Todos os artigos com a tag: Chico Buarque

Aqui é o meu lugar, eu vim

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 06 de agosto de 2008

O ano era 1993. Após ter passado quatro anos sem gravar um álbum de canções inéditas, Chico Buarque pensou que havia perdido a mão para compor. O fato de ter dedicado boa parte desse hiato musical escrevendo seu primeiro romance, Estorvo (publicado em 1991), fez com que ele tivesse perdido o hábito de pegar o violão e compor novas letras e melodias com a naturalidade de outros tempos. E, se antes os acordes vinham quase que de bate-pronto, dessa vez a busca pela inspiração musical foi acirrada; versos e sons surgiam meio que arredios, como um gato de estimação que não lhe vê há tempos e arranha suas mãos na primeira tentativa de carinho.

Porém, ninguém se torna um Chico Buarque à toa. Após algumas semanas de labuta, eis que o Mestre compôs uma nova fornada de canções registradas no álbum Paratodos, metaforizando todo o tempo que passou distante da música em “De Volta ao Samba”, na qual diz: “Pensou que eu não vinha mais, pensou/ Cansou de esperar por mim/ Acenda o refletor/ Apure o tamborim/ Aqui é o meu lugar/ Eu vim”. Continue Lendo

Chico Buarque falando de “Futuros Amantes”

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 20 de setembro de 2007

Chico Buarque tornou-se unanimidade nacional, e não é à toa. O cara é bom, muito bom. A ponto de afirmar que, se minha mulher me chifrasse com ele, eu seria capaz de ficar orgulhoso e de alardear para todos os meus amigos: eu fui corneado pelo Chico Buarque!

Mas, falando sério, embora eu ainda considere que sua obra-prima seja Construção, gravado em 1971, o fato é que ao longo dos anos Chico tem mantido uma invejável forma artística, além de ter publicado ao menos dois belos romances: Estorvo e Budapeste. Porém, o motivo que me levou a publicar este post foi ter encontrado, no excelente blog da Ticcia, um vídeo extraído do especial que o filho do Sérgio Buarque de Holanda gravou para a Band, por ocasião do lançamento de Paratodos, em 1993. Trata-se de uma preciosidade: nele, Chico Buarque explica o gênese da composição de “Futuros Amantes”, mais uma dentre tantas de suas obras-primas.

Tendo a Cidade Maravilhosa ao fundo, Chico devaneia e ilumina seus admiradores com a história de como surgiu a inspiração para a letra de música: Continue Lendo

Rogério Duprat (1932 - 2006)

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 27 de outubro de 2006

Quando fiz, em março de 2004, uma lista dos 10 melhores discos de música popular brasileira de todos os tempos, citei o nome do maestro Rogério Duprat, falecido na noite de ontem, nos textos que escrevi sobre aqueles que elegi como os dois melhores álbuns de MPB, a saber:

1) “Tropicália ou Panis Et Circencis” (1968). Ouça uma balada com a beleza de “Baby”. Pense nos recortes justapostos das letras de Capinam, Torquato Neto, Tom Zé, Gil e Caetano, retratos do contexto conturbado de tempos imediatamente pré-AI-5. Viaje com os fantásticos arranjos de sopros e cordas criados pelo genial Rogério Duprat. Deleite-se, com sorriso nos tímpanos, ao ouvir as subversivas regravações de “Coração Materno” (de Vicente Celestino) e do Hino do Senhor do Bonfim, e a maviosa voz de Nara Leão em “Lindonéia”. E desfrute, enfim, de um álbum-conceito que consegue ao mesmo tempo soar assombroso e acessível, experimental e pop, caótico e coerente, renovador e assobiável.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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