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Odair José, o artesão da música popularíssima brasileira

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 26 de novembro de 2007

O cantor e compositor goiano Odair José de Araújo é o cronista das pessoas que amaram, já choraram muito por causa deste sentimento com nome de paçoca que se esfarela na boca e não têm o menor pudor em admitir isso. É o menestrel das pessoas que amam, porém vivem com medo de perder o ser amado, relatando seus dramas em canções que possuem como eus líricos putas, operários, empregadas domésticas, taxistas e outros representantes das classes sociais menos favorecidas. Não à toa, foi apelidado de “Bob Dylan da Central do Brasil”. Suas letras são diretas, despojadas de firulas metafóricas, e calam fundo no peito daqueles que têm suas dores e sentimentos esquadrinhados por canções como “Deixa Essa Vergonha de Lado”, “Esta Noite Você Vai Ter Que Ser Minha” e “A Maçã e a Serpente”.

Odair, na fase de 'terror das empregadas domésticas'.Antes de se tornar sucesso popular e vender milhões de discos, Odair José passou por muitos perrengues. Fugiu de casa para tentar a carreira artística no Rio de Janeiro. Lá, dormiu na rua, na praia e até no banheiro do Aeroporto Santos Dumont. Trabalhou cantando em bares, puteiros e inferninhos, testemunhando cotidianamente histórias que seriam fundamentais para a sua carreira de repórter musical dos desafortunados da vida. Continue Lendo

100 anos de Lamartine Babo

Por Alexandre Inagakisábado, 10 de janeiro de 2004

Hoje um dos maiores compositores de toda a história da MPB, o carioca Lamartine de Azeredo Babo, faria 100 anos. Prazer em conhecer? Não seja blasfemo, pequeno gafanhoto! Você certamente já cantarolou alguma das músicas de mestre Lalá, como a junina “Chegou a Hora da Fogueira” (Chegou a hora da fogueira/ É noite de São João/ O céu fica todo iluminado/ Fica o céu todo estrelado/ Pintadinho de balão), a tropicalista avant la lettre “História do Brasil” (Quem foi que inventou o Brasil?/ Foi seu Cabral/ No dia 21 de abril/ Dois meses depois do Carnaval), as sertanejas “No Rancho Fundo” e “Serra da Boa Esperança” (Nós os poetas erramos/ Porque rimamos também/ Os nossos olhos nos olhos de alguém que não vem) ou as marchas carnavalescas “O Teu Cabelo Não Nega” e “Linda Morena” (Teu coração é uma espécie/ De pensão familiar/ À beira-mar/ Ó moreninha/ Não alugues tudo, não/ Deixa ao menos o porão/ Pra eu morar).

Inventivo e irreverente, a influência de Lamartine Babo não se restringe à MPB: cronistas e humoristas como Stanislaw Ponte Preta e José Simão possuem enorme dívida para com essa figura sui generis, expert em criar trocadilhos e compor melodias de grande beleza. De quebra, é o compositor dos hinos dos maiores clubes de futebol do Rio de Janeiro (embora Lalá confessasse um carinho especial pelo hino do América, seu time de coração). Ou seja, realmente todo brasileiro conhece ao menos um verso de Lamartine.

Uma vez que todo blog posta uma letra de música ao menos uma vez em sua existência, aproveito o ensejo para publicar os versos da nonsense “Canção Para Inglês Ver”, obra-prima do esculhacho tropical que rima termos em inglês, francês e português. Em tempos de globalização e reciprocidade pra gringo ver, não poderia haver letra mais adequada.

I love you, forget iskaine
Maine Itapiru
Forget five Underwood
I shell
No bonde Silva Manuel

I love you to have Steven Via Catumby
Independence lá do Paraguai
Studebaker, Jaceguai!

Oh yes, my glass
Salada de alface
Fly Tox my till
Oh Standard Oil
Forget not me!

I love you
Abacaxi, uísque of chuchu
Malacacheta Independence Day
No street-flesh me estrepei…
Elixir de inhame
Reclame de andaime
Mon Paris je t’aime
Sorvete de creme
Oh yes my very goodnight

Double fight, isso parece uma canção do oeste
Coisas horríveis lá do far-west
Do Tomas Veiga com manteiga!
My sanduíche, eu nunca fui Paulo Escriche
Meu nome é Lasky and Claud
John Philip Canaud
Light and Power
Companhia Limitada…

I… You!
The boy scout avec boi zebu
Lawrence Tibbett com feijão tchu tchu
Trem de cozinha não é trem azul!

* * * * *

Uma frase:

“Bem-aventurados os caolhos, porque só vêem a metade da maldade”.

(Rogério Sganzerla, cineasta falecido ontem aos 57 anos, diretor de filmes como “O Bandido da Luz Vermelha” e “Nem Tudo é Verdade”.)

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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