074
11
de agosto de 2002
são
paulo itararé campos de goytacazes fortaleza curitiba
>>>
n e s t a e d i ç ã o:
estranheza
do mundo - amor e outros absurdos -
epifania no metrô - eu sou mesmo um zé geraldo -
poemetos do silas - garoto
juca jr. - mendigo chique - dia da marmota - esperança que cansa
>>>
Este
mundo é muito esdrúxulo. Escrevo estas linhas após assistir alguns trechos
do programa "Ilha da Sedução", novo reality-show do SBT que, grosseiramente
resumindo, pode ser definido como "reality chifre". Quatro casais viajam
para o Caribe, são separados e confinados em hotéis localizados em lados
opostos de uma ilha paradisíaca. Em cada hotel, dezenas de modelos solteiros
tentam seduzir os incautos a fim de testar a fidelidade de cada "pombinho",
em meio a festas, bebedeiras e mergulhos em alto mar. Bom programa
para reunir a família depois do jantar de domingo.
Enquanto
isso, nos Estados Unidos, aproximadamente 4 milhões de telespectadores se
reuniram em frente da TV para acompanhar o primeiro episódio do "Anna
Nicole Show". São 30 minutos de câmeras invadindo o cotidiano
de uma loiraça ex-stripper e ex-coelhinha da Playboy, que causou escândalo
ao se casar com um bilionário texano, J. Howard Marshall, que tinha 90 anos
de idade (mas com corpinho de 89) e morreu pouco depois, legando à moçoila
a singela bagatela de US$ 88 milhões. Ah, os estranhos desígnios do amor.
Vem
mais por aí. A decadente atriz Liza Minnelli e seu marido David Gest
já gravaram os primeiros episódios de seu reality-show. Uma declaração de
Gest dá o tom do nível do programa: "acho que já fui para a cama com tudo,
menos uma zebra". Enquanto isso, a rede ABC publicou um anúncio
convocando interessados para participarem de "Ultimate Makeover", programa
que dará a seus três participantes a chance de mudarem completarem suas
aparências físicas, incluindo uma cirurgia plástica.
*
* *
Este
mundo anda por demais bizarro. A eleição de Paulo Coelho para a Academia
Brasileira de Letras é café pequeno, comparada com a carreira literária
(sic) de Dave Pelzer, cujos três primeiros livros estiveram por 448 semanas
na lista dos mais vendidos de não-ficção do New York Times. Sua primeira
obra, "A Child Called 'It'", é a biografia de uma criança cuja
mãe queima seu braço no fogão da cozinha, depois o faz vomitar e comer seu
próprio vômito, e o deixa sem comer durante dez dias. Todas essas desgraças,
descritas em ricos detalhes, são pontuadas por lições de auto-ajuda,
do tipo "não esmoreça diante das dificuldades", ou "saiba que nem sempre
a vida é justa". Os fãs de Dave Pelzer são apaixonados pelo autor, e sentem-se
inspirados por sua recuperação após tantos horrores sofridos. Alguns deles
já compraram seu DNA para uso futuro. Para quê, não ouso especular.
Mas existe
coisa pior no mundo literário. Ou você sabia que Saddam Hussein, presidente
do Iraque, é autor de dois romances consagradíssimos pela crítica do seu
país? E ai de quem duvidar da real autoria de seus livros, que vêm, inclusive,
com a redundante declaração declarativa em sua capa: "Um livro escrito por
seu autor". O primeiro romance de Hussein, "Zabibah e o Rei", descreve
a relação entre um político sensível e uma belíssima mulher tornada escrava
por seu marido, um ocidental que a violentou no dia 17 de janeiro ("coincidentemente",
o dia em que os Estados Unidos bombardearam Bagdá durante a Guerra do Kuwait).
A obra virou musical e bateu recordes de vendas (no Iraque, é claro).
*
* *
Este
mundo despirocou de vez. Karyn, uma novaiorquina que afirma trabalhar em uma
emissora de TV, criou um site pedindo ajuda dos internautas para
pagar uma dívida de US$ 20 mil junto ao seu cartão de crédito. A mulher,
com tremenda cara-de-pau, admitiu que os débitos foram contraídos comprando
roupas de grife e besteiras na Internet. Mesmo assim, o site (http://www.savekaryn.com)
recebeu mais de 200.000 page views, e ela já arrecadou cerca de US$ 2.700
em doações.
Você
já viu de tudo na Web? É claro que não. Em http://www.geocities.com/acpgm, você
encontra o sensacional sítio "AOL CD Preservation Guild & Museum". É
isso mesmo: um museu dedicado à conservação daqueles CD's da America On
Line que você cansou de receber pelo correio, como "brinde" em revistas,
ou entregues pelo funcionário do banco onde você tem conta. Mas o mais inusitado
de tudo é isto -
A
versão "4.0/ 250 horas grátis" daquele CD que você cansou de receber &
jogar fora é avaliada pelos webmasters deste site como valendo QUINZE DÓLARES
(!!!).
*
* *
Este
mundo é inverossímil. É por isso que resolvi imitar os personagens do filme
"Men In Black", e adotei o tablóide Weekly World News (http://www.weeklyworldnews.com)
como meu informativo oficial. As manchetes do dia são: "Coreanos famintos
caçam lobisomens para comer" e "Homem cutuca o nariz e encontra uma pérola". São
notícias bem mais razoáveis do que imagens de santas aparecendo em
janelas, jabutis cariocas sendo atingidos por balas perdidas, Collor,
Maluf e ACM liderando pesquisas eleitorais, ou judeus e palestinos
se aniquilando sem sentido.
Chega
de verdade.
*
* *
Desintoxiquemos
os neurônios. Para começar, com a verve afiada de Fabio Danesi Rossi, responsável
pelo weblog de obrigatória visita diária FDR, discorrendo
a respeito do motivo-mor para a balbúrdia do mundo: o amor. Em seguida,
temos a estréia de Marcelo Barbão, jornalista doido por literatura,
e responsável por dois sites voltados à distribuição gratuita de e-books: Ciberfil e Biblioteca Pública. Nosso homem
em Itararé, Silas Corrêa Leite, comparece mais uma vez, assim como
Jules Rimet, a.k.a. Chapeleiro Maluco, e Beatriz Singer, jornalista
e exímia nadadora. Last but not least, dois estreantes de
SZ: Ricardo Ramos Leite, nostálgico telespectador do Bozo, cuja prosa amalgama
Bakunin e Veríssimo; e Bárbara Castelo Branco, uma estudante de psicologia
que sabe, tão bem quanto eu, que pensar enlouquece.
*
* *
Você
já conhece?
Burburinho
http://www.burburinho.com
cine, livros, música, tv, foto, hq, internet
pensamentos despenteados para dias de vendaval
>>>
de amor e outras coisas absurdas
Me apaixonei à
primeira vista por uma garota. Consegui convencê-la a sair comigo e
num momento de arrebatamento disse que a amava. Ela retrucou, "é impossível
amar quem você não conhece". Engraçado. Acho impossível amar quem eu
conheço.
* * *
Ira Gershwin,
grande sujeito, escreveu a que talvez seja a mais perfeita letra de
música romântica que já ouvi. Veja só:
"Blah, blah, blah,
blah, moon,
Blah, blah, blah, above;
Blah, blah, blah, blah, croon.
Blah, blah, blah, blah, love.
Tra la la la, tra la la la la, merry month of May;
Tra la la la, tra la la la la, 'neath the clouds of grey.
Blah, blah, blah, your hair,
Blah, blah, blah, your eyes;
Blah, blah, blah, blah, care,
Blah, blah, blah, blah, skies.
Tra la la la, tra la la la la, cottage for two -
Tra la la la, tra la la la la, darling, with you."
* * *
Eu me amo. O diabo
é que não sou correspondido.
* * *
Mulheres sem coração e homens sem cérebro, eis as grandes desgraças
do mundo!
* * *
Tenho um amigo
que está firmemente convencido da possibilidade de se entortar colheres
e girar ventiladores apenas com o poder da mente. Outro acredita que
discos voadores venham vez ou outra bisbilhotar o nosso adorável planeta
(“Às vezes eu penso que o sinal mais claro de que há vida inteligente
em algum outro lugar do universo é que até agora ninguém tentou entrar
em contato com a gente.” Woody Allen). E outros há que têm certeza da
existência de espíritos vagando por aí.
Que se pode fazer?
Eu também acredito numa porção de coisas absurdas: mundo melhor, felicidade,
mulheres sinceras, etc.
* * *
Há uma frase,
uma pequena frase de duas pequenas palavras que, quando dita por mulheres,
tem um efeito devastador em mim. Ela é: eu também. Sim, eu também. A
última garota por quem me apaixonei vivia repetindo essa frase. Eu nem
a considerava particularmente atraente ou charmosa. Muito menos inteligente.
Mas um dia lhe disse que meu sonho, quando pequeno, era ser desenhista.
Um sonho meio estúpido, as crianças normalmente querem ser sorveteiros,
astronautas ou alguma outra coisa igualmente excêntrica. Ela me respondeu
apenas: eu também. Considerei que, apesar da minha vontade, nunca havia
conseguido desenhar corretamente um simples homenzinho-palito. E ela:
eu também! Depois falei que Bergman era meu cineasta predileto. E ela:
eu também. Disse que tinha sinusite crônica desde os seis anos. E ela:
eu também. Comentei que sempre me apaixono por quem diz eu também. E
ela, rindo: eu também.
Claro, me apaixonei.
Disse que a amava. Esperei o eu também. Estou esperando até hoje.
>>>
dancing
in the streets
Eu nem havia reparado
no caminho. Depois que entrei no metrô, não prestei mais atenção em nada.
Era sempre a mesma coisa. Eu entrava no metrô na Paulista e descia
no Carrão. Fazia todas as baldeações automaticamente. Fazia isso todo
santo dia, duas vezes por dia, há uns 10 anos. E foi por causa dessa rotina
massacrante que eu estava mergulhado nos meus pensamentos. Isto precisava
acabar e acabaria quando eu ganhasse aquela promoção merecida. Eram 10
anos de trabalho duro e dedicado para chegar até esse ponto. Vários projetos
aprovados, gerando lucros absurdos. Este último, então, havia sido um
fabuloso sucesso, tudo havia saído perfeito.
Era muito bom ouvir do chefe aquele muito obrigado, mas a reunião marcada
para segunda-feira pela manhã era ainda melhor. Ele sempre dá promoções
e aumentos na segunda-feira, e demite nas sextas. Essa era a política
do dono da firma. Quando ele ligou na minha mesa, pouco antes do fim do
dia, eu quase gritei de emoção. Claro que eu podia fazer uma reunião com
o senhor na segunda. Com todo o prazer, era o que tinha respondido. Todo
o prazer? Que coisa estranha para se falar. Logo depois, todos meus colegas
me cumprimentavam. Foi demais. Era tudo o que eu queria. Logo eu poderia
vender esta casa velha perto do metrô Carrão, herança de família e mudar
para um apê perto da Paulista. Que sonho!
E eu acordei deste sonho já descendo as escadas rolantes do metrô Carrão.
Foi um pouco estranho no princípio: “Caralho, eu já estou aqui?”. E eu
comecei a ouvir uma estranha cantoria no fim da escada. Para quem nunca
esteve neste lado da cidade, as escadas levam para a rua, para um terminal
de ônibus. Eu ainda não conseguia ver de onde vinha esta voz mas já era
possível entender o que ela falava. “Aqui/ tem/cartão telefônico”, repetindo
estas poucas palavras como se fosse um mantra, um homem baixo e de bigode
vendia seu produto para os que desciam as escadas. No ritmo da música,
ele apontava para os cartões que segurava.
Inicialmente, eu pensei que era uma forma original de vender e me perguntei
se era a primeira vez que ele estava ali ou se eu andava tão distraído
que havia passado por ali sem reparar.
Mas estes pensamentos não duraram muito. Incontrolavelmente, minha perna
direita começou a balançar ao ritmo das palavras do homem. Eu olhei assustado
para minha perna que se movia num impulso. Tentei segurá-la com a mão
livre mas foi pior. Minha mão começou a marcar o ritmo inebriante
que o senhor de bigode mantinha sem reparar em mim. Neste ponto, eu estava
chegando ao fim da escada e já podia ver bem o vendedor de cartões telefônicos.
Minha cabeça começou a se chacoalhar da esquerda para a direita como nos
programas de TV onde as modelos fingem que dançam. Nisto eu comecei a
perceber que as pessoas se afastavam curiosas com aquele doido engravatado.
Quando a escada acabou, eu caminhei para o vendedor que continuava sua
cantoria encostado num dos pilares da estação.
Depositei meu notebook aos pés do homem e comecei a dançar ao seu redor.
Já não era capaz de discernir muita coisa. Rodava ao redor do homem como
numa daquelas danças indígenas fajutas de faroeste americano. Eu acredito
que o homem deve ter parado de cantar neste momento. É o mais coerente
no meio desta cena. Mas, eu não sei, acho que me desconectei completamente
da realidade, sei lá. O que sei é que eu continuava a ouvir a música como
se o homem continuasse a cantar. Aos poucos fui arrancando o terno e a
gravata. Sentia um tremendo calor que vinha da música. Vinha do ritmo
alucinante. Vinha da voz rouca e da mão do homem que apontava compassadamente
para os cartões enquanto cantava.
O calor era tão avassalador que comecei a arrancar a camisa, eu precisava
de ar mas não podia parar de dançar.
- Nossa, acho melhor a gente chamar a segurança do metrô.
Segurança, caralho, que merda eu estou fazendo? Peguei minha roupa rapidamente
e meu notebook. Não sabia muito bem o que fazer. Liguei o piloto automático
novamente e encontrei o caminho de casa. Merda, não posso perder tempo.
Na segunda-feira minha vida vai mudar completamente.
>>>
v
i r u n d u n s
Atire o primeiro microfone quem nunca cometeu um "virundum
Ipiranga às margens plácidas", "tocando Gipsy Kings sem parar", "Scubidu
dos sete mares"... Virundeie você também: [email protected].
Naquela música do
Lulu Santos, Sereia, clássico de reuniões dançantes da minha
5ª série, eu cantava "será mais linda miragem do lago". O certo é "Será
magia, miragem, milagre", mas eu ainda prefiro a mais linda miragem do
lago, muito mais poético.
Mais uma do Alagados, a música recorde de virunduns... depois
de "Uzbekistão (!), renrau...". Eu cantava: "Alagados, CENTRAL, na beira
da maré". Só agora fiquei sabendo que é favela da maré! (nossa, que nadavê)
Essa já é famosa. Em Exagerado, do Cazuza, meu irmão, que é fã
do Barão Vermelho desde pequenininho cantava: "Um Zé Geraldo, jogado aos
seus pés, eu sou mesmo um Zé Geraldo." Pobre Zé Geraldo...
Três versões para Malandragem, da Cássia Eller:
Quem sabe o príncipe virou...
(a) ... um saco
(b) ...um chato
(c) ...um sapo
A pior de todos os tempos: na música do Queen "We Will Rock You",
uma amiga minha cantava WIRROUW WIRROUW RROQUENROU. BAH!!!
Lembrei
de quando meu irmão ficava ouvindo direto uma daquelas baladinhas escrotas
do AeroShit, Hole in My Soul, e eu avacalhava chamando de A Rola
Amassou, hehe!
Minha
sobrinha quando tinha 5 anos, além de inventar algumas palavras, como ALEGRIADA
(quando tava feliz demais), DEMORAÇÃO (quando a viagem era muito longa),
TENQUE (mãe, você tenque ir agora mesmo, tenque?), me fez a seguinte pergunta:
"Tia, o que é oratão? ". Quando perguntei onde ela ouviu aquela estranha
palavra ela respondeu: "naquela música da novela Cambalacho - Uma
hora tão por cima, outra hora tão por baixo..."
luciane
chiovitti
[email protected]
Descobri
outro dia um feio que cometia até há pouco tempo. Naquela música do Toquinho
que eu acho que chama Aquarela, lá pelas tantas ele canta
"entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená" e eu cantava
mesmo sem entender o que ele estava querendo dizer: "um lindo avião rosa
a engrenar".
-
minha versão pra alagados era "alagados, FREISTAL, favela DO AVARÉ(??)".
ainda bem que ninguém nunca pegou, seria terrível pra mim. :)
- rita lee, nem luxo nem lixo: "não acredito em nada não, até duvido
da fé"... e eu cantava "até NO OUVIDO da fé".
- queen, i want to break free: "i want UM REFRI!".
- caetano veloso, tropicália: "viva a banda da da, carmem miranda
da da..." e eu "DAVI MIRANDA DA DA DA".
- paralamas, trac trac, tinha um refrão incompreensível. eu cantava
assim "TALENTO AMOR, SOLTO AMOR" e alguém me disse esses dias que era "dá
me tu amor, soy tu amor". seria isso mesmo, alguém confirma?
- meu primo, na escola, deveria escrever o hino nacional num papel e entregar
para a professora como dever de casa. no papel, estava escrito: "dos filhos
deste SOLESMÃE gentil, pátria amada, Brasil".
P.S.
DO EDITOR: leia no final desta edição as explicações de Renata Parpolov
para a palavra "Trenchtown", cantada por Herbert Vianna na controvertida
letra de "Alagados".
>>>
poemetos
de inverno
>>>
o
mundo anárquico do garoto juca jr.
Saudações,
mortais. E aos imortais, banana pra vocês. Quem fala aqui é Garoto Juca
Jr., filho do renomado Garoto Juca, atração dos programas do palhaço Bozo.
Estarei daqui em diante contribuindo para a SPAMZINE com meus pensamentos,
meus fatos corriqueiros, com as fofocas que chegam aos meus ouvidos, e com
as novidades do mundo anarquista.
Sim, meus caros leitores, sou um anarquista. Sigo a doutrina bizarro-anarquista,
fundada por meu mestre e doutrinador, o glorioso Mestre Enéias.
Eu sigo sua palavra como o filho segue a palavra do pai. Comprei todos os
livros dele, que chegam aos milhares, e os leio avidamente, procurando sempre
me aprofundar nos seus ensinamentos. Seus livros estão repletos de experimentos
anárquicos, que são experiências criadas pelo Mestre Enéias para
testar a insanidade da sociedade e a força de vontade de seus discípulos.
Vou descrever então, rapidamente, um experimento anárquico por mim realizado,
que foi sugerido por Mestre Enéias em seu livro "Líderes devem comer
farelo". Como todo bom anarquista bizarro, odeio toda e qualquer forma
de liderança e autoridade, seja ela comunista, socialista, monarquista,
parlamentarista... Odeio até mesmo bandeirinha de jogo de futebol. E quem
é o maior líder dessa nação? O excelentíssimo senhor presidente da república!
E ele foi o alvo do experimento.
Primeiro consegui uma credencial de jornalista, roubada por mim do apresentador
mala Zeca Camargo. Ele não sentirá falta da credencial, ele nunca foi jornalista
mesmo... Depois, fui até a residência oficial do presidente, em Brasília,
onde encontrei o tal bebendo água de coco e cantando versos da música "meu
iáiá, meu iôiô...".
Qual é a melhor forma de desestimular um líder? Provando a sua incompetência
mental. E qual é a melhor forma de se fazer isso? Promovendo uma disputa
de trivia de cinema! Cheguei próximo do presidente e falei "Senhor presidente,
desafio o senhor a uma partida de trivia de cinema!"
Ele se assustou e prontamente gritou, chamando os seguranças. Depois que
eu ameacei usar da violência física ele aceitou meu desafio, mas relutava
em fazê-lo, e olhava para os lados, procurando por um machado ou uma arma.
Comecei então a perguntar: "Presidente, que filme ganhou o Oscar de
melhor filme no ano de 1944?". "Casablanca", prontamente
respondeu o presidente, "Hã... Certo. É, está certo. Mas que filme levou
o Oscar de melhor filme de 1973?", tentei novamente eu. "Foi O
Poderoso Chefão", respondeu novamente o presidente.
"Está errado! Errou! Foi Operação França!"
"Que? Você tá louco! Foi O poderoso Chefão! Certeza!"
"Foi Operação França seu idiota!"
"Foi O poderoso Chefão!!!"
"Cala a boca, olha aqui!", disse eu, enquanto mostrava o livro
"A Noite do Oscar é uma Farsa", de Mestre Enéias. "Olha aqui!
1973! Operação França!"
"É... você tem razão..."
"Ahá! Admitiu! Agora diga: 'desculpa, meu mestre'"
"Nunca! Nunca direi isso!", berrava ele.
Não preciso nem dizer que fui expulso do local a socos e pontapés. E aparentemente
o presidente estava certo, o livro do Mestre Enéias estava errado. Mas tudo
bem, pretendo continuar minha peregrinação pela anarquia, custe o que custar!
Garoto Juca Jr., direto para o Spamzine!
>>>
josia
Josia
era um mendigo chique. Morava ao relento mas o seu relento incluía exclusivamente
os arredores da imponente torre do Sunset Tower, num penhasco que dava a
visão dos dois paraísos azuis se encontrando na distância: o céu e o mar.
Por causa de sua residência, aprendeu a degustar as mais finas iguarias.
Os restos, certo, mas não menos iguarias.
O seu dia começava com um desjejum composto de iogurte, frutas, pão sírio.
Nos dias frios havia chocolate quente. Nas noites frias, consomê e variedades
de cremes. O almoço sempre: saladas das mais variadas, filés flambados
com amoras, vez por outra uma dose de velve clicquot ou vinho. Ontem ele
almoçou simplesmente risoto de alcachofra e batatas rosti, acompanhado
de um vinho chileno.
Hoje seu corpo foi encontrado boiando, batendo nas pedras do penhasco
abaixo do hotel. Um manobrista disse que o viu passar na tarde anterior,
carregando linha e anzol, resmungando algo sobre sashimis e noite japonesa.
Foi enterrado como indigente. Mas bem marinado.
>>>
r á p i d a s r a s t e i r a s
"Peço
desculpas às pessoas por me agüentarem durante tanto tempo".
(Ok,
Caetano Veloso, desta vez passa. Desde que você prometa
NUNCA MAIS compor versos como "êta êta êta/ é a luz é o sol de Tieta"...)
----- Original Message -----
From: Angela <
..>
Subject: Viruduns de
cantor
"Eles também cometem viruduns. Tenho "viruduns" do cantor/ator Leo
Jaime. Leia abaixo. Abraço a vocês (...)
From: Leo Jaime <..>
To: Angela <..>
Sent: Thursday, July 25,
2002 11:31 PM
Subject: Re: (muito engraçado) v i r u n d u n
s
Tenho duas: Na madrugada a vitrola rolando um blues, trocando de
biquini sem parar...(tocando B.B. King) e Fazer amor de madrugada, amor com
jeito de pirada... (Virada). Ah, tem aquela antiga: é você que é mal-passado e
que não vê que o novo sempre vem... (você que ama o passado)".
inagaki responde: cara Angela, obrigado pela colaboração e divulgação da nossa seção.
Aguardo para a próxima semana relatos de leitores descrevendo os "viruduns",
"virunduns" ou "viriguiduns" cometidos com as letras de As Sete
Vampiras, A Vida Não Presta, A Fórmula do Amor,
Gatinha Manhosa e outros hits do seu distraído amigo. Afinal de contas,
errar é humano, e rir dos erros alheios é mais humano ainda. Um
abraço!
>>>
Spam
Zine - fanzine por e-mail
conheça, leia, assine:
colaborações, sugestões, críticas
& propostas indecentes:
>>>
p.
s.
renata
parpolov: tudo sobre o trenchtown:
- segundo informações próprias,
trenchtown é palafita, aquelas casas em cima da água na floresta amazônica;
-
segundo informações da minha amiga de infância, a pati, trenchtown é também uma
cidade na jamaica;
- segundo informações do denis, meu vizinho, trenchtown é
o lugar onde o bob marley nasceu.
paulo briguet:
amigos do Spam Zine, gostaria de convidá-los para o lançamento do meu livro de
crônicas, Repórter das Coisas - Crônicas de Londrina, no dia
15 de agosto (quinta-feira), a partir das 20 horas, na Biblioteca Municipal de
Londrina (Av. Rio de Janeiro, 413). O velho que ia de pijama ao bar - e outros
personagens - devem aparecer por lá.