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“Me empresta um beijo, amanhã eu te devolvo!”

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Tira do Mestre Laerte.Flerte, papo-aranha, torpedo, xaveco. Devo confessar que sempre nutri uma admiração silenciosa pelos meus amigos que possuem a desfaçatez de abordar uma mulher do nada, na mais deslavada das caras-de-pau, a fim de proferir as mais infames cantadas. Pra mim, é uma forma de arte subestimada. Porque você precisa ter o timing da comédia e a síntese do hai-kai para, em poucas palavras, conseguir despertar a simpatia e um sorriso com uma frase certeira como uma flechada. Caso contrário, prepare-se para levar um belo e sonoro tapa na cara.

Jamais esqueço da história de um amigo meu que, em uma balada, encontrou uma japonesa dançando na pista e, com a coragem intrépida daqueles que não possuem absolutamente nada a perder, abordou-a usando a seguinte cantada: “Oi, você me dá um beijo sabor sushi?”. É o tipo de coisa que me daria overdose instantânea de vergonha alheia. E, no entanto, não é que funcionou e eles ainda ficaram juntos por quase um ano? É o tipo de causo que me faz pensar nas oportunidades que perdemos por excesso de superego. Será que Bandeira levantaria de seu túmulo se eu interpretasse seu verso “a vida inteira que podia ter sido e não foi” como uma reflexão sobre as pessoas que deixamos de conhecer porque não proferimos mais xavecos absolutamente escrachados como esse do beijo-sushi? Continue Lendo

Deus segundo Laerte Coutinho

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 29 de agosto de 2007

Deus segundo Laerte - 1

Deus segundo Laerte - 2

Na concepção do genial Laerte Coutinho, Deus é uma divindade simpática e humana, que tem o olho aberto para as surpresas da vida. Muito distante, pois, daquela imagem carrancuda passada por muitos padres, de que Deus seria uma espécie de Big Brother avant la lettre que a tudo vê, e que condena quase tudo que fazemos ou deixamos de fazer. No prefácio de Frei Betto ao primeiro livro compilando as tiras de Deus Segundo Laerte, ele escreve: “Deus é amor, mais íntimo a nós do que nós a nós mesmos, como dizia Santo Agostinho. Portanto, se brincamos com tudo o que nos é íntimo, por que excluir Deus de nosso bom humor e carinho?“.

Que Deus abençoe o talento de Laerte.Laerte, que concedeu a Marco Aurélio Canônico da Folha de S. Paulo uma excelente entrevista, afirma: “Eu gostava das tirinhas de Deus, mas elas eram atéias. Não fiz as tiras para discutir religião, acho um tema empolgante, mas gosto de tratá-lo fora da fé“. Laerte, na real, concebe Deus da maneira que eu também gostaria que Ele fosse. Um dia espero merecer a graça de ir parar nesse lugar: um céu alternativo com vaga para pessoas legais. Sei que encontrarei muita gente bacana por lá.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Jé plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantêm este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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