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062A
05 de maio de 2002
são paulo  rio de janeiro  miami beach  goiânia  recife  curitiba
 
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n e s t a  e d i ç ã o:
 
follow the little ball and sing with us
 
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editorial
alexandre inagaki  
http://inagaki.blogger.com.br
 
Música boa precisa ser ouvida com os olhos fechados. Pra viajar longe, na sala escura da imaginação, enquanto a MTV da minha mente projeta um videoclipe composto por associações inusitadas e memórias que subitamente retornam, resgatadas graças a melodias, riffs e acordes que impregnam os momentos mais marcantes da nossa vida. O sorriso daquela namoradinha da 3a. série que nunca mais vi depois que ela mudou de escola. O domingo chuvoso em que meu avô morreu. O churrasco em que tomei um porre homérico e fui jogado na piscina com roupa e tudo. O dia em que Senna morreu. A primeira noite de um garoto bobão virando homem.
 
Afirmou Nietzsche: "a vida, sem a música, seria um erro". Exageros à parte, o fato é que eu não gostaria de viver em um mundo emudecido. Dizem que os cegos, quando sonham, ainda são capazes de vislumbrar uma ou outra imagem esparsa dentro do breu: sombras amareladas, ruídos azuis, nuvens tácteis. Mas, e quanto aos surdos? Como deve ser viver sem poder compartilhar lembranças com as canções de Jeff Buckley, Roy Orbison, Elis Regina, Beatles, Billie Holiday, Chico Buarque, Teenage Fanclub? Ok: vinis, CD's e mp3 não são tão vitais ao organismo humano quanto, digamos, um copo d'água. Mas vida sem música é como comida sem sal - é palatável, mas poderia ser MUITO melhor.
 
Músicas podem mudar vidas, músicas podem mudar o mundo. Há os exemplos óbvios como o Concerto para Bangladesh, organizado por George Harrison em 1971, ou o Live Aid, idealizado por Bob Geldof em 1985, que arrecadou cerca de 70 milhões de dólares para as vítimas da seca na África. Mas há um caso singular que me toca (trocadilho involuntário) em especial. Em 25 de abril de 1974, rádios portuguesas veicularam a canção "Grândola Vila Morena", na voz de Zeca Afonso, como senha para o começo da Revolução dos Cravos. Além da singularidade de ter sido um levante militar sem violência que derrubou uma ditadura de quatro décadas, o movimento ficou marcado por imagens como a de populares saudando as Forças Armadas, representadas por soldados que marchavam pacificamente com cravos colocados nos canos de suas espingardas.
 
Parafraseando Os Mulheres Negras: "música serve pra isso".
 
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apologia do karaokê
ruy goiaba  http://puragoiaba.blogspot.com

"Be not afeard: the isle is full of noises,
Sounds and sweet airs, that give delight and hurt not."
Shakespeare, "A Tempestade"

Os deuses gregos puniam a desmesura. Segundo o dicionário de Pierre Grimal, tudo o que se eleva acima da sua condição, no bem ou no mal, põe em perigo o equilíbrio do universo e se expõe à represália dos Olímpicos.

Mas e a desafinação desmesurada?

Seriam os incêndios em karaokês no Sudeste Asiático um castigo divino? Será que a existência de uma única pessoa capaz de cantar "Atirei o Pau no Gato" num só tom funciona como a família de Ló em Sodoma e evita que todos os outros freqüentadores de karaokês sejam fulminados pelo Senhor?

Não, meus amigos, os deuses não têm nada a ver com isso. Qualquer um que tenha ido a um karaokê sabe que ali nunca existe ninguém capaz de acertar o tom. E os karaokês ressurgem das cinzas, proliferam, pululam, grassam e campeiam: enchem o mundo de gente que, de outro modo, jamais cantaria "Tudo Passará" fora do chuveiro. Desafinação não é pecado - e, ora, curtos-circuitos e cigarros acesos existem desde que o mundo é mundo. Ou quase.

Se a falta de talento musical não é reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde, e o chuveiro, afinal de contas, é uma influência fundamental na música popular (como explicar o canto de Bob Dylan senão pela obstrução aquática das fossas nasais?), que mal há em, uma vez ou outra, dar folga ao superego e deixar que nosso id tome conta do show quando empunhamos um microfone?

A escolha de repertório no karaokê diz muito mais sobre nosso inconsciente do que a "Interpretação dos Sonhos" daquele charlatão vienense. A cinqüentona meio bêbada que imita os trejeitos da Lílian "sou-rebelde-porque-o-mundo-quis-assim". A circunspecta professora que, finalmente, tem seu dia de Gretchen. O jornalista que solta a gravata e o Agnaldo Timóteo que há dentro dele. O gerente que compreende, e como!, os imortais versos de Reginaldo Rossi em "Garçom" - tudo sob luz difusa, que pode até ser a do abajur lilás.

Só o karaokê permite que esse conteúdo obscuro da nossa alma, que tentamos sufocar sob sucessivas camadas de civilização, venha à tona sem riscos para a sociedade ou para a nossa imagem lá na firma. Somos, até que enfim, aceitos - nós e esse lixo musical que amamos, com o qual nos identificamos. Podemos - por que não? - ser cafonas e felizes. Nosso mau gosto sai do armário, e ele é impressionantemente parecido com o Liberace(afe!). Não importa: ninguém está ali para nos julgar, nem mesmo o espírito da Aracy de
Almeida.

É claro que o karaokê tem de ser uma espécie de Carnaval: um breve período consagrado à desrepressão dos instintos cafonas. Quem viveria num mundo cuja trilha sonora perene fosse Ivon Curi e Cauby Peixoto? Seria um perigo para a vida da espécie humana no planeta -e uma banalização inadmissível. É preciso que o contato com esses mestres da cafonice seja uma experiência excepcional, única, indelével.

Portanto, longa vida aos karaokês, aos videokês, à vasta e variada fauna que os freqüenta e que insiste em cantar "o meu jardim da vida ressecou, morreu". Deles depende a preservação do pouco que sobrou da civilização ocidental.  Muito em breve, nunca mais nos importaremos com perguntas retóricas do tipo "quem somos, de onde viemos, para onde vamos?". Restará só uma pergunta, a definitiva, que fornecerá a chave e o sentido das nossas vidas: "Maestro Zezinho, sete notas para Ruy Goiaba... qual é a música?".
 
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p e r g u n t a r  n ã o  o f e n d e
"Que música resume melhor a história da sua vida?"
 
marcelo da cruz oliveira  [email protected]
"Caros Caras,

Acho piegas o fanatismo em torno da Legião Urbana e todo esse lance de tentar interpretar letras e o caralho, mas hoje estava levando minha esposa ao trampo dela, no aeroporto de Congonhas e vi que 'Quase Sem Querer' é a história da minha vida e, em parte, da vida dela também. Tanto que cantamos juntos a letra todinha, que eu sequer sabia que eu sabia ainda.

Tudo na minha vida, faculdade, trabalho, casamento, filha, veio 'quase sem querer'. Não busquei incessantemente nada disso, deixei a vida me levar, como diz o grande Zeca Pagodinho. O primeiro emprego foi um convite, não procurei. Fiz jornalismo porque uma prima um dia me disse que se eu fizesse letras eu não ganharia dinheiro. Meu primeiro emprego em jornal eu não procurei. Recebi um convite para cobrir a vaga de um amigo na editoria de polícia, porque ele passaria para política, que eu odiava, mas morria de medo de entrar numa delegacia de polícia, depois mudei para um jornal melhorzinho sem fazer esforço, também com convite, fiz um teste para o grupo de trainees da Folha porque minha irmã viu o anúncio. Escrevi a redação em um dia, no final de uma semana já estava fazendo os testes em São Paulo.

Fiquei na Folha três anos e meio. Movi uma palha, fui parar num site, que fechou quatro meses depois. Fiquei quatro dias desempregado e desde agosto de 2000 estou aqui, na editora Globo, em meio ao caos, próximo de outra mudança... Conheci minha mulher bêbado, quatro dias depois transamos. Ela garantiu que não tinha como ficar grávida, transamos sem camisinha, mas o anticoncepcional falhou. Quando a gente já planejava casar, um mês depois de nos conhecermos, descobrimos que ela estava grávida. O casamento era para abril, em janeiro já estávamos juntos e continuamos... agora com uma filha linda. Sou feliz? Ainda não sei. Só sei que 'mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira'. E se eu descobrir que menti?"
 
rafael balbi bandeira reis  [email protected]
"Syndir Gufs, do Sigur Rós - chata, repetitiva e parece que nunca acaba".
 
paula guilliod  [email protected]
"Aquela do Gonzaguinha que eu esqueci o nome, é claro...

Há muito tempo que eu saí de casa,
Há muito tempo que eu caí na estrada,
Há muito tempo que eu estou na vida,
foi assim que eu quis, assim eu sou feliz...


Não que nada disso tenha me acontecido 'há muito tempo'. Mas mesmo estando dentro da minha casa eu já não estava mais lá... há muito tempo".

>>> niqui <<<  [email protected]
"Top 10 - Músicas pro Filme da Minha Vida:
 
> 1. The Verve - Bitter Sweet Simphony [RECONHECIMENTO]
> 2. Led Zeppelin - Going California [PRA CANTAR PRA MINHA AMADA]
> 3. Legião Urbana - Vinte e Nove [REDENÇÃO]
> 4. Mozart - Concerto Para Piano nº 21, 2º Andamento [ACEITANDO OS ERROS]
> 5. Radiohead - Paranoid Android [TRISTEZA]
> 6. Mogwai - Like Herod [MOMENTOS DE TENSÃO]
> 7. AC/DC - '74 Jailbreak [DESTILANDO CÓLERA]
> 8. Little Richard - Good Golly Miss Molly [AMIGOS]
> 9. Qquer uma do Nick Drake [CALMO E/OU TRISTE, OU A FIM DE NADA]
> 10. The Sisters of Mercy - I Was Wrong [CERTEZA]
> Bonus Track: Radiohead - Creep [PQ EU SOU CUZÃO!!!]"
 
ellen aprobato  [email protected]
"Embora a história da minha vida seja composta por épocas e humores, há um trecho de uma música que descreve bem como eu sou e como me sinto. Uma música do folclore nordestino, na voz de Marisa Monte (do disco 'Mais' de 1991) - o tema de abertura da terceira regravação da novela 'Meu Pé de Laranja Lima' (1998, pela Band):

 Eu sou uma borboleta
 Pequenina e feiticeira
 Ando no meio das flores
 Procurando quem me queira
"

pergunta da próxima semana:
"Weblogs: moda passageira ou não?"
Confessaí só pra mim e pro Sabbag: [email protected].
(confira: mais respostas à enquete desta semana no Spam Zine LADO B)
 
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a primeira
gustavo de almeida  [email protected]
 
A primeira, a primeira, quase um caso de Rosebud, uma busca obsessiva até bobinha, mas puxa, muita gente preza o valor de saber com quem foi a primeira transa, por que não dar esse mesmo carinho aos ouvidos? E esses que fazem essa busca da primeira transa, de relembrar, pois é, entre estes muitos respondem, "foi com uma prostituta". Babacas. Foi com uma mulher, isso sim, uma mulher. E o cara deveria transar com a puta sim, se quiser, mas antes deveria sentir se a puta no meio não quer também - como dizia o Raul Seixas, pra passar a noite na cocheira tem que ter o mesmo cheiro do cavalo para não incomodar.
 
Mas eu falava da primeira, mas não a transa, e sim a primeira música que pode ter acariciado meus ouvidos desde o primeiro dia da minha vida. Há que ter sido por acaso, sim, claro, afinal eu era novo demais para escolher, mas meu medo é que tenha sido um acaso mesmo, à revelia de meus próprios pais. Uma esquecida, eu no berço ao lado da janela, e vem o vizinho e liga o rádio, está tocando "O rei da brincadeira, o rei da confusão" e pimba, eis que lá está "Domingo no Parque" tirando a virgindade dos meus ouvidos. E eu dizia outro dia em uma mesa de bar que um homem cantava "I Can't Stop Loving You" para outro homem, sim, meu pai cantava isso para mim, eu no berço, ele não podia parar de me amar, claro, ainda não estava impuro. Ama-se basicamente a pureza, a limpidez, os olhos baços e a tristeza virgem de todas as coisas. Depois amor é pacto.
 
Depois, os primeiros disquinhos, compactos, o nome certo. Sou extremamente indeciso sobre qual foi o primeiro a ser executado (epa!). Havia um com "Mrs Robinson" e "At The Zoo", dos grandes Simon & Garfunkel, grandes compositores americanos. Tinha um de 45 rotações, "Strawberry Fields Forever" de um lado e "Penny Lane" do outro. Catzo, adorava tocar em 36, e ouvir, "Leeet me taaaaaaakeeeee yoooooou doooown", a voz distorcida. E amava ouvir Penny Lane normalmente, os sopros, "is in my ears and in my eyes" e eu mal sabia o que significava, mas amava tudo aquilo, não sabia que iria usar amor para outras coisas que não Penny Lane. Sim, e havia outro disquinho, "Jesus Cristo", ainda uma figura indefinida para mim, e "Amada Amante", com Roberto Carlos. Linda a segunda música, mas a primeira tinha ares de rock and roll e eu adorava. No entanto, até hoje quando ouço Amada Amante, me dá vontade de chorar por cada um desses dias desde aquele dia, cada um desses dias que vivi e que deixei de morrer. Ou que tenha morrido, santa paciência.
 
O primeiro LP, pelo menos, o primeiro LP comprado por mim eu lembro bem: Peter Framptom, "Rise Up", com a "Breaking Allt The Rules". No dia seguinte voltei à Sears da Praia de Botafogo com mais umas moedas e levei "Led Zeppelin III", que eu não entendi bem na época.
 
Depois, lembro eu e minha mãe, eu com 11 anos, andando por Copacabana, procurando o Physical Graffitti, do Led, e os caras das lojas impressionados, esse garotinho, ainda sabe falar o nome do disco, e minha mãe sorria, sempre querendo dar tudo para mim, mas eu inconscientemente não deixava. Mas nesse dia ela me deu o caríssimo Physical Graffitti, ainda mais naquela loja, a Kaele. Mas foi um dia de uma felicidade incomparável, quase absurda, inalcançável, mesmo com beijos de namorada ou coisas parecidas. Nada alcança a felicidade de eu chegando em casa com o Physical Graffitti. Adulto, acho o disco meio merda. Mas respeito por causa dessa felicidade sagrada.
 
E vieram os CDs, e eu resistindo, mais uma vez sem grana para comprar aparelho e CD, logo os dois. Fiquei usando um disc man, e ganhei meu primeiro CD, da Raquel, uma das minhas poucas amigas de verdade, dessas que são amigas mesmo, mulheres que, apesar de bonitas, não são objetos de desejo. Raquel foi e me deu meu primeiro CD, uma coletânea do Roy Orbison. Mas aí eu já tinha lá meus 26 anos de idade, ou mais, ou menos.
 
Só esse assunto - a primeira música que a gente possa ter ouvido - já nos leva a uma egotrip enorme através de emoções esquecidas. Só um assunto. Imaginem se abrirmos, falarmos, a música que tocava no primeiro beijo, no primeiro fora, na primeira decepção. Por exemplo, me lembro, em Barbacena. Eu apaixonado, tinha beijado a moça dois meses antes, voltei para tentar de novo. Não deu. Me lembro dela tentando evitar meu olhar, e ao fundo os alto-falantes da Expo Agro tocavam os Wings, "Only my looove does it coool/toooooo meeee". E todas aquelas músicas adolescentes, "quis evitar teus olhos/mas não pude reagir/fico à vontade então". E a primeira vez que eu dancei com uma mulher, era lá "Just The Way You Are", do Barry White. Ou era a versão do Billy Joel? Só sei que eu tinha 11 ou 12 anos.
 
Na verdade, jamais saberei quem foi a primeira. The first cut is the deepest. Músicas ou mulheres? Do que estou falando? Vou parar de escrever, porque a primeira eu não lembro, mas sei que a última está tocando. Música ou mulher.
 
Estou chorando.
 
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d i á l o g o s   i n e s q u e c í v e i s
 
- Qual é o seu nome?
- Amor
- E o que você faz?
- Amo
- Todo mundo?
- Não
- Quem?
- Você...
 
(Jane & Herondy, na letra da inacreditável canção "Eu Te Amo, Tu Me Amas")
 
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violino diabólico
nemo nox  http://www.nemonox.com
 
Multidões pagavam preços exorbitantes para assistir as apresentações daquele músico magrelo e feioso. Comerciantes colocavam o nome do ídolo em produtos tão diversos como perfumes e botas. As turnês incluiam as cidades mais importantes da Europa, com destaque para Viena, Milão, Hamburgo, Paris e Londres, onde os lucros foram suficientemente grandes para que o artista ficasse milionário. Sem dúvida, o italiano Nicolò Paganini (1782-1840) foi uma espécie de popstar musical do século passado.
 
As apresentações de Paganini resumiam-se quase sempre a composições próprias, sons mágicos retirados do violino. O rosto esquálido contorcia-se, os cabelos negros cacheados agitavam-se, e o arco do violino fazia movimentos inalcançáveis para a maior parte dos músicos da época. Algumas vezes, pelo simples prazer de assombrar, Paganini sacava uma tesoura e cortava três cordas do violino, prosseguindo o concerto somente com uma, a corda sol.
 
As lendas não tardaram em aumentar o interesse por Paganini. Dizia-se que teria feito um pacto com o demônio para poder tocar daquela maneira, que as cordas de seu violino seriam confeccionadas com os próprios cabelos do diabo. Outra história dizia que sua habilidade vinha de anos de prática na prisão, condenado pelo assassinato da amante. Nesta versão, as cordas do seu instrumento seriam feitas dos intestinos da infeliz vítima. Algumas vozes tentavam diminuir o seu valor artístico, como o poeta irlandês Thomas Moore: "Paganini pode tocar divinamente, e algumas vezes realmente o faz, mas quando vem com seus truques e surpresas, seu arco em convulsões, sua música mais parece o miado de um gato agonizante." Os fãs, porém, eram mais numerosos e mais importantes que os críticos. Paganini foi escolhido para solista da princesa de Lucca, sagrado Cavaleiro da Espora Dourada pelo papa Leão XII, nomeado virtuoso da corte do imperador da Áustria, entre várias outras honrarias.
 
A obra-prima de Paganini, Veitequattro Capricci per violino solo, Op. 1, foi composta entre 1800 e 1810, e é um marco do romantismo. Não somente um exercício de virtuosismo, os caprichos são de uma beleza arrebatadora. A riqueza de recursos do instrumentista abriu muitas portas à criatividade do compositor, e Paganini usa todo tipo de idéias musicais nos caprichos. Combina movimentos de arco com pizzicatos, usa martellatos e stacattos, altera a afinação no meio da peça, e deixa-se influenciar por fontes tão diferentes como barcarolas venezianas, temas ciganos e contraponto barroco. Os vinte e quatro caprichos são ao mesmo tempo uma enciclopédia da arte do violino e uma deliciosa audição.
 
(texto publicado originalmente na revista Esfera - http://www.nemonox.com/esfera)
 
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segura esta mão, cigana
orlando tosetto junior  [email protected]

Eu não sabia dançar, nem devagar, pra te acompanhar. Vivia na minha maloca no Jaçanã, coração frechado pelo teu olhar. Nâo fui pra Maracangalha (onde é isso?!), estava pouco me importando se a Anália ia também ou não. E você, iria comigo, mulata assanhada, loirinha dos olhos claros de cristal, moreninha prosa? Ai, lá no céu a própria lua não é mais formosa.

Pois é, não fui: não estava disposto a ficar exposto ao sol. E onde andava você, com esses olhos que a gente não vê? Indo de carro pra escola, enquanto eu e Zé íamos a pé? Pensando em tudo o que ficou, se mandando antes que todos percebessem? Ai, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso! E como é sincero o meu amor!

Mas você se foi, você deixou alguém a esperar. E fumando esperei: fumar é um prazer genial, sensual. Fumei porque você era meu vício desde o início: você estava debaixo da minha pele. Não conseguia viver sem a minha dose de você. Mas você se foi: chegou o carnaval, você não desfilou, não pensei que mentia a cigana que eu tanto amei. A ciganinha dona do meu coração.

Deixou sabor de sal, sabor de mar, um gosto meio amargo de coisas perdidas. Vou te contar: é impossível ser feliz sozinho. Tirei meu sorriso do caminho, passei com a minha dor. Sofri, chorei, tanto que nem sei. Era doce essa rotina de te amar toda manhã - se soubesses o quanto eu te quero, o mundo seria... sei lá, Maria, sei lá.

Mas chega de saudade, agora não adianta. Pra ser sincero, não espero de você mais do que educação: você não gosta de mim. Mas sua filha gosta: existencialista (com toda a razão), só faz o que manda o seu coração.

E falando sério: bobeou, a gente pimba.
 
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l i s t a s   a b o b r o l
10 fotos que nunca mais gostaríamos de ver:

1. Roqueiros metidos a bravos fazendo gestos com as mãos, de bananas a vá-se-fuder.
2. Roqueiros metidos a profundos olhando fixamente para a câmera com efeito de grande angular.
3. Backing vocals ou cantoras ou até VJs metidas a gostosas em shortinhos, sainhas, frente-únicas.
4. Roqueiros metidos a existencialistas em paisagens desérticas e/ou de desolamento urbano.
5. Roqueiros metidos a engraçadinhos fazendo caretas, mostrando a língua, com roupas "loucas" ou pulando de forma ridícula.
6. Metaleiros fazendo cara de maus.
7. Bandas de brit-pop fazendo cara de dândis.
8. Bandas grunge fazendo cara de "não estou nem aí para meu contrato milionário".
9. Bandas de rock brasileiro fazendo cara de que estão em Londres ou Seattle.
10. Cantoras de cara lavada fazendo cara de cantoras de cara lavada.
 
(lista sampleada da única edição da revista Brasa, editada por Bia Abramo, André Forastieri e Rogério de Campos em 1996)
 
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revival 80 ou queima de estoque?
luiz fernando padilha  [email protected]
 
Finalmente dei uma dentro nas minhas previsões: os "Anos 80", essa instituição tão abandonada nos anos 90, tem recebido cada vez mais a atenção da mídia e do público, seja na forma de especiais do "Vídeo Show", seja por inúmeras regravações (algumas horrorosas, por sinal, como a de "Olhar 43" pelos castrati KLB) ou na forma de festas "Anos 80" com bandas covers ou não. Em um primeiro momento, pensei com meus botões: "Maravilha! O mundo voltará a razão!", mas, num segundo momento, reincidi naquela mania chata de ficar pensando e deparei-me com a seguinte questão: "Será que isso realmente é uma medida de bom senso?"
 
Não que seja uma coisa bem legal saber que, na semana passada, fui numa festa freqüentada por pessoas "normais" (leia-se: sem cabelos coloridos, nem vestidas de preto) que dançavam e cantavam "A View to Kill" do Duran Duran sem que parecessem malucas, ao invés de escutar aquele bate-estaca moderno chato pra cacete, que infestou todas as pistas de dança desde que lançaram aquela porcaria de "Pumpupthejam/Technotronic", mas será que isso é uma simples moda, ou a música Pop anda tão ruim ultimamente, que fomos levados a "recrutar" nomes do passado?
 
Nesse ponto, chego a um outro questionamento: será que a música dos anos 90 foi tão ruim assim? Quando escrevi o texto "Saudades do A-HA: a que ponto chegamos", publicada na edição inaugural da SPAM ZINE, eu realmente acreditava que não existia vida inteligente surgida após 1990, e que a música, a partir deste ano, caiu num verdadeiro abismo, agravado pela "proletarização da classe média" e pelo interesse das grandes gravadoras em lançar algo de fácil digestão e péssima qualidade.
 
Queimei a língua. Descobri que o tal "abismo musical" de que eu tanto chiei e esperneei aconteceu em relação aos meios de comunicação em massa bem como às tiragens de meio milhão de CD's, e que, graças a bandas como Nirvana (que eu odiava visceralmente em 1993), Smashing Pumpkins, Pearl Jam, Alice in Chains, Radiohead, Cake, Verve, "bandas industriais" (ao meu ver, o sucessor natural do Heavy Metal) além dos meus "golden boys", a banda escocesa Belle & Sebastian, caracterizaram exemplos de que não apenas a música sobreviveu aos anos 90, como ficou dotada de uma congruência, de uma continuidade que eu arriscaria até mesmo dizer ter sido espontânea.
 
Constatei que a "vida continuou nos anos 90", mas também constatei que os exemplos dessa continuidade não estão por aí em qualquer prateleira. Não é preciso ter muito senso de observação para concluir que muita coisa dos anos 80 está sendo usada para atender aquele público que quer tudo ao alcance das mãos, e que, da mesma forma que se escutava coisas como Axé Music e Pagode de corno, os "Anos 80", traduzidos em antigas bandas ressurgidas das cinzas como Plebe Rude, IRA! e Capital Inicial configuram os novos produtos da moda.
 
Francamente, espero que a mídia e o público fiquem por aí mesmo, e que, usando uma expressão antiga, ressucitada por Millor Fernandes, não "passem dos sapatos". Faz algum tempo que deixei de querer me vincular aos "Anos 80" ou de ficar levantando bandeiras de auto-afirmação da minha geração. Só espero que não venham se aprofundar muito nos anos 80, ressuscitando algo muito bom (como um "The Cure" ou um "Eurythmics") ou algo muito ruim (como já fizeram com o "Dr.Silvana e Cia."), dando ares de nostalgia ao novo formato da poluição sonora.
 
Assim, ainda que ciente da boa cotação dos "Anos 80", prefiro, parodiando aquele grande ícone da mesma época, o filme "De Volta Para o Futuro II", e ficar no meu "1985 alternativo", escutando coisas de outras décadas, inclusive a de 80.
 
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música árabe
al-chaer  [email protected]

enquanto a brisa
dedilha seus cabelos
e a maresia
lhe assovia em flautas
meus desejos

no oriente de meu peito
uma percussão
descompassa seu ventre
para as nossas
mil e uma danças
 
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interpretando gessinger
alyuska lins  [email protected]
 
Vamos lá.

>A Montanha
>Humberto Gessinger


Aqui o cantor estava se referindo simplesmente a aquelas formações, rochosas ou não, é preciso que se esclareça, do período cretáceo, da era mesozóica, que alguns estranhos seres de nosso planeta costumam ter o hábito de escalar, o que quer dizer andar sobre sua inclinação angular no sentido ascendente e em direção ao cume.

Para estudo ou mera contemplação destas elevações é necessário apenas que o indivíduo disso desejoso se dirija a localidades mais ermas, o que quer dizer sair do espaço urbano em direção ao campo, levando geralmente consigo a família ou amigos mais desavisados, sob o pretexto de respirar ar puro. Ao falar em montanha, o cantor pode também subliminarmente querer se referir a si próprio em um momento de auto-afirmação, (ou não) e, ignorando um famoso provérbio do livro bíblico que costuma dizer que ao menos a fé remove as montanhas, ele tentava dizer para os ouvintes da Transamérica algo como:
 
- Daqui eu não saio! Daqui ninguém me tira, tá?
 
Simples, como você pode ver.

>nem tão longe que eu não possa ver

Aqui a interpretação também é bastante simples.

Nesse momento, ele estava em frente à Torre Eiffel, com sua namorada (ou variações) e, estando ela muito próximo da máquina fotográfica, de modo que seu nariz ocupava todo o espaço de foco, ele pediu para que ela se afastasse um pouco. Ouvindo isso, ela caminhou alguns passos para trás e ele dizendo mais e ela para trás e ele repetindo mais e mais e mais. Quando ela virou uma formiguinha ou um ponto indistinguível da própria torre, ele gritou:

- Pô, tchê! Nem tão longe que eu não possa ver...

>nem tão perto que eu possa tocar

Aqui, infelizmente temos o registro de um momento dramático na vida do cantor: sabe-se que ele era um viciado em chocolates Batom da Garoto, tendo inclusive o hábito comum, mas não menos estranho, de contornar os lábios com o chocolate meio derretido para depois lamber tudo e rir sozinho (!).

Obrigado a fazer uma dieta pelo produtor do conjunto, no entanto, chegando este último, inclusive, a ameaçar a integridade moral do cantor com frases do tipo: - ou o garoto ou eu! (Ou variações), Humberto decidiu jogar fora todos os chocolates que tinha, doar, vender, esconder, enfim: tirar do seu alcance. Dois meses de abstinência, ele parecia outro já. Então, veio o momento culminante e discreto do tratamento em que o produtor, seguido pelos outros integrantes da banda, familiares, pela imprensa em geral, inclusive vj's da mtv, adentrava no palco com um... adivinha o quê?? adivinha o quê??

Exatamente. Um Batom nas mãos. E erguendo o chocolate em direção ao Humberto, disse: - quer um taco? E Gessinger disse não. Não satisfeito ainda, o produtor aproximou bem perto do cantor e repetiu: - quer um taco?

O que daí fez o Humberto reclamar:
- Pô, tchê, covardia! Nem tão perto que eu possa tocar...

>nem tão longe que eu não possa crer
>que um dia chego lá

Humberto, andarilho, tinha um sonho. Ele já tinha ouvido falar em um lugar, um lugar de paz, cheio de flores do campo e borboletas coloridas sobrevoando-as. E acreditou neste sonho. Uma amiga sua, muito próxima, muito querida, muito dez ela, gente que fazia e fazia bem, já havia estado lá. Humberto ao saber disso, fez:
- Hã??
Boquiaberto.
Abismado.
Tomado de surpresa e espanto, ele mal podia acreditar.
- Então é verdade, Claudinete?? Você jura?? Jura! Jura! Diz que você não está mentindo, por favoooooor...
Rompendo em lágrimas.
E ela disse:
- Tipo assim, existir existe, mas é longe à paca...
- Mas eu não vou de paca, Clau, vou de avião. Onde é?? Diz para mim, vai... Diz...
- Tipo assim, você não entendeu nada, mas tudo bem e não sei quê não sei que lá não sei que não sei quê lá....
Com voz de homem, então:
- DIZ LOGO, CLAUDINETE!! E SE ENROLAR ME APANHA!
- Tipo assim, eu vou dizer, mas é longe...
Ao que Humberto respondeu:
- Nem tão longe que eu não possa crer que um dia chego lá!

>nem tão perto que eu possa acreditar
>que o dia já chegou


Aqui podemos notar a fixação já talvez patológica do cantor com advérbios de lugar. Perto... Longe... Perto... Longe... Isto é possivelmente apenas uma tentativa do cantor de impor um novo vocabulário para aquela brincadeirinha que as criancinhas e mais raramente os adultos costumam brincar, por razões amplamente diferentes, claro, repetindo inexplicavelmente as palavras quente, frio, frio, quente, por ocasião de aproximação ou afastamento de objeto propositadamente escondido, respectivamente. Inexplicavelmente, nunca se foi esclarecido o porquê de ser necessariamente "quente" e "frio". Uma explicação para este fato é a de ser esta brincadeira apenas mais uma importada do unáitedesteitis e que foi mal traduzida. Enfim. Acho a sugestão do Humberto bem pertinente.

>no alto da montanha
>num arranha-céu


Aqui, o cantor notou a fantástica semelhança entre uma montanha e um arranha-céu.

>se eu pudesse, ao menos
>te contar o que se enxerga lá do alto

Esse trecho, sim, revela-nos uma história comovente. Tendo sido Humberto abduzido por simpáticos alienígenas, passando ele, inclusive, por todos aqueles estágios de reconhecimento que, como já é de domínio público aqui na Terra, é colocado um mini chip via... via... lá no... bem, foi colocado o retransmissor.

O cantor também foi submetido, como sabemos, a uma descoloração total de seus cabelos, inclusive de suas sobrancelhas, onde parte da cor de seus cabelos foi confinada a uma câmara de estudos supra quiasmáticos da radioatividade capilar terrena. Esse pedaço da música, refere-se a trechos do relato do artista quando na ocasião de uma coletiva dada à impressa referindo à viagem de volta.

>com o céu aberto, limpo e claro

Aqui é apenas o início daqueles dizeres, bastante comuns aos comissário de vôo tanto terráqueos quanto alienígenas, ao que vemos, no qual eles, depois que todos os passageiros conseguem se controlar e se auto-sugerir estarem apenas sonhando, ou seja não estarem voando de fato, os tais comissários insistem em lembrar a todos que eles estão voando, sim, e que debaixo daquele ilusório soalho do avião só tem vento e nuvem e anjinho e que qualquer coisa que dê errado muito provavelmente não será possível contar aos parentes como foi realmente a história.

>ou com os olhos fechados

Aqui é possivelmente o final do mesmo discurso.

- Bom dia, senhores passageiros... Nosso vôo será tranqüilo e rápido, com o céu aberto, limpo e claro... Já podem retirar seus cintos, porque eles não servem de nada mesmo aqui em cima. Hahahahahahaha. Desculpem. Acima de suas cadeiras você poderão encontrar máscara para oxigenação alternativa em casos de emergência em que o ar se torne raro. Para casos de queda livre, digo, o avião cair, podem cair rezando com olhos arregalados ou com os olhos fechados. Hahahahahahahaha. Desculpem e a todos uma boa viagem.

> se eu pudesse, ao menos
>te levar comigo... lá


Sabem aqueles pesadelos que todo mundo tem, acorda morrendo, gritando, suado, pulando da cama, "parecendo" um doido? Aconteceu com Humberto também e ele se refere especificamente a este sonho nesse trecho da música. Vinha ele por uma estrada deserta... não... por uma ponte deserta.... ou melhor... um campo florido. Ele vinha cantando um de seus últimos singles (?) quando de repente surge à sua frente uma figura bizarra, semelhante a Reginaldo Rossi de espartilho, segurando uma foice em uma das mãos. Ele disse: - eu sou a morte. Vim lhe buscar. Você morrer. Hahahahahahaha. Desculpem.

Humberto grita:

- Arrá! Não dessa vez, dona. Tenho um contrato com a Polygram até 2089. Se você me levar antes disso, significa que eu não vou poder mais gravar sob os termos do contrato, o que implica que você terá que arcar com uma multa de oito bilhões quatrocentos e noventa e sete milhões duzentos e quarenta e três mil quinhentos e noventa e três dólares e quatrocentos e quinze centes, o que em outras palavras quer dizer que até lá, vocês vão ter que me engolir!!
- Em dólar??
- Em dólar!
- Não dá nem pra arredondar?
- Nadinha.
- Nem à vista?
- Cartão ou dinheiro?
- Cartão.
- De qual marca?
- Visa electron de conta bb campus.
- Hahahahahahahaha.
- Pôxa... seria tão bom se eu pudesse, ao menos te levar comigo... lá.

>pr'o alto da montanha
>num arranha-céu


Aqui de novo o cantor percebe a semelhança.
- Não, eu quis dizer que...
- Cala boca, Humberto!

>sem final feliz ou infeliz

Aqui, como podemos claramente ver, o cantor pega-se de um livro de Kafka, e com luta e dedicação, mordendo a língua e enrugando a testa, eis que ele conclui a leitura. Pensamentos que se seguem:

- Pô, tchê... história mais louca: sem final feliz ou infeliz. Será que tem a segunda parte?

>atores sem papel

Essa frase é em solidariedade a todos os atores da globo que entraram com um processo na justiça contra a mais nova estátua, digo, atriz, da emissora: a Ivete Semgalo. Sangalo, digo. Indignados, os atores reclamaram na tv o absurdo da contratação. Humberto assistindo:

- Pô, tchê... coisa mais triste. Atores sem papel... Sem-terras sem terra... Manteiga sem gordura... Pô, tchê. Triste demais. Podes crer.

>no alto da montanha

Aqui começa a confusão

>à toa, ao léu

Calma, Humberto...

>nem tão longe, impossível

Amigo... amigo...

>nem tampouco lá... já

Eita.

>no alto da montanha
>num arranha-céu


- Chama os enfermeiros!

>sem final feliz ou infeliz

É. Vai passar, viu? Vai passar....

>atores sem papel

Pronto... Passô... Passô....

> no alto da montanha
> num arranha-céu


- Amarra!
 
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