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15 de julho de 2002
são paulo  curitiba  florianópolis  rio de janeiro  campos  campo grande

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n e s t a  e d i ç ã o:
 
the day the music died - mimetismo - fora do roteiro - mais virunduns - bigodes - semáforos insones - memórias da dor - john reed - seres-joão - dedos multiuso
 
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editorial
alexandre inagaki  [email protected]
 
Sábado, dia 13, foi o Dia Mundial do Rock. Uma data esdrúxula, feito outras efemérides criadas por vereadores desocupados, tais como o Dia dos Atores em Dublagem (celebrado dia 29 de junho, em São Paulo), o Dia do Coveiro (17 de dezembro, em Belo Horizonte) ou o Dia da Baiana de Acarajé (25 de novembro, vocês sabem aonde). Mas enfim, comemoração é comemoração.
 
A justificativa para a data: 13 de julho de 1985 foi o dia em que foi realizado o Live Aid, mega-concerto organizado pelo músico irlandês Bob Geldof, em prol dos famintos da África, e que reuniu dezenas de bandas em dois shows realizados simultaneamente em Londres, Inglaterra, e Filadélfia, Estados Unidos. Foi um acontecimento marcante, concordo. Mas eu, particularmente, teria escolhido outra data para a celebração do Rock: 3 de fevereiro.
 
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Final dos anos 50. O rock and roll mal havia inscrito suas primeiras notas na História da Música, e já sofria sua primeira crise, ameaçando perecer no mesmo limbo de outros estilos como a rumba, o calipso, o twist e o cha-cha-cha. Como peças de dominó, um a um os maiores ídolos viam suas carreiras tombarem de um dia para o outro. Tudo começou com o alistamento de Elvis Presley ao Exército, em 1957. Depois, foi Jerry Lee Lewis, que viu sua carreira soçobrar depois do escândalo suscitado pelo casamento com sua prima de 13 anos. Enquanto isso, Little Richard encontrara "a luz" e trocara o rock n'roll pela Igreja, e Chuck Berry terminou a década na cadeia, após ter sido flagrado com uma prostituta menor de idade.
 
O vácuo repentino de ídolos abrira espaço para a ascensão meteórica de três talentos incipientes: o genial Buddy Holly (e sua banda The Crickets), Ritchie Valens (intérprete do sucesso "La Bamba", pioneiro do rock latino) e The Big Booper (DJ mais famoso da América e autor do hit "Chantilly Lace"). Durante o inverno de 1959, ambos participavam da turnê Winter Dance Party, consolidando junto aos fãs do meio-oeste americano o sucesso recém-adquirido (Valens tinha apenas 17 anos). Seguiram-se infindáveis, extenuantes viagens de ônibus, ao longo de estradas constantemente cobertas de neve.
 
Um dia, Buddy Holly jogou a toalha. Na madrugada de 3 de fevereiro de 1959, logo após um show em Clear Lake, Iowa, Buddy decidiu fretar um avião para prosseguir com a turnê. Havia espaço para mais dois passageiros. Uma das vagas ficou com Big Booper, que, fortemente gripado, pediu para ser poupado de mais uma via-crúcis no indefectível ônibus dos músicos. A última poltrona, disputada no cara-ou-coroa (Deus não lança apenas dados), ficou com Ritchie Valens. Nem sempre quem ganha leva: poucos quilômetros depois de decolar, o avião caiu, certamente devido às péssimas condições climáticas, matando todos os seus ocupantes.
  
O rock tardaria a se recuperar de tantos baques. As paradas de sucesso foram tomadas por baladeiros como Paul Anka, Pat Boone e Neil Sedaka, e mesmo Elvis Presley, que ao voltar das Forças Armadas preferiu consolidar sua imagem de galã de cinema, gravando basicamente musiquinhas "mela-cueca". Apenas na metade dos anos 60 o rock resgataria sua vocação transgressora, graças a Bob Dylan, Beatles e Rolling Stones. Contudo, os pioneiros, os responsáveis pelas primeiras faíscas, merecem ser lembrados: sempre que uma Fender ou uma Gibson for plugada em um amplificador, acredito que ao menos um isqueiro deva ser aceso em homenagem a esses caras: Buddy, Ritchie e Big Booper.
 
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Muitos aprenderam a lição. Os integrantes do Queen, por exemplo, costumavam viajar em aviões separados, a fim de assegurar a sobrevivência da banda em caso de acidentes (pelo jeito, os Mamonas Assassinas desconheciam a história do rock n' roll).
 
Mas o fato é que a Velha Ceifadora não escolhe gêneros musicais para saciar seu incontrolável apetite, vide a morte do Claudinho do Buchecha, falecido justamente no Dia do Rock. Lamentei, sinceramente, o acontecido: o cara era humilde, gente boa, jamais traficou drogas (ao contrário de certos pagodeiros libertados com aval de ministro do STF), lia dicionários para aprimorar suas letras e morreu com um caderno de poemas do Vinícius de Morais, reproduzidas a mão, a tiracolo. Mas não dá pra resistir à tentação de transcrever comentário de Márvio dos Anjos sobre o acontecido: "é o rock exigindo o sangue dos infiéis como tributo". It's only rock n' roll, baby: bad to the bone.
 
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Mudando do lúgubre para o lúdico, gostaria de compartilhar com vocês um dos links mais sensacionais de todos os tempos:
 
FRANK'S VINYL ALBUM - http://franklarosa.com/vinyl
 
Frank La Rosa teve uma idéia sensacional: disponibilizar na Web, por meio de reproduções de capas e arquivos em Real Player, os vinis mais bizarros de todos os tempos. Querem alguns exemplos?
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=67
Gatos, cachorros e ovelhas fazendo covers dos Beatles
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=73
Ópera + Beatles = Medo. MUITO medo.
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=61
"Gracias por La Musica": ABBA em espanhol. Habla sério, mermón!!!
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=39
Uma capa bizarra (com direito a wallpaper)...
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=31
... e uma sátira MAIS bizarra ainda (eu morro e não vejo tudo).
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=22
O disco que Telly Savalas, o KOJAK, gravou!
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=47
Já ouviu o som de um Moog? Confira aqui, arrependa-se depois.
 
http://franklarosa.com/vinyl/Exhibit.jsp?AlbumID=65
Fleagle, Bingo, Drooper e Snork: sim, é o álbum dos BANANA SPLITS!
 
Não se preocupem: ainda há MUITO o que explorar neste site. E o melhor (ou o pior, sei lá): todas as reproduções de capas podem ser enviadas como webcards.
 
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Conserve a natureza. Recicle seu exemplar de Spam Zine antes de deletá-lo. Agora com nova fórmula! Incluindo lipídios, proteínas e weblog: http://www.spamzine.net.
 
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mimetismo
aleph ozuas  http://www.ciberarte.com.br
  
[Do gr. mimetós, 'imitado', + -ismo.] S. m. Fenômeno que consiste em tomarem diversos animais a cor e configuração dos objetos em cujo meio vivem, ou de outros animais de grupos diferentes. Ocorre no camaleão, em borboletas etc.
 
Resolvi tomar aulas de mimetismo esta semana. Um professor de uma cidade eslovaca apareceu por aqui oferecendo um curso de algumas semanas. Um curso de mimetismo. Estava com vontade de fazer um cursinho diferente. Pensei em culinária, mas definitivamente, sou da geração microondas. Miojo e macarrão chinês instantâneo em potinho de isopor. "1 - complete com água; 2 - coloque no microondas por 2 min; 3 - Espere esfriar antes de degustar". Prático, rápido e fulminante. Ultimamente tenho até usado aqueles pauzinhos para comer a gororoba chinesa instantânea, no início era uma tortura, meus dedos doíam, tinha vontade de jogar os pauzinhos longe e devorar tudo usando as mãos mesmo. Já me acostumei, apesar de ainda babar um pouco.
 
Estou gostando muito das aulas de mimetismo, difícil é todo dia ter que achar o professor. Na primeira aula uma aluna sentou nele pensando que fosse uma das cadeiras. Na hora em que resolveu colar um chiclete embaixo da cadeira sentiu algo peludo. "Ai! Tira a mão daí, menina!" Ela saiu correndo e berrando porta afora. Jogou um processo em cima dele por assédio sexual. Para a sorte do professor, o advogado dela ainda não conseguiu achá-lo para entregar a intimação!
 
Cada dia sinto que progrido mais. Ontem me mimetizei tão bem que nem eu mesmo consegui me achar, tive que berrar para minha irmã me ajudar, Ela veio correndo do quarto dela até o meu, ofegante: "qui foi, qui foi?" Expliquei a situação, na noite passada eu havia pegado no sono tentando criar a obra-prima do mimetismo, naquele momento não conseguia me lembrar mais no que havia me mimetizado. Ela procurou a manhã inteira, eu já estava morrendo de fome, sem saber o que fazer: "tá esquentando, tá esquentando, ih, esfriou". Então pude ouvi-la sussurrando: "talvez com a luminária acesa eu consiga vasculhar melhor o ambiente". Dei um berro de pavor antes que ela conectasse meus dedos do pé na tomada pensando que fosse o plug. Foi por pouco, quase que eu virava churrasquinho. Fiquei traumatizado com esta experiência, não sei se vou continuar com as aulas de mimetismo. Peguei o jornal de hoje e encontrei nos classificados um curso mais seguro pra fazer: "Aprenda a hibernar pelo resto do novo milênio em cinco lições práticas". Quem sabe, quem sabe...
 
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não estava no roteiro
maria cecília pinheiro  [email protected]

A cara séria, o tom de voz diferente, o prenúncio da tragédia: "você sabe que eu gosto muito de você, né"?

O discurso breve foi pontuado por elogios rasgados à pessoa ma-ra-vi-lho-sa que sou. Pelo jeito, a coisa seria feia.

Mãos frias e inúteis à procura de bolsos, copos, papeizinhos pra amassar. É duro não fumar nessas horas.

Ele, com olhar de elefante que esmagou sem querer o amiguinho grilo, beijava meus cabelos: "não fica assim, não fica assim".

A voz cheia de culpa não era a que conversou comigo pela primeira vez a caminho da PUC, a que lia Maiakovski baixinho na mesa do bar, a que criava imagens que se desfaziam no ar, mas nunca, nunca na memória.

Ensaiei um gesto, quis acariciar a pele amada, mas quase não reconheci o sujeito que me puxava pela mão, falando e rindo, pelas ruas do centro da cidade.

Quis pedir pra que ele me amasse, quis não ter ouvido nada daquilo.

Se eu estivesse em casa, dormindo, acordaria no dia seguinte e o mundo ainda seria bom.
 
As palavras dele construíam um muro entre nós no ritmo frenético dos desenhos animados: cimento fresco espirrando pra todos os lados, a voz vindo cada vez de mais longe.

Resgatei flashes do dia em que me perdi na praia, aos 7 anos. Um fio d´água na voz, nuvens cheias nos olhos e uma inundação arrancando árvores dentro de mim.

Era urgente pôr fim ao festival de constrangimentos. Finalmente, desci a Paulista sozinha, recebendo no rosto um vento noturno que não refrescava.

Minha referência era o guarda-sol listrado e, de repente, todos os guarda-sóis eram listrados, todas as mulheres morenas se pareciam com minha mãe e nenhuma era ela.

Fosse um capítulo de novela e a mocinha irromperia pelo quarto rosa, se atiraria na cama aos prantos e recusaria as refeições até empalidecer, como convém às heroínas.

Mal tive tempo de trancar a porta de casa, fui direto para o banheiro e vomitei copiosamente.
 
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v i r u n d u n s
Todo mundo já cometeu um: "virundum Ipiranga às margens plácidas", "homem que mata, capitalista selvagem", "scooby-doo dos sete mares"... Mande, pois, as suas versões, reversões e/ou transversões para [email protected].
   
laércio  [email protected]
Tem a clássica do Eric Clapton (Cocaine), que a molecada "roqueira" canta a plenos pulmões: "Xis ou rai, xis ou rai, xis ou rai... OK!"
 
E a minha mulher, quando estava na pré-escola, chorava quando ouvia o hino nacional. Todos achavam que era por causa de seu patriotismo extremo e precoce, mas a verdade é que ela tinha uma professora de quem gostava muito, chamada Dora, e o hino diz claramente: "Nem teme, quem TIA DORA, a própria morte". Ou seja: a Tia Dora ia morrer, é claro.
 
Uma fonte de inspiração fortíssima para meus virunduns é o Djavan. Eu simplesmente não entendo xongas do que o cara fala. Daí sai essas coisas maravilhosas do tipo "O amor é uma grande lago..." (correto: "O amor é um grande laço"), e a pior de todas, "Você me diz a peça e é nessa que eu vou..." (correto: "Você me diz à beça e eu nessa de horror").
Horror mesmo...

monica borges klafke  [email protected]
Rá! Achei que eu não cometesse esses tais "virunduns", mas no último fim de semana me peguei cometendo um. Ei-lo: Tom Jobim cantava "...esse samba é só porque, Rio eu gosto de você", e eu jurava que era "...esse samba é só porque, que eu gosto de você..."
 
c. fadini  [email protected]
Olá Spamziners!!! Tenho mais um virundum para a coleção de vocês. Também é da música "Faroeste Caboclo". Nela tem uma parte que fala "é melhor o senhor sair da minha casa, nunca brinque com um peixe de ascendente escorpião". Por muitos anos eu achava que a letra dizia "é melhor o senhor sair da minha casa NUM CABRITO COMO UM PEIXE, QUE ACENDESTE ESCORPIÃO".
 
mariana fazzini  [email protected]
Coisas de meu irmão caçula. Em Romaria, cantada por Elis Regina, ele se empolgava no refrão: "Sou caipira pirapora Nossa Senhora DESAPARECIDA!!"
 
adriano ribeiro  [email protected]
Um amigo meu cantava: "Era um garoto, que como eu, amava os BICHOS e os HORIZONTES".
 
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premonições
ione moraes  http://www.didentro.he.com.br
 
Quando era ainda uma criança, traçou toda a sua vida. Em sonho, viu um homem de bigodes. Ela soube: era ele.
 
Acordou já pensando em como fazer para confirmar suas premonições. Pediu um trocadinho para a mãe e correu para a praça, onde ficava o homem do realejo. O periquito lhe deu o papel e ela o abriu: nada ali confirmava o seu sonho.
 
Ela cresceu mais, terminou o ginásio. Conheceu o Pedro. Gostou do Pedro. Namorou o Pedro até terminar o Magistério. Tornou-se professora primária. Nunca chorou tanto como na sua formatura. Nesse dia, também, Pedro pediu que se casasse com ele. Foi só então que notou. Ele não usava bigodes.
 
Antes de aceitar, resolveu consultar uma cartomante. A mulher pôs as cartas, mas não era aquela a sua sorte. Casaram-se e na Igreja, chorou mais ainda que no dia de sua formatura. Orgulhava-se por poder apresentar letras e números a tanta gente tão pequena. E quando já se tinham passado três anos, Pedro lhe pediu crianças em casa também. Insistiu com Pedro que um bigode lhe cairia bem.
 
Ela precisava consultar um astrólogo. E ela se convenceu de que ele não entendia nada de mapas e astros. O seu sonho não estava ali. Teve três meninos. Os meninos cresceram. Disse a Pedro que a um senhor pai de três filhos os bigodes emprestavam distinção. Pedro riu.
 
Ganharam na loteria. Viajaram a todos os lugares. Voaram de balão, saltaram de aviões, foram para o Caribe. Andavam de mãos dadas, tomando sorvete. Tinham um sítio, onde plantaram laranjeiras, porque as flores preferidas dela eram as de laranjeira. Dançavam tango e mambo, a qualquer hora, quando tocava no rádio. E dizia a Pedro que milongueiros cultivavam bigodes cheios. Pedro segurou as suas mãos.
 
O dia em que se sentiu mais sozinha foi no dia da morte de Pedro. Ela nunca tinha chorado tanto. Preparando-se ela para morrer também, os filhos reunidos em sua volta, disse: "Que triste sorte a minha, que triste sorte. Ele nunca quis usar bigodes."
  
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
A enquete desta semana foi "emprestada" do site oficial do Bojo (http://www.bojo.net), uma "banda que teima em se achar MPB, mas sempre acaba nas gôndolas de eletrônica".
 
Ei-la:
"O que os semáforos pensam de madrugada quando não tem ninguém pra ver que eles estão mudando de cor?"
 
Os heróicos assinantes que conseguirem entabular uma resposta à altura da pergunta terão seus nomes estampados aqui na semana que vem: [email protected].
 
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andando por velhas salas
 
Meu relógio não retrocede, Mas há referências que se entrecruzam. Ouço tique-taques em algum lugar, fingindo canção de ninar, enquanto permaneço aqui deitado, tentando manter o foco nas rachaduras do teto. Aquela ali parece um campo de cogumelos ao sol e aquela outra me lembra um rosto agonizando em pleno êxtase. Lá se vão mais uns pares de neurônios. Preciso manter o foco. Mas é tão difícil: o futuro me parece tão brilhante. Paredes brancas me confundem, me remetem a pequenos espaços herméticos, desinfetantes e espelhos. Tudo muito rápido que mal dá tempo de piscar os olhos. E esses são mesmos tempos instantâneos, você bem sabe. Cultura fast food. Me dá ânsia de vômito e eu não coleciono os tais saquinhos de avião — esta compulsão não está na minha lista de idiossincrasias; aquela que afixei na porta da geladeira enquanto você dormia.

Enquanto você dormia. Algo como um intervalo de dez a quinze segundos. O mundo parecia não ser feito de vidro moído. Ah, a vida é um moinho — são as pás de Deus. E eu queria tirar você pra dançar. Eu me lembro bem. Da memória da dor. Não importa de que lado: tanto faz se você bate ou apanha. Ninguém escapa. Em algum canto, fica lá, ela, plantada, traiçoeira. Açoite. Rebote. Iniciação. Calos. É disso que eu falo, enfiando a língua na tua orelha — pela qüinquagésima vez neste mês ímpar. Mas você não reage. Fade out. É só uma visão recombinatória.

Karma. Sina. Olho gordo.

Talvez seja esta uma forma de pagar pelos meus pecados.

Mas talvez haja penitências. Eu raspei minha cabeça para não restar nenhuma dúvida: não sou eu no Santo Sudário. Vocês nunca vão me pegar pra Cristo! Ouviram bem? Nunca! Essa é minha redenção! Precisamente antes que se faça 2 horas da manhã — aliás, que horas são precisamente agora? Porque é justamente quando se aproximam horas como essa que começo a prestar atenção, com maior nitidez — é um processo intermitente, dizia a bula — em detalhes que escapam de todos. Reverberam em meus ouvidos diálogos metafísicos do terceiro milênio.

— Sempre haverá espinhos, farpas e outros objetos pontiagudos no caminho? Alguma vez você já teve que procurar ajuda especializada?

— Sempre. Preciso de alguém que corte minhas unhas. E que vá lamber os meus pés, quando eu assim desejar.

— Tem vezes que nem mesmo consigo lembrar meu nome. Bad bad brain. O que acha que posso fazer?

— Uma canção de ninar. Una cancion no cambiará el mundo.

No cambiará.

É justo o tipo de argumento que me faz pensar: será que um dia, alguém lamberá minhas tatuagens? Tenho essa fixação por lambidas, manja? Língua bifurcada. Tua língua. Saliva. Água e sal. Disso eu já fui feito. E também de retinas manchadas. O que me fazia ver vultos — eu vejo vultos! —, não importando em que direção mirasse. Ah, por falar em mira, não posso esquecer:

— Fluidos! Fluidos! Fluidos!

Alguém cuspiu na madeira — da cruz?; não me lembro.  Três vezes. Todo mundo precisa de talismãs. Ou de algumas doses de uísque à beira de uma lagoa, enquanto os vultos ao redor seguem chacoalhando — de frio e terror — os ossos. Opções para se sentir mais vivo. Eu bebia para lembrar e meu fígado — acebolado? — doía. Contabilizo minhas chagas; morrer de cirrose ou que tais não seria nada romântico. E eu sou um cara romântico — você ainda se lembra disso quando se olha no espelho? Um cara romântico que palita os dentes após as refeições e que tem o corte certo para toda e qualquer ocasião. Afinal, quantas vezes já me imaginei cortando os tendões dos teus calcanhares, só para impedir que você saísse de perto de mim?  Eu fui feliz num quarto de hotel. Ainda hoje, quando anoitece, posso ver os outdoors deles nas ruas estreitas. Farpas. Vão subir ao coração. Vão servir em uma bandeja fuleira. Partes de mim.

— Ah, eu prefiro as coxas — alguém há de dizer.

Assim, vão reter minhas memórias. Em algum lugar — talvez num descampado, onde dá para ver a lua engolindo a porra dessa cidade. Isso porque, tudo que vemos das estrelas são suas velhas fotografias. Li isso em algum lugar, num desses dias seguintes às minhas fugas pelo começo da madrugada. Vê, baby, o homem letrado que sou? Um homem culto que fazia andanças pela margem direita do rio Paraíba do Sul, em sentindo contrário ao fluxo fluvial. Processando. Repito: pro-ces-san-do ! Para referências futuras — resquícios de formação oitentista: temia pelo fim do mundo; então, carecia fazer provisões. A memória da traiçoeira cortou meus tendões; eu não escapo, mas às vezes me esquivo. Parece boxe, mas é só efeito de coxo. Quando consigo me esquivar, me deparo com álbuns de fotografias nas mãos. Engraçado que, pensando bem, estamos todos mancando em alguns fotogramas.

A memória da dor — restolho de sentimentos uma pinóia; tratamos aqui de um espinheiro onde se atiram corpos — é uma doença incurável. Chagas como chacras. E eu, estúpido, tentava me convencer de que estas eram marcas de nascença. E eu acreditei, por anos a fio. Marionete. Rodopiando no vórtex tal como um bobo num despenhadeiro, dançando. Ninguém me aplaude. Eu mereço. E é difícil dançar quando não se consegue mais ouvir qualquer música. Um punhado de fitas cassete desmagnetizadas foram companhias fiéis numa noite de sábado. Algumas das minhas apostas estavam nessas fitas.

Seria mais fácil se tudo se resumisse a apertar de botões?

Levante suas mãos para o céu. Eles conseguiram. Estou sozinho e estou cansado. Ainda devo ter uns quinze minutos antes que desliguem os aparelhos.
 
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m e n i n o s   e u   l i
Espaço dedicado a resenhas impressionistas de livros, filmes, peças, quadrinhos & afins. Mande seu pitaco: [email protected].
 
guerra dos balcãs (john reed)
alexandre linares  [email protected]
 
Historiadores e jornalistas consideram este livro um dos melhores retratos da Primeira Guerra Mundial, um livro essencial sobre os Bálcãs, um dos textos com o qual John Reed ajudou a inaugurar o jornalismo moderno. Segundo livro de sua curta vida (faleceu aos 33 anos), nele Reed mostra um mundo desabando, mostra os limites da barbárie de uma guerra no calcanhar da Europa.
 
Ponto de partida para uma profunda reflexão sobre o real significado da guerra, Guerra dos Bálcãs é fulminante ao apresentar a guerra como ela é. E Reed vai além, tomando partido contra a guerra. Em cada linha olhamos através do autor os fatos, o cotidiano de um mundo em transe imposto pelos interesses das potências militares. Em vários trechos encontramos semelhanças nas atuais atrocidades contra Kosovo.
 
Em suas págimas demonstra o fim dos sonhos otimistas da civilização européia do século XIX. "Era extraordinário como essas pessoas, acostumadas com uma vida confortável na Europa civilizada e pacífica, adaptavam-se sem assombro a condições medievais de viagem", surpreende-se John Reed no início. Mas ele irá se surpreender ainda mais depois, conforme avança na "viagem", com outras mostras de adaptabilidade, cinismo e loucura calculada. Esta é uma estranha reportagem de guerra. Ao contrário das tradições, não se encontrará aqui descrições épicas de grandes batalhas, nem heróicos generais tomando suas decisões históricas. Reed vai para os lugares onde se amontoam os refugiados, os desertores, os espiões e, é claro, os comerciantes. Gente que quer aproveitar as oportunidades, e aquela maioria que quer apenas uma oportunidade de sobreviver. Alemães fingindo-se italianos, austríacos com chapéu tirolês fingindo-se turcos, patriotas gregos sonhando com a América, hadjis muçulmanos, carpinteiros italianos, eunucos, enfermeiras inglesas insensatas, jornalistas frustrados com os momentos de paz, dervixes dançantes, oficiais russos, pescadores saídos das Mil e Uma Noites, pilotos franceses, rabinos, soldados ingleses, búlgaros, sérvios, albaneses se misturam aos fantasmas dos sarracenos, cruzados, hunos, romanos, fenícios, venezianos, normandos e outros que dominaram a região em tempos antigos. Chapéus-coco, chapéus cônicos, pontudos, quepes, turbantes, fez, panamá, xales, véus. Botas, tamancos, soldados gregos com delicados sapatos com pompons, e ciganas que dançam descalças. As cores: faixas e fitas vermelhas, verdes, amarelas, com as quais se enfeitam as roupas de diferentes desenhos e de diferentes cores. Tal qual as estrelas que antes de desaparecerem exibem suas luzes com mais força, aqui são as culturas milenares que mostram suas cores mais vivas justamente no momento em que estão para ser todas tragadas pelo cinza da guerra moderna.
 
E John Reed vê os canhões imporem sua cor a tudo. Ele dá voz a soldados que já nem sabem com certeza de que lado estão na luta depois que seus uniformes desbotaram na seqüência de tantas guerras. Tudo fica cinza. As cores que justificaram o início das guerras deixam de existir. "A própria cidade está morrendo", diz John Reed. "Em pouco tempo não valerá a pena ravar uma guerra por Salônica.

o autor
 
John Reed era já um escritor muito respeitado, e o jornalista mais bem pago da América, quando escreveu Guerra dos Bálcãs. Apesar da popularidade e da boa remuneração, não evitava a polêmica. Assim como defendeu os revolucionários camponeses liderados por Pancho Villa e criticou sarcasticamente a América em seu primeiro livro, México Rebelde, neste que é seu segundo livro ele vai direto contra o militarismo e contra os desejos do governo norte-americano (e dos capitalistas norte-americanos) de entrar na Primeira Guerra Mundial. Diante disso, não é de se surpreender tanto que tenha sido ele, filho de uma família tradicional do Oregon e formado em Harvard, que tenha escrito depois Os Dez Dias que Abalaram o Mundo, o retrato mais emocionante e entusiasmado da Revolução Russa. E nem é de se surpreender que ele tenha freqüentado tantas cadeias, na América e na Europa. Reed levava muito a sério a idéia de que jornalistas têm que se arriscar. John Reed é também autor de A Filha da Revolução (Conrad, 2000) e Eu Vi um Novo Mundo Nascer (Boitempo, 2001). John Reed ajudou a fundar o Partido Comunista Norte-Americano, e é o único norte-americano enterrado com honras dos heróis da Revolução Russa na praça vermelha.
 
(Guerra dos Balcãs - John Reed - Editora Conrad - 280 pp. - R$ 35,00)
 
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estrelas
manoela assayag  [email protected]
 
Fechar as portas, trancar os armários, esconder-se em seu quarto são atos indignos desta personagem sem nome. Um andarilho passeia por uma megalópole qualquer e por ser livre sente-se preso, a poluição o sufoca e o campo não é atrativo o bastante.

A personagem não nomeada pode ser chamada João. Um nome comum para alguém que de tão convencional está às margens da loucura. João olha para o céu e perde dias e noites no ócio puro, a observar estrelas, fazendo planos cujo cumprimento não lhe condiz. Essa obsessão pelo universo explica-se de modo simples; o que é distante de tão impossível torna-se uma boa ilusão e sem essa ilusão não haveria humanidade. Não nos chamamos João, mas ele o somos; é assim que as coisas são, não dependem de nossos desejos ou entendimento.

Parnasianistas como Bilac perderiam horas devaneiando a respeito do cintilar dos belos astros, como se isso explicasse a razão de sermos, estarmos permanecermos. Nós, seres-João, sabemos que nossas existências de vazias se enchem de falsos julgamentos e soluções e isso pensamos até o momento em que cerramos nossos olhos pela última vez e descobrimos todo o resto em sua imensidão devastadora e maravilhosa.
 
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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
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----- Original Message -----
From: Rafael Martín <[email protected]>
Subject: Re: até que enfim um pouco de refresco geral

> Andei vendo no saite da dona Maria da Graça as obras da fundação em seu nome e
> outras quireras mais e lhes digo do alto dos quarenta reais do meu saldo bancário:
> nem que a dona doasse metade do que já faturou seria redimida da chernobílica
> influência que causou em milhares de cérebros sobreviventes da miséria cultural
> desse país, a qual, como expressão única da nossa democracia, atinge todos os
> níveis sociais da população, desde o Zé Mané até o Dr. Mané.

Longe de afirmar que a dona Maria da Graça produz algo que seja minimamente decente para a população infantil, gostaria de dizer que não acredito nessa tal influência chernobílica.

Claro. O Xou da Xuxa é um programa idiota? É. A Xuxa falando daquele jeito parece uma cretina? Parecia. Os figurantes (aquele bicho da dengue e aquela tartaruga baixinha) botam medo em qualquer ser humano normal? Colocam. Mas quem liga? Ninguém assistia o Xou da Xuxa mesmo... O que fazíamos era agüentar até que os desenhos começassem. Ou aproveitávamos o tempo para ir tomar café ou acordar nossa irmãzinha.

A gente queria mesmo era assistir desenho.
 
inagaki responde: em parte você tem razão, Rafael. Apesar de corroborar as palavras de dona Sandra acerca do processo lobotomizador engendrado pela srta. Meneghel, meu interesse maior no Xou da Xuxa era assistir aos desenhos de Dartagnan e os Três Mosqueteiros (na época da Manchete), e da Caverna do Dragão e Família Dinossauro (na fase global). Alguns baixinhos estavam mais interessados nas pernas dela (para este grupo, recomendo o site Panteras do Brasil: 90 fotos da fase mais desinibida da mãe da Sasha - corram, antes que tirem do ar), mas eu particularmente preferia a Gigi Anheli, do Bambalalão. Por sorte, parece que os atuais programadores se ligaram que o que interessa é desenho mesmo. Vide as manhãs de sábado da Globo: Deborah Secco aparece por 30 segundos, só para enfeitar a tela e anunciar as aventuras da Luluzinha. Muito mais prático, indolor e objetivo. E o melhor, sem ter que aturar 20 minutos das antigas brincadeiras modorrentas "animadas" por Xuxa, Praga, Dengue & aberrações afins, que só serviam para apresentar merchandisings da Estrela e encher linguiça...
  
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----- Original Message -----
From: Cristina Livramento <
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Subject: para o rodrigo e equipe spamzine
 
(...) descobri a masturbação aos 4, 5 anos de idade (...). Durante mais de 14 anos vivi e senti isso com muita culpa e muito remorso. Nunca ouvi de nenhuma amiga que ela se masturbasse... nem das mais chegadas. Uma vez, pra ser sincera, uma colega assumiu cometer tal crime. UMA SÓ. Nos meus 28 anos eu sei, com toda certeza absoluta, que pinto não me faz feliz. Não estou dizendo que não me faz falta, estou dizendo que pinto não é sinônimo de felicidade. Pra mim, não! E foi a partir dessa descoberta que passei a me sentir muito mais à vontade com meu prazer solitário.

Eu quando vou pra cama com alguém busco conforto, cumplicidade, carinho, ternura, proteção, segurança e paixão. MENINOS! ISSO NÃO SIGNIFICA CASAMENTO! Os homens estão hoje tão confusos com essa liberação sexual feminina que já perderam a identidade. Uns têm medo das pistoleiras, outros, como os Thyrsos da vida – considerados por muitos como Mané – se derretem em atenção e carinho para as loucas e medíocres Manoelas do mundão afora. (...) Ninguém sabe mais o que quer. E foi por aí que eu comecei a me cuidar mais, a me amar e a me valorizar mais. A partir do momento que eu descobri que o que me completava era a cumplicidade deixei de caçar namorado. Por incrível que pareça até esqueço que não tenho um. Não me sinto só e sei lidar muito bem com a minha solidão.

Afinal de contas meus dedos também são multiuso, uai! E o melhor de tudo: não me magoam, não levantam rapidinho vestindo as calças, não ficam preocupados se eu vou ligar e grudar feito chiclete, não me engravidam, não me transmitem nenhuma doença [aqueles tubos de pomada são absurdamente incômodos] e não me rasgam... rs... entram suaves e macios.

Ora bolas... Sou muito romântica. Adoro estar apaixonada, estar envolvida e sentir que a outra pessoa está também. Gosto de fazer amor olhando nos olhos, rir e conversar durante o sexo, ter confiança, me sentir completamente à vontade nos braços do meu amado. Ora pois... se eu não tenho esse amado então eu fico sozinha e com meus dedos. E eu não tenho que provar pra ninguém de que sou feliz assim! Não tenho que ir pra cama com o primeiro que eu trombar na esquina!

(...) costumo resumir a vida do ser humano em uma palavra: hipocrisia. Não assumimos praticamente nada do que fazemos, do que falamos e muito menos o que pensamos. Todo mundo faz questão de gritar bem alto que não tem preconceito contra nada e ninguém, que tem uma visão aberta do mundo e coisa e tal, mas não tem porra nenhuma! Na hora do ‘vamô vê’, fica todo mundo com cara de paspalho e bem ‘pianinho’. E ai daquele que abrir a boca pra falar alguma coisa, vira motivo de piada na hora.
 
inagaki responde: Cristina, confesso que hesitei em publicar o seu e-mail, enviado para a gente provavelmente por causa do conto "Hermafrodita", de Rodrigo de Souza Leão (publicada no SZ 069), que falava sobre masturbação. Mas já que você publicou em seu blog o mesmo texto (vale a pena conferi-lo: http://contosdacamaleoa.weblogger.com.br), resolvi postá-lo aqui, uma vez que ele toca em assuntos que merecem ser discutidos.
 
Eis meu pitaco pessoal: felicidade e inteligência não combinam. As pessoas mais esclarecidas, aquelas melhor informadas acerca das engrenagens sujas que movem o mundo, jamais conseguirão ser completamente felizes. Estamos cercados de hipocrisia, sordidez, panelinhas, inércia e complacência por todos os lados. Há momentos em que penso que talvez fosse melhor ser um "Carlo Perez" da vida: alienadão, sossegado no meu canto, mas cultivando uma (in)suspeita felicidade embebida na ignorância.
 
Discorrendo a respeito da natureza do amor, Joseph Campbell afirmou: "a vida é dor, e o amor, por ser a mais intensa manifestação da vida, é responsável por nossas maiores alegrias e tristezas". Sábias palavras: amor é a fonte de nossas vidas, e o pai de nossas tragédias. Nos é quase impossível vivermos nossas paixões em toda a plenitude, diante de séculos de repressão religiosa, e da intolerância hipócrita embutidas nas tais "morais e bons costumes". Se é assim com o amor, o que dizer então do sexo? Lenny Bruce, humorista americano que foi por diversas vezes censurado pela puritana censura norte-americana, escreveu certa feita um monólogo sobre usos de um travesseiro em Hollywood. Se um homem usava um travesseiro para sufocar alguém até a morte, qualquer criança poderia ver essa cena no cinema ou na TV. Mas, se esse homem se aproximasse de uma mulher para colocá-lo sob o corpo de uma mulher, e começasse a penetrá-la... Deus do céu! Desliguem a TV, protejam as crianças, chamem a censura!
 
Masturbação?! Pior ainda. Cega os pecadores. Faz criar pêlos nas mãos. Deus está olhando (como se ele não tivesse coisas mais úteis para velar). Bah. Bleargh. Pfuf. Quer saber duma? Pense neste provérbio espanhol: "viver bem é a melhor vingança". A religião definitiva é a tua consciência, Cristina. Fique em paz com ela e com o mundo, aperte a tecla do FODA-SE e, por favor, seja feliz. Um beijabraço pra ti!
 
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