Adele e o dom de fazer homens crescidos chorarem
Por Alexandre Inagaki ≈ sábado, 19 de fevereiro de 2011
Eu sei, é feio admitir que há momentos em que desejo que alguns dos meus artistas prediletos levem uma rasteira amorosa, daquelas que deixam nossa alma cheia de hematomas. Mas o que eu, um mero mortal repleto de falhas e de imperfeições, posso fazer, se sei que algumas das canções que tocam incessantemente em meu jukebox mental foram registradas em álbuns de músicos que as compuseram naquela fase clássica da vida em que o amor carcome a sua sanidade enquanto estilhaça seus sonhos?
Sim, por vezes penso como um fã imperdoavelmente egoísta. Mas, em minha defesa, posso argumentar que pés na bunda e ressacas amorosas calejam o espírito e causam feridas que um dia cicatrizam. Porém, discos como Blood on the Tracks, Sea Change e 21 (desde já, o melhor álbum do ano) permanecem, como catarses musicais e testemunhos irretocáveis de que há mais gente feito a gente, que amou, sofreu e comeu o pão chocho que o diabo amassou: seco, esturricado, repleto de carboidratos e sem direito a manteiga. Continue Lendo