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21 de julho de 2002
curitiba  são paulo  goiânia  rio de janeiro  itararé  são carlos

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n e s t a  e d i ç ã o:
 
dieta forçada - infinitologia - mais virunduns - devorando livros - o pensamento dos semáforos - contos curtos - a ruiva - anti-schummy - redenção das cebolas
 
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editorial
ricardo sabbag  [email protected]
 
Já vinha passando duas três semanas que eu sentia uma terrível dor na nuca o dia todo. "Torcicolo daqueles", pensei. Fácil para mim, o rei do torcicolo. Cheguei a ficar uns dias de folga devido à dita dor. Não ajudou muito, sei lá o que era aquela porcaria. Mas incomodava.
 
É chato ir no médico se você não é hipocondríaco. Infelizmente, a maioria deles atende com tanta pressa que é melhor pedir conselho à vovó ou ao balconista da farmácia (às vezes a eficácia é a mesma). Então pra quê gastar tempo e paciência com uma reles dorzinha na nuca?
 
Mas teve um dia que a coisa ficou insuportável. No trabalho, pior ainda. As cadeiras ergonomicamente erradas, o computador ergonomicamente errado, a vida ergonomicamente errada... tudo ajudava para complicar ainda mais aquela dor. Não resisti e fui ao ambulatório pedir um analgésico.
 
A médica, em sua rotina, perguntou se eu tinha dor de cabeça. Freqüentemente, respondi. Desde criança, aliás. Foi medir a pressão sangüínea: 16 x 12.
 
O resto dos meus dias passei entre hospitais, exames (ainda não fiz todos, confesso) e repousos. Qualquer sinal da dor era mau sinal, então o descanso era absoluto. A distância da correria do trabalho já fez bem, mas ser hipertenso aos 22 anos traz um bocado de outras conseqüências além dos quatro dias de foga depois do susto.
 
De repente tive que levar a sério tudo aquilo que a gente ouve sobre colesterol, sal, verduras... Alimentação nunca foi a maior das minhas preocupações, mas, de repente, aquilo se tornou a coisa mais importante da minha vida - visto que ela desregulada poderia tirar a propriamentedita. Se fosse desleixado poderia acabar com um AVC, e isso ninguém queria.
 
A pior parte foram as piadas dos amigos. Derrame aos vinte e poucos é demais. É verdade. Daí lembrei de quantos textos li do João Ubaldo, do Verissimo e aqueles montes do Dráuzio Varella falando sobre cousas da saúde. Nunca me dei conta dela, e de repente ela é a coisa com a qual eu devo ter mais cuidado.
 
Ando fazendo esforços para não ir mais em churrascarias e sempre comer um vegetal nas refeições. Até a cebola, minha inimiga número 1, já ganhou alguns bônus nessa história. Larguei mão da ranhetice e provei acelga, couve-flor, alface... Se eu gosto? Claro que não. Ainda sonho com picanhas mal-passadas derretendo na minha boca. Mas agora toda vez que lembro de um naco de filé devo pensar em como aquilo vai se tornar gordura que entope com tanta facilidade minhas artérias.
 
Até a ciência não inventar alimentos que imitem ser gordurosos mas não sejam estarei penando. Vou virar um cara mais saudável, garanto. Maravilha. Mas um pouquinho triste por não poder saborear todas as delícias proibidas. Ainda tenho esperanças que descubram que batata frita não faz mal - assim como o ovo, que um dia já foi vilão e hoje não faz mal a uma formiga sequer. Até lá, vamos vivendo dia a dia, como diria o Rambo. Afinal, ninguém nunca disse que seria fácil.
 
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Nesta edição tão especial para mim, de retorno à vida mundana, tenho o prazer de publicar um texto de meu camarada Alexandre Inagaki, pai-mor desde e-zine, sobre o feito de Schumacher na Fórmula 1. Publicamente quero agradecer ao Ina por continuar levando o zine to infinity and beyond durante meu período de ausência. Você sabe? Você não sabe ainda? Spam Zine está de site novo: www.spamzine.net, thanx to mme. Suzi Hong e ao próprio Ina. Dá uma olhada lá. Sucumbimos ao hype. Agora temos WEBLOG. Atualizações diárias, amor livre e gostosinho para todos. 
 
A edição de hoje traz, ainda, nova colaboração de Ione Moraes (www.didentro.he.com.br), que desfila com muita suavidade pela sua Infinitologia; o elogiado Silas Correa Leite, citado recentemente como "um dos bons textos" do Spam no Correio da Bahia (http://www.correiodabahia.com.br/2002/07/20/noticia.asp?link=not000057884.xml); e ainda a carioca Crib Tanaka com um conto muito interessante.
 
Há, claro, muito mais: (arlã(), Marcel Novaes, mais "Virunduns" e o début no Spam de Diego Zilio, com um texto que vale conferir. Para ter acesso, basta rolar a barra que se encontra à sua direita.
 
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infinitologia - tire-me toda a esperança agora
ione moraes  http://www.didentro.he.com.br
  
Eu era feliz quando ao acordar logo cedo não chegava a sentir que aos meus punhos, calcanhares e cabeça - talvez a outros membros e órgãos do corpo - estavam atados fios longos, muito longos. Seguindo o trajeto dos fios até lá no alto, depara-se com uma mão. Não percebo com clareza de quem seja a mão: se a Deus pertence - que Dele, segundo corre à boca miúda, somos os Seus títeres preferidos - ou se de alguém mais. Talvez se alternem os manipuladores e a mão não pertença sempre ao mesmo dono - nesse caso falaríamos de várias mãos, o que não importa porque só nos é dado ver uma mão de cada vez. Por alguns momentos, pode ser até mesmo que seja a minha própria mão - é-nos permitido alimentar essa ilusão, se é que é possível conceder a um marionete o poder de controlar seus próprios movimentos (ou pensamentos).

Eu não quero mais que os fios estejam atrelados a mim. Antes quero cortá-los, mas claro que não posso fazê-lo. Se fosse tarefa fácil, cada um estaria por si nessa vida e já se imaginou que loucura seria o mundo se cada um, de fato, fizesse uso do livre arbítrio - porque dele só nos é permitido fazer uso se disso não decorrer uma grande baderna mundial e enganou-se quem pensou que de fato tomava alguma decisão. Isso porque, mesmo não nos sendo concedido o controle sobre nossos movimentos, conseguimos já causar imensa confusão. Eu era feliz quando não sentia os fios porque eu acreditava que eu fazia alguma diferença, mas ao contrário, dou conta de que sigo a corrente e não tenho força para nadar para as margens.

Só a ignorância salva.
 
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departures
 
capítulo trinta e dois
 
Amargurado feito um patife, ele seguiu para a estação. Os trens passavam e a televisão ao  lado informava o tempo, sem saber que ele demoraria a olhar novamente para cima. O calor era intenso no seu peito. O seu relógio era pesado demais, o blusão também. Sentado no chão da bodega da ferroviária, ele nem viu nem sentiu quando ela levou um tiro de raspão no coração e que morreu de hemorragia, personagem principal das verborrágicas desculpas médicas. Era meia-note. O bólido chegou e ele partiu assoviando Aquarela do Brasil. Pra nunca mais voltar.

parte em partes
 
Deixou-a para trás como quem deixa um papel de picolé. Doce. Os lábios dela eram detonadores de doçura. Sua língua era massa dura oleosa de rapadura. Deixou-a assim mesmo lá na ponte do rio antes do cais. Aquela puta. Aquela maluca, que nunca pediu para que ele ficasse.

episódio três e meio
 
Não se lembrava mais dele quando sentiu um abraço por trás. Ali, naquela mesma rodoviária, há treze anos cheios de imagens e em nenhuma delas havia ela descendo de um ônibus, voltando. Até hoje. Até aquele abraço por trás. Ela não se lembrava mais dele, será?, aí virou o rosto para encará-lo. Os mesmos olhos, são, como se tivessem viajado num meio parafuso de segundo da sua lembrança morta e se instalado naquele rosto que encarava. Nossa, ela lembrava sim, ele. Esperou até que ele fosse buscar sua mala do outro lado do ônibus e partiu noutro ônibus. Ali, naquela mesma rodoviária.

ítem fração quatro
 
Com a mesma faca que ele usou para cortar o bife, ele cortou as alças do vestido dela. Não que ele fosse estuprá-la depois do jantar. Não que ele fosse estripá-la depois da telenovela. Não que ele fosse dar-lhe outro susto, como da vez que ela partira e ficara dois anos sumida, porque ele cortara de leve as pernas da sua boneca Susie. Com a mesma faca que ele usou para cortar o bife, ele cortou também os pulsos dela. Mas não saiu sangue. Não saiu sequer um suspiro do seu corpo esquartejado há mais de nove anos.

pague cinco
 
Ela estava partindo de vez e não estava arrasada. Não dessa vez. Não hoje, dia do seu aniversário. Custou a digerir algumas lágrimas e a selecioná-las no seu estomâgo: enjoativas, lenitivas. Por fim recostou na poltrona do avião e olhou o seu reflexo na pequena janela. Um rosto de mulher ainda jovem estava misturado com uma realidade de céu. Quando uma voz metálica anunciou o destino daquele vôo, ela já estava dormindo sem ajudantes, simplesmente por estar seguindo adiante.
 
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v i r u n d u n s
Música boa é aquela que a gente canta inteira, mesmo que faça uma embromation na letra. E parece que o cancioneiro brasileiro coleciona cada vez mais versões particulares. Encha o peito e solte o grito na garganta para nós: [email protected].
   
roberta martins  [email protected]
Naquela música da Marina Lima, ao invés de "Um homem pra chamar de seu" eu sempre entendia e cantava "Um homem pra chamar Dirceu..." e já vi outras pessoas fazendo a mesma coisa!

Outro meu : Na música da Ana Carolina, eu sempre entendi "Com a cabeça enlouqueço, pastel a rodar" enquanto no original é "faço ela rodar"... 

Quando ouvi pelas 1as vezes a música "Looser", do Beck, em vez de entender "Sooooooy un perdedor..." entendia "Sooooo, go get the door..." Mas isso já é um "Mondegreen", certo?

Minha irmã, que tinha dois anos quando passou na Globo a novela "Brilhante", cantava o tema da novela (Luísa) assim : "Eu sou apenas um programador apaixonado..." ("Eu sou apenas um pobre amador apaixonado"... obviamente ela trocava o "pobre amador" pela profissão do pai)
 
Essa mesma irmã, depois que cresceu, cantava assim "Que país é este", da Legião : "Quando venderem todas as horas dos nossos filhos no verão...". A versão original é "Quando venderem todas as almas dos nossos índios num leilão..."

Uma amiga da minha irmã também cantava assim a música O Beco, do Paralamas : "No beco SPUM! explode a violência..." (No beco escuro explode a violência...")
 
Minha mãe, quando cantava a música da "Galinha Magricela", trocava a versão original por "A Galinha da Maristela". Por favor, não se ofendam, Maristelas...
 
irapuan martinez  http://www.hypergraph.com.br
Eu jurava que Luiz Gonzava cantava "Ontem sonhei / Que estava em Moscou / Dançando pagode russo /  Na boate Costa Couto". Precisou o Zeca Baleiro regravar a música para eu ler no encarte que "Costa Couto" era na verdade "Cossacou".

rodrigo della libera  [email protected]
"E o meu jardim da vida, ressecou, morreu, do breque brotou maria, nem margarida nasceu...." djavan

"Alagados, uzbekstão, favela da maré... a esperança não vem do mar, vem das antenas de tv..." paralamas
 
ana carolina portella silveira   [email protected]
Na música A FESTA da Ivete Sangalo...eu cantava: "tem gente de cor, tem raça de toda fé, tem tarrachi e rock and roll...", sendo que é GUITARRA DE ROCK AND ROLL... Em outra parte eu cantava: vai lá, pra ver a tribo se balançar, o chão da terra tremer, o entretá de lá mandou chamar...sendo que é LIBERDADE LÁ MANDOU CHAMAR...hehehe
 
guilherme a. k. fernandes  http://tumulto.blogspot.com
O melhor Virundum que eu pude lembrar foi o de uma amiga da minha irmã que cantava aquela música do Red Hot Chilli Perppers "Aeroplane". O nome da música solucionaria o problema do refrão, mas ela cantava: Is my Yellow Brain!!!!!!
 
E tem aquela do Planet Hemp, da música Dig Dig Dig (Hempa). A primeira frase da música é: "Acenda um e ouça o que eu tenho a lhe dizer..." e eu cantava: "Fazendo a unha e ouça....". Mas essa não eu não fui o único, muitos já caíram nela.
 
aline lilika  [email protected]
Resolvi mandar um Virundum do meu irmãozinho caçula. Na música Mulher de Fases, dos Raimundos, ele canta assim: "Com picada e bem feitinha..." enquanto na verdade seria: "Complicada e perfeitinha..." Ele tem 5 anos.
 
cristiano lopes tavares  [email protected]
Tem uma música do Só Pra Contrariar, aquela do mineirinho, não sei qual o nome exato. A letra diz "eu não tenho culpa de comer quietinho...", e eu sempre entendi "eu não tenho culpa de comer seu tio...". Percebo agora qiue muitas brigas poderiam ter sido evitadas se eu soubesse a letra certa.
 
carla regina zuquetto  [email protected]
Me lembrei de um virundum que já virou versão oficial. Em todo caso, quando eu descobri isso eu fiquei surpresa! É do poeminha da batatinha: "Batatinha quando nasce ESPALHA RAMA pelo chão", não "se esparrama". Alguém consegue imaginar uma batata recém-nascida se esparramando pelo chão???
 
Nota do editor: por Deus do céu que eu jurava que a batata sempre se esparramou pelo chão...
 
gpedrag  [email protected]
Meu mais famoso erro de interpretação foi na música Melô do Marinheiro. Cantava assim: "Entrei de caiaque no navio...", quando o real é "Entrei de gaiato no navio...". Mas um amigo me superou cantando a música Bete Morreu do Camisa de Vênus: "Seu corpo foi encontrado por uma bruxa pelicão"... Quem se lembra sabe que o correto é "seu corpo encontrado por um chofer de caminhão..."
 
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o culto
crib tanaka  [email protected]
 
Fileiras de livros. Livros lidos, não lidos, livros que comprava por compulsão. Dizia ser chato ser culto. Amaldiçoava essas livrarias-café. Era entrar para tomar um café em qualquer uma delas e terminava saindo de lá com sacolas das maiores, pesadas, com fundo arrastando no chão.
 
A casa era dessas clássicas, sem muitos móveis. O básico - mesa, cadeiras, um sofá. Prateleiras. De mogno. E livros. Os infantis que comprara de Clarice Lispector ainda não lera. Nem gostava de literatura infantil. Achava chata aquela coisa de patinhos, de flores com rostos sorrindo, de sóis com chapéus. Achavam esses escritores que crianças tomam ácido para acreditar em árvores que andam, em bichos que falam, que andam vestidos? Mas, enfim, eram livros. E ele era culto.
 
Morava, para seu maior infortúnio, ao lado de um sebo. Os vinis raros passavam despercebidos. Mas não a caixa de plástico vermelho, papel grudado com durex, rabiscado com letras mal escritas de pilot, que avisava promoção. Em alguns desses livros ainda via-se o preço antigo. Por cima, o promocional. Sacolas. Arrastando no chão.
 
Arranjou um emprego na biblioteca. Lá - quem sabe, pensou - controlaria sua compulsão, já que nada à sua volta estaria à venda. Passava tardes em meio às prateleiras. Ciências sociais, medicina, literatura inglesa, esoterismo. Nunca tinha lido nada da correntepaulocoelho, como ele dizia. E claro, saiu de lá e entrou na primeira livraria buscando o que falasse do sobrenatural. Enciclopédia dos Vampiros.
 
Passou dias chegando atrasado no trabalho. Acordava e perdia-se nos dráculas, nas seitas milionárias de sugadores de sangue. Dizia aos amigos que apareciam em sua casa que divertia-se lendo esse lixo feito para os mesmos babacas que acreditavam em duendes, aqueles que ainda colam adesivos em carros exaltando aqueles pequenos asquerosos, expondo-se ainda mais ao ridículo.
 
Mas chegava atrasado no trabalho. E saía cedo.
 
E já tinha virado uma rotina. Agora nem mais tomava banho ao chegar em casa. Tirava os sapatos e bastava que a poltrona de couro marrom denunciasse o barulho plástico de comodidade, para que começasse a ler. Não mais sentia fome. E dormia ao dia para compensar o cansaço das horas a fio, à meia luz, que passava entortando a coluna como se, quanto mais próximo do livro ficasse, melhor o absorveria.
 
Largou o trabalho. Não mais conseguia conciliar as duas coisas. Viveu durante um bom tempo do que juntara em meses passados há tempo, quando, com inflamação ocular, não pôde ler.
 
Foi encontrado um mês depois da demissão, em casa, de pijama listrado, sentado na poltrona. Todas as capas de seus livros espalhadas no chão. Na autópsia, acharam preciosidades como Os Lusíadas e A Odisséia em seu estômago.
  
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"O que os semáforos pensam de madrugada quando não tem ninguém pra ver que eles estão mudando de cor?"
 
adriana tulio baggio  [email protected]
Em alguns lugares onde o trânsito de madrugada quase não existe, os semáforos só piscam o amarelo. Deve ser como a gente: quando não há trânsito de idéias no cérebro (quando se vê novela, por exemplo), a gente fica piscando só uma luzinha de emergência, tipo metabolismo básico, o suficiente para a máquina não parar de funcionar de vez. Ou para alertar algum pensamento perdido que esteja passando por ali naquele momento,
inadvertidamente.

miguel tolda  [email protected]
Os semáforos são seres inteligentes. Falam entre si através do mesmo sistema que lhes permite mudarem de cor com a coordenação de um relógio atómico. Enquanto as ruas estão cheias de carros, só têm tempo para dizer uns aos outros: "Vai a caminho mais uma fila de carros!", "Já estou verde!", "Cuidado! Estou amarelo!". De manhãzinha, quando não se vê vivalma nas estradas, têm bastante tempo para trocarem fofocas entre si e discutirem as novidades do dia anterior. Um dia, houve uma grande fila de trânsito que permaneceu parada durante um período bastante superior ao suposto. Na manhã seguinte, verificou-se uma acesa discussão em torno desse assunto. O semáforo da Rua da Liberdade comentava com o semáforo da Rua Pedro Álvares Cabral:
- Foi o da Avenida Dias da Silva. Ultimamente tem andado a queixar-se da sua fonte de alimentação. Eu já sabia que um dia ficava sem eletricidade... Mas ele nunca parava por um segundo!
- O semáforo da estrada nacional disse-me que a culpa foi de um atraso vindo duma outra cidade. Sabes como é... atrasos em cadeia são do pior que há. E quando se trata das responsabilidades, ninguém acende a luz.
Ouvindo isto, o semáforo mais novo, aquele que foi construído durante o projecto de construção do estádio novo, interrompeu a conversa dos "velhotes".
- Ouçam lá, vai para aí um Ferrari. Tenham cuidadinho. Não gastem todos os vossos fusíveis ehehe.
- Que engraçadinho... - respondeu o semáforo da Rua da Liberdade.
Subitamente, na Rua Pedro Álvares Cabral, o Ferrari passa um semáforo amarelo a grande velocidade e, em fracções de segundos, bate contra um Opel Corsa que acabara de passar por um semáforo verde.
- A culpa foi minha... - disse o semáforo da Rua António Almeida que fazia o cruzamento com a Rua Pedro Álvares Cabral. - Peço desculpa. Estava distraído com os meus novos cabos de comunicação.
Os semáforos são, em muitos aspectos, parecidos com os humanos: gostam de fofocas, quando trabalham não têm liberdade de pensamento e, de vez em quando, fazem um erro com consequências desagradáveis. Respeitem os semáforos - não há semáforos perfeitos.

irapuan martinez  http://www.hypergraph.com.br
"Acho que aquele fotosenssor está me dando bola. Vou piscar para ele".

thiago costa  http://eudesigner.blogspot.com
ora, o mesmo que pensam os telefones que se esgoelam mesmo quando não estamos em casa.

natygirl  [email protected]
os semáforos têm 2 opções: falam da vida em código-morse coloridinho, ou ficam esperando algum carro vir, só pra mudar de cor e surpreender quem dirige...

resposta 1:
"Por quê piscou? Piscou por quê?"
(adaptação, fraquinha)
 
resposta 2:
a noite roda na cama
em coma eu
camaleão
(haikai livre, homenageando o Mestre Leminski)
 
resposta 3:
"Pisco. Logo, insisto."
(filosofia barata e/ou romantismo à moda antiga)
 
Pergunta da próxima semana:
"Rubens Barrichello: azar, incompetência, mau-humor, má-fama ou sobrenatural?"
Mande suas considerações: [email protected]
 
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contos curtos
silas correa leite  [email protected]
 
aleijamento
 
Era apaixonada pelo aleijado que lavava vidraças. A tradicional família rica regateou, pagou psicólogos, videntes, ungüentos árabes e elixires bentos. Ela foi e voltou várias vezes habitando esse sentir. Nunca perguntaram o motivo, a cunha do sentimento ou favo da possibilidade. Mas o aleijado encontrou a sua alma gêmea. E sabia limpar espelhos também.
 
vôo
 
Queria ter nascido Vôo de Pássaro e não Ser "humanus", disse certa vez o pianista chorão à imã micro-empresária. Ela assustou-se a principio, mas estava acostumada com ele que era mais novo e metido a Poeta Cubista e visionário nas horas vagas. Quando o coitado finalmente um dia anoiteceu e não amanheceu nunca mais, ela não se preocupou muito. Cuidou bem dos pertences íntimos, partituras clássicas e dotes financeiros dele, porque também sabia escondido que, cada Pássaro pousa um dia e, todo Vôo, cedo ou tarde vira cerca de tabuinhas brancas.
 
gaiola
 
Criava pássaros raros. De pardais , corruíras, bem-te-vis até alguns exóticos pássaros que sequer existiam. Quando a Polícia Florestal descobriu foi preso em flagrante delito sem direito a fiança. Na Cadeia Pública de Itararé, triste e melancólico, canta Chitãozinho e Xororó toda manhã e toda tarde que camufla no íntimo.
 
estética
 
Pensou em dar um tiro na cabeça. Ficaria feio, aduziu. Cortar os pulsos jamais. Tinha mãos de princesa pianista. Sim: envenenamento por gás era uma saída plausível. E assim montou o infeliz final de emergência. Só que errou no percurso do vazamento-tragédia e na física-trajeto da volta da família (e na matemática de ocasião mais a química circunstancial do ato escabroso). Quando o caçula ligou a luz da garagem, a sua profunda noção de estética não valeu um pedaço de se aproveitar para a pranteada guardação pública.
 
finados
 
Vinham roubar flores no secreto jardim imperial todo dia de Finados. Depois ele tinha trabalho dobrado para replantar, arar, colocar estrume e flor de carinho para recuperar a invasão e o desperdício. Mas naquele dois de novembro estava devidamente preparado. Armou a besta de mão e ficou esperando os guris carvoeiros da periférica Vila dos Pobres de Itararé.
 
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olhando para o telefone em uma madrugada silenciosa
marcel novaes  [email protected]

 

Me dou conta de que não me lembro mais do telefone de Cláudia, e nem faz tanto tempo. Acho que eram três números pares em seqüência, depois dois ímpares. Acho que era isso. Era com ela que eu sempre saía para tomar Cuba Libre. Ela gostava dessa bebida, não pela conotação política mas porque não suportava cerveja e queria sempre tomar algo que tivesse gás. Cuba estava bem para mim, mas algumas vezes tomei cerveja para poder passar a noite bebendo. Ficávamos muito tempo apenas nos olhando e bebericando, ela tinha os cabelos mais exuberantes que eu já vi. Pretos, brilhantes, cacheados, caindo pelos ombros de uma maneira que exigia que se olhasse para eles. Enquanto eu me perdia naquele labirinto escuro ela me olhava nos olhos, divertida com minha fascinação. Quando eu despertava, com um arrepio, ela tomava um gole e me beijava, acolhendo minha inocência e colocando as madeixas ao alcance do toque. Sua saliva ficava amarga quando ela se excitava e buscávamos a liberdade, deixando Cuba pra trás.

 

Se não me engano seu telefone tinha três números pares em seqüência e depois dois ímpares. Acho que era isso.

 

Camila tinha um número de telefone curioso, para discá-lo eu desenhava um cruz no teclado, vinha de cima para baixo e depois da esquerda para a direita. Me lembro de que ela não bebia mas fumava como uma chaminé. Tomava vários goles de cerveja para me poupar do gosto de cinza quando me beijava. Tinha os seios grandes e macios, de mamilos pequenos. Comia como uma louca durante a madrugada, fumando em frente à televisão enquanto eu dormia. Ria baixo para não me acordar. Não me doeu muito dizer a ela que não queira mais vê-la.

 

Nunca mais desenhei cruzes no teclado do telefone.

 

Teve aquela que era ridícula, constrangedora, contava piadas lamentáveis. Piadas não podem ser contadas por qualquer um. Só fiquei com ela porque estava carente e não tinha mais ninguém por perto. Seu telefone só tinha números primos, mas isso depende de como se conta.

 

Suzana tinha o nariz um pouco torto, mas os pés graciosos. Macios, misturavam-se aos lençóis numa carícia quase imperceptível. Seu hálito me lembrava giz de cera. Eu podia obter a data do meu aniversário se arranjasse os algarismos de seu telefone na ordem certa. Nunca disse isso a ela.

 

Agora fico olhando para o telefone nesta madrugada silenciosa, mas os números todos se confundem dentro da minha cabeça e não posso ligar para mais ninguém. Eu me lembro de todas elas, de seus cheiros, seus sorrisos, suas virtudes e seus defeitos, e quero pedir para que voltem, que não me deixem sozinho e que me perdoem.

 
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o método
diego zilio  [email protected]
 
Conhecia aquela mulher perfeitamente, sua sinuosidade era-lhe familiar, aquela pele macia, plúmbea. Começou a despi-la, peça por peça. Tirando-lhe os sapatos, as meias e assim deparando-se com os pés numero 32 que ele já havia beijado tantas vezes. Quantas recordações aquele par de pernas o traziam. Quantas vezes, num ato feroz, agarrou aquelas pernas com tanta força que parecia querer arranca-las do corpo e assim telas só para ele, para sempre. Aquelas recordações invadiam sua mente como relâmpagos invadem um céu em dia de tempestade. Deu um tempo, foi a sala ao lado da que estava e tomou mais uma dose de Conhaque, desta vez direto na garrafa. Tomava como se fosse um remédio, aquilo o encorajava.

Voltou a sala, ela o estava esperando do jeito que ele deixara, como se estivesse a desafiar-lhe, como se estive a desconfiar de sua coragem, do seu ato de ir até o final. Aquele olhar o deixava louco, dava-lhe uma impressão de que ela estava achando que ele não conseguiria. Dizia-lhe: “Agora que começou, termine. Não tem mais volta, se você for se ferrar por isso, já está ferrado, então venha para cá e termine”.

Ele foi. Com as mãos trêmulas começou a despi-la novamente. Os raios em sua cabeça aumentavam de intensidade cada vez mais, mas dessa vez ele não parou, era algo que tinha que ser feito. Era questão de honra agora.

Ela estava usando um vestido de peça única vermelho, parecia ser confortável e fácil de tirar, pensou em vesti-lo depois que tivesse tirado da mulher, era o efeito do Conhaque. - Sabe, quando você pensa em coisas que nunca faria mas mesmo assim pensa - . Num súbito movimento tirou o vestido, com um pouco de dificuldade, pois a mulher enfim entregara-se por completo. Ele a comandava agora. Aquele olhar desafiador não o assustava mais.

Renda preta, ela estava usando renda preta por debaixo daquele vestido vermelho. Muito previsível – ele pensou –. De fato realmente era, e isso lhe trouxe um certo nojo inexplicável, acho que pela comunidade que aquele par de peças trazia, isso o fez refletir de novo se valia pena. Ela era uma mulher comum, que usa sempre as mesmas roupas “para deixar um homem louco”, isso tirava completamente sua excitação, e aumentava seu medo. Claro que não foi por mal, com certeza a infeliz queria causar-lhe um apetite maior. Perca de tempo. Ele preferia as calcinhas brancas de algodão, elas davam um ar de “Lolita”, e isso sim o deixava louco.

Começou pelo sutiã. Levantou-a de modo que ficasse de costas para ele, jogou para frente os longos cachos ruivos de modo que dava para ver o zíper e assim devagar poder abri-lo. Esse cabelo foi o motivo pelo qual ela foi a escolhida. Ele poderia ter outras, mas uma ruiva não se encontra todo dia, e a sua curiosidade sobre a cor dos pelos pubianos da moça também era grande.  “Será que eram também ruivos?” Foi a primeira coisa que lhe veio à cabeça e que só fez com que ele fortalecesse sua escolha.

Tirou o sutiã, já solto, devagar e o jogou longe. Logo em seguida pôs-se de frente à ela, contemplou por um instante os seus seios brancos como leite antes de envolve-los com sua língua quente e molhada. Deu atenção especial a seus mamilos dotados de uma cor rosada que o hipnotizava. Mordeu-os com cuidado, para não deixar marcas. E nesse jogo ficou por tempo indeterminado, até sua primeira ereção.

Mesmo assim, mesmo com aquela estafa que a ereção proporcionou, ele continuou. Deitou-a, deu alguns passos para trás de modo que desse para vê-la por completo e ficou lá, nu, estático, sem pensar em nada, apenas olhando. E ela sem dizer nada, totalmente submissa.

Chegou perto dela, esticou suas pernas, que antes estavam semilevantadas, e lentamente começou a tirar sua calcinha. Sua expectativa sobre os pêlos aumentava, dentro de alguns segundos ele saberia se tinha valido a sua escolha. Hesitou por um instante e num movimento brusco arrancou a calcinha que chegou a rasgar devido a força.

A sua decepção foi tamanha, não eram ruivos os pêlos. Ela, aquela vaca, com certeza pintara o cabelo, e ele nem percebeu. Mas não havia tempo a perder, com seu membro já ereto penetrou-a sem qualquer invólucro. Movimentou-se para frente e para trás em staccato, ele de pé e ela deitada na beira da mesa. Não havia tempo para qualquer coisa oral que numa situação menos “apertada” seria um prazer.

Não parou um só momento até sua segunda ereção chegar, essa não foi tão repentina como a outra. Vestiu-se o mais rápido possível, e começou a procurar as roupas da infeliz.  A adrenalina subia-lhe a cada segundo que passava. Cada segundo procurando uma peça de roupa era um segundo a menos para vesti-a, cada segundo a menos para vesti-la era um segundo a menos que ele tinha para maquia-la, aliás, era para isso que ele estava lá, para maquiá-la.

Seu serviço era famoso entre as pessoas do ramo. Maquiara muitas celebridades, tanto homens como mulheres, essas lhe davam mais prazer claro. Costumavam dizer que ele às deixavam como vivas, sorrindo, e que isso era bom. Perguntaram seus métodos várias vezes, mas ele negou, não disse uma palavra sobre o assunto.

Rapidamente terminou de maquiá-la. Foi o tempo dos familiares do defunto chegarem para ver como estava indo o trabalho.

“O trabalho está terminado”. Disse ao pai da moça. A tristeza do pai diminui perceptivelmente ao ver um leve sorriso no rosto do corpo estirado na mesa fria de mármore. Ela estava com o vestido vermelho que tanto gostava. Estava com uma aparência boa.

Contudo que não olhassem as roupas de baixo da moça tudo estava perfeito. Apenas os cortes e o sangue que antes havia foi limpo. Seu rosto, antes desfigurado, até parecia aquele de antes do acidente.

Uma perda lastimável.
 
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à contraluz dos números
alexandre inagaki  [email protected]
 
Michael Schumacher acaba de se consagrar pentacampeão mundial de Fórmula 1, igualando-se à lenda Juan Manuel Fangio. A frieza das estatísticas dirá que, com esta e outras façanhas, como os recordes de vitórias, pódios e pontos conquistados, o alemão é, indubitavelmente, o maior piloto da história. Mas números são mentirosos. Não dizem nada a respeito das condições precárias nas quais Fangio guiou, numa época em que Fórmula 1 era coisa para malucos de pedra ou amantes cegos pela velocidade.
 
Hoje os circuitos são mais seguros, e os carros, muito mais resistentes. Schumacher pode ser talentoso, mas contou com a sorte de correr em uma era na qual o risco de sua profissão foi drasticamente minimizado. Além disso, a eletrônica fez com que a importância do piloto no acerto dos carros seja muito menor. Jo Ramirez, mecânico-chefe com 40 anos de F-1 nas costas, aponta a implantação do controle de tração como uma tragédia para o esporte. E explica: "O controle evita que o carro patine. Permite que o piloto acelere forte nas saídas de curvas sem perder a tração, porque as rodas funcionam de forma homogênea. Na prática, nivela por baixo, beneficiando os pilotos apenas razoáveis". Ou seja, se antes desportistas como Jackie Stewart e Émerson Fittipaldi usavam talento e sensibilidade para apontar aos mecânicos os acertos necessários em seus carros, hoje a tecnologia se encarrega de substancial parte do processo. Os pilotos de hoje possuem outros dons, como cumprir seus deveres junto aos patrocinadores, ou saber a hora certa para apertar determinado botão.

É preciso lembrar ainda que pilotos como Ayrton Senna, Alberto Ascari e Jim Clark tiveram suas carreiras abreviadas antes de provar às estatísticas todo o seu talento. De Senna, não preciso dizer nada, a não ser que ele tinha tudo para pulverizar os recordes que Schumacher está batendo agora, tendo pelo menos mais três anos de corridas pela frente, não fosse aquela curva em Tamburello.

Enquanto Schumacher completará em 2002 seu 12o. ano na Fórmula 1, o italiano Alberto Ascari disputou apenas 6 temporadas. Contemporâneo do argentino Juan Manuel Fangio, travou antológicas disputas com ele, tendo vencido os campeonatos de 1952 e 1953. Primeiro piloto campeão com uma Ferrari, até hoje detém o recorde de média de voltas na liderança por corrida: 28,9. Disputou apenas 32 corridas, antes de perder a vida no auge da carreira, numa das chicanes do autódromo de Monza (que hoje leva o seu nome).

Outro monstro das pistas foi Jim Clark, o "escocês voador". Com 73 grandes prêmios disputados (Schumacher tem exatamente 100 GP's a mais que Clark) conquistou 2 campeonatos (em 1963 e 1965), 25 vitórias e 33 pole-positions, detendo ainda o recorde de 8 vitórias absolutas (aquelas nos quais o piloto conquista a pole, faz a melhor volta e lidera a corrida de ponta a ponta). Clark dominou uma época na qual as temporadas de Fórmula 1 tinham apenas 10 corridas por ano (atualmente são 17), permitindo a pilotos e equipes a oportunidade de participar de outras categorias. Assim, Clark aproveitava as folgas do calendário para disputar corridas como as 500 Milhas de Indianópolis, vencidas por ele em 1965. Contudo, tais brechas também causaram sua morte. Em 7 de abril de 1968, Clark sofreu um acidente fatal durante uma corrida de F-2 em Hockenheim, Alemanha, tentando ajudar sua equipe Lotus a vencer mais um campeonato.

Devemos, pois, relativizar números e evitar comparações injustas. Nenhuma estatística informa, por exemplo, que no ano de seu primeiro título Michael Schumacher levou uma multa de US$ 500 mil por desrespeitar uma bandeira preta em Silverstone, e que no GP da Bélgica técnicos da FIA constataram irregularidades no assoalho de sua Benetton. Sequer ecoam as vezes em que Schumacher deliberadamente causou acidentes contra Damon Hill, em 1995, e Jacques Villeneuve, em 1996, quando ambas as colisões lhe seriam favoráveis à disputa do campeonato. Tampouco a frieza dos números permitirá ao leitor desavisado recordar a farsa espúria que foi a vitória do alemão no GP da Áustria deste ano, ou a maneira no mínimo suspeita de como a Ferrari de Rubens Barrichello sequer largou na corrida de hoje.
 
Estou sendo parcial com Michael Schumacher e seus incontestáveis recordes? Sim, assumidamente. Na condição de fã do automobilismo, não posso engolir a consagração que as estatísticas dão a este alemão. Pode ser despeito terceiro-mundista, ou inconformidade embebida de nostalgia de uma época na qual a Fórmula 1 era mais esporte do que business, e não estava emporcalhada pela presença de gente como Jean Todt, Tom Walkinshaw e Flávio Briatore.
 
Um fã certamente não é a pessoa mais indicada para dar a última palavra. Tomo emprestadas, pois, as declarações do inglês Stirling Moss, um dos principais pilotos da F-1 na década de 50, vencedor de 16 Grandes Prêmios: "Schumacher não é tão bom quanto Fangio, de forma alguma. Clark e Senna foram melhores. Fangio nunca fez sujeiras na pista, mas Michael fez algumas coisas que foram um pouco nojentas".
 
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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
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Subject: parabéns/colaborções

oi, meu nome é erasmo, sou um dos assinantes do Spam Zine há algumas semanas e estou cada vez mais admirado com as edições. Excelente, muito legal mesmo, seja pela irreverência ou pela inteligência das coisas que são colocadas. vcs estão de parabéns por organizar tudo isso. bom, como eu sei que vcs aceitam colaborações, gostaria de saber se eu poderia enviar um conto para ser publicado. se for o caso, vcs recebem em .doc ou no corpo do email? aguardo um reply, um abração.

sabbag responde: Prezado Erasmo, obrigado pelos elogios, que devem ser repassados a todos os colaboradores. Para mandar um texto, envie-o no corpo da mensagem para [email protected]. Mande também a cidade de onde você escreve, seu nome e seu e-mail. O texto certamente será lido e pode ser aproveitado em uma de nossas edições. Valeu pela mensagem. Amplexos.   
 
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From: Ismael Alberto Schonhorst - {FLY3001}  <[email protected]>
Subject: COLABORADOR

Olá gente esperta deste Spam Zine que eu tanto amo, sou leitor de vocês desdo numero 1 e depois que acabo de ler a nova edição que chega (quase) todo domingo em minha caixa postal - já não vejo a hora de ler a próxima - e estou fazendo um trabalho muito bonito que se chama LEVE BONS TEXTOS PARA QUEM NÃO TEM O QUE LER.

Eu faço assim: vou na casa de meus amigos e parentes com um disquete na mão, e lhe dou o disquete para esta pessoa ler. Nele estão todos os Spam Zines disponiveis no site no formato ZIP. Agora quero lhes pedir um favor. No site só tem até a edição 58. Quero mais. Sabe o que seria ótimo? Assim que mandarem para as pessoas as edições, já coloquem-na no site em formato ZIP, pois muitas pessoas adoram salvar os Spam Zines, e em formato ZIP que ocupa menos espaço e cabe tudo num disquete. E outra coisa. Eu adoro escrever e já fiz varios textos, gostaria de saber se eu mandá-los eu poderia ter um espaço e uma foto na área de quem faz o Spam Zine. Por favor, adoraria ver minha foto lá.
PS: O blog do Spam Zine tá ótimo, não perco nenhum dia.
 
sabbag e inagaki respondem: Caro Ismael, muito bonito o seu projeto. Espero que seus amigos e parentes estejam gostando do nosso trabalho. E obrigado pela divulgação. Quanto ao formato ZIP...
 
Você pode enviar seus textos para nós. Em relação à foto no site, aquela seção é dedicada aos colaboradores mais assíduos ou que participam do desenvolvimento do projeto do zine. Quem sabe se você se tornar um colaborador freqüente sua foto um dia seja incluída no site, mas não é hábito publicar a foto de todos que escrevem para o Spam. Valeu pela mensagem e continue visitando o blog.
 
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Subject: Re: [S p a m Z i n e] - edição 069

Sabbag,
 
Quais são os dois modos tradicionais que você se refere pra comer cebola?
 
Além de "dourada" em um óleo da vida (ou manteiga) e, claro, farinha, bem como crua, eu como cebola assada! Isso mesmo! No espeto!
 
P.S.: Essa é a melhor forma. E não dá mau hálito (como as duas maneiras).
 
Abraços.
 
sabbag responde: Grande Eder, cebola boa mesmo, que dá gosto à vida, só de dois jeitos: fritas no shoyu como no Cheddar McMelt ou batidas e transformadas em creme, que é uma delícia neste frio. Cebola assada no espeto tem o maior cheiro bom, que, infelizmente, não bate com o sabor. Mas nem fale nisso que já está me dando fome! Abrazoz.
 
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