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073
5 de agosto de 2002
rio de janeiro  são paulo  itararé  fortaleza  curitiba

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n e s t a  e d i ç ã o:
 
um povo gentil - minicontos do desconforto - a virgindade de yasmim - eleições da abl -  ketry no chão - sístoles, diástoles - drummondeando - ô shit! - fashion week - capitalistia lesgal - tatuagens úteis
 
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editorial
josé vicente  [email protected]
 
Considerando que nosso povo é passivamente dócil, mesmo nas mais pungentes amarguras; e ainda tomando em conta que somos alegres, carnavalescos, profanos, inclusivos e quentes como ninguém mais; e que sabemos reconstruir a dor em prazer – nada mais natural que nosso principal produto de exportação seja, como é, o rabo de nossas lindas morenas.
 
O Brasil somos extremamente complacentes. A cada fiasco civilizatório, temos uma conquista ao troco. O problema desse país chama-se condescendência. Caminhamos a passo apertado a um buraco negro mais negro que o dente faltante do Negro do Canal Cem – ah, mas com que categoria, mas com que ginga, meu rei. E mesmo quando nos achamos a pior espécie de seres do planeta, essa raiva é niilismo reativo, é o ódio da criança a quem negaram o pirulito e que não queria mesmo. Porque estamos profundamente convencidos de nosso sucesso. Não importa que nossa arte seja, na maior parte do tempo, pose ou cópia; que nosso sistema educacional seja decoreba; que elites estúpidas façam par a classes mérdias. Que se danem as estatísticas. Exceto pelos momentos em que somos o pior lugar do mundo, nos outros dias isso aqui é o paraíso terrestre, prenhe de uma gente compreensiva e talentosa. Uma estufa de calor humano. Uma proveta de gênios despossuídos. O Bananão mais bonito.
 
Veja a Alemanha. Não é horrivelmente eficiente? E por que não falar numa odienta racionalidade que lhe permeia o passo? Quanta caretice. Se não por nosso pensamento mulatinho, talvez chegássemos a crer que possuir um sistema de serviços públicos fosse mais importante do que contar com certo brasileirinho improviso. Ainda bem que, por aqui, nada funciona. Do contrário, como provar tanto talento que nos assoma? Nosso mito fundador dá a conta do discurso. Do branco herdamos a língua. Do negro a fortaleza. Do índio a adaptabilidade. Somos, por via de conseqüência, o povo mais dotado. A terra mais bonita.
 
E, no entanto, não somos. E, no entanto, não é.
 
A verdade é que nossa crítica não deveria se pautar pela torpe depreciação ou pela apologia furiosa. Não somos palmatória do mundo ou Vahalla. Entre a racionalidade e o jeitinho, fiquemos com as glórias do Iluminismo. Para só então criticá-lo. Ainda não temos idade para sermos pós-modernos. Vamos, então, lutar para atingir a modernidade. Para isso, o primeiro passo é enxergarmo-nos como somos, e não como gostaríamos de ser ou como esperamos não se tornar.
 
A continuar como está, nosso futuro é - bem junto à percepção de que basta sermos calorosos que o resto se arruma - exportação de escapismo e importação de civilidade. Vale lembrar, para concluir, que só existem duas coisas assim tão quentes e adaptativas: brasileiro e cu. Façamos uma boa escolha.
 
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E hoje contamos com a seqüência da ótima série do André Machado, jornalista de O Globo que ainda prefiro como contista. Falando em séries, temos ainda a Ione Moraes, já da casa, o que se percebe por seu e-mail - agora com grife. Essa Biscoito Doce inaugura o que se espera uma longa parceria com o Spam Zine. Certa vez, em seu blog, identifiquei uma foto de seu lábio inferior: era um vermelhão desbragadamente penso de carnosidades. Tanto que fiquei entre dois textos, e pendi para o desta moça como uma homenagem a seus lábios. Isso, gafanhoto, é a discriminação positiva. Quanto à Andréa Del Fuego, creio que alguém que se intitule assim merece uma segunda leitura. Bom, seu texto é legal. É uma reportagem sobre uma das coisas mais heterossexuais que existem: o mundo da moda. Silas dispensa apresentações. Sendo assim, não o apresentarei. Ricardo Valeriano Gaspar escreveu uma parábola sobre um babaca. Só não entendi o sapo azul que aparece ao final. Mas gostei da idéia - sapo azul - ao invés, digamos, de aritaca furta-cor ou nambu azulado. Finalmente, Pedro Ivo Resende é meu colega desde longa data. Ainda relataremos a nossos netinhos o dia em que viajamos centenas de quilômetros atrás de uma senhorita com cinco palmos de culote. Mas isso foi há muito tempo. Basta dizer que ainda não éramos impotentes sexuais.
 
Boa leitura.
 
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minicontos do desconforto
andré machado  http://amachado.blogspot.com
 
- 7 -
 
Seu coração fez uma pausa assim que a viu. Adorou o azul de seus olhos e sua boca, que ao sorrir o deixava tonto. Não demorou para que, num fim de tarde, mesmo com a carona esperando, a arrastasse para uma fileira de cadeiras numa passagem no corredor. Tocou seu cabelo, os dedos tremendo. Disse que a amava. Ela riu suavemente e ele ficou com medo. Mas os olhos azuis titubearam, acusando o golpe: não eram indiferentes ao jovem cheio de vida, ávido de romance, que a fitava. E que, nesse pequenino interlúdio, pousou seus lábios sobre os dela, furtando-lhe um beijo que nunca mais esqueceria.
 
A carona buzinou. "Vá, nós temos amanhã", sussurrou ela. Mas não tiveram. Meses depois, reencontraram-se, os dois com seus respectivos pares e os mesmos olhares de saudade do que poderia ter sido. E desta vez nenhum beijo atrasou a carona dela, de avião, para a capital, de onde desapareceria da vida dele para sempre.
 
- 8 -
 
Pensou em como gostaria de morrer. Tocando guitarra, solando freneticamente no meio de um roquenrou, foi a primeira coisa que lhe passou pela cabeça. A segunda: logo após gozar, ao fim de uma trepada perfeita. A terceira, depois de uma saideira estupidamente gelada, fechando o bar no fim da madrugada. Mas a Ceifadora veio quando ele estava jogado no sofá, enrolado na toalha, zapeando a esmo. A última coisa que viu foi um comercial de ração para gatos.
 
- 9 -
 
Beijou-a na boca e sentiu gosto de sangue. Só segundos antes de desmaiar percebeu o que significava o latejar em seu pescoço após o chupão maravilhoso que ela lhe dera. Achara que era tesão. Não era.
 
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senta que lá vem a história
pedro ivo resende  [email protected]
 
A jovem Yasmim contou aos pais em um jantar de família que perdera a virgindade. Tudo muito natural. Era uma menina esclarecida, lia Marie Claire, fumava cigarros de baixos teores, abraçara a causa dos sem-terra, comprara uma nova marca de absorvente ultrafino e se sentia livre; havia superado todos os seus tabus.
 
- Má o quê? Como assim perdeu a virgindade, Yasmim?!
 
- Se acalma, pai... Fizemos amor sob o luar e foi lindo...
 
- “Fizemos amor sob o luar” porra nenhuma!! Você deu essa rabeta, isso sim!  
 
- Não, pai, é que chega uma hora na vida em que contemplamos o...
 
- Foi recheada com um picolé de carne!
 
- Pai, Clarice Lispector disse uma vez que...
 
- Tu recebeu uma visita do Dr. Caralho!
 
- Para com isso, pai!! Pelo amor de Deus!
 
- Tá, escuta... você perdeu mesmo a virgindade?
 
- Perdi.
 
- Então vamos encontrar essa porra.
 
Arnaldo interrompeu o almoço e pôs toda a família para procurar a virgindade da Jovem Yasmim pela casa. Menos a própria.
 
- Yasmim, você não! Vai se lavar.
 
- Mas pai...
 
- Faz o que eu tô dizendo! Vai ali no tanque, pega uma bucha e vai no banheiro lavar logo essa xereca, porra! Menina imunda...
 
A Jovem Yasmim foi para o tanque resignada. Enquanto isso, todo o resto da família se punha a revirar os cômodos da casa, procurando a virgindade perdida da menina. Amil, o caçula da prole, ajudava na busca. Ganhou esse nome em homenagem a um plano de saúde, que cobriu integralmente o parto de sua mãe ainda no período de carência. Pois bem, ele apareceu com uma foto de um menino tailandês nu e mostrou para o pai.
 
- É isso, papá?
 
- Não! E como é que você encontrou essa foto, Amilzinho?! Põe lá de volta nas coisas do papai...
 
E a família continuava sua procura. Revirava os quartos, remexia nas estantes, abria e fechava tupperwares. No rádio tocava “I'm still haven't found what I'm looking for”. E nada de achar a virgindade da garota. Dona Lúcia já olhava com desconfiança para Rejane, a empregada da família. Não era a primeira vez que alguma coisa sumia na casa. Ela então me encarou.
 
- Ei, você... o que está fazendo aí?
 
- Eu? Bem, eu sou o autor desse texto. Estou fazendo um cameo, uma participação especial.
 
- Participação especial? Como o Erasmo nos programas de fim de ano do Roberto Carlos?
 
- Não, como Alfred Hitchcock.
 
- Sujeito estranho, você... Saia daqui antes que eu te dê uma vassourada.
 
Arnaldo a essa altura tinha arranjado outra preocupação: sua filha estava no banheiro havia mais de uma hora. Chegou na porta e pode escutar, vindo lá de dentro, um estranho som de pandeiro. Forçou a entrada e pegou a filha na banheira com um negão.
 
- Pai, esse é o Negro Isidoro. Ele está aqui para me dar uma força no banho.
 
Arnaldo engasgou com sua própria saliva. Negro Isidoro! O cara era uma lenda urbana, o boi tatá dos pais de família, o bicho papão da classe média. Ia de casa em casa tirando a virgindade de garotinhas pueris, enfeitiçando-as com o som do seu pandeiro prateado. Deixava um rastro de filhos mulatos por onde passava. Negro Isidoro tinha a virgindade de sua filha... Arnaldo estava atordoado com aquela cena. E quando se recuperou do choque, pode ver o negão de toalha e pandeiro, gingando por ele.
 
- Licencinha aí, Seu Arnaldo.
 
O pai de família pôs se a correr atrás do Negro Isidoro, mas ele era rápido. Quando chegou na porta, o sujeito já estava longe. Mesmo assim, era ainda possível ouvir sua cantoria e o som do pandeiro prateado.
 
- “Renda a tchooou, esteven faaauuu...”
 
Confuso com a situação, Arnaldo só conseguiu pensar em uma coisa para dizer:
 
- É “And I still haven´t found..”, seu filho duma égua!
 
Ao que o negão retrucou de longe:
 
- “...baba luquing forrrr“
 
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"Se a eleição pra ABL fosse direta, em quem você votaria?"
 
silas corrêa leite  [email protected]
Senhoras e Senhores
Na próxima Eleição da ABL eu votarei no

TIRIRICA
 
Já ganhô! Já ganhô! Já Ganhô!
 
E sai debaixo que depois da tempestade vem a leptospirose, e há bares que vêm pra bem...
 
marcelo oliveira  [email protected]
Caros,
 
Eu votaria no Patativa do Assaré. Sei que ele morreu, mas é injusto lá ter uns caras que escreveram um livro só e um poeta magnífico como ele nunca ter chegado perto. Votaria também no Marcelo Rubens Paiva e no Raduan Nassar.
 
mario ribeiro mendes junior  [email protected]
Se o Paulo Coelho pôde, certamente a Martha Medeiros, que é muito mais, poderia (leiam " Non Stop -crônicas do cotidiano"  e "Cartas Extraviadas e Outros Poemas" e saberão o motivo). Ela é uma mulher extraordinária, não plagia ninguém, não comete deslizes ortográficos, não é bruxa, não percorreu o caminho de Santiago e nem é reconhecida mundialmente... Mas escreve muitíssimo bem e com consistência; Florbela Espanca também poderia... E a Elisa Lucinda, com o seu "a lua que menstrua"... Show de bola!
 
pedro gonzalez  [email protected]
tostines: o problema é o paulo coelho querer fazer parte dos imortais, ou da ABL em aceitá-lo? e quem precisa da ABL? e quem precisa do paulo coelho?

não conheço sua obra. não li, e não gostei.
 
>>> niqui <<<  [email protected]
voto no ian black, oras.
e tenho dito!
 
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flashes
biscoito doce  [email protected]
 
Olho o relógio. Nesse momento estou em total sintonia com o meu “inferno pessoal”. Aquele que, quando eu levanto de manhã, faço questão de enfiar no bolso da calça e carregá-lo pelo resto do dia. O inferno. Ando e penso que um minuto, só um minuto, pode transformar minha vida. Principalmente se esse um minuto for após a hora que eu devo voltar para o trabalho... inferno!
 
Engraçado... enquanto ando muito rápido, percebo que nunca tinha parado para pensar nisso. Todos nós temos um inferno pessoal. O meu deve ser essa meia. Não sei porque eu uso essa meia, se sei que ela sempre desce para o calcanhar e machuca meu pé.
 
Continuo caminhando rápido e ao avistar uma robusta senhora com muitas bolsas e uma penca de crianças penduradas na barra de sua saia godê surrada, afasto rapidamente o corpo para o lado e sinto que dou um esbarrão em alguém, de leve. Ouço aquele “tsc” ou “tisque”. Aquele sinal de desagravo, chateação. “Será que a língua portuguesa já tem uma palavra para representar esse som e eu ainda não conheço?” E se desviando, a autora do grunhido passa por mim. Por um instante, tenho a ligeira impressão de conhecê-la. Na verdade a sua bunda me pareceu familiar, o que não é estranho estando ela na minha frente. Mas não era uma bunda bonita. O problema é que ela não tinha bunda...
 
Começo a caminhar mais rápido que antes, agora para acompanhar a moça e tentar ver “a cara da bunda”. Algo me diz que ela percebe a perseguição e diminui o passo. Paramos eu e ela na faixa de pedestres e ao olhar para o lado, vejo a antiga amiga de escola. Enquanto esperamos que o sinal se abra, aguardo uma troca de olhares para um cumprimento. Em vão. Ela finge não me conhecer. Espera. Noto de repente, que ela segura cheia de firmeza, o ferro sustentador do semáforo. Fico sem entender tal atitude, até perceber que ela o faz com a mão esquerda, a fim de mostrar sua vistosa aliança dourada no dedo anular. Eis que o sinal se abre e eu, em um misto de distração com perplexidade, ainda chego a ver o olhar de desdém com o qual ela me olha de relance e sai apressada.
 
Já não ando mais tão depressa e fico pensando nela. Enquanto penso, ainda vejo ela seguir em frente, vez por outra olhando para trás. Agradeço a Deus por não ter que fazer o mesmo caminho e entro na rua transversal em direção ao banco.

Entro no banco e enquanto ando até a quilométrica fila, fico pensando nela.
 
Era uma dessas pessoas que já são estranhas por natureza, mais por existência do que por natureza, na verdade. Seu nome era Ketry Augusta. Já começava a ser estranha por aí, e ostentava esse nome com muita glória e louvor. Ela não havia mudado nada. Ou havia mudado muita coisa. Ainda me lembro de nós com uns 12 anos, sentadas em uma rodinha de garotas e ela, com suas longas e estreitas unhas, tão invejadas por nós, meninas roedoras, nos ensinando que quando o esmalte acaba, é só passar um pouco de perfume que o esmalte acaba saindo. Ainda consigo me lembrar das réstias de esmalte vermelho mal tirado em suas cutículas e aquela mancha branca que o álcool deixa quando entra em contato com esmalte.
 
Ela tinha um caderno de poesias. Na verdade aquilo não tinha porcaria de poesia nenhum. Era sempre um versinho de 4 frases que rimavam no final, final esse que sempre terminava em ão ou inho. Mas a sua caligrafia era bonita. Lembro que tinha uma letra grande, sempre com os l's e j's bem gordinhos.
 
Nunca fora de uma beleza espetacular mas eu (e acredito que outras meninas também) invejava seus cabelos longos, negros e muito lustrosos. Quanto ao corpo, sempre me pareceu desengonçada demais. Não tinha muita noção do corpo sei lá... Eu já pensava em arrancar aquela penugem que me nascia pelas coxas e canelas afora enquanto ela exibia seu longos e lisos pêlos, muito pretos.
 
Agora enquanto espero na fila, só consigo definí-la fisicamente de duas formas: muita barriga e pouca bunda em uma época em que todas as meninas geralmente têm peitos apontando para o céu e bundas rasgando suas bermudas coladas de Educação Física. Analisando bem, lembro que ela tinha um bigode. Não é bem um bigode mas aquela sombra preta que algumas mulheres têm, naquele espaço entre o nariz e a boca, do qual eu nunca me lembro o nome. Mas disso tudo, o que mais me impressiona, e já impressionava naquela época, eram os seus olhos. Seus olhos escuros, tristes e sempre parecendo pedir alguma coisa. Quando sorria, sempre aparentava uma coisa grotesca como se sua boca e todos aqueles seus dentes brancos, fossem o antônimo dos seu olhos.

Perdi-a de vista lá pelo meio do ginásio, e voltei a encontrá-la no colegial. Nessa época mais triste e mais estranha. Sua estranheza acabava por afastar todo mundo. E era nitidamente representada pelo cós da sua calça que batia quase embaixo das axilas.
Lembro-me ainda de um namorado que ela teve nessa época, de nome igualmente estranho: Lussandro. Era um rapaz alto e feio, parecido com o Incrível Hulk. Tudo nele era excessivamente grande (pelo menos tudo o que eu pude constatar): grandes olhos verdes com um grande topete que deixava a impressão de que seu cabelo estava sempre “para cortar”. E uma boca que beirava a qualificação de beiço, tão grande era. Pareciam se dar bem, mesmo que vez por outra,  chegava ao conhecimento geral alguma gigantesca crise  de ciúme da parte dela.
 
Tempos depois soube que ela tentou se matar quando ele a deixou, em um apelo desesperado. Alguns dizem que inúmeras vezes, outros negam a repetição do fato. A questão é que se passaram 5 anos e nunca mais a vi, até uns dois anos atrás, ela estava em uma loja de revelação de fotografias, pendurando essas propagandas de filmes. Achei um tanto quanto estranho e não pude ter certeza se ela trabalhava ali realmente, até o dia em que precisei revelar umas fotografias. Ao encontrá-la na loja, simplesmente fui ignorada e olhada com o mesmo olhar de desdém de minutos atrás.
 
Me distraio olhando uma senhora de roupa muito colorida que faz questão de ler esses informativos do banco sobre pensões, aposentadorias e olhar para os demais ocupantes da fila, a fim de que seja notada a sua “erudição bancária”. 45 minutos na espera. Chega a minha vez, livro-me de todos os meus papéis, coloco o dinheiro na carteira e saio do banco. Olho no relógio e já nem corro mais. 15 minutos de atraso. Caminho pela rua e ao longe, no semáforo da esquina, percebo uma movimentação estranha.

Como nunca participo desses tumultos e nem fico curiosa para decifrá-los, sigo andando normalmente. Ouço alguns rumores das pessoas quem vêm na direção oposta: alguém morreu ao atravessar a rua.
 
Já me encontro em uma distância onde posso avistar rabecão, polícia e um despesperado motorista de uma distribuidora de bebidas local, com as mãs na cabeça. Passo ao lado, pedindo a mim mesma que não olhe para o outro lado. Viro a cabeça e avisto uma aliança reluzente sobre a luz fraca de um sol de inverno. Enfio a cabeça por entre as pessoas e avisto Ketry deitada no chão. Seus cabelos colados no asfalto, agora melados de sangue já não pareciam tão bonitos. A mão esquerda sobre o peito, ostentando a aliança e as unhas curtas esmaltadas de transparente. Olhando seu rosto sujo de sangue, pela primeira vez, sua boca mostrando resignação é coerente com a expressão dos seus mesmos olhos.
 
Enquanto alguém bate fotos da cena, ela fica ali, jogada naquela faixa de pedestres. Mais flashes. Ouço alguém dizer que ela se jogou na frente do carro. Olho de novo para a aliança. Devagar, vou saindo do meio dos curiosos e olho o relógio. 35 minutos de atraso.
 
“Onde será que vão revelar essas fotos?”
 
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infinitologia - parte 3
ione moraes  [email protected]
 
Todo mundo se defende sem nem saber do quê. O "quê" responde pela denominação científica de desconhecido (cuja formação tem origens latinas, que se encontram em cognoscere. Refiro-me à palavra, por óbvio, não ao próprio desconhecido entendido como quase entidade palpável que é. Se não podemos apalpar, ao menos podemos ver, a densidade é impressionante. As origens desta -- refiro-me à entidade, claro está, não à palavra que usamos para designar o objeto no mundo --, ainda permanecem desconhecidas -- impossível evitar o pobre trocadilho -- pela ciência humana moderna. No campo da mera especulação, deve estar ali, onde tudo foi formado, na força motriz de que se fala em filosofia, ou em Deus para quem se fia em crer, embora para Este nada haja que desconheça e nada impeça que guarde lá os seus segredos, como nós fazemos à imagem e semelhança.

Se seguirmos a linha de classificação dos seres animais e vegetais, analogamente aplicada (frise-se) ao caso ora exposto que se pretende analisar com algum rigor científico, qual seja reino, filo, classe, gênero, espécie -- e não acaba aí a linha de classificação -- , está o desconhecido enquadrado em gênero, mas nada impediria que desse logo o nome a todo um reino, porque o adjetivo de desconhecido poderia qualificar qualquer dos substantivos desse mundo: existentes ou ainda por existir, concretos ou abstratos (vide comentários sobre a origem do desconhecido no parágrafo acima).

Com uma lupa, que microscópios são aparelhos de valor altíssimo que meus parcos recursos para pesquisa não comportam: máxima aproximação -- a do olhar à imagem, não a de quem olha ao objeto do estudo, mantém-se distância aparentemente segura para o observador. Através da lente, parece, assim, inofensivo. Trata-se de pequeno aglomerado de substância etérea, que no imaginário popular se costuma comparar a uma nuvenzinha singela, nem clara nem escura, cujo tom se vai alterando em proporção direta ao nível de inquisição do sujeito que pretende lançar olhos ao futuro.

Por força da atuação de ondas telepáticas enviadas em sua direção, provocam-se reações químico-oníricas que logo transformam o pequeno aglomerado em algo muito maior, indefinível, indescritível e nunca captado por lentes de qualquer câmera ou por qualquer outro meio de reprodução gráfica ou digital de imagem, reações essas que causam sensações de opressão nos músculos cardíacos do observador mais desatento (não importa se em momento de sístole ou diástole), a que o povo ordinariamente chama de "aperto no peito" ou "coração apertado". Nisso, há de se concordar que o objeto de nossa análise se comporta em adequação com aquilo que se imagina ser e que se continuará a imaginar, já que, como já pode ver, os estudos foram inconclusivos a respeito de natureza, origem, destino ou composição atômica do aglomerado mencionado.

A mente mais cartesiana não pode perceber o que seja o desconhecido. E como relativamente ao que se não conhece alimentamos (os humanos) terror, aí está, ao menos, uma explicação minimamente plausível para a sensação que nos causa a todos. Para os mais crentes, nada disso tem sentido e o desconhecido é chamado simplesmente de vontade de Deus, e todos sabem que o futuro a Deus pertence. De minha parte, prefiro seguir acreditando que o futuro pertence a cada um, a cada um o seu, e a alguns ou todos o que lhes for comum, se cada um tiver coragem suficiente para tomá-lo para si.
 
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parodiando drummond
silas corrêa leite  [email protected]
 
quando eu nasci
um anjo desses que lê gibi
do Flash Gordon ou do Saci
disse - vai poetinha
ser mais um galo na rinha
para apanhar até virar colibri
 
quando eu morri
um anjo de Rilke que eu senti
(nem Flash Gordon, nem Bruce Lee)
disse - vai poetinha
ser mais um elo, uma modinha
para orvalhar um rebento, um guri
 
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português bem dizido
jeferson nogueira  [email protected]

Quem de nós jamais encontrou alguém falando o português de maneira estranha? E não estou falando dos muitos turistas que, normalmente, assassinam nosso idioma mas do próprio povo brasileiro e seu regionalismo, manifestado até na fala.
 
O simples fato de ter nascido no interior do Ceará (não que isso não ocorra em outros estados) já me proporcionou o privilégio de ouvir relíquias, bem distantes do sotaquesinho das novelas globais. Decidi, inconscientemente tornar-me um estudioso no idioma popular.

Começando pelas mais conhecidas: Vixi e Oxente; deixaram de ser meras palavras populares para tornar-se identidade, embora Ôsh seja muito mais falada pelos lados da minha cidade natal. Ouvi uma explicação sobre a origem dessa expressão. Disseram-me que ela surgiu quando os nordestinos entraram em contato com americanos durante a Segunda Guerra Mundial e ao ouvir o famoso palavrão shit – normalmente falado “O Shit!” – tentaram nordestinizar a coisa.

Quando ainda menino, ouvia um senhora, amiga da família, dizer que acordava cedo para barrer o terreiro... Novamente, me explicaram que a palavra barrer provinha o português de Portugal. Nunca achei tais explicações nos livros, só sei que, ainda hoje, não consigo entrar numa bodega sem chamar o dono de Seo Zé; sempre uso Vala! no lugar de Valei-me!; Tome! quando alguém trupica, ou melhor, tropeça; Arriégua! como expressão de admiração e muitas outras.

Certa vez, durante uma viagem ao sul do país, dividi o apartamento com outro rapaz durante um tempo. Naquela época, achar a tacha, ou frigideira, para fritar ovos era quase tão difícil quanto pedir para que ele não usasse minhas cruzetas. Sostô ele não entender que as cruzetas eram para botar (não é botar ovos) minhas camisas, depois de engomadas, no guarda-roupa. Sofri tendo que traduzir quase cinco sentenças entre dez que eu falava.

Há algum tempo atrás tive a bela notícia de que agora se pode encontrar nas livrarias o Dicionário de Ceares. Há um grande frivião, ou seja, agitação e espero que não passe rápido como um flash – que também é usado como sinônimo de zíper. É super embaraçoso quando o seu fleche está aberto.

Uma coisa é certa, isso contribuirá, mesmo que em escala menor para uma maior difusão dessas peculiaridades da cultura lingüística de cada região. Ao menos deixaremos de ser o povo do “português bem dizido, que deixa todo mundo de boca abrida... Num tem ninguém que correge.”
 
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m e n i n o s   e u   v i
Viu filme esloveno, exposição de texugos, concurso de miss, passarinho verde? Mande sua resenha pra cá: [email protected].
 
são paulo fashion week
andréa del fuego  [email protected]
 
Estava no sertão baiano, lugar seco, pelante e desprovido de firulas, retratando algumas paisagens para um trabalho sobre o escritor Guimarães Rosa. De lá caí no São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda da américa latina, segundo os organizadores.

Fui da literatura pra moda.

Elas se fundem na inspiração de alguns estilistas, mas na prática a coisa vai de pato a ganso. Enquanto a literatura interioriza, a moda trabalha a exteriorização do que vai dentro, a embalagem.

Os desfiles começaram na segunda-feira com Gisele Bünchen, prefeita da cidade, globais e purpurinas, mas nesse instante minhas pernas ainda formigavam num ônibus da viação Gontijo que me trazia de Bom Jesus da Lapa, foram 28 horas de estrada.

Assim que botei os pés, calçados numa espécie de Conga de salto alto crente de minha originalidade, o segurança me avisa que preciso de convites mesmo com a credencial de imprensa.

Não os tinha, como há anos teria por ser produtora de moda e circular pelo hall do ti-ti-ti.

Havia uma hierarquia de cores nas credenciais, a verde, vermelha e preta entravam nas salas de desfiles sem resistência dos seguranças, a lilás, a cor da minha e de pilhas de jornalistas, precisavam negociar a entrada. Com charminho e bom humor, muitos conseguiram fazer seu trabalho, uma jornalista segurou a mão de um famoso fotógrafo pra não ser vetada na boca da sala.

Mas que credencial é essa que a produção do evento despacha sem dar acesso ao assunto a ser tratado?

Resolvi encarar o evento sem me importar em ver os desfiles, mas todo o circo montado em volta do prato principal. Afinal o obejtivo era inspiração para esta crônica e certamente encontraria isso fora das salas de desfiles. Além de ambientes confortáveis com telões pra se assistir as belezuras em novas tendências, os patrocinadores montaram outros ambientes cheios de coisinhas divertidas, nelas podendo entrar só credenciados, a lilás nesse caso valia.

Valha-me, Deus!

Por coisinhas divertidas entende-se champagne francesa na sala da Marie Claire, revistas da editora Abril na Elle,  maquiagem na Nívea, foto sua num rótulo de Coca-cola Light (te fotografam e colam sua estampa no rótulo de uma garrafa de plástico prateada) enquanto djs te fazem levitar com músicas agradáveis, aquele playground estava mais  interessante que o próprio desfile se contarmos a fauna e a flora que circulavam pelo grandioso prédio.

Podia-se pegar um café, sentar num puff e apenas ver o delírio, desvario e entusiasmo delirante dos passantes, entre eles, o satff, modelos, jornalistas saindo pelo ladrão, curiosos, arrozes de festa e perpetuadores da futilidade.

Dado momento a credencial funcionou, assisti a alguns desfiles.

Dentro da sala há duas arquibancadas e uma parede de fotógrafos e cinegrafistas, as modelos entram numa verdadeira arena. Em um desfile por exemplo, a trilha aparecia vez ou outra, era cortada por um silêncio que atiçava os profissionais, quando as beldades chegavam na ponta da passarela, eles gritavam:

"Isso, asim mesmo, pode vir"
"Agora está bom, pode voltar!"
"Hum, que maravilha!"
E outras frases não inteligíveis.
 
Cansados por andar de lá pra cá com seus equipamentos, a cada minuto de atraso eles começavam um coral de lamúrias. Uma parede de flashes que levará a informacão a ser copiada da Rua José Paulino (rua central de São Paulo onde lojistas de shoppings de todo Brasil vem se abastecer de ropuas baratas) à costureira do bairro no Acre.

Não posso deixar de comentar outra observação, nada como um estilista que gosta de mulher. Coisa de masculinidade segura que sabe remeter respeito e tesão na medida. Vendo o desfile da Forum, concluo que Tufi Duek homenageia a mulher com suas roupas. Os tops não apenas sustentam seios, eles parecem afagar, e desta vez, alguns tops pareciam ter asas, que me faz imaginar mulheres aladas sem limites pra voar.

Algumas marcas parecem querer sufocar a volúpia ou camuflar a própria censura. Mas como moda é embalagem, todos podem escolher a que lhe vai melhor. Inclusive tecer sua própria, fugindo da uniformização que a moda em larga escala proporciona.

Um evento desses pode ser levado a sério pelos empresários, industriais e empregadores envolvidos, mas para um simples cidadão, ele não passará de imagens de belas mulheres no terceiro bloco do Jornal Nacional.
 
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um conto moderno (a capitalistia dos legais)
ricardo valeriano gaspar  [email protected]
 
Vladimir dos Bolsos Cheios Amaral era um cara legal, e tinha dinheiro o suficiente para ser chamado de cara legal por um longo tempo.
 
O carro novo de Amaral era importado, preto, comprido e com umas três ou quatro mulheres lindas por dentro. Também havia um computador de bordo da IBM com piloto automático de velocidade regulável, cada velocidade trazia suas emoções características. Sendo Amaral um cara legal, andava quase constantemente em alta velocidade.
 
Um dia, seus olhos preguiçosos e entediados percorreram vagarosamente as ruas da metrópole, cujas luzes eram os holofotes do palco onde Amaral encenava sua vida abastada e sua pãodurice moderna. Notou que lhe faltava algo. Ele não era desses que acha que nem tudo o dinheiro compra, claro que compra! Mas precisava descobrir o que queria comprar dessa vez.
 
Não demorou para avistar a uns 50 metros da janela de seu carro novo, preto e importado um prédio de uns 12 andares. Os anúnicos publicitários ocupando quase a parede inteira da edificação denunciavam tratar-se de uma agência de publicidade ou de alguma dessas megaloempresas criadas pela nova tecnologia que já não é tão nova assim. Vladimir já sabia o que queria.
 
Mandou estacionar, desceu triunfante, caminhou elgante e ordenou educadamente a recepcionista que o colocasse em contato com o departamento de criação.
 
- Ô mocinha, me deixa falar com o desenvolvimento, por Geltileza.
 
Mocinha!? Onde já se viu?
 
- Senhor Tenório Mendonça? Tá aqui o senhor, o senhor?
 
- Sou Amaral, Bolsos Cheios Amaral.
 
- Senhor Amaral querendo falar com o senhor, coloco ele na linha?
 
- De que se trata?
 
- Não sei não, mas julgando pelo carro em que veio, ele é um cara legal. - quase sussurrando.
 
- Então me passa o distinto.
 
Após uma conversa rápida com Amaral, Tenório dá um giro em sua cadeira de gerente. Pensa um pouco. Que estranho, como ele poderia ajudar um figurão da alta sociedade a incrementar o seu jardim exótico com algo vivo? Horas! Ele era gerente do departamento de criação e não um... Mas claro! Sim claro!
 
Tenório abre a porta de sua saleta recheada de vinhos e biscoitos e fala para um wébimontedecoisas qualquer de sua equipe:
 
- Ô queridão. Faça-me um favorzinho, vá até o banheiro e dê um jeito de devolver esse sapo azul que acabei de te enfiar goela abaixo. Essa porra tá valendo uma nota preta no mercado dos caras legais.
 
>>>
 
f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
respostas maravilhosas. pessoas incríveis. um mundo com mais amor. tudo isso em apenas um endereço: [email protected]. escreva.
 
----- Original Message -----
From: "sfs10" <...>
Sent: Tuesday, July 30, 2002 3:05 PM

OLHA EU GOSTO MUITO DOS SPANS, MAS JÁ NÃO AGUENTO MAIS ESSE "TUDO CONTRA, NADA A FAVOR" EM RELAÇÃO A XUXA, ORA QUEM DESDENHA QUER COMPRAR, PARECE MAIS INVEJA DO QUE INSATISFAÇÃO E OUTRA, APOSTO AINDA QUE ERA UM DE SEUS
BAXINHOS INSUPORTAVEIS QUE MANDAVA AQUELES BEIJINHOS NADA ORIGINAIS...UM PARA O MEU PAI OUTRA PARA MINHA MÃE E DOIS ESPECIALMENTE PARA VOCE.
FALEI!
 
jv responde: Infelizmente não é verdade. Nas quatro vezes em que fui ao Show da Xuxa, ainda não se consolidara esse jargão das criancinhas retardadas. Mas basta dizer que ainda eram os áureos tempos de TV Manchete. No entanto, minha experiência com Shooshaa não deixa de ser traumática: numa dessas vezes, por ser lourinho - ainda não se falava em politicamente correto - , fui escolhido para brincar de entrevistador. Perguntei-lhe quem era seu namorado. O taradinho sujo. Pois Shoocha respondeu-meu: 'É o Pelehhhhhhh, gentchiiii.' E ficou vermelha.
 
Em outra ocasião, chamaram-me para brincar de jogar bola de meia nas latas empilhadas. Enquanto esperava a vez, perguntei-lhe secretamente por que suas pernas eram tão lisas. Ela me disse, repuxando o tecido, que aquilo se chamava 'meia de seda'. Fiquei encantado. Terminado o programa, procurei-lhe para tirar foto mas ela não atendeu. Exatamente como o molequinho de 'Amor, Estranho Amor', fui seduzido, experimentei o fundo prazer gonádico e terminei desprezado.
 
A Xuxa foi a minha primeira namoradinha.
 
----- Original Message -----
From: "dalieva" <...>
Sent: Sunday, July 28, 2002 11:32 PM

É a minha primeira semana Spam Zine. Amei.
 
jv responde: Espero que você continue nos amando mesmo quando, numa certa tarde, resolver enviar seus textos.
 
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c r é d i t o s  f i n a i s
 
mulatos inzoneiros
José Vicente > [email protected]
Alexandre Inagaki > [email protected]
Ricardo Sabbag > [email protected]
Orlando Tosetto Junior > [email protected]
 
coqueiros que dão côco
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fontes murmurantes
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Mario Ribeiro Mendes Junior > [email protected]
Niqui Lang > [email protected]
Pedro Ggonzalez > [email protected]
 
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p. s.
 
inagaki: Se nós perpetuássemos todos os nossos erros por meio de tatuagens, talvez deixássemos de repetir tantas besteiras na vida. "Por que cometer velhos erros quando há tantos novos a serem cometidos?".
 
vanessa marques: Exatamente. Lembra que o cara do Memento tatuava as informações mais importantes na pele para não esquecê-las? Nós, que não temos aquele problema de memorização, deveríamos fazer o mesmo para não cometer dez vezes a mesma burrada.
 
Frases a serem tatuadas:
"Não falar sobre os ex-namorados(as)" (essa merece lugar de destaque)
"Não citar escatologia na mesa do jantar"
"Não beber demais a ponto de contar que já fui ao show do Djavan"
 
E vocês poderiam também tatuar alguns lembretes de coisas que devem ser feitas:
"Telefonar e mandar flores no dia seguinte"
"Pagar o cinema e levá-la para ver o filme mais romântico e babaca da temporada"
"Dizer o quanto ela é linda olhando nos olhos"
 
E assim por diante. Seríamos livrões ambulantes.