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056
17 de março de 2002
curitiba  são paulo  belo horizonte  feira de santana  campos

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n e s t a   e d i ç ã o:

não veja  açúcar  chapéus vermelhos  HomoMaCmaniacs  jaca  5 mangos
 
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editorial
nicole lima [email protected]
 
como assim?
 
Miss bee para os íntimos. Know that one day I must die, I’m alive vivo muito vivo vivo vivo feel the sound of music banging on my belly belly belly...
 
Pois, domingo de manhã, uma diarréia para celebrar o dia em que voltei a escrever (será este o fim da prisão de ventre mental???) um puta sol lá fora de fritar ovo em asfalto e eu aqui, cozinhando à beira de uma janela face leste, levantando da cadeira vez ou outra para aliviar-me no banheiro (maldito rodízio de frutos do mar), feliz da vida por saber que meus dedos, intestinos e amigos ainda estão vivos.
 
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Segundo parágrafo inicial: o que tenho feito.
 
Trabalhar é sempre bom, e eu ainda posso colocar uns vinte por cento da culpa do meu sumiço no trabalho. os outros oitenta por cento eu divido irmamente entre ler, casar, e evitar filhos. Aliás, contrariando velhos dogmas: casar emagrece. Tente fazer duas mudanças sozinho, sem dinheiro e sem elevador. Coma em horários fixos, vá ao supermercado uma vez por semana e suba cinco andares com as compras, pratique sexo com mais freqüência, desligue o computador, beba menos, durma menos, lave mais roupa, tome mais banho, acumule mais xícaras na pia, passe café (e pague alguém para passar suas roupas).
 
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sound track, só porque tem mesmo, no shit: fiona apple (bom pra colocar no top five "sex soundtrack") e morcheeba (bom pra colocar no top five "sunday margerine comercial music")
 
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movie line: "what you do in life echoes in eternity"
 
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invidere, belvedere
andréa del fuego  [email protected]

O homem sente e é vítima da inveja, mas a mulher é quem normalmente a detecta. No trabalho, esse sentimento pode minar sua energia e diminuir sua produtividade.

Aurélio explica a inveja como "o desejo violento de possuir o bem alheio".

Mecanismo mais remoto que a própria existência do homem, por esse "desejo de possuir o bem alheio", a água apagou e tomou o lugar do fogo na formação da superfície do planeta, meteoros caíram sobre a terra exterminando dinossauros, e assim, um elemento foi, ora tomando o lugar, ora somando-se a outro para que algo florescesse.

Tudo isso pra dizer o seguinte: inveja é natural e pode exterminar ou fazer evoluir. O sentimento pode provocar um deslocamento ascendente se você souber lidar com ela. Como?

Contemplemos os degraus da inveja.

Primeiro vem a picada, a visão do colega sendo elogiado ou promovido machuca, pois a leitura deste gesto é: o que se deu para o colega é o que não foi dado a mim. O outro ganhando significa você perdendo. Matemática atávica.

Segundo vem o bloqueio deste sentimento largamente condenado e punido. Você se contorce na cadeira, briga com os músculos que levam um sorriso de contentamento à boca enquanto seu coração luta por fechá-la.

Terceiro vem o luto pela perda imaginária, que a faz, como viúva, oprimir-se perante a fatalidade.

O calor dos três estágios varia conforme a insegurança de cada uma, mas o processo é o mesmo.

O segredo está em trabalhar o segundo degrau, aquele momento do bloqueio.

Você poderá, com o tempo, aprender a camuflar esse sentimento com a experiência vivida, mas não pode, de forma alguma, esconder a inveja de você mesma.

Assuma-a para transformá-la.

Bote frente a frente a mulher que é civilizada e não pode perder a linha num ambiente de trabalho, nem quer prejudicar ninguém, com a mulher que, como criança, gostaria de limpar da frente a pessoa invejada como se faria com um brinquedo que não agrada mais. Se dê tempo e espaço para um diálogo interno afim de conhecer e educar sua criança mimada.

Inveja, como diz a origem da palavra em latim, invidere, quer dizer "não ver", talvez por isso a sensação de cegueira. Com dois olhos saudáveis no rosto não há porque perder os belvederes da estrada, tudo por querer o que acredita não ter.

Por que falar da inveja do ponto de vista de quem a sente? Porque há possibilidade de crescimento pessoal, lidar com o inimigo se aprende olhando para ele.

Sentir a inveja é uma possibilidade de converter uma energia gerada caoticamente em algo construtivo, ela chega como um ímpeto que bate no peito, um sopro, um despertar. Se você deseja o que é do outro, será que seu objetivo de vida está visível pelo caminho que
escolheu? É um descontentamento que te obriga a repensar e corrigir seus atos.

Abra os olhos e não torne-se viúva de seus sonhos.
 
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o pé e a jaca
ricardo nishizaki  [email protected]
 
Havia um pé em todo lugar que fosse. Era o seu pé, acompanhava-o em todos os lugares, como se um fiel cachorrinho fosse. Ele nem se dava conta, muitas vezes, da existência desse pé. Impunemente colocava todo o peso de usa vida nele, sem se importar com o que o pé acharia ou não. E o pé seguia firme, dando-lhe todo o apoio que lhe era possível dar, na pequenez de seu tamanho 37.
 
A jaca, por sua vez, sempre esteva lá, grandiosa na sua imponência de fruta tropical. Grande, majestosa, sempre desafiando a lei da gravidade ao se pendurar na sua mãe jaqueira e se segurar durante longos períodos, sem se importar com o seu peso e volume. Forte e massuda, lembrava muito o coração dele.
 
Mas um dia, a jaca caiu e se partiu. O pé, chato que era, levou seu dono até lá para ver o estrago. E solidarizou-se com o drama da jaca. De fato, a jaca lembrava muito o coração dele. Lembrava tanto que se partiu no mesmo momento em que o seu coração. Ela, que parecia tão forte e tão majestosa, não resistiu a uma simples queda e quebrou-se inteira.
 
O pé, coitado, condoído com a situação da jaca e de seu dono, chegou a uma resolução, independente de tudo e de todos. A partir daquele dia, estaria sempre com a jaca dentro de si, enquanto ela estivesse quebrada, até que novamente se recompusesse, como o coração dele. E desde então esteve o pé agindo dessa forma, até o dia em que o coração se montar de novo. Enquanto isso não acontece, o homem viverá sempre com o pé na jaca.
 
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açúcar
tarsis schwald  [email protected]

Lúcifer pediu açúcar:
- Estou sem açúcar, serve uma alma?
- Uma alma não, obrigado - respondeu
 
Da verdade para a lama,
a alma está além?
 
Um som vindo de dentro,
que assustou a mim mesmo
Um movimento que faço,
um exercício de ódio diário
 
Uma sombra me seguiu até o trabalho
e quebrou o silêncio imposto pelo dia
me atirou um verdade dura e simples:
Não tenho mais açúcar
 
Temos palavras livres,
mais máquinas,
mas não açúcar
 
Temos Goethe sem açúcar e TV diária salgada
 
Uma sombra,
falando por ela mesma,
falando pelos cotovelos
dissecando um idéia que, ainda que simples,
refere-se a um assunto inadequado
 
Como tem tanto a dizer? - me pergunto
 
Caminhar a meu lado,
ao meu lado no ônibus,
no banheiro,
na vida,
durante as ordinárias noites,
sempre a sussurrar em meus ouvidos
 
Ai, vem a sombra trazendo uma história,
mas sem açúcar.
 
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"Que explicação você daria se encontrassem R$ 1,3 milhão no cofre do seu escritório?"

paulo zucchi  [email protected]
Foi um dinheirinho que o meu padinho me dava quando criança e eu depositava numa caderneta da CEF. Veja só o resultado...

rosi  [email protected]
As evidencias são obvias, só não entende e não acredita quem não quer, mas mesmo assim contarei exatamente sobre a existência desse dinheiro.
 
Meus tataravós, imigrantes italianos, vieram para o Brasil, naquele porão úmido, mofado e com mau cheiro, metade dos imigrantes já estava com escorbuto, mas meus tataravós ali, firmes e fortes, ansiosos pela nova vida. Como eles saíram fugidos da cidade de Lucca na Itália, não deu tempo de pegar nada, somente a roupa do corpo e os 15 filhos.
 
Chegando ao Brasil, eles começaram a fabricar e vender macarrones, porpetas, pizzas etc, que era a única coisa que sabiam fazer. Meu tataravô, homem comedido, guardava todo o lucro das vendas em uma caixa de madeira, feita a mão por um de meus tataratios que se dedicava à marcenaria, toda trabalhada, com uma tranca forte. Essa caixa era enterrada no quintal, para que ninguém a encontrasse... bem, os anos foram se passando, meu tataravô passou as tradições ao meu bisavô (tanto a das massas quanto a da caixinha cheia de dinheiro), que repassou ao meu avô e finalmente a minha mãe, porque meu avô só teve filhas. Minha mãe, mulher sábia à frente do seu tempo, não concordava com a caixinha de madeira enterrada no quintal, pois os tempos eram outros, e era perigoso perder as economias de toda uma vida. Resolveu, então, pesquisar se existia no mercado algo mais seguro. Andou, andou e andou pelo centro de São Paulo, pois a fama é que em São Paulo encontra-se de tudo, e finalmente encontrou o famoso Cofre, uma caixa de aço, com uma fechadura incrivelmente difícil de se abrir. Ela comprou, levou pra casa e mostrou a meu pai, que também adorou a idéia e transferiu todas as economias para o tal cofre.
 
Cheguei em casa e fui informada da novidade, e percebi que metade dos problemas estavam resolvidos, mas outra metade ainda não, já que o cofre poderia ser carregado de dentro de casa pra algum outro lugar e ser aberto com maçarico, foi então que convenci meu pai a levá-lo ao escritório pois lá existe segurança 24 horas por dia.
 
Esse foi nosso maior erro, pois acharam o cofre e agora temos que ficar explicando o porquê da economia de 5 gerações de uma família tradicional estar ali, dentro de um escritório.
 
edney soares de souza  [email protected]
Roseana à PF:
- Minha dignidade foi sequestrada, esse é o pagamento do resgate dela, se é que vocês me entendem..."
 
wilton matos  [email protected]
Pedi para o Coelhinho da Páscoa. Tinha pedido a presidência da república mas acho que com esse presente fui negado totalmente de assumir tal cargo. Da próxima eu tento com o Papai Noel.
 
supersonic bootlegs  [email protected]
Veio junto com o frango assado na quermesse do último sábado.
 
pedro gonzalez  [email protected]
eu diria que ganhei na loteria várias vezes, como fez João Alves, ao dizer que tem a sorte ao lado dele.
 
pergunta da próxima semana:
"Se você pudesse morar dentro de um filme, que filme escolheria e por quê?"
Sacie a curiosidade de nossa próxima editora, a go-gonzo girl Cecília Giannetti: [email protected].
 
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sobrevivência urbana
pedro vitiello  [email protected]

- Como convencer o maniaco-psicopata-de-cabelos-arreganhados do "flanelinha" a me deixar ir embora sem dar os 5 mangos?
 
Eu estava saindo do bar em uma rua obscura que tinha ido com uns amigos. Ele estava distante, conversando com outro "colega" que cuidava de outro quarteirão.Tinha certeza que era só me aproximar de minha carruagem que ele ia me chamar, irritantemente de "majestade". "Ai majestade, deixa uma caixinha aqui pra gente que tamo trabalhando". às vezes a "caixinha" era "5 real" (ou dez real, dependendo da cotação Dow Jones do dia e, claro, do movimento), ou "groujeta". Ninguém mais falava daquele jeito, só aquele psicótico.
 
Pela Sagrada "Fantástica Fábrica de Chocolates", Sr. Willy Wonka é nosso salvador e os Wompa-Wompa seus profetas! Estava faminto. Precisava dos meus últimos 5 mangos para comer alguma coisa numa loja de conveniências da vida. Não queria me desfazer do meu sonho por um cachorro quente regado a Pepsi e um Prestígio.
 
Estava pensando qual das táticas poderia utilizar. Às vezes usava a da "aproximação sorrateira". Ia me aproximando por trás de outros carros parados, no escuro, até chegar no carro, engatar uma primeira e sair cantando pneus. Não funcionaria. Ele tinha sexto sentido para essas coisas. Quando desse o primeiro passo ele saberia por sua onisciência, viraria, olharia para mim no escuro e seria meu fim.
 
Talvez a aproximação direta. Chegar, falar com cortesia e claramente, olhando nos olhos do cara (tipo me estabelecer como Macho Alpha), dizer até logo e ir embora. Com um canivete nas minhas costas, doado por ele. Humm... não, não ia funcionar.
 
Talvez o papo da velha amizade, perguntar se tinha e/ou como iam os filhos (Atila e Adolf deveriam ser seus nomes), que ia sempre lá e se podia pagar na próxima semana, sem falta. Não, não ia poder.
 
Uma vez cheguei correndo e disse que estava havendo um tiroteio, que precisava sair de lá. Ele me olhou calmamente, com aquele sorriso que só quem matou a mãe a machadada para ir no baile de órfão e disse: Tá bom, mas antes, meus cincão, Majestade".
 
Optei por uma nova: bancar o cego-surdo-mudo. Podia funcionar. Fui andando em direção ao carro e ignorando todos os gritos e gesticulações dele em minha direção. Nem olhei os assobios. Calmamente abri a porta do carro, (sempre tenha a chave à mão), entrei e comecei a ligar o carro no momento que ele chegou correndo e batendo no vidro. "Ô dotô, o senhor esqueceu de pagar"- "Esqueci, não!", engatei a ré, tomando o cuidado de olhar para onde ia e, quando ia me virar para sair cantando pneu ouvi um "Plaft".
 
Assustado, virei para frente e descobri que tinha um novo adesivo. Era o Maníaco. Gritando. Comigo. Pedindo. Meu dinheiro guardado pro rancho da madrugada.
 
"Dane-se", pensei e sai acelerando. Maníaco se esforçava para se segurar enquanto gritava "Ô Majestade, o senhô pode me pagar agora, ligo não..."-Squeeze para a direita- " ... de ser pago agora, por gentileza" - Squeeze para a esquerda.
 
Freei bruscamente, mas ele não se soltava. Sacolejava, sacudia, mas ficava lá, firmão. Virei subitamente uma contra-mão à direita (squeeze para a esquerda), mas ele se segurou com uma mão. Um carro tirou uma lasca do pára-lama, junto com uma calota. Não soltava, mas continuava a ladainha do "pague, pague". Avistei um buraco na rua. Passei por cima. Ele saltou, porém ainda aguentava preso. Joguei o carro repetidamente na guia. A cada solavanco ele ia se soltando e fazendo cara de desespero. Já não falava mais. Bem feito. Dei um sorriso maligno e fiquei jogando o carro até ele descolar em cima de uma pilha de lixo. Ia sobreviver.
 
Continuei a dirigir até meu hot-dog, nervosamente. estacionei o carro em frente, complementei o balconista espinhento. Comi, bebi e percebi então um furo no meu bolso. Nada de "Cinco Real". Fui assobiando até o estacionamento, entrei no carro com cara de pau, dei ré e Plaft! O balconista espinhento grudado no parabrisa, me falando "Senhor, o senhor nos deve 4,99". Saí de ré, cantando os pneus...!

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uma breve história de como chapeuzinho vermelho se safou daquele lobo
carlo gabriel k. pancera  [email protected]
 
Todos já conhecem a história, pelo menos na sua versão oficial. Aquela que contam por aí para a criançada: uma menina boazinha, que usava um gorro vermelho, e levava a comida para a sua adoentada vovozinha, e assim por diante. Existe também uma versão oficial, mas esta é destinada para adultos.

A diferença entre ambas está no final. O lobo não era um lobo e ele não comera a Chapeuzinho e a sua vó de verdade. Além dessas, porém, circulam por aí uma série de outras versões que acabam por colocar em dúvida as duas primeiras. Principalmente se levarmos em consideração que as histórias oficiais tendem a destacar somente aquilo que interessa aos seus financiadores. Um dia desses, a versão abaixo foi 'ouvida' da boca de um internauta. Na realidade, a história continha somente algumas retificações às duas primeiras versões.

Como todos sabem, a Chapeuzinho, no caminho para a casa de sua avó, carregava uma cesta, supostamente cheia de comida. É certo que tinha algo para ela e para a avó comerem, mas não só. Afinal, como poderiam seus pais deixarem a menina atravessarem a floresta sozinha, sem nenhuma proteção? Por causa disso, junto com a comida, trazia uma pistola 765, para o caso de aparecer algum engraçadinho no meio do caminho. E uma caixa de preservativos, para o caso de gostar desse engraçadinho. Isso sem falar na pequena faca que estava presa em sua coxa direita sob o vestido que também era vermelho.

Assim chegou ela até a casa de sua querida vovó. Lá encontrou o lobo glutão, que comera a sua avózinha de uma só vez e que faria o mesmo com ela. Mas estranha muito uma característica dessas num animal selvagem, não? Afinal, todo lobo têm dentes e ele os usa para despedaçar as suas vítimas. Só poderia ser um outro tipo de animal inexistente por essas paragens. Ou, então, um homem. Se esse for o caso, então a versão para adultos tem algo de verossímil. E parece que é esse o caso, a julgar pelo desenrolar da história.

Ao bater na porta, ela é aberta por um senhor, já de alguma idade, talvez da mesma da de sua avó. Chapeuzinho, então, pergunta pela sua já não tão solitária avó. Ela pede para a menina entrar esperar, enquanto acaba de tomar o seu banho e se vestir. Ela entra na casa ressabiada com tão estranha presença, não sem razão, pois o 'senhor' colocara os olhos para cima de suas lindas e tenras pernas. Vendo que sua amante apreciava demoradamente o banho, resolveu investir para cima de Chapeuzinho. Não havia tempo de alcançar a pistola, mas a menina sacou da faca, ameaçando-o. Eles entraram em franca luta. A sua avó não ouvia os seus gritos por causa do bolero a todo volume que tocava, mas um lenhador que por ali passava ouviu. Entrando apressadamente na casa, acalmou o ânimo do 'velho' apontando para ele a sua winchester calibre doze que trazia para caçar pardais.

A avó, de banho tomado e ar feliz, chega na cozinha, encontra todos bastante assustados e em silêncio, que só foi quebrado com a indagação da pobre senhora: 'querem um café?'. A menina, num ímpeto de condescendência, resolveu não denunciar o amante à avó, já que ele a fazia tão feliz e menos solitária. Mas também porque sabia que agora estaria protegida pelo lenhador e dos 'males' que ele poderia lhe fazer. E que, nas próximas visitas, deveria trazer a pistola no lugar da faca. Assim, foram felizes para sempre.

(Correções baseadas na página oficial da Chapeuzinho Vermelho)

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s p a m   c i n e
Viu filme e quer comentar? Entonces mande suas elucubrações cinéfilas pro Spam Zine. Os mais desbocados passam à frente na fila.

should I stay or should I go?
nicole lima [email protected]

O filme: black hawk down. Três horas de ratatatatá tum pow ugh ahhhhhhhh nos ouvidos. desista de fechar os olhos, ou vai ter que perder o filme inteiro. O filme é muito bem produzido, Ridley Scott é fodão mesmo e não adianta, o cara te põe pra pensar. uma coisa me chamou a atenção: não há um papel principal, todos os atores representam papéis secundários. não há final feliz e ninguém se apaixona por ninguém, nem há uma dupla de super amigos que tentam salvar um ao outro. não há moral da história, o filme deixa um pergunta que eu até agora não consegui responder: os Estados Unidos, sendo a maior potência militar do mundo, devem interferir na guerra dos outros? não? mesmo quando mais de 300.000 pessoas já morreram de fome por causa da guerra? sim? e impor a estadonidocracia? ok, let’s all live the american dream.
 
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a mancha
gabriel valmont  [email protected]
 
Mirei na testa do crioulo. Era um desses que ficava jogado nas ruas, pedindo esmola a quem passava. Argh! Detesto esses filhos da puta!
 
Chequei, novamente, a mira.
 
Atirei.
 
A cabeça explodiu, jorrou sangue por toda a calçada.
 
Satisfeito e sorridente, eu voltei pra casa. Preparei um sanduíche pra comer.
 
Morava sozinho. Havia um tempo em que eu dividia a casa com uma prostituta, mas ela morreu. Eu trabalho na polícia, é assim que ganho a vida e é assim que eu sobrevivo. Com o pão na mão, sento no sofá e ligo a televisão. Vejo as notícias do Brasil. Me surpreende como esses pretos não fazem nada pra melhorar o país. É uma raça medíocre. Por isso eu os mato. Mato mesmo, sem perdão. Quando tenho tempo livre ando pela cidade procurando acertar no meio de testas pretas. Minhas escolhas são aleatórias. Se eu perceber que aquele crioulo merece, eu mato. É como as coisas funcionam. Bando de filhos da puta inúteis!
 
Desta vez um crioulo passeava pela praça, lá pelas quatro horas da tarde. Depois reclamam pela falta de emprego, negros preguiçosos, esses filhos da puta! Atiro na cabeça e vejo o sangue se espalhar lentamente pelo chão. Aquele sangue vermelho escuro em cima do jardim, dos bancos, da rua. E vem algumas pessoas tentar socorrer o bostinha no chão, mas é tarde demais. Menos um para atrapalhar o avanço do país. Faço isso para ajudar; é uma grande mudança social. Estou até pensando em juntar uma turma de outros estados. A quantidade de policiais que querem ajudar é imensa. Fico feliz com isso.
 
Eram duas da manhã e aquele neguinho tava dançando um pagode em frente da minha casa. Quando olhei pela janela, parecia ser um menino de uns 12 anos. Nessa idade e nem pensa em cooperar. Raça miserável. Não resisti. Armei a minha pistola e atirei na cabeça do neguinho, que caiu todo espatifado no chão. Pronto, tava resolvido. Neguinho morto. Um crioulinho mirim. Vejam só! Na mesma manhã eu acordei sorridente. Tive um sonho maravilhoso. Acho que foi o neguinho que me fez dormir tão bem. De agora em diante vou passar a matar os pretos pela madrugada. Excelente remédio. Uma maravilha!
 
Olho-me no espelho. Este corpo forte impõe respeito.
 
Mas que... puta que pariu?!!
 
Apareceu uma mancha marrom no meio da minha testa. Tento limpar mas não sai.
 
Procuro a água sanitária, mas também não serve.
 
Que porra!
 
Rapidamente puxo a minha arma. Me olho novamente no espelho. Atiro na testa.
 
Bem na mancha.
 
Menos um.
 
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ser rico, sir roce
jorge rocha  [email protected]
 
Rotina. Entrava toda noite meio que cambaleando pela porta do bar. No começo, chamava bastante atenção, principalmente quando cismava em parar e tentar sorrir — espetáculo freak para vips. Como negar que havia bebida envolvida na história ? A função deste cara era mesmo virar copos — se você se lembrou do aeroporto, aproveite e reserve uma passagem para mim, porque ando precisando de férias. Virava copos sim, mas dos clientes. Abstêmio convicto — uma raça esquecida, junto a outros seres que fazem a festa com Tolkien. Perfeito para servir, sua única embriaguez tinha um fundo quase literário. Embebedava-se com o somatório de conversas e as referências entrecruzadas que catava no ar, enquanto trabalhava.
 
enquanto isso, no outro extremo da cidade, diagramador de revista de palavras cruzadas mata o tempo fazendo anagramas sobre doenças estimuladas e/ou causadas pela bebida. ao seu lado, um vidro de biotônico fontoura. vazio. espetado com alfinetes marcadores. uma espécie de boneco voodoo.
 
Podia ter algo a ver com mensagens subliminares. Ouviu a frase já na primeira mesa que foi atender. A mera noção desse conceito, entreouvido em rodas de discussão regada a cerveja e rabo de galo entre pensadores de bar — tipinhus academicus famigeradus — lhe dava ressaca e ânsia de vômito. Imediatamente. Estava mais para Pavlov, mas fugia à sincronicidade da campanhia enquanto botava os bofes pra fora. Mas, no final, ia ficar limpo.
 
ultraviolência com limão batida espirrando para todos os lados líquidos líquidos líquidos na verdade plasma na verdade restos na verdade vermes que fogem da luz que fogem do solado do sapato que se reproduzem em maior velocidade do que se pode armar uma mistura love and a molotov coquetel.
 
Sorvia em fartos goles as experiências que presenciava à cada noite no bar. Às vezes, dublê de barman, outras tantas deslizando macio e não-linear entre as mesas, arte aprendida intuitivamente com bêbados profissionais. Cambaleava com bebidas de nerds na bandeja quando passou pela mesa redonda, que havia chegado ontem e era antigo sonho de consumo do dono do bar. Mal foi colocada num ponto mais discreto e já havia sido reservada por três dias para um grupo de doze pessoas. A bem da verdade, cinco homens e sete mulheres.
 
aquela mulher que um dia vários homens juraram que poderiam matar por amor agora fazia acompanhar-se de um nerd necessário, bambeando por um e outro muquifo. e o nerd encantado com a fauna e flora que descortinava à sua frente. uma espécie de amuleto, talismã, patuá. fazer o que ? tem gente que coloca cobras, aranhas, orelhas de porco, morcegos e uma ou outra parte da anatomia humana em garrafas e as exibem em prateleiras. e se orgulham de tais fatos, essa cambada de esquizóides que vai acabar povoando a face da terra com suas caraminholas. só que nerds engarrafados não seriam uma boa pedida. ia encalhar tudo.
 
A conversa daquela mesa redonda saturava. Planos maquiavélicos de dominação mundial, que inspiravam viradas em um gole só — pra ver quem agüentava o tranco até o final. Chegou em casa zonzo, plena manhã, sol na cara, cuspindo na porta do vizinho. Efeitos residuais e marcação de território. Constatou que as iniciais de seu nome formavam AA. Não foi trabalhar no dia seguinte.
 
Morreu como Leminski. Ainda cheio de poesia.
 
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eternidade das coisas
carla leandro  [email protected]

Ele continuava deteriorando-se independentemente da minha vontade. Ainda estava inteiro, mas a lei do tempo era mais forte. Não pude senti-lo naquele momento de euforia. Olhava-o fixamente no momento em que ainda estava lá, mas continuava queimando, iria acabar-se logo, embora ainda pudesse vê-lo, até o último momento da bituca. E o fim. Ainda não me conformei com a fugacidade das coisas. E essas palavras talvez sejam um modo de eternizar aquele momento...
 
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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
é sempre duas da tarde na nossa caixa postal ([email protected]) – faça ou peça cafuné, tanto faz: ouvimos bem para ouvir sempre.
 
Enxurrada de respostas (isso é o que dá enfiar o dedo no MaC dos outros)
 
O povo responde - Sobre a pergunta sacana feita no Spam Zine da semana passada - "Por que a maioria dos usuários de Mac são viados?" (leia a compilação completa de respostas no post publicado em 17 de março em http://marioav.com).
 
(http://www.boechat.com/tele) Jean Boëchat:
De onde ele tirou isso?
 
(http://www.calvinone.net) CalvinOne:
Sabia que me faltava algo... Vou virar macmaníaco...
 
Danniel Pizatto:
Bom.. só se ele quis se dizer muito macho por usar Windows...
 
Rodrigo Leif:
PCzista é que curte um pau.
 
(http://www.geocities.com/falameufilho) Bernardo:
A maioria dos macmaníacos pode não ser gay, mas 100% dos gays ligados em informática são macmaníacos.
 
(http://zigmeister.blogspot.com) Zigmeister:
Putz, eu não acho que os usuários de Macs sejam viados. Eu sei que isso é um pouco de mau humor da minha parte, mas na minha opinião usuário de PC é que é viado, porque gosta de levar no c...
 
Marcio Shimabukuro:
Porque não há mais concorrência de viadagem nos PCs, TODOS SÃO VIADOS... E "ficar sem destaque não dá, né mona"? (E ter-se-á a sensação de que na plataforma Mac a maioria dos usuários são viados; na verdade sobram muitos heteros discretos para ter a comparação!)
[sobre a provocação ter surgido num zine literário] Para um porco aparecer, ele não ficará gritando no chiqueiro... É claro que num salão VIP um porco aparece muito mais, uhahuahuauhahua!
 
João Canoa:
Ele que não sabe o que está perdendo... no Mac, claro.
 
(http://www.danielg2.vze.com) Daniel G. Araujo
Quer dizer que computador de "macho" precisa ser feio, ultrapassado e com sistema bugado? Acho que deveria pesquisar primeiro antes de falar. Melhor, deve ter tido uma rixa com um usuário de Mac que era gay ou passou raiva porque não sabe usar um, e agora está descontando nos outros, ofendendo a comunidade. Ou então, deve ter ouvido muito falar na frase "dar pau" e acabou associando... Mas se fôssemos realmente gays, iriamos dizer que damos outra coisa...
 
Dandalo Gabrielli:
Ah!!! Não sei não... Acho que o motivo são as cores. Ficam tão fashion, tao IN, tão dentro da estação. Muito melhor que aquela coisa sem styling toda bege, morta, sem vida. É que o enterro de minha tia Gertrudes foi um horror: lá estava eu, toda de bege, como uma pérola cheia de cores e alegria. Na época o bege era show!!! Última moda!!! Porém, querido, você não vai acreditar no que houve. Apareceu o Rodolfão, e de um jeito que você não vai acreditar também, TODO de bege!!!  Até seu saltinho tinha um detalhezinho bege!!!! Achei aquilo o óh!!!!! Mas, como um Lady, superei tudo!!! E decidi que nunca mais em minha vida saber de algo bege!!!! Até mesmo de roupas peroladas, que são um MUST para casamentos, eu D_E_S_I_S_T_I por completo!!!! Hoje fico com meu Trovão Azul aqui do lado. E com meu mouse Lux Glicerina, que com aquilo vermelhinho vermelhinho deixa minha mãos muito mais macias.
 
(http://www.hiro.com.br/blog) Hiro Kozaka:
Porque não são machos o suficiente para encarar um PC?
Porque gostam de interfaces frufrus?
Porque dão a bunda?
Porque na sua maioria não querem trabalho?
Porque na maioria são videomakers, publicitários e músicos?
Porque como decorador eu coloco um iMac no ambiente e fica o má-xi-mo!
Porque eles são uma gra-xi-nha!
Sei lá o porquê!
Agora sério... porque um Mac é um fetiche caro.
 
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Outros MaC-Inflamados:
 
wellalmeida  [email protected]
Hum, boa pergunta. Seria um pobre hetero proprietario de um PC 486 que num ato de dor de cotovelo aguda teria lançado a questão? Ou será que os viados são mais abastados mesmo? afinal, não tem filhos e família para sustentar, uma namorada patricinha e folgada para gastar, amigos babacas para impressionar com o carro do ano, e etc, etc etc? É, boa pergunta. Aliás, alguém aí sabe porque em comercial de cerveja todo homem é garanhão e toda mulher uma babaca?
 
wilton matos  [email protected]
Isso mais parece constatação de pesquisadores ingleses que não tem muito o que fazer e concluem certos absurdos. Tinha para mim que ser veado ou tinha que ser bicho ou então ter relações sexuais com pessoas de mesmo gênero. É uma forma inglesa de pensar achar que quem usa MAC seja veado. Poderia então dar mais lógica a pergunta da seguninte forma: Por que os veados preferem MAC?
 
nicole comenta: homens ainda são sensíveis a comentários que dizem respeito a sua (homo)sexualidade.
 
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