SpamZine_________________
066
10 de
junho de 2002
rio de
janeiro são paulo graubünden campos dos goytacazes
veneza
>>>
n e s t a e d i ç ã o:
nabokov tio zé lester bangs houaiss brian weiss chacal lobato cicciolina lucinda o escaravelho
do diabo
>>>
Como os discursos, editoriais
devem ser poucos; se possíveis, bons, em todo o caso, curtos.
Serei apenas
curto.
Poderia descrever a
tragicomédia do mercado editorial brasileiro, com livros caros e ruins; mas
isso seria repetitivo e não tão engraçado quanto a retórica que
imagina que, começando-se por Paulo Coelho, terminar-se-ia
lendo Elliot. Mais engraçado só o novo produto que se agregou
à vendagem de livros: o comportamento de seus autores. Nem falo
dos nossos queridos e tradicionais artistas tatuados até ao cócix tribal.
Quanto a esses, correspondem a um pop-mercado cuja infinda hilariedade justifica o
medíocre. Outro tanto é querer vender Alexandre Frota como escritor. Desde
que abandonou a produção de faqueiros, a Caras nunca foi a mesma. O que é
uma pena, já que eram ótimos talheres.
Recolho-me
à aventura imemorial da discussão sobre o livro. Borges imagina-o a invenção
mais fantástica de todas. Enquanto o microscópio é a extensão dos olhos e
a espada alonga a mão, o livro é a extensão da memória. Mas o culto ao
livro é coisa recente. Os antigos não o professavam. Platão afirma que os
livros são como efígies, que alguém pensa estarem vivas, mas, quando se pergunta
algo, nada respondem.
E eis
que surge do Oriente a idéia do livro como obeto sagrado. O Corão é um atributo
de Deus, como Sua Justiça. Há uma matriz do Corão escrita no Céu. A Bíblia
foi ditada a uma multitude de barbudos famélicos, romanos zangados e descuidistas
literários pelo Espírito. De modo que os livros são divinos, mas só depois
de algum tempo. Cumpre então um esclarecimento.
Se o livro
é a mais fabulosa invenção humana; se todo livro, ao menos idealmente,
remonta a um livro, que é Sagrado, talvez conviesse maior respeito. Qual
será o papel do cidadão consciente? Se não se pode publicar bons livros,
porque não se é editor; se não se pode viabilizar acesso literário a
toda uma multitude de jovens em que o auto-engano prevê sutilezas imarcescíveis
- o papel que resta é não escrever ou, tendo escrito, não publicar.
Analisando
a lâmina das estatísticas, o fato é que somente uma desprezível
minoria viria a escrever alguma coisa boa. Mas, se se poupasse aos
editores alguns tantos escritos que, passado o teste dos conchavos
ou o do sofá, viessem a publicar, haver-se-ia legado aos pósteros a incrível
virtude de não se ter contribuído para a piora. Sendo otimista, ainda se poderia
pensar que menos um livro na praça significasse mais um leitor aos bancos.
Então, o
que poderia parecer desanimador é um sopro de alento: porque os livros
vêm de Deus, e porque Deus é brasileiro, a única atitude condizente com a
melhora do mercado editorial pátrio é nunca mais se escrever coisa alguma.
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A edição
de hoje conta com ótimas exceções à regra de que a web-literatura
não compensa a miopia que causa.
Indigo Girl
dispensa apresentações. É presença certa nas minhas edições.
A Ione é uma japonesinha simpática, que fuma setenta cigarros por dia e que,
quando veio ao Rio, levou-me a um bar gay, onde, pela primeira vez, fui assediado
por homem, e tive a sensação ridícula bem conhecida das mulheres.
Já a Daniela Abade, companheira de vinhos caros e de desagravo a
uma certa personagem, não seria jamais esquecida: seu texto de hoje é,
por assim dizer, uma pesquisa de campo. Ellen Aprobato é a nossa
mulher em Graubünden; André Machado é o nosso homem em O Globo. Jules
Rimet, colaborador de nome mais que apropriado, entrou com um interessante
diálogo; a Carolina Linden, além de escrever bem, é uma das mocinhas mais
elegantes que conheço, embora ficasse espantado ao vê-la de tailleur
no primeiro período da Escola de Comunicação, época mais propícia, como
se sabe, aos cartazes libertários feitos com guache e às saias indianas compradas no popular.
De resto, elogie-se o fato de a Carol ser uma estudante de comunicação que
DEPILA AS AXILAS. Acredite-mo, pio leitor. Há, ainda, uma colaboradora
secreta, mas a recorrência ao tema tornará óbvia sua identidade.
Por fim, republiquei, com autorização, um texto de Diogo Mainardi, colunista,
escritor e roteirista, que joga semanalmente uma isca à intelectuália brasileira,
e cuja cara de bruxo na foto de Veja só perde, em diversão, para seu ótimo livro
'Contra o Brasil' (Cia das Letras).
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Spamzine
especial LIVROS e LEITORES. Porque, no fundo, o mundo é feito para acabar
num belo delete.
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ler
não serve para nada
diogo
mainardi http://www2.uol.com.br/veja/120602/mainardi.html
(publicado originalmente
na revista Veja, em 28 de março de 2001.)
Como tornar o Brasil uma nação letrada? É o título de um documento de Ottaviano
Carlo De Fiore, secretário do Livro e Leitura. Honestamente, eu nem sabia
que o Ministério da Cultura tinha um secretário do Livro e Leitura. Mas tem.
Sua principal tarefa é "acompanhar, avaliar e sugerir alternativas para as
políticas do livro, da leitura e da biblioteca". Foi exatamente o que Ottaviano
Carlo De Fiore tentou fazer em seu documento, estudando maneiras de aumentar
o interesse por livros no Brasil. Cito um trecho: "É fundamental que nos meios
de massa, políticos, estrelas, sindicalistas, professores, religiosos, jornalistas
(através de depoimentos, conselhos, testemunhos) propaguem contínua e perenemente
a necessidade, a importância e o prazer da leitura, assim como a ascensão
social e o poder pessoal que o hábito de ler confere às pessoas".
Não pertenço a nenhuma das categorias mencionadas por Ottaviano Carlo de Fiore.
A rigor, portanto, meu depoimento não foi solicitado. Dou-o mesmo assim, ainda
que tenha plena consciência de minha falta de prestígio e incapacidade de
influenciar as pessoas. Se digo que meu escritor preferido é Rabelais, por
exemplo, ninguém sente o irrefreável impulso de entrar numa livraria e comprá-lo.
Se, por outro lado, Rubens Barrichello recomenda os relatos de reencarnação
de Muitas Vidas, Muitos Mestres, do americano Brian Weiss ("depois
que o li, o medo que tinha da morte foi embora"), é bastante provável que
consiga vender quatro ou cinco exemplares a mais.
Minha experiência, ao contrário do que afirma o documento de Ottaviano Carlo
De Fiore, é que o hábito da leitura constitui o maior obstáculo para a ascensão
social e o poder pessoal no Brasil. Não é um acaso que aqueles que vivem de
livros — os escritores — se encontrem no patamar mais baixo de nossa escala
social. Muito mais baixo do que políticos, estrelas, sindicalistas, professores,
religiosos ou jornalistas. De fato, basta entrar no Congresso, num estúdio
de TV, numa universidade ou numa redação de jornal para ver que todos os presentes
têm verdadeira aversão por livros. Eles sabem que livros não ajudam a conquistar
poder, dinheiro, respeitabilidade. Livros só atrapalham. Criam espíritos perdedores.
Provocam isolamento, frustração, resignação. Desde que comecei a ler, virei
um frouxo, um molenga. Com o passar dos anos, foram-se embora todas as minhas
ambições. Tudo porque os livros me colocaram no devido lugar. Nada disso,
claro, tem a ver com o temperamento nacional, tão afirmativo, tão voraz, tão
animal. É contraproducente tentar convencer os poderosos a prestar depoimentos
sobre a importância dos livros em suas carreiras, simplesmente porque é mentira,
e todo mundo sabe que é mentira. Dê uma olhada nas pessoas de sucesso que
aparecem nas páginas desta revista. É fácil perceber que nenhuma delas precisou
ler para subir na vida. A melhor receita para o sucesso, no Brasil, é o analfabetismo.
Por mais bem intencionado que seja Ottaviano Carlo De Fiore, duvido que um
dia o Brasil venha a se tornar uma nação letrada. Se por acaso isso acontecer,
certamente lerá os livros errados. Se calhar de ler os livros certos, só dirá
bobagens sobre o que leu.
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a
biblioteca silenciosa
Depois da silenciosa
capela gelada onde as imagens dos santos trocavam de lugar umas com as outras
e o Cristo crucificado atrás do altar suspirava decepcionado conosco,
a biblioteca era o segundo lugar mais sagrado da escola. Não que fôssemos
proibidos de entrar - éramos estimulados a freqüentá-la - contanto que tivéssemos
boas intenções. Dona Jandira, a bibliotecária, foi explícita durante nossa
primeira visita como pessoas alfabetizadas. Ali estava reunido o conhecimento
da humanidade. Podia ser usado para o bem ou para o mal. Isto dependia de
cada um de nós e cabia a ela nos orientar nesse aspecto. Livros, ela nos alertou,
são munição para o pensamento.
- Escolha-os bem.
Nesta época o meu pensamento
estava voltado para coisas do outro mundo. E se eu bem conhecia aquela escola,
o livro que eu procurava não teria passado por aqueles portões, quanto menos
encontrado um lugar naquelas estantes. E caso tivesse, dificilmente eu teria
permissão de lê-lo. Segui a bibliotecária e meus quatro colegas. As expedições
pela biblioteca não podiam ultrapassar cinco alunos por vez: esta era uma
medida irrevogável para garantir a ordem. Sendo aquele um ambiente de leitura
e reflexão, estávamos proibidos de pronunciar qualquer tipo de palavra ou
ruído. A exceção para isso se dava somente quando estivéssemos ao balcão de
empréstimo e devolução. Ali deveríamos nos dirigir oralmente para a bibliotecária
a fim de informar o título e autor do livro que buscávamos. Caso não soubéssemos,
poderíamos explicar, em voz baixa, o assunto. Como o meu assunto era indizível,
teria de me contentar com mais um Monteiro Lobato. Nada contra a turma do
Sítio. Eu simpatizava com eles e vinha acompanhando suas peripécias há um
bom tempo. Mas eu sabia que criatura alguma daquele universo chegaria aos
pés do Minotauto, e este eu já tinha decifrado.
Vagueava por um corredor
da seção policial quando um título chamou meus olhos. Puxei o livro e senti
as mãos trementes. Reli três vezes as palavras. "O Escaravelho do Diabo".
Encolhida, folheei aquilo. Assassinato, morto, inexplicável, pânico. Apertei
o livro contra o peito, sem saber o que fazer. Minha única saída era devolver
o livro ao seu lugar e fingir que não o tinha visto. Seria melhor para mim.
Jamais permitiriam que eu saísse dali com um livro como aquele. A existência
daquele livro confirmava minhas suspeitas. Abri-o novamente. O cartão colado
na contracapa acusava uma lista iniciada em abril de 1979. Desde então alunos
vinham retirando aquele livro, um após o outro. Alunos que não estavam mais
conosco, que já haviam saído do Dom Barreto e cujos destinos eu só podia especular.
Alunos que se foram, para lugares indeterminados.
Seria muita ingenuidade
acreditar no valor literário de tal obra, se é que tivesse algum. O nome da
autora não me dizia coisa alguma. A professora de literatura era compulsiva
quanto a isso e se aquela mulher tivesse alguma contribuição benéfica, já
teria caído numa prova. Lúcia Machado de Almeida; uma incógnita, um pseudônimo
- talvez. Um romance policial ambientado na cidade de Vista Alegre. Uma pacata
cidade se encontra sob ataque de um inseto - era o que a tal Lúcia tinha a
dizer sobre o livro. Pois ela que me desculpasse, mas isso pouco importava.
A questão aqui era muito maior. Dentre as centenas de livros daquela biblioteca
"O Escaravelho do Diabo" foi despretensiosamente inserido para quem quisesse
ler. Irmã Lurdes estava a par daquilo e por algum motivo queria que aquele
livro chegasse às minhas mãos.
Caminhei com ele até
o balcão de empréstimos e devoluções e sem dizer palavra o entreguei à Dona
Jandira. Ela transpôs dados da minha ficha para o livro e vice-versa. A dura
unha do seu indicador bateu duas vezes na capa, precisamente sobre a palavra
que ambas tínhamos em mente.
- Boa escolha - disse.
E piscou.
Aquela era nossa última
aula. O sinal das cinco da tarde tocou, mas Dona Jandira não se mexeu. Percebi
a biblioteca vazia e a porta de saída longe. Corri dali com o livro debaixo
da camiseta.
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nos
meus livros
Nos meus livros de poesia,
eu costumo guardar pétalas de rosas que eu ganhei -- por isso são raríssimas
as pétalas, porque raríssimas as rosas que ganhei. E antes que alguém
pergunte, rosas que eu mesma tenha comprado não servem, só as que tenha ganhado
um dia, porque só elas têm uma história, uma história boa, com um significado
alentador -- e orquidinhas, pra secar. Depois, ofereço um poema e uma das
pétalas a uma pessoa querida. Um dia, não sei se tomada por algum súbuto ataque
de cafonice, fiquei pensando que as florinhas e orquidinhas secas dentro de
um livro de poesia são que nem as nossas lembranças. Elas já tiveram cores
muito fortes-coloridas e um perfume bom daqueles que enchem toda a sala. Depois,
viram papel de seda, daqueles que ficaram muito tempo no relento e perdem
a cor. E já nem se sente o perfume. Mas ficam impregnadas de poesia (Não era
bom achar que toda memória é impregnada de poesia? É, eu sou a pessoa mais
iludida que eu conheço).
Nos meus livros de história, eu escrevo em volta, com grafite escuro e fino,
outras histórias. Dando voltas, nas letras impressas, em espiral. Histórias
inventadas daquelas invenciones que estou lendo. Quando se vira a página,
os dedos esfregando com força a folha, fazendo aquele barulho gostoso de papel,
borra-se o que escrevi. E eu acabo ficando triste de estar sujando o livro
com a minha imaginação se espalhando por ali e acabo mesmo apagando tudo,
deixando aquelas farpinhas de borracha no meio da brochura, que nem cutucando
muito sai. Só para eu lembrar de como é bom inventar e esquecer de tudo, pra
poder inventar melhor da outra vez.
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breve
visita a uma livraria
Nas
estantes:
Ajude a si mesmo. Ajude-se fazendo a sua parte. Amanhã seremos
mais bonitos. Amar é libertar-se do medo. E tudo isso acontece no fundo
da gente. Amor é vida. A vida lhe trata como você se trata. Antes
de tudo amar. Caminhar... Para onde? O caminho se faz ao andar.
Caro Senhor Arcanjo cheio de estrelas, por que não me escutais? O céu é
o limite. Chega de tristeza. Contentamento: o caminho para a verdadeira
felicidade. O corpo fala. Cuide bem da sua imagem profissional.
Cultive sua auto-imagem. Cure seu corpo. Dê um tempo para você. Decida-se.
Depois do êxtase, lave a roupa suja. Descobre-te a ti mesmo. Desperte
e vença. Deus quer que você enriqueça. Diga sim à sua vida. Dinamize
sua personalidade. Dinheiro - é possível ser feliz sem ele. E aí?
Emagreça comendo: depende só de você! Encontre o milagre em você. Escolha
a felicidade. Eu não tenho que resolver tudo. Eu poderia fazer qualquer
coisa. Faça a diferença. Faça sua vida dar certo quando tudo parece
errado. Faça menos e conquiste mais. Fumar ou não fumar, a decisão
é sua. Hei de vencer. Imagine-se magro. Liberte-se. Se ligue
em você (sic). A manhã só veio depois de uma longa noite. Meia idade
é vida. Não basta ser excelente. Não chore sobre o leite derramado.
Não diga sim quando você quer dizer não. Não faça tempestade em copo
d¹água. Não se deixe manipular pelos outros. Não se preocupe, seja
feliz. Não te devo nada! Obrigado, Mamãe! Pense sobre isso... E
pense muito melhor. Por que eu não pensei nisso antes? Por que eu?
Por que isso? Por que agora? O que importa é ser feliz. Quem ama não
adoece. Quem sou eu, meu Deus? Querer é fazer. Querida mamãe, obrigado
por tudo. A resposta para o sucesso está em suas mãos. Ria da minha
vida antes que eu ria da sua. Seja feliz já. Seja invunerável! Ser
feliz é escolha sua. O seu futuro depende de você. Sim, você consegue.
Sim, você pode dizer não. Sinta prazer em ser mulher. Só vence quem
quer. Somos amor. Somos feitos da matéria dos sonhos. Somos singulares.
O sucesso é ser feliz! Tenha medo... E siga em frente. Todos os homens
são idiotas: até que se prove o contrário. Transforme sua vida.Tudo
é possível. Violência não é a resposta.
Na cabeça:
Onde fica a seção de livros?
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a
estante do tio zé
Minha avó paterna morava
no velho casarão da família, na rua Florianópolis, em Jacarepaguá. Hoje ele
não existe mais. Mas nos anos 60 era um paraíso envelhecido repleto de mangueiras,
tamarineiras e outras árvores frutíferas. Eu curtia a quietude e o cheiro
de passado do lugar. Mas meus primos eram muito mais velhos que eu, e logo
se cansavam de minhas brincadeiras bobas. Acabava passando boa parte do tempo
sozinho. Não demorou muito, desisti do quintal e me rendi às tintas e lápis
de cor do tio Zé, o único artista da família -- era (ainda é) pintor. Ficava
horas desenhando em sua escrivaninha, em seu quarto. Foi no mesmo cômodo que
me lembro de ter sido enfeitiçado para sempre pelos livros. Na estante do
tio Zé, havia coleções sobre o século XX, a Segunda Guerra e muitos volumes
sobre os gênios da pintura. Foram alguns dos primeiros livros que folheei,
fascinado. Descobri ali alguns dos personagens célebres da história do Brasil,
os afundamentos trágicos de navios como o Titanic e o Bismarck, e o traço
hipnótico de van Gogh. Tempos depois, minha madrinha me presentearia com uma
coleção completa de Monteiro Lobato e eu nunca mais largaria os livros. Mas
aquela estante foi a primeira, e a primeira, vocês sabem... não dá para esquecer.
Muito provavelmente,
o tio Zé não sabe, mas tenho certeza de que seus livros e seu exemplo de humanista
me tornaram o jornalista e blogwriter que sou hoje. Só posso agradecer (e
muito) por ter escapado de uma vida convencional. Valeu, tio! Um brinde aos
livros, que são os verdadeiros jardins cujos caminhos se bifurcam, para todo
o sempre.
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debaixo
da cama
Meu pai sempre
falou que era tudo culpa das minhas tias. Minha mãe dava risada e e confessou-me
uma vez que apanhava pelo mesmo motivo. Minha vó não podia nem fazer nada,
eu era mais esperta que ela e ela nunca achou a gente. Também nunca deixamos
vestígio, nosso lugar preferido era debaixo da cama. Eu sou miúda, 1,60m,
talvez nem isso, a cama de ferro era alta o suficiente pra nós dois, e eu
ainda conseguia erguer a cabeça ligeiramente. A colcha era minha aliada, os
babados de tecido cor-de-rosa tocavam o chão e serviam como uma cortininha;
eu erguia uma das pontas e prendia por baixo, no estrado, pra deixar entrar
a claridade do dia. Acho que a única pessoa que desconfiava era a Cida, por
que eu esqueci uma vez de desprender o babado e ela deve ter se perguntado
como que a colcha se prendeu assim... Tudo bem, até vou confessar, nunca era
o mesmo. Eu fazia rodízio entre uns 20, sem ordem nenhuma. Teve um que foi
de um dia só, teve outro que durou três meses. Uma vez era véspera de primeiro
dia de aula, quase onze da noite e eu lá, com o abajour no chão, esperando
aquela coisa toda acabar. Eu lia. Não sei porque eu me escondia, mas sei que
tinha 11 anos e achava isso um tesão. Monteiro Lobato foi o pioneiro. Não
me recordo de todos os outros autores e títulos mas ainda tenho na pele os
beijos de Pedro Bala*, Basílio**, Humbert Humbert***. Cada um dos personagens
me deu um pouco de si, como é interessante, somos o espelho do que lemos.
* Capitães de Areia, Jorge Amado
** O Primo Basílio, Eça de Queirós
*** Lolita, Vladimir Nabokov
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Em
Abril de 1982, o crítico de rock Lester Bangs preparava-se pra ir ao México,
onde pretendia se esconder pra dar forma ao romance que já rabiscava entre
uma resenha de disco e outra havia alguns anos. Ele nunca chegou ao México
nem concluiu o livro, morreu no dia 30 daquele mês e ano, deixando apenas
algumas páginas sob a referência “All My Friends Are Hermits” (todos os meus
amigos são eremitas).
Para mim (...), parece que
as únicas questões válidas hoje em dia são se os seres humanos terão quaisquer
emoções amanhã, e que qualidade de vida terão se a resposta for negativa.
(...) os anos 70 serão lembrados
como uma década quando, como um personagem de “The Ice Age”, de Margarth Drable,
as pessoas realmente dão as boas vindas à depressão como uma forma de alívio
para a ansiedade (...).
Solidão, isolamento,
incapacidade para sentir qualquer coisa, tendência incontrolável a cortar
comunicação com o mundo fora do próprio apartamento e os outros (“Lester? Não.
Ele está? Não.Você sabe quando ele vai voltar? Não. Pode anotar um recado? Não.
Isso é uma secretária eletrônica? Não.”), enfim, uma aversão a gente
(“... a loja estava cheia de corpos. Eu entrei assim mesmo. Eu senti, no momento
em que entrei, e me encolhi com o contato.”) eram preocupação de Bangs desde
meados da década de 70. Em 78, quando escreveu o trecho acima, já devia estar
arquitetando na cabeça o seu “All my friends...” – a citação foi retirada de um
texto sobre o cantor, compositor, etc Richard Hell, líder do
Television, chamado “Richard Hell: a morte significa jamais dizer que se está
incompleto” e o tema já era, certamente, maior na cabeça de Bangs do que um
perfil de artista podia suportar. Quando escreveu “Maggie May”, sua própria
versão da “Big Loira”, de Dorothy Parker, lançou dois personagens no beco que
espreitava para a humanidade, sem piedade nem concessões, escrevendo num estilo
que evoluíra de Kerouac e Burroughs, matando todo o ranço hipster ou místico que
se pudesse acusar num beat; estava mais para Bukowski, se é pra
aproximá-lo de qualquer um desses. Descrevendo uma mulher solitária de 40 anos e
seu encontro com um homem bêbado mais jovem e igualmente largado, o fracasso da
experiência graças a ruídos de comunicação patéticos e álcool em excesso, Bangs
não deixa alternativas viáveis. Não
vai ao extremo do niilismo, ele era contra toda a palhaçada suicida de Richard
Hell. Ele estava mais pra um cara doce que sabia contar histórias sobre
vidas que não deram muito certo mas, porra, o que é dar certo?
Olhando pelo buraco onde devia
estar um ar-condicionado, dá pra ver o Meridien (Le Meridien) e mais
alguns prédios, não diferente da janela principal que mostra mais algumas
dezenas de prédios. Uma coisa que eu notei logo no primeiro dia que passei aqui,
há uma semana, é que ninguém se importa com essa coisa de andar pelado perto da
janela. Os prédios que estão na mesma altura do meu ficam na rua paralela, não
muito próximos; os prédios desta rua estão todos muito abaixo da altura
da minha janela. Um amigo me
explicou "olha, depois de um tempo, você vai desencanar e andar pelada também.
Fala sério, ninguém tá olhando." Aliás, tá. Mas não tá vendo muita coisa. Só a
silhueta. E se estiver vendo mais que isso, qual o problema? Você não conhece
ninguém. Ele mora no terceiro andar e anda como quer amarradão. Troca de roupa,
se arruma, sem drama. “Você vai desencanar.”
Coloquei o mesmo vestido preto
de ontem desencanando, peguei meu talão de cheques sem fundo e desci. Ao lado do
meu prédio, tem uma Assembléia de Deus e, virando a esquina, um pub irlandês.
Não tem que me conhecer muito bem pra saber onde entrei. Desde a primeira noite,
quando o garoto perguntou o meu nome, ele sempre me cumprimenta com um boa noite
fulana que não chega a me incomodar mas parece irreal. Ele é novo, serve mal e
derruba cerveja na mesa. Mas me chama pelo nome, cheers, where everybody knows
your name. Faço cara de cu quando ele traz a cerveja e diz aqui fulana, mas eu
sei que é o trabalho dele, eu tô sendo ultra-escrota de zoar o cara que, afinal,
tá trampando numa noite de sábado, puto, pensando, provavelmente, que eu sou uma
qualquer coisa bebendo sozinha. Deve ter cuspido na minha cerveja. Eu vou pra lá
e fico lendo um livro (vocês não vão querer saber qual é), anotando umas coisas
e vendo o jogo, começou a Copa e não tenho televisão aqui. Tocou o telefone, era
um casal de amigos meus chamando pra Cicciolina, eles pagando porque eu tô dura,
vamos os três. O Cicciolina é um dos mais baratos da Prado Júnior, e é
totalmente seguro. de qualque maneia, vamos lá só passar o tempo bebendo
cuba libre barata e conversando, isso ficou mais divertido do que sair pros
lugares freqüentados pelas pessoas que a gente conhece. A drag gigante
cantando dance farofa vestida de noiva, as meninas vestidas de n-a-d-a, e,
quando se vestem, no corredor do banheiro feminino, reclamam de alguém que subiu
ao palco pra dançar, os clientes que parecem saídos de um livro de Rubem
Braga. pelo menos é diferente de ouvir Strokes toda sexta numa pista lotada de
rostos conhecidos. As pessoas se conhecem em bailes - reuinõezinhas, boates,
bares etc - há centenas de anos, mas entre esses lugares todos, eu
prefiro a Cicciolina. “Uma linha tênue entre a imbecilidade e... a
imbecilidade”, ela disse tênue abotoando um top, reclamava de um grupo de
moleques que tinham invadido o palco e tavam dando trabalho pros garçons.
Voltamos às cinco, e antes de sentar pra terminar o texto do spam
Passeio pelo apartamento
exatamente como quando estou sozinho, procurando motivos para existir onde
sempre os encontro: em livros, discos, revistas e mídia, a experiência no mundo
lá fora sendo uma coisa de hippies já conhecida, é passada pra mim. Qualquer
idiota consegue funcionar neste mundo, mas funcionar com as idéias de comunicação deste mundo é,
na melhor das hipóteses, intolerável.
Eu tô editando Lester que nem a minha cara mas isso é
até mais do que eu queria dizer sobre meu uso dos livros esses dias.
>>>
bouquet
- Treblinka...
- O que?
- Treblinca...
- Nem é palavra
portuguesa.
- Eu não estou falando? te-re-bi-lin-ca...
- Não é
terebilinca.
- Se falar rápido, é: terebilinca, terebilinca, treblinca.
-
Nem tem no dicionário...
- Procura no Uais.
- Afinal, é Uais ou
Rouais?
- Escreve Houaiss, fala Uais. Tá bom, deixa pra lá. Vou escolher
outra.
- Então escolhe.
- Mas que treblinca é uma palavra bonita, é.
-
Escolhe logo outra, ou fica com essa.
- Eu vou ficar com essa. Qual a
sua?
- Inexorável.
- Foi fundo, hem. I-ne-qui-ço-rá-vel...
i-ne-xo-rável... paroxítona.
- Paroxítona também é uma palavra bonita.
-
É... mas eu estou analisando a palavra inexorável. Ela é paroxítona.
- Tá
bom. E uma palavra que você acha feia?
- Catacumba é bonita. Acho horrível
quando alguém fala catatumba.
- Catatumba é horrível.
- Odeio... palavra
que não gosto... chofer... abajur... galicismo. Odeio a palavra galicismo.
-
Cogumelo. É feia: co-gu-melo, co-gu-me-lo, cogu-melo. Falando parece que é
escrita assim: cogu-melo.
- E cogumelo é palavra da língua portuguesa?
-
Sei lá.
- Vamos olhar no uais.
- Eu ainda não comprei. Vou comprar
hoje.
- Não tem nenhum dicionário aí?
- Tem, um mini. Vagabundo. Nem
cogumelo tem. Mas tem uma outra aqui, horrorosa. Cogote, sm, a parte posterior
da cabeça.
- Cogote? Não é cangote? Cangote também é horrível.
- Cangote,
sm, região occipital.
- Êta palavrinha feia essa também, occipital!
-
Oc-ci-pi-tal... o-qui-ci-pi-tal... não tem.
- Dicionariozinho vagabundo.
-
E chamam de dicionário escolar.
- Por isso que a educação está como
está.
- Vamos...
- Onde?
- À livraria. Vou comprar um Uais.
No ônibus...
- Oco... também é feia.
- E inhaca? Será que tem no
dicionário?
- No dicionário eu não sei, mas aqui no circular tem de
montão.
- Deve ter no Uais. Pelo menos, é uma palavra que te pega pelo
nariz.
- E eca? Interjeição. Assim: Sopa? Éca! Odeio sopa. Na
livraria...
- Quanto custa um Uais?
A mocinha do balcão: - O que?
- O
dicionário Uais, uai.
- Agora que ela ficou perdida. Dicionário Uais
uai...
- Uai... será que tem? Expressão mineiríssima.
- Se tiver eca, tem
uai.
- Às vezes não.
- Zuenir Ventura diz que encontrou nóia.
- Se tem
nóia, tem eca e uai.
- Nóia também é uma palavrinha antipática.
- Já
podemos até montar uma frase: nóia, eca, uai. Noiaecuai.
- Nóia, inhaca, eca,
uai. Noinhacaecuai.
A mocinha: - Tá aqui. Cento e vinte reais.
- Tá. Não precisa
embrulhar.
- Espera chegar em casa. Lá a gente olha.
No ônibus.
- Só de segurar o Uais, já me sinto mais seguro.
- É o
peso da cultura. Ou da ignorância.
- Essa espera é que me mata.
- Pelo
menos nós vamos saboreando, sabendo que temos o dicionário.
- Dicionário é
uma palavrinha mais ou menos. Nem feia, nem bonita.
- Olha a inhaca aí de
novo. Vai ser a primeira que vou procurar.
- Parouímpar?
- Par.
-
Ganhei.
- Então deixa eu levar o dicionário e tirar o plástico.
- O
plástico nós tiramos juntos. Quero sentir o cheiro.
- Livro também te pega
pelo nariz. O cheiro de papel novo, de tinta.
- Mas os livros cheiram
diferente. O cheiro de um é levemente diferente do de outro.
- Não julgue um
livro pelo cheiro.
- O pior é que o cheiro vai para a boca, aguçando o
apetite. Mas não é o apetite físico. É um prazer visceral, um apetite de
leitura.
- E você lê o livro como? De uma vez só? Vagarosamente? Lê primeiro
o índice, a orelha, o prefácio? Ou vai direto ao assunto?
- Tem gente que
começa a ler pelo final. Eu gosto de ler tudo primeiro, antes do assunto
propriamente. Vou abrindo vagarosamente página por página, sentindo o cheiro de
livro novo, lendo cada palavra, a catalogação, os títulos e subtítulos. Pulo
para o final, onde às
vezes tem uma pequena biografia do autor. Seguro
várias folhas e vou soltando, fazendo aquele barulho
tará-tará-tará-tará-tará-tará-tará-tará-tará-tará...
- Livro também te pega
pelo barulho.
- Os barulhos também são diferentes.
- É. Até desfolhando um
mesmo livro... novo é um barulho, com o tempo de uso, vai mudando. Vai ficando
um barulho mais cansado.
Em casa.
- Porra, sacanagem. Você já está tirando o plástico? Me
espera aí.
- Corre que o cheiro vai evaporar...
- Hum... sente só o cheiro
desse uais.
- Parece até que cada livro tem um bouquet.
- Um dia nós vamos
sair para comprar um livro pelo bouquet.
- Já pensou? Na livraria: ô zé,
deixa eu sentir o cheiro desse livro. Não, é muito suave, parece que foi
maquiado...
- Este aqui é adocicado...
- Livro adocicado não presta.
Riem.
- Sabe o que eu lembrei agora? Uma passagem do apocalipse de
são joão.
- Bíblia tem cheiro diferente dos outros livros.
- Diz assim:
"tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei: na boca era doce como o mel;
quando o engoli, porém, meu estômago se tornou amargo." Apocalipse, 10:10.
-
Fácil de lembrar: apocalipse, dez-dez.
>>>
meus livros, meus discos e nada
mais
Ter o seu próprio negócio deve ser o sonho mais freqüente da
classe média. Trabalhar para você, não ter patrão, fazer seus horários, essas
coisas.
Vários amigos meus sonham em ter um bar. Quer coisa melhor do
que reunir seus amigos para beber no seu bar? Eu não queria ter um bar não.
Imagina: ficar até tarde esperando os bêbados irem para no dia seguinte madrugar
no Ceasa comprando fruta. Eu não.
Eu queria ter um sebo de livros, cds e dvds. Vinil e quadrinhos
eu deixaria de fora: assim como meus amigos teriam bares com coisas que eles
gostam, eu teria o meu sebo com coisas que eu gosto.
Em um canto eu deixaria uma tv com algum filme rolando, sem som.
A música iria variar de acordo com meu humor, mas com muita Ella Fitzgerald e
Frank Sinatra. A mascote seria uma gata persa preta, que eu poria o nome de
Margaret em homenagem à escritora de "E o vento levou", mas que as pessoas iam
chamar mesmo de Pretinha. E chamaria uma amiga minha que também está
desempregada para trabalhar comigo.
Essa minha amiga já tentou arrumar emprego em várias livrarias.
Ela nunca consegue, porque quando perguntam a ela porque ela quer trabalhar em
uma livraria, ela responde "para ficar o dia todo lendo". De fato não parece uma
boa resposta. Mas eu gostaria de ter uma pessoa no meu sebo que conhecesse
livros e que não fosse um robozinho como os vendedores das mega-livrarias. Ainda
mais porque essa minha amiga não lê as mesmas coisas que eu. Se aparecesse
alguém querendo Elisa Lucinda, Chacal ou coisas do gênero, ela poderia
atender.
E eu nem ia precisar acordar de madrugada para comprar
alface.
>>>
f a l a q u e
e u t e e s c u t o
respostas viperinas para
cartinhas inusitadas, e vice-versa: mande você também o seu torpedo ou mimo para
[email protected].
----- Original Message
-----
From: Charles R
Sent: Friday, May 31, 2002 3:28 AM
Subject: Remover ... -
Infelizmente
"Eu não gostaria, mas
necessito que meu e-mail seja retirado do cadastro. Infelizmente é impossível
manter minha leitura em dia. Quero, de qualquer forma, elogiar a qualidade dos
textos e dizer que é muito importante este tipo de "e-mail".
Ah, e se o nome Eder
Rebouças ou edmais lembra alguém, ele é o responsável por eu estar cadastrado -
desde a edição 41. Foi ele que me deu a dica, e em nenhum momento me arrependi
de receber o S p a m Z i n e. Na realidade a vida que eu escolhi é culpada por
não me dedicar mais a leitura.
Através do S p a m Z i n
e descobri que há pessoas com uma habilidade fenomenal pra escrita (o que não é
meu caso). Se houver alguma chance de exclarecer uma duvida
pessoal, gostaria de saber se alguns textos publicados são escritos por
estudantes de jornalismo porque, com certeza, grande parte são dignos de edição
em uma boa revista.
Gostaria de escrever
muito mais, porém não quero me tornar chato e repetitivo então, vou encerrar com
um muito obrigado e parabéns pela dedicação e capacidade de todos os
colaboradores".
josé vicente
responde: Charles, a resposta é negativa. Nenhum dos textos do Spamzine,
em momento algum, foi escrito por um estudante de jornalismo. E isso
simplesmente porque não existem estudantes de jornalismo. Muito embora vários de
nossos colaboradores e tantos editores do Spam sejam jornalistas ou tenham
passado pelas sobreditas faculdades, a verdade é que o curso
universitário de jornalismo, como os gnomos, é algo em que se há que
crer para ver. Como não creio, nunca vi.
>>>
----- Original Message -----
From: "Luiza Fragor - CJB" <luiza@...>
To: "[S p a m Z i n e]" <[email protected]>
Sent: Wednesday, May
29, 2002 12:03 PM
Subject: Re: [S p a m Z i n e] - edição 065 - especial
FUTIBA
"cara!!! que coisa chata!!! cada dia pior....
sai dessa adolescencia eterna!! lixo!! bobo..."
josé vicente responde: Obrigado,
Luiza, pelos elogios. Graças a estímulos assim é que fazemos do
Spamzine um berçário cada dia melhor. Recomendo visita a
http://luizafragor.cjb.net, onde Luiza
demonstra sua madureza. Melhores frases: "Acredita que eu tava aqui, no
computador, escrevendo de madrugada, de repente acabou a luz?" (Uau, Luiza, isso
é muito grave.) "Minha vida, de repente todo mundo vendo... me excita, sou
bem bagaceira..." (A safadinha.) "T
odo mundo me
falava 'Luiza, lança um livro de receitas e bla bla bla...' depois de ver minha
receita de bolinho de arroz rodando por aí, mas obviamente sem a minha
assinatura e o meu charme, decidi criar esse guia de receitas para uma vida
fácil. Receitas do tipo abre-lata-mistura-tudo-e-come, porém muito boas... Se é
você quem faz sua comida, leia minhas dicas... Diferente, receitas para comer e
viver. Dicas de vida, da minha vida." (A gente não se importa com o seu bolinho
de arroz. Mas nós bem que poderíamos comer você, Luiza. Quer dizer, a vida.
A sua vida. É que a gente se amarra numa
me-tá-fo-ra.)
>>>
c r é d i t o s f i n a i
s
Estante:
Pedido de
silêncio:
Fichário:
Diogo Mainardi > http://www2.uol.com.br/veja/120602/mainardi.html
>>>
Spam Zine - fanzine por e-mail
>>>
p.
s.
A PRIMEIRA
GIVAGOTA
porque a ÚNICA
inesquecível é a primeira
_________________
www.givago.com
(site no ar a partir
da
próxima terça-feira)
É provável que você até curta as demais, as
próximas, as outras (tem aqueles lances de experiência adquirida e talz). Pode
ser que a terceira, a quarta ou a décima segunda sejam mil vezes melhores. Mas a
questão é que a primeira é a PRIMEIRA. E, como todo mundo sabe, só na primeira
rola O frisson. Sexta-feira, dia 14 de junho, no bar do Cambridge Hotel, você
terá a oportunidade única de fazer parte da PRIMEIRA. Ninguém jamais vai
te
devolver, com beijinhos exatamente iguais, A PRIMEIRA GIVAGOTA, a primeira
festa do GIVAGO. Porque depois do um vem o resto e só.
A PRIMEIRA
GIVAGOTA contará com a discotecagem do duo de música eletrônica Deux Yeux e seus
convidados. Pela módica quantia de 15 reais (10 de consumação + 5 de entrada), a
caótica atmosfera de apreensão e estômago revirando, típica das primeiras vezes,
será reconstituída musicalmente.
E não é só isso! A festa marcará também
o lançamento oficial do novo site do GIVAGO [
www.givago.com ], que estará no ar a partir da
próxima terça-feira (dia 11). O novo GIVAGO, mais caprichado, mais rechonchudo,
com mais textos e novas seções. Visitem, atualizem os bookmarks & que rufem
os tambores!
é na SEXTA-FEIRA, dia 14 DE JUNHO,
no BAR DO
CAMBRIDGE HOTEL
(av. NOVE DE JULHO, 210 - CENTRO -
próximo à estação
Anhangabaú do metrô),
por 15 MANGOS (10 consumação + 5 entrada),
A PARTIR
DAS 22h30.
E quem não comparecer será devidamente deglutido pelo cramulhão
e seus
asseclas.
A
PRIMEIRA
NÃO
PERMITE
REPRISMAS
Mas que picas é esse tal de GIVAGO?
O GIVAGO é
um fanzine gratuito, semanal e por e-mail.
O GIVAGO foi idéia de três
chimpanzés famintos - Emílio, Ricardo e Mindingo - que passavam férias
espremidos no litoral sul paulistano, lá em 1999. Movidos pelo tédio do
cativeiro e pela vontade de dividir seus textos e personagens esquisitos com os
colegas de colégio criaram o GIVAGO, com "g" mesmo. Na época, o GIVAGO era de
papel (desprezíveis duzentos exemplares xerocados e distribuídos todo mês) e
atendia pelo nome de Ovo do Givago. Impresso durou seis números e seis meses. Em
junho de 2000, para evitar as práticas extorsivas das fotocopiadoras, o GIVAGO
caiu na internet. De lá pra cá o site ganhou algumas versões e foram lançadas,
sempre por e-mail, mais de 80 edições contendo jornalismo (por falta de palavra
melhor), groselhas e ficções. Sobretudo, groselhas.
Para receber o
GIVAGO é fácil: basta visitar o site [
www.givago.com ] e preencher o (ridículo)
formulário de assinatura ou enviar um e-mail para
[email protected]. Importante: não
divulgamos seu endereço para ninguém e não mandamos, em hipótese alguma,
propagandas. O GIVAGO é gratuito e pode ser cancelado quando você bem
entender.