SpamZine_________________
065
28 de maio de 2002
são paulo  carapicuíba  rio de janeiro  goiânia

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n e s t a  e d i ç ã o:
 
não gosto  gosto  gosto e quero vaga  gosto, mas tô meio de saco cheio, sabe?  ô se gosto!  gosto e faço verso  gosto é dos cara  gosto e pronto, acabou!
 
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editorial
orlando tosetto junior   [email protected]
 
O camarada troca de nacionalidade, e tudo bem. O sujeito troca de mulher e tamos aí, é da vida. O sujeito muda de religião (e, em muitos casos, de deus), e quem vira a cara pra ele são só os velhos prosélitos. Se virarem. O figura troca de sexo e a família pode embarreirar, mas acaba engolindo. É opção, como dizem.
 
Agora vá ele trocar de time. Seu caráter nunca mais será visto com os mesmos olhos.
 
Por que somos mais fiéis a um time que a (quase) qualquer outra coisa na vida? Será que tem a ver com esses vagos, inexplicados e mal explorados instintos tribais? Será que torcer para um time está um pouco acima (ou abaixo, sei lá) da nossa mambembe noção de civilização? Será que há lugares do inconsciente onde o moderno "pode tudo"... não pode? Pelo menos, não pode trocar de time?
 
Eu não sei, mas arrisco uma resposta: deve ser pela mesma razão que eu socava o sofá, embevecido, nirvanizado, esquecido de mim, quando o colombiano chutou o pênalti pra fora e o Palmeiras ganhou a Libertadores, em 99. Dancei dança da chuva, gritei, botei fogo em choupanas inimigas e beijei a boca de Nossa Senhora, tudo ao mesmo tempo.
 
Só pode ser por isso.
 
Mas o que é isso?
 
Sei lá.
 
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Antigamente goleiro era goal-keeper, ou simplesmente keeper; zagueiro era back, aportuguesado para beque; qualquer jogador de meio campo era half ou alfe (alguns, arrecuados); ponta era wing, centroavante era center-forward, impedimento era off-side, escanteio, corner; o referee ou juiz ordenava o kick-off e admoestava os que faziam muitos fouls ou faltas. Como todos jogavam no ataque, os scores ou placards ou escores e placares eram elevados, com muitos tentos ou goals ou gols marcados, para felicidade dos speakers ou espiques ou narradores. Alguns, eufóricos, torciam para os teams ou scratches ou times ou escretes ou onzes - e todos os onzes tinham qualificativos: o onze esmeraldino, o onze mosqueteiro. E tinham quadros: o primeiro, o segundo, o terceiro. E aspirantes. O match ou prélio era disputado numa cancha, dentro de um stadium, e as chuteiras eram também chancas (a trava removível embasbacou pela modernidade). Médico era também facultativo, e técnico, treinador. Armandinho era o nome que se dava a caras que faziam o que o Zinho fez em 94, encerar. Cruzar a bola na área era centrar. Dar de chaleira era dar de Charles, e já havia o drible da vaca, assim como o passe de letra, o toque de primeira, o bate-pronto, o chapéu e a bicicleta. Mas a finta, o lençol e o sem-pulo, inteiramente nacionais, vieram depois. Assim como o um-dois em cima de lateral ou zagueiro atarantado, o cabeça-de-bagre, perna-de-pau e/ou pé-duro. Inventamos o 4-3-3 e, junto, o ponta recuado. E o zagueiro que sai driblando. E o lateral que ataca. E o centroavante baixinho. E o ponta aleijado. Bom, pensando bem, esse último inventou-se sozinho.
 
Hoje, tudo mudou. A começar pelos aleijões, que saíram das pernas e foram pra dentro das táticas.
 
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Problemas no computador (mouse pifado), na Internet (sem telefone, temporariamente) e na minha vida pessoal (mudei de casa) atrasaram esta edição do Spam Zine, que quase vira uma edição WO.
 
Perdão.
 
Como forma de compensação, a edição vem mais gorda que de hábito. E com textos pra lá de deliciosos, como o Curriculum Futebolisticae do Al-Chaer, a feminilidade transbordante de Renata Parpolov, o soneto finalista do Márvio dos Anjos, Del Fuego metaforizando bolas e bolas, e muito mais. Espero que vocês se divirtam, porque a Copa tem Edmílson e Rocky Jr., nossas torres gêmeas, e não promete muita alegria, não.
 
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eu não gosto
renata parpolov  [email protected]
 
caralho, não vejo nenhum sentido em torcer para qualquer time. não há nenhuma lógica. pensei, pensei e não descobri nada. meu avô paterno me obrigou a torcer pelo são paulo quando era pequena e aceitei, porque era impressionável e porque ele era meu avô, mas agora fico pensando se ele realmente merece esse sacrifício, visto que ele já morreu e o são paulo está uma bosta. meu namorado torce pelo palmeiras e vai na porra do site do palmeiras todos os dias. minha mãe torce pro curíntia, mas nem sequer sabia que o curíntia tinha sido campeão de não sei que bosta.
 
talvez fosse a cidade, pensei, mas meu avô é manauara, e não de são paulo. logo não há por que meu avô torcer pro são paulo. minha mãe é curintiana porque todos os irmãos e irmãs dela são, mas eles nunca moraram na zona leste. meus avós já moraram na moóca, mas também nunca torceram pro curíntia, nem pra time nenhum, o que descarta a possibilidade do time ser "hereditário" como teimam alguns. meus avós eram soviéticos, e torciam pro brasil na copa. aí, acho que faz sentido, visto que estavam torcendo pelo país que os abrigou, e onde se desenvolveram. mas nada de regionalismos, nada de palestra, tricolor, curíntia.
 
continuando sobre o curíntia: o meu amigo joão carlos torce pro palmeiras, mas mora na zona leste. ele não deveria torcer pelo curíntia? bem, ele não deveria torcer pra nenhum deles, visto que ele é originário de ariranha (sp). o morpheus affinito torce pra dois times. homem sábio! mora na cidade de são paulo - torce para o são paulo. teve bons momentos da vida em gama (df), e também torce pro gama. mas como mora na zona leste, deveria torcer também para o curíntia.

o orlando mora na zona leste. seguindo o raciocínio, deveria torcer para o curíntia. mas o orlando é italiano, o que é algo que prevalece sobre sua residência na zona leste, e torce para o palmeiras. ele poderia fazer como o morpheus e torcer pros dois, mas por alguma razão que não entendo não é possível torcer para o palmeiras e para o curíntia ao mesmo tempo. se safou, hein, nêgo?
 
mas o erick, meu namorado, é alemão. como se explica o fato dele torcer horrorosamente pelo palmeiras? ele mora no abc paulista, porque não torcer pro são caetano, que é um time tão honesto, em uma fase tão boa, dizem os entendidos? e meu pai, que é de Manaus (am) e foi criado em Brasília (df)? como se explica o fato dele torcer pelo palmeiras? e olha a dominação masculina do pater familias: meu pai comprou títulos do palmeiras para todos nós, quando morávamos em perdizes. e minha mãe, curintiana, ia todos os finais de semana de sol comigo para a sociedade esportiva palmeiras, onde tomávamos sol, nadávamos no conjunto aquático, onde eu dançava ballet e fazia ginástica olímpica, às terças e quintas(por causa da ginástica olímpica, deixei de crescer alguns centímetros, o que aumenta mais um pouquinho o meu ódio contra o palmeiras). futebol mesmo, eu nunca assisti lá.
 
por fim, tenho que me explicar a respeito de minha sãopaulinidade, vinda tão do nada. é uma explicação medíocre e inaceitável.
 
meu vô, na santa casa, deitado na cama, estava morrendo. e então, meu pai mandou eu entrar lá e dizer: "oi vô, tudo bem? a bênção (eu nunca fui acostumada a pedir a bênção de ninguém, pais, avós, padrinhos - eu nem tenho padrinhos. mas vá lá, ele estava morrendo). está melhor? então, tenho uma boa notícia: o são paulo está na primeira divisão."
 
meu avô, fraquinho, respondeu:
 
"que bom, filha. que felicidade. você, tão jovem, se interessando pelo são paulo... uma menina!"
 
orgulhosa, esqueci até que aquilo era um script.
 
"prometa que vai torcer pro são paulo sempre, pelo seu avô, filhinha."
 
e prometi mesmo. se eu não cumpro melhor a promessa hoje em dia, é porque odeio futebol.

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eu gosto
ione moraes  [email protected]
 
Ah, São Paulo! Eu torço pra você mesmo assim... Deveria ter combinado de ver o jogo com o meu pai, que me ensinou a torcer pro São Paulo. Me ensinou o nome de cada uma das posições dentro do campo, com paciência. Esperou meu surto corintiano infantil passar, quando eu via o Casão na TV e achava que ele valeria uma conversão herética. Não valeu. Me ensinou o que era a democracia corintiana, mas me deu uma camisa 10, aquela do Raí. Me ensinou quem é o Diamante Negro e a torcer pro time de futebol de botão que ele encomendou, com uma escalação de um São Paulo que eu não conheci. Me ensinou o que é impedimento e me ensinou a xingar, muito, mais do que quando estou no trânsito, embora eu não faça esse tipo de coisa na frente de estranhos e fique fingindo que eu não sou descontrolada. Me ensinou que a defesa nunca deve correr atrás do atacante, mas deve sempre estar esperando. Me ensinou o que é chapéu, lençol, drible da vaca, gol de placa e bica. Me ensinou que se o Françoaldo perde o pênalti, em semi-final de campeonato, você deve ter compaixão, porque perder pênalti é um mini drama de segundos-horas, mas que mesmo assim, o Françoaldo, naquele momento, não passa de um grandessíssimo filho da puta, o maior que possa existir.
 
Assistir a um jogo de futebol é uma coisa transformadora. O seu time é a única coisa pela qual você pode passar a vida inteira apaixonado. Não ama, mas também nunca vai experimentar o desamor. Nunca pensa em abandonar, mesmo que diga isso. Acredita, mesmo que insista que não veja como. Você se descabela, xinga, diz horrores de que se arrependerá. Acaba pedindo perdão por não ter acreditado. Mesmo que você não tenha os sentimentos correspondidos, você nem pensa em outro. Nem imagina. Ele trai você, e você agüenta e insiste, com uma resignação que é incapaz de repetir em outras ocasiões. Você acredita nele, sempre, mesmo que queira esconder isso e muitas vezes finja que está dando as costas, mesmo que esteja olhando com o canto do olho pra ver o que está acontecendo e com quem ele anda flertando.
 
O seu time desperta o brega em você. Faz você fazer declarações de amor (como essa), que não seria capaz de fazer a ninguém. Ele é ótimo: você está sempre julgando, mas ele nunca julga você. Ele faz você dizer uma porção de obviedades melosas que você acaba achando geniais, mas você não está nem aí. Por ele você é capaz de passar essa vergonha, em público.
 
O seu time é seu namorado perfeito. Meu pai deve estar achando tudo isso muito bonito, porque, afinal, foi ele que escolheu esse namorado pra mim. E quem não tem um time, embora racionalmente eu compreenda que há gosto pra tudo e que é perfeitamente possível não dar a menor pelota pra futebol, eu acho que deve ser mesmo um pouco sozinho.
 
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r á p i d a s  r a s t e i r a s
 
"Pô, meu, cê não tem apelido, não?"
(MIRANDINHA, atacante corintiano, dando autógrafo prum sujeito chamado Washington)
 
"Clássico é clássico, e vice-versa."
(JARDEL, centroavante do Grêmio, às vésperas de um vice-versa com o Internacional)
 
"Fico muito feliz por jogar na terra em que Jesus nasceu."
(CLAUDIOMIRO, saudoso centroavante do Internacional, num jogo em Belém do Pará)
 
"A falha foi individual do grupo."
(VANDERLEI LUXEMBURGO, técnico de unhas impecáveis e solecismos criativos)
 
"Boa sorte é a puta que te pariu. E não chega perto de mim não, que eu quebro a tua perna!"
(ABEL, zagueiro do Vasco, cumprimentando o capitão do time adversário)
 
"Me traz um vidro de loção iô-iô."
(MANGA, goleiro do Coritiba, pedindo um frasco de Loção 1010)
 
"Rapaz, que cartaz tem o Sócrates aqui!"
(NOCAUTE JACK, massagista do Botafogo, nos Estados Unidos, traduzindo televisivamente a pergunta que todos lhe faziam: do you play soccer?)
 
"Fechê le vidrê si vu plê."
(COLELLA, a. k. a. MOUNSIEUR COLELLÊ, jornalista, pedindo a um taxista ALEMÃO que fechasse a janela. O cara fechou.)
 
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eu quero uma vaga na torcida brasileira
al-chaer  [email protected]
 
Queridos Torcedores da Seleção Brasileira de Futebol:
 
Acompanhando o entusiasmo contagiante da equipe da Rede Blobo e da emissora de esportes da TV "acabo comigo de arrependimento" (que tem como sócios o Bradesco e a Microsoft, com direito a "socorro" do BNDES - barganha pela "fritura oficial" da candidatura da filha do coronel-acadêmico), eu - que já tinha desistido de torcer para o "escrete canarinho" - numa recaída ao ver as bandeiras do Brasil "desfraldadas" nas fachadas das casas e dos edifícios, resolvi me candidatar a uma vaga nesta "corrente pra frente".
 
A vocês, meus votos de estima e apreço e, mui respeitosamente, segue meu currículo para apreciação:
 
Curriculum Futebolitae / AL-Chaer, um torce-dor
 
Objetivo:
Candidatar-me a torcedor da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002.
 
Formação:
4-4-2
Seleção de 1982, a melhor da História do Futebol Brasileiro
técnico: Telê Santana, o Mestre
goleiro: Waldir Perez (fraquinho como os goleiros brasileiros)
defesa: Leandro, Oscar, Luizinho e Júnior
meio de campo: Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico
ataque: Serginho (Meu Deus, o "Dinamite" ficou de fora!) e Éder
 
Histórico Escolar:
 
1950 - "Jogo é jogado. Lambari é pescado". O jogo só termina quando o juiz apita. Final: 2 a 1 para o Uruguai, em pleno Maracanã. O maior "mico" da História do Futebol Mundial.
 
1958 - Pelé, 17 anos. Repito: "de-zes-se-te a-nos". O Golaço na final contra a Suécia: pediu na área, matou no peito, chapéu no beque, chute sem deixar a bola cair. Nasce o Rei. Brasil Campeão.
 
1962 - Garrincha, "endiabrado" e Amarildo, "possesso". Detalhes que a história do futebol brasileiro faz questão de esquecer: Nilton Santos comete falta dentro da área no atacante da Espanha; na seqüência dá dois passos e o Juiz marca falta fora da área; a falta é cobrada, bola lançada para dentro da área do Brasil, a defesa rebate de leve, a bola cai para Puskas que, de "bicicleta", sozinho, marca para a Espanha; o juiz invalida o lance, talvez pela beleza da jogada ou, marcou o tradicional "perigo de gol"; na semifinal, Garrincha é expulso, mas absolvido para jogar a final e levar o Brasil ao Bi-Campeonato.
 
Experiências Anteriores:
 
1970 - Ganhei sozinho o "bolão" no jogo Brasil 4 x 1 Itália; com 7 anos já entendia dos números do futebol. Brasil, Tri-Campeão, e muitos "louros" para a turma do "AI-5" (isto eu compreendi depois, com AL-guns anos a mais).
 
1974 - Saía correndo da escola para assistir aos jogos da copa da Alemanha (nos dias dos jogos, o primeiro era ao meio-dia, o segundo às 4 da tarde; assisti a todos os jogos; o primeiro, almoçando na sala de TV; entre um jogo e outro, jogava partidas de futebol de botão, eu contra mim mesmo, narrando as jogadas; estudava à noite; futebol nunca atrapalhou meus estudos, só os estudos sobre o próprio futebol, mas isto eu viria a concluir mais tarde, quando passei a entender o futebol "fora das quatro linhas"). Frase interessante do Zagallo, que na época ainda assinava Zagalo: "- Se eu conheço o time da Holanda? Eles é que devem se preocupar com o Brasil." Naquele jogo, parecia que o time da Holanda jogava com 22 jogadores. O esquema tático da Holanda, eu consegui identificar: 1-9-14. Explicando: goleiro, nove jogadores sem posição fixa e o Cruyjff, ge-ni-al, com a lendária camisa número 14. Mas a Holanda não foi campeã. Müller.
 
1978 - Fui apresentado à frase: "Campeão Moral". Sempre muito educado, respondi: "- O Prazer é todo da Argentina." Naquele jogo Argentina x Peru, quando saiu o terceiro gol do Peru, saí da sala e fui para o banheiro, para mais uma cagada, acompanhando a defesa do time do Peru e a "mala preta" dos "milicos" portenhos. O gol do Nelinho na decisão do terceiro lugar: a curva que fez a bola ("de trivela" ou "de três dedos"), o Zoff se esticando todo, a rede se estufando...coisa "de cinema" (saudades do "Canal 100" do Carlos Niemeyer). Novamente a Holanda não foi campeã. Kempes.
 
1982 - Paolo Rossi ganhou da gente sozinho aquela Copa.
 
1986 - Meu Grande Ídolo no Futebol, Zico, perdeu aquele pênalti. Maradona, vingando a Guerra das Malvinas, driblou "meio Reino Unido" e marcou um dos mais belos gols da história das copas; fez até "gol de mão"...fora o "chocolate".
 
1990 - Sebastião Lazaroni (não acredito!) e a defesa "batendo cabeça" (literalmente) no gol da Argentina. Caniggia.
 
1994 - Carlos Alberto Parreira "deu uma lição de Copa do Mundo". São apenas 7 jogos. Para ganhar, o segredo é não perder. O Brasil jogou para não perder. Parreira ganhou aquela Copa sozinho...com o Romário. Na final, Dunga virou "craque", e o resultado do jogo foi 0 x 0 para o Baggio. O Parreira estava certo: empatar não é perder. Ganhou. Brasil, Tetra-Campeão. Vocês se lembram da mãe do Romário "quebrando garrafas de cerveja" no canto da sala? "Yo no creo en las Bruxas. Pero que hay, hay." O Felipão tá "fudido". Haja proteção de Nossa Senhora do Caravaggio!
 
1998 - O Fenômeno, patrocinado pelas chuteiras prateadas da Nike, com os medicamentos ultra-modernos (injetados com as mesmas seringas que foram utilizadas no Garrincha nos idos de 60, aplicadas pelo mesmo Dr. Lídio Toledo), tudo isto associado ao "chapéu de touro" que a "Suzy Maria Chuteira AL Bi-AL Tri-AL Tetr-AL" o presenteou entre uma "concentração e outra", incluindo o técnico "viagra", que todos nós, um dia, "tivemos que engolir"...peraí, alguém tinha que surtar: a "bola da vez" foi nosso querido Ronaldinho. A "vez da bola": Zidane.
 
Principais Obstáculos Superados:
 
* É uma ironia do destino o Zico não ter sido Campeão em 1982.
 
* Cruyjff foi melhor jogador que Zico. Maradona também. Na minha g-AL-eria de Gênios, Maradona vem em terceiro lugar, depois de Pelé e de Cruyjff. Pelé é o Rei. O Atleta do Século. Cruyjff foi o jogador mais completo que eu vi jogar.
 
* Mané Garrincha, o quarto na g-AL-eria (Zico é o quinto) foi uma aberração: um "Frankestein de Chuteiras" que só sabia (e como sabia) jogar Futebol, beber e meter. As pernas tortas. Quando nasceu, diziam que ele nem andaria. Tem lógica? Leiam "Estrela Solitária", de Ruy Castro.
 
* O Brasil, definitivamente, não é um país que forma goleiros, nem jogadores de defesa.
 
* Na média, o jogador brasileiro (principalmente os meias e os atacantes) tem bio-mecânica "de sobra" para a prática do Futebol. Mas falta inteligência. É por isto que não consegue conjugar técnica com tática. Poucos sabem "jogar sem a bola".
 
* Todo o Mundo tem aprendido com a criatividade do jogador brasileiro e o Brasil não aprende a fazer Futebol profissional como o resto do Mundo.
 
* Todos os outros esportes evoluem, especificamente nas regras. O Futebol, não. Por exemplo: na era da tele-informática, inovações tecnológicas não são utilizadas para auxiliar a arbitragem. Só para polemizar: tem uma regra, a do impedimento, que beneficia uma "linha burra" de zagueiros em detrimento a um atacante veloz. A velocidade é um dos fundamentos do Futebol. Sugestão: impedimento, só na Grande Área, pro cara não "ficar na banheira". Tamo combinado?
 
* Por que nossos técnicos brasileiros não são contratados para treinar os times da Europa? Já sei. Não precisa responder.
 
* O time da Argentina é melhor que o do Brasil. É.
 
* A Seleção da Holanda (74 e 78) é a Melhor Seleção de todos os tempos. Os holandeses "reinventaram" o "football". Não foram campeões. Pode? E estão fora da Copa de 2002. Como diz a manicure: tem base?
 
* O Futebol é o único esporte coletivo em que nem sempre o melhor vence. Isto não acontece nem no Basquete, nem no Vôlei, para citar apenas dois outros.
 
* Enquanto o Futebol brasileiro vai piorando cada vez mais (dentro e fora de campo), o futebol do resto do Mundo vai melhorando. Gente, até "japonês" tá jogando bola! E jogando bem. Abram o olho! Quando abrirem, vão correr menos e começarão a complicar para os adversários.
 
* No Futebol, quanto menos se espera, entra em campo o "Sobrenatural de Almeida" (a propósito, recomendo "A PÁTRIA EM CHUTEIRAS", Seleção de Crônicas sobre Futebol escritas pelo brilhante Nelson Rodrigues, organizadas por Ruy Castro).
 
Vícios assumidos:
 
* Futebol, Poesia, Engenharia e Pai da Laura.
 
* Amigo do Carlão, que "sabe tudo sobre futebol", mas torce para o Vasco, defeito este minimizado e relevado, pois somente uma grande e verdadeira amizade consegue buscar forças nas profundezas da alma e das orações e no "bico da chuteira" para a compreensão e o perdão.
 
* Torço para o Goiás. Vai encarar? O Inagaki torce para o Guarani. E daí?
 
Pensamentos / Frases Mentoras:
 
"Futebol não tem lógica."
 
"Futebol é uma caixinha de surpresas."
 
"Tudo faremos para vencer."
 
"Vou dar tudo de si para ajudar os companheiros e fazer o que o professor pediu."
 
"Deus é Fiel." (Uai, Tosetto, eu não sabia que Ele era Corintiano...)
 
"Putaquiupariu! Vai tomá no cu. Caralho!" *
 
* quem milita no Futebol sabe que isto não se trata de uma frase chula ou de "baixo calão"; esta expressão idiomática está incorporada à "Norma Culta do Jargão do Futebol", significando a generalização da explosão de uma emoção que somente o "esporte bretão" consegue nos proporcionar...

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avaliando a sorte (ou o azar)
(entre parênteses)  http://www.exquisite.com.br/gonzo
 
Entendo que esteja a grande maioria empolgada e inspirada pela Copa do Mundo que vem aí mas não posso compartilhar dessa sensação. O que sinto em relação ao Mundial este ano, com certeza, divido com mais alguns pessimistas (ou realistas, como gostamos de nos defender): tô ressabiada com esta Copa.
 
Trabalhando em um site de notícias voltadas para o mercado publicitário, há mais de um mês que não ouço falar noutra coisa senão campanhas e promoções com temática relacionada à Copa, Coréia, Japão, futebol, gol. As únicas peças interessantes nesse campo foram as da V&S (http://www.voxnews.com.br/dados_noticias.asp?codnot=23112 e http://www.voxnews.com.br/dados_making.asp?cod_mak=57) e as da Script, esta criada pelo amigo panque Fábio Seidl, redator e vocal do Ack (http://www.voxnews.com.br/dados_noticias.asp?codnot=23114).
 
Mas, no geral, nem todos os anúncios são assim. Então meu saco costuma encher na proporção em que o mailbox lota de sugestões de pauta com temática da Copa. Numa dessas, decidi me arrastar até a padaria pra comprar um cigarro. Voltei a fumar depois que ganhei um cinzeiro bonito de aniversário, idiota assim. Depois que voltei a trabalhar 16h por dia também, clichê assim. Não acredito sequer em nota de rodapé escrita sem fumaça na vista. O termo "cortina de fumaça" veio daí. É. Manquei até a padaria... isso vai ser um longo caminho de digressões, já que estou há tanto tempo sem te escrever e tenho muito a contar: manco por nenhum motivo aparente; não há motivo evidente em minha manquidão nem nas radiografias que o Dr. Hélio fez na segunda-feira de manhã. "Uma calcificação". Ou, no novo jargão, inabilidade de calçar sapatos. Podia andar, sem dor, descalça ou de havaianas mas com sapato, tênis, bota, sandalinha, não. Vai entender... radiografou-me, enfaixou-me e me soltou no mundo assim, o Dr. Hélio. Aí eu fui mancando até a padaria pelos cigarros. Tinha um passarinho que estava mais para passarão de barriga laranja beliscando alguma coisa no chão perto da porta. Quando me viu, o bichão avoou-se para uma árvore e eu, palhaça-otária, olhei pro alto e disse "caraca", espantada com o tamanho do passarão. O puto, consciente de sua vantagem estética (minhas penas não são tão bonitas quanto as dele), cagou-me a manga do casaco sem a menor cerimônia e foi pra outras árvores fazer outras passarinhagens. 
 
Eu sei que isso é apenas cocô de passarinho perto do barco com mais de 80 emigrantes haitianos que virou no mar esta semana mas o verdadeiro pessimista atém-se aos detalhes. Não é nada perto dos novos dados sobre desemprego revelados pelo IBGE mas é o acaso maléfico personificado da vez (meio líquido, ralinho, mas personificado). De qualquer maneira, minha cabeça se encarregou de fazer todas as associações paranóicas necessárias para me provar esta manhã que a minha existência...
 
A seleção brasileira, especificamente neste ano, não precisa de ninguém neurotizando seu fracasso. Meu esforço, infelizmente, é vão. O esforço de virar madrugadas assistindo aos jogos (aos... três que talvez possam nos interessar mais diretamente pelo fato de nossa seleção não poder ser eliminada antes da quarta disputa), é inútil. Não estamos ansiosos simplesmente por causa da Copa do Mundo, estamos ansiosos porque temos o trauma da França ainda fresco (nenhuma ofensa aos franceses nem aos frescos) na memória. Eu lembro de colocar meu vinil com Mas Que Nada do Jorge Ben na vitrola (eu uso vitrola, dá licença) quando o Brasil perdeu em 98. A casa estava triste, os amigos estavam sóbrios, o namorado estava indo embora, o ano estava uma bosta. A Copa do trauma. Jorge Ben estréia seu acústico neste fim de semana na MTV. Mas Que Nada está no repertório.

Palavra de especialista
 
As vozes na cabeça fazendo associações esquizofrênicas e pessimistas às vezes podem ser freadas pela voz da razão. A voz da razão da vez tem no armário, e muitas vezes no corpo, uma babylook do Flamengo safra 70´s e atende pelo nome de Márvio dos Anjos, repórter futeboleiro do Globo, cantor, bailarino e poeta do http://www.nobrefarsa.blogspot.com - Mas que nada (epa) disso deponha contra o que ele diz: "Só um desastre MUITO ESCROTO tira o Brasil de fazer um mínimo de cinco jogos. O grupo é tão fácil que é quase impossível que o Brasil não seja o primeiro do grupo. Por mais que se fale mal do Brasil, o time ainda é muito melhor que a maioria dessas mulambadas. se ficar em primeiro, o Brasil pega uma outra baba, possivelmente o Japão. A coisa fica feia só nas quartas-de-final, quando é bem provável que role um Brasil x França. As seleções tidas como favoritas já não estão com o mesmo vigor de meses atrás. A França perdeu para a Bélgica, a Argentina empatou com o País de Gales e ganhou da Alemanha por um magro 1 a 0, o que é pouco para uma seleção superfavorita, se considerarmos que a Alemanha está acabada. O Brasil, ao contrário, vai para a Copa sabendo que está jogando mal e que tem que melhorar. Vai com um treinador polêmico, mas que é sério, exigente e que consegue obediência dos seus comandados. Vai com um grupo de jogadores consagrados individualmente, que têm que provar que precisam virar um time. Ou seja, um time com um bom potencial que sabe que a batata vai assar se fizerem vexame."
 
Bom, se ele tem cabelo no peito, batata da perna grossa, joga bola pelo menos duas vezes por semana e sabe o nome de todos os jogadores de todas as seleções, além de entender o que os bandeirinhas estão fazendo, trata-se de um "especialista". Traduzindo, então, o que o nosso especialista diz, o mico pode não ser tão monumental mas também não vai ser nada fácil levar essa Taça. E isso é torcer. Torcer sem que haja adversidade não tem graça.
 
Mais copa aqui: http://www.globo.com/copa2002
 
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"Que time é teu?"
 
renata parpolov   [email protected]
"Top 5:
1. bateu na trave e entrou no teu!
2. o mesmo que te comeu!
3. depende: em caminho de paca, tatu caminha dentro?
4. são paulo, o mesmo que comeu teu palmeiras semana passada!
5. ituano, que tem fama de grande e comeu o curíntia!"
 
ana maria tomei  [email protected]
"Sou virgem de time. Já fui seduzida pelo Corinthians, e tive um rolo com o Palmeiras... mas não teve nada, minha rede continua intacta, sem nenhum golzinho. Terminei com o Pá pq pedi um jogador só pra mim, e ele se negou. Acabei com tudo! Ontem ele perdeu por minha culpa, coitado. Peso na consciência. Mas não pensem que eu irei voltar para ele, porque eu não vou!"
 
lesminha  [email protected]
"Numa nação onde o futebol é uma religião (aliás, mais importante que essa) e quando tem jogo eu tenho de dormir de fones de ouvido tamanha a gritaria da vizinhança, posso dizer com orgulho que o time que é meu, é time teu também, aliás time teu e todo mundo, todo mundo que acredita estar neste eminente esporte a solução para seus problemas e o motivo de todas as suas glórias. A propósito: deixei de gostar de futebol quando o Edmundo saiu do Palmeiras. Não me perguntem por quê, eu não entendo nada de futebol".
 
eder rebouças  [email protected]
"Carne em sua boca, que em buraco de mato tatu caminha dentro.
A propósito, eu torço pra o Galícia, e nas horas vagas eu sou IBS!"
 
+-aLiNe-+  [email protected]
"Corinthians!!!!!!!!!!! Mas quem me conhece sabe que eu jogo nos dois times, se é que você me entende... hehehe..."
 
bruno s. mokarzel  [email protected]
"huuuum.......... talvez isso seja um pergunta que interfere intimamente no meu ego, na qual a resposta só cabe a mim saber e responder... portanto... 'Que time é teu?' só eu sei e essa resposta vai pro túmulo comigo... mas considerando que essa pergunta pode ter duas intenções, a outra, que não tem relação com a minha primeira resposta, é o palmeiras..."
 
pergunta da próxima semana:
"Por que eu levaria o SpamZine para um motel?"
José Vicente, o perscrutador de coisas, compilará as respostas mais lassas, lânguidas e lúdicas na próxima semana: [email protected].

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cinco situações em que o futebol pode mudar sua vida (como já mudou a minha)
gustavo de almeida 
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1 - A quebra do silêncio: você está namorando há um ano, freqüenta a casa de sua garota três dias por semana há seis meses, só que a família dela é de anormais. O pai dela, por desprezar a própria filha, te despreza idem. Nunca lhe dirigiu a palavra nesse tempo todo. Sorrir? Você deve estar brincando. Um búfalo perto dele parece o Ary Toledo. De repente, vocês estão na sala, um jogo da Copa do Brasil entre algum time grande e outro que termina com ENSE está rolando na TV. Ninguém olha direito. As mulheres desprezam, falando de amenidades. Seu sogro olha a pelada para não precisar olhar para você. Só vocês dois estão olhando o jogo, e fingem não perceber essa inusitada cumplicidade. Você começa a ficar incomodado com a situação e dá aquela clássica fingida que vai ao banheiro. Aí vem o momento mágico. Percebendo que você está saindo da sala em um momento crucial, seu sogro grita:

- OLHA O GOL!

Você se assusta. Sim, ele falou com você. Com quem mais? Você recua a tempo de ver o replay. Qualquer um gritaria em um gol de bola atrasada que bate na trave e volta para o atacante adversário. Claro. Mas pelo resto da noite o velho se calou.
 
2 - A perda da inocência: não, você não comeu ninguém. Tem apenas 14 anos. Já tomou o primeiro porre, alguns amiguinhos seus já beijaram na boca, outros até já transaram, mas você ainda está na mesma. Camisa do seu time na mão, baixinho em relação aos outros, jogando pelada todo fim de tarde na praia. Lê o João Saldanha (como é bom poder ser um cara de 14 anos que lê o Saldanha), chora em derrota do Flamengo para o Americano. É, mas nem imagina o que vai acontecer.

De repente, parece que todo mundo esqueceu que o presidente é um general. Seus pais saem à rua para ver os outros, confraternizar com os vizinhos todo fim de tarde; as casas se enchem; como em Valsinha, do Chico e do Vinicius, todos se encontram, a felicidade é total, o país vira uma festa. Quando você aborda um carro para pedir dinheiro a fim de pintar uma rua de verde e amarelo, as pessoas sorriem.

Você vê o primeiro jogo, contra um time de camisa vermelha, que é de comunistas. A vitória vem aos 43 do segundo tempo, e você começa a viver o sonho, dias que nunca mais sairão de sua memória. Seus pais são felizes, os amigos deles idem, o mundo tem uma harmonia verde e amarela. O seu maior ídolo está jogando pelo Brasil e todos têm que respeitar. Tudo dá certo. Gols de "encoberta",  de meia-bicicleta, de falta, de arte. Até que você descobre que é possível chorar de outro tipo de dor, uma dor que desvirgina sua alma - até então você só tinha chorado por babaquice, tipo apanhar na rua ou cair de bicicleta.

Agora você chora porque descobriu algo dentro de você que vai te acompanhar pelo resto da vida: a sensação de perda.

Paolo Rossi é um nome que jamais sairá de sua memória até o último dia da sua vida, e, meu Deus, como é doloroso ter que passar o resto da vida pulando por mero reflexo naquela cabeçada do Oscar.

Sim, se eu pudesse mexer em uma só coisa do meu passado, talvez a mais eficiente fosse segurar o Zoff para ele não pegar aquela cabeçada do Oscar.
 
3 - Os anos de convívio: chega de terceiras pessoas. Agora, só eu e aquele velho - velho? nem tanto - que tivemos uma lua-de-mel de cinco anos. Calma, não virei michê gay, o velho é meu pai e a lua-de-mel de cinco anos é o período de cinco anos que viveu o Flamengo de 1978 a 1983, vencendo um tricampeonato estadual, três Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial Interclubes. E é com uma felicidade intensa que eu agradeço ao futebol por ter preservado meu pai em minha mente, antes que ele se fôsse em 1984 (como se ele não quisesse mais viver sem Zico no  Maracanã, já que o Galinho foi para a Udinese em 1983). Dos 10 aos 15 anos, vivi momentos inesquecíveis com ele, e talvez através do futebol ele tenha me ensinado o valor do caráter - lição que, com os jogadores de hoje, seria difícil ele me dar.

Naquela tarde de dezembro de 1978 - já contei algumas vezes esta história em outros lugares - meu pai desligou o rádio durante uma final de campeonato. Não sei até hoje - e nunca vou saber - se foi por causa do coração ou por causa do Leão (que estava no Vasco pegando tudo). Ficamos em silêncio, à mesa, em uma parte da casa que até hoje eu contemplo, como se um dia eu pudesse ver de novo em algum VT celestial. Meu pai pegou o rádio impaciente e resolveu ligar. Clic! - OOOOOOOOOOOOOOOOO. Um grito de gol. Tem coisa pior que ligar no meio de um grito de gol? Alguém aí já saiu de um túnel durante o jogo do seu time e ouviu a transmissão voltando com um gol e você sem saber de quem é?

Mas aquele era do Flamengo, de Rondinelli. O Deus da Raça. Limitado, anti-herói, esquecido Rondinelli, que prometia até tesouras voadoras ou colocar cabeça em chuteira do adversário, tudo pelo Flamengo. Ver o jeito pelo qual meu pai gostava de Rondinelli me deu lições que até hoje eu não tive capacidade para escrever - só para senti-las.

Anos depois, como jornalista, entrevistei o Deus da Raça, constatando que ele é uma pessoa humilde, atenciosa, e demasiado educada para quem fraturou o maxilar durante o primeiro jogo contra o Atlético Mineiro na final de 1980. No final da entrevista, disse a ele que eu tinha uma coluna em um site chamada "Aos 41", e, sem tietagem nenhuma, disse a ele que aquele era um dos gols mais importantes da minha vida.

Agradeci, por mim e pelo Velho. Um dia, eu e ele iremos nos encontrar dentro do GOOOOOL novamente.
 
4 - A lição de amor: ela foi, durante alguns anos, a mulher da minha vida. Existe isso? Sei lá, só sei que eu gostava realmente daquela garota, eu morava no Rio e ela em Niterói. Fazíamos jornalismo na UFF, e começamos o namoro meio que inadvertidamente - do mesmo jeito que terminamos, com choro (meu) mas sem vela. Numa quinta-feira, à noite, no mesmo horário de uma aula de História da Arte, o Flamengo decidia com o Fluminense o Campeonato Estadual de 1991. Uma das coisas que me lembro desse Fla-Flu é que eu ainda era louco por ela. E que Ézio fez dois gols. Mas isso eu nem gosto de lembrar.

Renúncia parece ser uma palavra que consta em todos os dicionários amorosos.

Naquele dia, renunciei ao Fla-Flu - um pessoal da faculdade estava indo, mas como eu queria falar com ela, recusei.  Renunciei a uma carona para perto da minha casa, no Rio, de uns doidões que iam para as boates inferninhos de Copacabana. Tudo para ficar com ela, ouvindo ela reclamar de mim. Claro, iria também com ela até em casa - a moça morava em Icaraí.

No final, dei um selinho nela. Com gosto de despedida. Ela disse que não poderia esperar o sazonal ônibus pro Rio comigo porque tinha que fazer algo. Eu estava com a alma leve de esperança, mas ao mesmo tempo desconfiado de que a vaca estava indo delicadamente para o brejo. E vim a saber que eu estava certo na desconfiança.

Caminhei sozinho, por volta de meia-noite, por uma escura Icaraí até o ponto onde o busão passava. Na avenida mais movimentada do bairro. Foi aí que começou. "Meeeeennnngooo", gritavam uns. "É caaaaaaaaaammpeeããããão", gritavam outros. Natural, pensei. O jogo deve ter acabado há uma meia hora, é isso aí.
 
Aí caiu a ficha. "Natural" porra nenhuma.

QUE MERDA EU ESTOU FAZENDO SOZINHO EM NITERÓI ENQUANTO MEU TIME É CAMPEÃO ESTADUAL????!?!??
 
5 - A negação do luto: vasco, porra nenhuma. O problema do meu velho era o Botafogo. Até hoje fico pensando em quantas tardes de Nilton Santos, Didi, Amarildo, Garrincha, Paulo Valentim, Gérson, Jairzinho, Roberto Miranda o meu pai deve ter aturado.
 
Mas às vezes neguinho exagera.

O dia? 21 de junho de 1989; 21 anos sem títulos, o Botafogo. Maurício vê a bola cruzada por Mazolinha chegando pelo alto, empurra o jovem Leonardo, toca para dentro. Gol do Botafogo. As arquibancadas, mesmo vistas da pequena TV da sala, pareciam que iriam desabar a qualquer momento. Os alvinegros ensandecidos não pareciam se importar se iam ou não se machucar ao se atirar nos degraus.

Jogo tenso. O empate, se não me falha a memória, dava o título ao Flamengo. Depois de um bicampeonato vascaíno em 87 e 88, era tudo o que eu pedia a Deus. Mas a essa altura, Deus estava ocupado, provavelmente explicando a meu pai porque tinha inventado Paolo Rossi.

E deu no que deu. Juiz apita, acaba o jogo, milhares de botafoguenses invadindo o gramado, os primeiros acordes do hino começando, a cidade inteira à nossa volta explodindo fogos.

E só ouço uma explosão: TEC!

O botão de desligar da televisão. Sim, antes de ver taça ou festa, era melhor assim. Meu irmão, que até então estava em silêncio, desligou a TV. Uns dez segundos de silêncio depois, sim, nós dois pensamos, admito. Eu pensei. Mas quem falou - eu juro - foi ele, e o pior foi ouvir a minha voz depois acrescentar "é mesmo":

- AINDA BEM que papai não está vivo para ver isso.

Pano rápido. Só não vale se for pano preto e branco.
 
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d i á l o g o s   i n e s q u e c í v e i s
 
- Fulano, do que que a bola é feita?
- De couro.
- E o couro, vem de onde?
- Da vaca.
- E a vaca, come o quê?
- Grama.
- Então, meu filho, bota a bola na grama. Rasteirinha, rasteirinha...
 
(Diálogo travado entre o técnico GENTIL CARDOSO e um predecessor do Rocky Jr.)
 
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soneto da final
márvio dos anjos  [email protected]
 
Unico grande amore
Di tanta, tanta gente
Che fai sospirà
(Hino da AS Roma, clube italiano de futebol)
 
Inda te amava quando fui sozinho
Ao estádio, nem um pouco esperançoso;
A tua ausência me mantém saudoso,
Mas não pude ignorar o burburinho

Da final. Era um público orgulhoso,
O som de um só ardor, um só carinho,
Ébrios de uma paixão que, como o vinho,
Faz esquecer da dor com fácil gozo.

Foi quando um desafortunado gol
Traiu a multidão e lhes roubou
De uma alegria os pensamentos doces.

E ao ver os prantos, me indagava a mente
Quanta dor sentiriam, se tu fosses
O único grande amor de tanta gente.
 
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não-oficiais
andréa del fuego  [email protected]
 
No gramado, 11 jogadores de um lado, 11 do outro e 1 juiz. Não contarei os bandeirinhas, eles estão fora da linha branca.
 
Cada homem guarda entre as pernas 2 bolas, portanto temos 46 bolas não-oficiais no gramado. Elas não rolam, só refrigeram sementes da perpetuação.
 
Uma bola de couro flui por entre músculos, toca em coxas roliças, pés brutos abrigados em chuteiras tiram pedaços de grama num veloz drible.
 
Homens driblam melhor a tal bola de couro do que as variáveis curvas fora do estádio - nós mulheres, por exemplo. Arredondadas, mas com imperfeições na circunferência que inesperadamente fazem estancar o movimento em seu deslizar em campo.
 
As 46 bolas não-oficiais.
 
As 46 coxas torneadas roçando outras como um engenho que faz o moinho tirar do grão a farinha, o gol.
 
Na concentração, minutos antes de subir a rampa da glória, joelhos flexionam-se e o foco deve manter-se num ponto, o espaço entre as traves.
 
Dentro deste espaço a meta, a mulher, a mãe, a filha, torcedores anônimos, a aposentadoria garantida dos parentes, o rosto marcado na história.
Fora das traves, outras circunferências brilhantes, os olhos abertos ao limite, atentos às pernas que correm. Todos pegam pra si as 22 coxas torneadas da seleção.
 
Querem a vitória.
 
Vitória de quem?
 
Das sementes refrigeradas das 22 bolas não-oficiais?
 
As 22 bolas não-oficiais que de tão anatomicamente formidáveis, ora servem de apoio ao adversário, aquele jogo-baixo em que o jogador aperta o sexo do outro pra resgatar a bola, agora oficial. Jogo-baixo desfeito fora da visão do juiz, sujeito que deveria ter retrovisores nos ombros.
 
O samba e a capoeira destes homens, de sangue tão quente, suscita a sintonia de cada brasileiro. Numa Copa do Mundo, é onde todos dizem: "sou brasileiro, eu driblo meu cansaço, eu driblo as derrotas diárias e demais instabilidades."
 
Nesta Copa, cada jogador escalado é uma cor da paleta daquele pintor que vende seus quadros aos fins de semana em praça pública. Agrada mais o pintor que o público.
 
Mas seja qual for a pincelada e as jogadas, as cores serão as de sempre: o amarelo, azul, verde e branco acabam nos tons verdes de nossas florestas.
Tons tropicais de onde o vermelho salpica em bicos-de-papagaios e violência.
 
As 46 bolas não-oficiais.
 
As 11 bocas que sentem o salgado suor escorrendo pelo rosto brasileiro.
Aflita como um adolescente, a torcida, mesmo não concordando com as escolhas do técnico, se ecoará em gritos guardados, que de 4 em 4 anos podem ser soltos como pássaros da gaiola, sem indiferença.
 
As 22 coxas brasileiras cavalgarão em nossos cavalos sagitarianos de glória em mais uma disputa, que favorece sim o patrocinador do circo e algumas corrupções, mas entorpecem como morfina certos traumas nacionais.
 
Com vitória ou derrota, quando nossas bandeiras saírem das janelas e voltarem para a garagem, as 22 coxas estarão recebendo seus cheques milionários, o motorista de ônibus acendendo mais um cigarro enquanto dirige, as esposas dos donos das 44 bolas não-oficiais ganharão mais uma jóia e a ascensorista pintará mais uma unha de vermelho enquanto sobe o elevador.
 
Futebol.
 
Perna, pra quê te quero?
 
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caixinha de surpresas
(arlã()  [email protected]
 
Quem é apaixonado por futebol passa por momentos em que não adianta fazer nada ou falar nada. E esses momentos, terríveis, são quando o seu time perde. E o pior é que, por melhor que ele esteja, uma hora ele perde. Seja lá que time for.
 
Aí a paixão pelo futebol não permite que você se esconda ou troque de time, vire a casaca, vire a folha, etc., mesmo que o seu time esteja irritantemente desfilando com saltos altos ou perpetrando falcatruas em cima de falcatruas para ser campeão, ou vice, e assim versa:
 
Tudo começa quando, desde pequeno, você aprende a gostar desta ou daquela agremiação, geralmente induzido pelo seu pai, por colegas ou por tios.
 
Estes chegam a dar para você, com lágrimas nos olhos, a camisa do "melhor time do mundo", que na verdade é o tíquete apenas de ida para o mundo do gozar ou ser gozado. E não adianta piar quando mais tarde você se colocar acima das paixões esportivas, por mais esdrúxulas ou sem finalidades práticas que sejam, pois alguém sempre lembrará que um dia você vestiu a camisa do tal "melhor do mundo" e agora você vai ter que ouvir, ah vai!
 
O duro é que não se pode revidar ou ficar puto (quantas vezes você encheu o saco também? esqueceu?), mesmo quando aquele menino que ainda vive no seu peito tá afim de mandar o sujeito ir tomar naquele lugar, como tantas vezes fez, e até já rolou no chão engalfinhado com o gozador. E foi aí que, como mágica, a paixão só fez aumentar...
 
Fico pensando: Feliz é a torcida do Íbis lá de Pernambuco, que se autogoza proclamando ser o seu o pior time de todos os tempos. Talvez ela tenha achado o ponto certo de curtir o futebol = se perder, é festa, se ganhar, é festa.
 
A maior discussão lá em casa, na época da minha estupenda infância, era quando a hora do jogo de futebol pela televisão coincidia com a hora da novela. Naquele tempo as redes de televisão ainda estavam descobrindo e delapidando o filão de ouro que são as transmissões dos matchs e adjutórios; e o futebol era mais como uma curtição. Jogador não ganhava muito, e se ganhava a gente nem sabia.

O Pelé usou chuteiras PUMA na Copa de 70 (fiquei sabendo disso há pouco tempo, pois durante aquela Copa não me lembro de ter lido nada sobre o assunto. Quanto ele ganhou eu não faço idéia...), e recentemente o Emerson Leão, técnico do selecionado brasileiro anterior ao Felipão, usou um tênis Adidas num treino da seleção e fedeu gambá enlatado porque a Nike, fornecedora do uniforme brasileiro, não gostou... E eu fui obrigado a ler isso no jornal, como se fosse uma notícia que interessava à minha paixão. Ora!
 
Bom, então lá em casa a discussão se fazia sempre acalorada e os argumentos dos homens (meu pai, eu e meu irmão), eram os de que a novela passava todos os dias e ficava ensinando coisas erradas para o povo. As mulheres (minha mãe e minha irmã - em desvantagem numérica, mas mulher naquela época era muito mais respeitada do que essas dos comercias de cerveja de hoje - retrucavam dizendo que futebol tinha também quase todo dia e que ensinava o quê? Meu pai, em tentativas arrojadas, dizia que as meninas novinhas ficavam facilmente grávidas vendo aquela permissividade e que não sabia de nenhum menino desrespeitando os pais porque o centroavante não driblou o goleiro. Mas... Nada feito.Olhávamos com aquele olhar de derrotados (a gente sempre perdia, porém, esportistas, não desistíamos).
 
Meu irmão ficava tão irritado que dizia: "Saco, ainda tem dia que chove e o jogo é transferido, novela pode cair o mundo que passa!" Então corríamos para o rádio Semp da minha avó, que nessas horas já estava sonhando com o Moacir Franco, e tentávamos sintonizar a Rádio Globo. Quando aquelas vozes inesquecíveis dos saudosos Jorge Cúri, Waldir Amaral e do Mário Vianna (sempre com dois "enes", ele frisava), invadia nossos ouvidos, era como se tivéssemos escutado o primeiro gol da noite, noites maravilhosas no magnífico Maracanã, um lugar mágico e cativo no nosso peito. Acomodávamos para acompanhar a peleja e, um pouco dorida com a nossa subtração visual do jogo, mamãe trazia pipoca e Crush, e tudo voltava a estar bem.
 
Geralmente dava para ver o segundo tempo na tevê e, antes dele começar, papai levava meus irmãos mais novos para a cama, uma sem ter visto o final do capítulo da novela e o outro sem comemorar ou xingar o destino do nosso time. Eu, bonitão, fazia o meu xixi e sentava entre papai e mamãe, sentindo-me ladeado pelos Roberto Dinamite e Glória Meneses...
 
Domingo passado o meu time perdeu e ouvi milhões de gozações - além de ter a minha caixa postal repleta de emails animados e acachapantes.
 
Puxa, como eu agradeço a cada uma das gozações, amigos, por estarmos sintonizados na nossa paixão e por elas fazerem tamborilar os coraçõezinhos dos meninos que sempre seremos ao ouvirmos: Gooooooool!, onde quer que estejamos.

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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
A gente não tira o ouvido do radinho de pilha: é uma orelha no jogo, outra no seu plá. Não se assuste se a gente gritar "gol!" no meio da sua confissão; pode ter certeza de que estamos ouvindo: [email protected].
 
----- Original Message -----
From: Marcel Novaes
To: Alexandre Inagaki
Sent: Wednesday, May 22, 2002 1:45 PM
Subject: olhar
 
"Grande Inagaki,
acabei de ler o último SpamZine, e de longe o que mais me impressionou foi aquela palavra impronunciável com aquele significado incalculável. Realmente, uau. Proponho uma pesquisa entre os leitores do spam para um equivalente em português a esse termo que me parece essencial em qualquer idioma. Podemos aproveitar e pedir significantes para outros significados, como 'o ato da mulher de ajeitar o cabelo atrás da orelha' ou 'olhar nos olhos de alguém querendo dizer que sente muito mas não dá mais'."
 
orlando responde: excelente idéia, Marcel. Eu chamaria esse "ato de ajeitar o cabelo atrás da orelha" de "ronromiaupurrrrr", especialmente se ela estiver de olhos meio fechados, e eles forem verdes; quanto ao "olhar de não dá mais", eu o chamaria de "chicobuarquicação". Ou algo assim. Mais sugestões serão benvindas. E viva Mary Poppins e Lewis Carrol. Abraço, juízo, etc.
 
----- Original Message -----
From: "Paula Guilliod"
To: <[email protected]>
Sent: Monday, May 20, 2002 5:29 PM
Subject: Parabéns!
 
"(...) Os gregos esqueceram um amor; aquele que a gente sente pelo autor de um texto, mesmo que nunca o tenhamos visto, mas que encanta com a perfeição da arrumação das palavras e das idéias. 'Perfeição' aqui não se referindo a regras gramaticais ou técnicas de escrita mas 'perfeição' porque o texto parece que foi feito para aquele leitor específico, produzido sob medida. Porque tudo encaixa e o 'leitor específico' acaba acreditando piamente que o dono do texto é também dono de uma alma especial, de um caráter especial e de idéias interessantemente especiais. Sempre amei palavras (me pergunto como os gregos diriam isso) e agora, depois de ler o que você escreveu e citou, ainda mais. Obrigada!"
 
inagaki responde: cara Paula, você não imagina o quanto fico desconcertado ao ler mensagens como a sua, ou os retornos de leitores generosos como a Raquel Oliveira de Queiroz, o Gabriel Valmont, a Bárbara Monte, o Repórter Mosca e a querida Meg. Vocês me deixam numa cilada, como em toda vez que cantam "parabéns pra você" em meu aniversário, e a vontade que tenho é de me esconder debaixo da mesa. Não sou desses caras que gritam "eu te amo" no meio da rua, para desgosto (ou alívio) da minha namorada; assim, pouparei os leitores do Spam de palavras mais meladas (essas vão em pvt). Deixo, porém, o meu muito obrigado a todos. Prometo, ainda, não sentir o peso da camisa, iiiii respeitar o adversário, iiiii ouvir as orientações do professor, iiiii com a ajuda desta maravilhosa torcida... =)

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c r é d i t o s   f i n a i s
 
Alviverdes Imponentes
Orlando Tosetto Junior > [email protected]
Ricardo Sabbag > [email protected]
Alexandre Inagaki > [email protected]
 
Dentre os Grandes, os Primeiros
Al-Chaer > [email protected]
(arlã() > [email protected]
Del Fuego > [email protected]
notas.gonzo> http://www.exquisite.com.br/gonzo
Gustavo de Almeida> [email protected]
Ione Moraes > [email protected]
Márvio dos Anjos > [email protected]
Renata Parpolov > [email protected]
 
Campeões Absolutos Deste Ano
Aline > [email protected]
Ana Maria Tomei > [email protected]
Bruno S. Mokarzel > [email protected]
Eder Rebouças > [email protected]
Lesminha > [email protected]
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p. s.

tosetto: na TV, Palmeiras e São Paulo. Clarice acorda. "Pra quem estamos torcendo?" "Pros de verde." "Ah, tá." E dorme de novo.
 
tosetto: Deus é palmeirense, Al. Jogou anos com a nossa camisa 10.