances.

Há um provérbio francês que afirma: “No mundo dos espertos, quem anda voa”. Prefiro contrapô-lo a um outro, de origem hindu, que diz: “O bem que se faz na véspera torna-se felicidade no dia seguinte”. Que assim seja.

Pílulas

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 22 de outubro de 2008

Basta ver as reações em blogs, fóruns e mesas de boteco sobre a campanha eleitoral para entender porque o futebol é o esporte quase monopólico neste país. É triste constatar que um tema tão sério como a política vira bate-boca digno de Fla X Flu ou Corinthians x Palmeiras. Mesmo entre pessoas teoricamente mais “esclarecidas”, as discussões descambam para o maniqueísmo mais rasteiro. Se você é de esquerda, está do lado do bem; se você é de direita, que nojo; e assim por diante. E dá-lhe bombardeios de insultos de ambos os lados: petralhas, mensaleiros, tucanalhas, os chororôs e blá blá blás habituais. Nesta tal festa da democracia para a qual somos compulsoriamente chamados pela instituição do voto obrigatório, creio que falta incutir em seus convidados um mínimo de noções sobre respeito às opiniões alheias. Tomo emprestadas as palavras de meu camarada Marcos VP: “Quem vota conosco é nosso par. Quem vota contra, ou é ignorante ou está com más intenções, ou seja, é de mau caráter. Pobre mundo repleto de tantas certezas individuais, pequenos paradoxos que quanto mais espaço tentam ocupar, menores se mostram”.

Sobre a terrível semana passada, o melhor resumo foi feito por Tutty Vasques: “Teve gente que perdeu dinheiro, torcedor que perdeu a paciência, marqueteiro que perdeu as medidas, seqüestrador que perdeu o juízo, policiais que perderam o controle, enfim, muito se perdeu desde o último domingo para chegar neste sábado e ainda ter que perder uma hora de sono assim, num estalar de dedos. Nada contra o horário de verão, muito até pelo contrário, mas porque adiantar o relógio justo no fim de uma semana como esta?”.

Queria entender porque as cerimônias de premiação da MTV brasileira são tão chochas e apresentam shows tão pífios. Enquanto no mais recente VMB tivemos “shows” (sic) de Nove Mil Anjos (a banda com nome constrangedor do irmão da Sandy) e Bloc Party fazendo playback (in)digno de Cassino de Chacrinha, quem assistiu ao Premios MTV da América Latina conferiu ao vivo de Julieta Venegas, Zoé (melhor banda mexicana da atualidade ao lado de Café Tacuba), Metallica e uma impagável performance de Katy Perry cantando “I Kissed a Girl” com direito a um tombo muito melhor do que o protagonizado por Kele Okereke no Brasil.

Katy Perry, diga-se de passagem, tem um Tumblr no qual registrou o dia em que ouviu pela primeira vez sua música numa rádio.

No dia 7 de outubro o major Roberto Cavalcante Vianna tornou-se o primeiro brasileiro a ser preso pelo “crime” de ter deixado um comentário em um blog. Alexandre de Sousa e Gustavo de Almeida escreveram sobre o assunto em seus respectivos blogs, e este foi um dos temas que abordei em minha coluna mais recente para o Yahoo! Posts.

Fala-se muito dos blogs como meios de democratização da produção de conteúdo na Web, mas recordo que, no cenário brasileiro, esse papel tem sido mais exercido pelo tão enxovalhado Orkut. O aspecto involuntariamente cômico de certas fotos e perfis é devidamente ressaltado em blogs humorísticos como Pérolas do Orkut e Grandes Tolices do Orkut, mas o fato é que a internet simplesmente reflete o mundo off line, repleto de analfabetos funcionais, palpiteiros de ocasião e pessoas que vivem em um país cuja qualidade educacional é pífia.

E o caso é que graças ao Orkut vivemos tempos em que quase todo internauta brasileiro possui uma página pessoal: seu perfil na rede social do Google. Basta entrar em uma lan house ou ver os terminais de computador num McDonald’s da vida para constatar que há sempre um ou mais computadores cujos monitores exibem a tela do Orkut. Trata-se da verdadeira democratização da rede, para o bem e para o mal. Não à toa, a cada novo fato que chama a atenção da imprensa, o Orkut é utilizado como fonte para que fotos e informações sobre anônimos repentinamente catapultados para as manchetes dos jornais, como no caso do seqüestro em Santo André, sejam posteriormente utilizados mídia afora.

Dia 29 de outubro estarei em Salvador, participando da Primeira Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNEB, a convite do grupo Blogs BA, ministrando uma palestra sobre o tema “Mídias Tradicionais e Independentes em Tempos de Web 2.0″. Caso você esteja em Salvador nesse dia, inscreva-se aqui para participar. Em tempo: pela 4ª vez consecutiva Pensar Enlouquece aparece nas pesquisas da Revista Bula sobre os blogs mais populares dentre os universitários. Valeu!

Diálogo de “Nostalgia”, peça encenada pela Sutil Companhia de Teatro em 2001: “Eu não quero saber de novidades. Eu odeio as novidades! E essas pessoas que a gente pensa que iam mudar o mundo na verdade são como todos nós, e não fazem nada. Nada!“.

Pílulas

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 03 de dezembro de 2007

TV digital com a mesma programação medíocre de sempre? Essa história toda me fez lembrar de um tio que se recusava a usar óculos recorrendo ao seguinte argumento: “Por que desejaria enxergar melhor esse mundo horroroso lá fora?”.

Michel Gondry é conhecido por muitos como o diretor de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, mas o fato é que ele também é o maior diretor de clipes de todos os tempos. O vídeo de “Sugar Water”, do Cibo Matto, uma tour de force composto por dois planos-seqüência sem cortes que se entrecruzam no meio da narrativa, é uma prova bem convincente do que afirmo.

Em tempo: confiram também o making of do clipe.

Há uma semana estou fazendo a tal dieta dos carboidratos, que, diga-se de passagem, não recomendo a absolutamente ninguém. Após sete dias sem comer arroz, feijão, batata, pães e massas, eis o saldo: perdi três quilos e a minha alegria de viver.

Ainda sobre o tal regime, outro dia a Aninha me perguntou: “essa dieta não te dá fome?”. Respondi: “Não. Só desgosto”.

Você conhece a obra de José Luiz Benício, artista gráfico que ilustrou os cartazes de 31 filmes dos Trapalhões, diversas pornochanchadas (dentre elas O Bem Dotado - o Homem de Itu, Histórias que Nossas Babás Não Contavam e Os Garotos Virgens de Ipanema) e outros filmes renomados como Dona Flor e Seus Dois Maridos e Independência ou Morte? Se a resposta for negativa, recomendo fortemente que você confira meu texto no Nokia Trends. ;)

Devo um agradecimento a Nelson Moraes. Ou melhor, dois. O primeiro, por ter me indicado um artigo no Overmundo que me inspirou a escrever sobre J.L. Benício, o Norman Rockwell brasileiro. E o segundo, por ter publicado em seu blog “Sax, Flauta e Cavaquinho”, um conto ge-ni-al que integra o livro Blog de Papel, do qual participei com o texto “Bons Amigos”.

Você já conhece o BlogAID, iniciativa de André Luis Suaide que no dia 22 de dezembro irá ao Centro Comunitário e Creche Sinhazinha Meirelles doar alimentos não perecíveis e brinquedos às crianças do local? Se está naquela fase complicada de escolher os presentes de Natal para amigos e parentes, que tal conferir as belas opções do Papel de Pão, blog do fotógrafo Sergio Fonseca? Já viu o Curitibocas, blog do livro que será lançado no dia 7 de dezembro, reunindo personalidades e figuras folclóricas da cidade de Curitiba?

Gostaria de sofrer de uma amnésia controlada, que me fizesse esquecer de certos livros e filmes. Algum artifício prodigioso, que me permitisse assistir a Casablanca sem saber o que vai acontecer no final. Ou ler Cem Anos de Solidão e me deslumbrar da mesma maneira que da primeira vez. Ou gargalhar com uma gag dos Irmãos Marx ou de Woody Allen com prazer sempre renovado. Ou ser surpreendido, punch no estômago, com o assassinato no chuveiro de Psicose, a revelação da identidade de Keyser Soze em Os Suspeitos, o turning point em Um Corpo que Cai. Que me permitisse sentir novamente o orgasmo literário de quando li pela primeira vez O Jogo da Amarelinha de Cortázar, romance que me obrigou a soltar um impropério escandaloso no meio da biblioteca do Bandeirantes: “- Porra, quero escrever que nem esse filho da puta!“.

Pílulas

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 02 de junho de 2006

Conversei ontem com a filha de um carcereiro, mantido como refém durante quatro horas em uma dentre tantas rebeliões ocorridas no dia 15 de maio. Disse-me ela que o pai até que teve sorte, diante das circunstâncias. Levou algumas porradas, mas nada que tenha causado maiores seqüelas. Mas o momento mais marcante do dia, segundo o seu relato, aconteceu no momento em que os presos fizeram uma pausa no quebra-quebra a fim de acompanhar o pronunciamento de alguém mais importante do que Lula ou Marcola: Carlos Alberto Parreira, no exato instante em que a TV divulgou a lista com os 23 convocados para a Copa. Na hora em que ela descreveu essa cena, não pude deixar de cantarolar mentalmente aquela marchinha: “De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão…”

Segundo Linus, neste vídeo Charlie Brown faz papel de bobo. Mas é de se perguntar: quem, na condição de apaixonado, nunca vestiu esta carapuça?

Texto relacionado: Charlie Brown, a garotinha ruiva e o tal do amor.

Embora eu tenha sido um dos cinqüenta autores que participaram da primeira oficina literária promovida pela Flip, em julho de 2004, e assine um conto no livro Blog de Papel, o fato é que não posso me considerar um “escritor” simplesmente porque adquiri a tempo a lucidez suficiente para me colocar em meu devido lugar: o de leitor. É nessa condição, pois, que estou acompanhando com atenção os textos do Especial Autores Novos do site Digestivo Cultural. Dentre eles, destaco um excelente artigo de Jonas Lopes: Ser escritor ou estar escritor?. Jonas colocou em palavras a mesma impressão que nutro há tempos: boa parte dos novos autores aprecia as benesses de circular no meio literário e ter seu nome badalado em sites e blogs (mea culpa: eu já caí algumas vezes nessa arapuca das vaidades), mas no entanto deixou de lado o primordial: desenvolver um projeto ficcional próprio. Em meio à enxurrada de novos títulos, questiono: quanto desses novos autores permanecerão sendo lidos daqui a dez anos? Quantos levam a literatura a sério a ponto de ambicionarem vôos mais altos que a badulação dos amigos de praxe?

Em abril de 2004 escrevi o artigo Literatura na rede: a transição dos bytes para as bibliotecas, com a intenção de traçar o panorama de uma época na qual os primeiros autores revelados pela Internet começaram a ser acolhidos pelo mercado editorial brasileiro. Mais de dois anos depois, não me admiro em constatar que boa parte dos links da matéria estão inativos. Lamento: cada site que sai do ar leva consigo um pedaço da história da cibercultura tupiniquim. Reflexo, no mais, de tempos em que cada um angaria seus 15 bytes de fama volúvel e volátil.

Nunca entendi o motivo da expressão “mão boba”. Para mim, mão que se esgueira sorrateiramente, tentando desvendar com o tato o que aos olhos ainda não se revelou, de boba não possui absolutamente nada (pílula que receitei originalmente em maio de 2003).

Desabafo de ontem de Ricardo Noblat a respeito de jornalismo e blogs: “Os critérios que orientam o trabalho de um jornalista blogueiro são os mesmos que orientam um jornalista empregado em qualquer meio tradicional de informação. Há que se apurar com rigor a notícia. Há que se correr atrás de notícia exclusiva. E há que se tentar oferecê-la de uma maneira capaz de capturar a atenção dos leitores. É bem mais arriscado ser jornalista blogueiro do que simplesmente jornalista. Porque em um jornal, por exemplo, o erro tem vários pais - o repórter, o editor, o chefe da redação… Por ter muitos pais, ele não pesa nas costas de ninguém sozinho. Aqui, não. O erro só tem um pai. E quando ocorre, o mundo desaba na cabeça do responsável. Jornalista de jornal, rádio e televisão é protegido das criticas pelo pouco espaço que os veículos abrem para a opinião do distinto público. E pela distância segura que o jornalista mantém do distinto público. Aqui, não. As criticas são imediatas, duras e por vezes injustas. E nada ou pouca coisa separa o blogueiro dos leitores. Do médico, se diz que ele pensa que é Deus. Do jornalista, que tem certeza. Ao fazer um blog, jornalista descobre que não é Deus. Se não descobrir, deixará de ser blogueiro em pouco tempo“.

Textos que publiquei por aí: Samba do mutante doido, sobre X-Men - O Confronto Final, para o site da Antena 1, e Língua, poema que transita entre, hmm, o erótico e o metalingüístico, para o Cracatoa Simplesmente Sumiu.

Das muitas boas músicas já lançadas em 2006, nenhuma me arrebatou com a força de “Chasing Cars”, belíssimo épico romântico em formato de canção pop gravado pelo grupo irlandês Snow Patrol. “If I lay here/ If I just lay here/ Would you lie with me and just forget the world?“. Ainda na área musical, repasso duas links oriundos do blog de mp3 My Old Kentucky, que conheci através do Calmantes com Champagne de cumpadi Marcelo Costa: que tal ouvir as diversas covers que já foram gravadas de There Is a Light That Never Goes Out, dos Smiths, e Love Will Tear Us Apart, do Joy Division?

Conheça a melhor cobertura da Copa: o especial do Scream & Yell feito pela dupla Juliano Costa e Martin Fernandez.

Frase que ouvi em uma peça de Felipe Hirsch: “Se todos nós alimentássemos as nossas crianças interiores, o mundo seria um lugar de obesos“.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
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