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052
20 de fevereiro de 2002
curitiba  são paulo  lisboa  campinas  goiânia  rio de janeiro  lagarto
 
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n e s t a   e d i ç ã o:
 
geologia geriátrica  gigi, um vencedor  amizade anónima  de lagartos e lagartixas  escuta, zé ninguém!  flores e flores
 
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editorial
ricardo sabbag  [email protected] 
 
A humanidade está fadada a viver em ciclos de repetições. Perdemos a originalidade. Não criamos, apenas copiamos. E vamos tocando em frente, como se trocássemos de dilema de quando em quando e ainda assim repetíssemos o mesmo método para sobreviver. Sobreviver.
 
Todo dia que passa é parecido com o anterior e nada vai mudar até que o amanhã venha. E amanhã não será diferente de hoje que, por sua vez, terá a cara do que foi ontem há exatamente um ano atrás. E foi assim no tempo do seu pai, do seu avô e de toda a linhagem que deu origem à sua família.
 
E você acorda cedo para ir à aula, trabalhar, tomar café frio, correr até o ponto de ônibus e ainda ouvir desaforos da faxineira porque deixou um copo de água sobre a mesa.
 
Então seria melhor assumir viver no caos de uma vez por todas. Desrespeitar a ordem lógica das coisas e entregar-se à anarquia, porque desse mato não sai coelho nenhum.
 
No fim da semana tem sempre a sexta-feira que reserva um fim de tarde com os amigos, no qual você pode exagerar um pouco na cerveja, contar piadas antigas e rir das sem-graça, lembrando que terá dois dias de ócio e tédio pela frente. E você não irá visitar sua avó porque, afinal de contas, você já trabalha a semana toda e são apenas dois dias que você tem para descansar.
 
Então você vira Teseu no labirinto, perdido e à espera de encontrar seu minotauro em cada nova esquina desconhecida. Está perdido e o tempo que lhe sobra apenas conferirá poucos instantes para pensar na morte. E ninguém mais vai perdoá-lo por sua honestidade, por ter deixado a luz acesa antes de sair ou por não ter agradecido o presente de grego naquele natal frio e desagradável.
 
Mas há sempre a guerra, que serve de artifício para a purificação.
 
Então seus rituais sociais são substituídos por ordens superiores e a espera pelo tempo de paz e difícil. Quando vem a calmaria, qualquer brisa é motivo para se comemorar.
 
Haverá um Big Brother à nossa espreita?
 
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É até pretensioso, mas gostaria de fazer um adendo sobre o texto acima.
 
Esclareço que não se trata da representação do meu estado de espírito, que é de extrema suavidade, por razões particulares. Trata-se apenas de um exercício de estilo, que lembra que mesmo nos momentos mais felizes, vale-se visitar seus lugares escuros e atiçar os demônios.
 
Poesia é liberdade, afinal.
 
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A partir da edição do próximo domingo o Spam Zine começará um revezamento de editores. A intenção é dar uma folga tanto a nós, deste lado da tela, quanto aos leitores, enchendo de gás esta publicação que segue seu rumo independente; independentemente dos maus presságios.
 
A primeira da série que deve duarar quatro semanas será capitaneada por Suzi Hong sob o tema especial "Mesa de Bar". Prepare, portanto, o seu tira-gosto e o canapé. Renove o estoque de histórias, puxe uma cadeira e fique à vontade. No boteco Spamzineiro tem lugar pra todo mundo. E salta lá uma porção de quibe, Zé!
 
 
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a velha geóloga
daniela motta  [email protected]
 
Macarrão instantâneo, molho pronto de bolognesa, suco de maracujá em caixinha, leite longa vida, ração para gatos, arroz em saquinho, massa semi-pronta para bolo de fubá, papéis higiênicos e geléia de morango.
 
Parece que alguém vai passar o fim de semana só. Talvez um pouco menos que eu própria. Me perco nessas divagações enquanto as compras passam na minha frente, como fragmentos da vida alheia e tento analisar o conteúdo delas para descobrir um pouco a respeito de cada pessoa que passa pela minha caixa registradora.
 
Não fosse pelo emprego, creio eu que essa pobre que vos fala já teria enlouquecido. As novelas e romances não mais supriam a minha necessidade de contato com a realidade porque ambos se tornam cada vez menos verossímeis. Clones, ciganos, escroques desalmados, toda uma estirpe de improváveis que pululam nos roteiros da tevê e nos contos de Mega Stores.
 
Houve um dia em que eu possuía vida própria, sabe? Eu sentia a água do mar lamber os meus pés, o vento desgrenhar os meus cabelos e uma mão quente se agarrar à minha. Beijos urgentes, abraços canhestros e mãos lascivas a me percorrer.
 
Hoje eu luto para não me tornar um autômato, tec, tec, tec na caixa registradora. Tento olhar para as pessoas, suas comprinhas e as teclas da máquina como coisas da "mais alta relevância", como elementos da enorme teia do universo, como as peças do jogo do qual eu participo e com as quais eu me aventuro para vencer. Me perco em devaneios acerca disso... eu sou uma importante chave para os planos traçados por Deus, sou a rainha mãe do tec, tec, sou não só a funcionária do mês, como a funcionária do Onipotente.
 
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trajetória de um vencedor
paulo salles  [email protected]

Não mintam para mim. Não venham me dizer que vocês não se lembram do Gigi. É claro que se lembram. O Gigi. Ninguém sabia o nome verdadeiro (Gilberto? Reginaldo?). Magro, voz afetada, sempre desmunhecando escandalosamente e observando o movimento da rua, sentado sobre o muro baixo do sobradinho onde vivia com a mãe, bastante idosa (se eu não me engano, o pai já era falecido – de desgosto, provavelmente). Ganhava seus trocados como cabeleireiro, manicure, qualquer coisa assim – naquela época (1981-82) e lugar (uma cidade do interior paulista), as únicas opções profissionais à sua disposição. Nossas mães nos diziam para ficarmos longe dele, “um doente”. Que ele era revoltado e perigoso. Que de vez em quando tinha uns surtos e saía correndo atrás do primeiro homem que passasse pela rua. Não sabíamos se a acepção de “homem”, no caso, incluiria meninos de sete anos de idade, ou seja, nós. De qualquer maneira, tínhamos medo do Gigi e conhecíamos as lendas: se ele agarrasse e beijasse algum de nós, o infeliz se tornaria igual a ele pelo resto da vida. Nunca tínhamos visto acontecer, mas sabíamos.

Naquela época, o Gigi era a pessoa em quem eu menos apostaria. Mas é impressionante como as coisas mudaram na vida dele. Até hoje, mesmo vivendo em São Paulo (aliás, nos Jardins), não passo muito tempo sem receber alguma notícia do Gigi pelas revistas, jornais ou mera observação do cotidiano.

O Gigi sofisticou-se, intelectual e financeiramente. Foi morar sozinho (a mãe, se ainda não morreu, deve estar em algum asilo). Trabalha como estilista, produtor, designer. É um cavalheiro apresentável em qualquer ambiente. Recebe convites para vernissages e pré-estréias. Fala inglês e francês. Conheceu Nova York e Londres. Viu todos os filmes de Stephen Frears. Descobriu a música eletrônica, o jazz e o Renato Russo. Aprecia teatro e ópera. Sabe se vestir, decorar a casa, cozinhar e escolher geléias belgas para comer com biscoitinhos dinamarqueses. Aprendeu a ler tarô e mapa astral – não, isso ele já sabia desde aquela época. E dispõe de uma infinidade de bares, restaurantes e casas noturnas só para ele e para as pessoas que se “identificam” com ele.

Quem diria – o Gigi chegou lá. Quando comparo minha própria trajetória com a do Gigi, nas últimas duas décadas, e penso nos respectivos pontos de partida, não posso deixar de admitir que, afinal de contas, quem se deu bem de verdade foi ele. Resta-me apenas, do alto da minha irrelevância, cumprimentá-lo, com resignação:

– Parabéns, Gigi.
 
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"Você já se alegrou com a desgraça de alguém? Conte como foi"

ana antoniolli  http://metalbabyblog.blogspot.com
" No final do ano, tive um probleminha sangüíneo e por isso precisei ficar 2 dias de molho no hospital recebendo transfusão de sangue e numa das madrugada de um destes dias, desligaram a luz da enfermaria e me deram um misturado de soro com buscopan por causa da dor nos rins...

Meio dopada por causa do remédio e revoltada por que eu queria estar com o povo bebendo e não deitada naquela maca passando mal, decidi tirar um cochilo pra ver se as horas passavam logo para que tudo terminasse logo e eu sumisse dali correndo... De repente, escutei alguns barulhos vindos do corredor e conforme a porta foi abrindo, junto com a luz do corredor, entram no quarto 3 vultos brancos e um meio azulado, sendo um deles em forma de um merengue.

Morro de medo de fantasmas, assombrações, vultos, almas penadas e se não estivesse dopada e com aquela gelco colado na minha veia, já teria saído dali no maior pinote. Quando acenderam a luz, coloquei o óculos e vi o que eram os tais vultos : 2 enfermeiros (que se vestem de branco oras) colocando uma noiva na maca da direita e a madrinha dela na da esquerda.

Isso mesmo: uma noiva!!! E a madrinha, é claro...

Interessada pelo caso, esperei a noiva parar de enfiar a cabeça no balde para "regurgitar" e perguntei o que tinha acontecido. Ela me explicou que ela e a outra garota, a madrinha, tomaram um tremendo porre misturando vinho com cerveja para comemorar e não aguentaram o tranco e estavam ali pra tomar glicose.

Onde estava o noivo???
 
Na enfermaria masculina passando pelo mesmo processo junto com o marido da madrinha, quer dizer, com o padrinho...

Resultado: todo mundo tomou o seu litrão de glicose e foram indo embora me desejando melhoras e eu fiquei lá de molho, rindo muito é claro...
"
 
wilton matos  [email protected]
"Sim. Com alguma freqüência os jornais noticiam acidentes causados por "rachas" nas ruas. Carros em alta velocidade, vidas inocentes em jogo e no volante menores, jovens burgueses fedorentos, seja lá quem for. Quando morre uma criatura abominada por muitos como esses sinto um ar mais leve e um sorriso é inevitável. É menos um louco no trânsito e ainda bem que não ficou tetraplégico ou paralítico, morreu mesmo, afinal seria um peso no fardo familiar. É a pena de morte decretada por eles mesmos e executada igualmente. Sorriria muito mais se não houvesse esse tipo de demonstração podre de burguês sem a morte da vida, a que devemos valorizar mais a nossa e respeitar a dos outros."
 
mario r. mendes junior  [email protected]
"Não sei se foi propriamente alegria e desgraça, mas no Sábado de Carnaval, à noite, parte da minha família se reuniu numa praça para ouvir o trio elétrico, e tomar cerveja e uma "vaca loira" toda fogosa, com duas pedras vermelhas no lugar de olhos, começou e incomodar quem estava perto com jatos de espuma - aquela desagradável espuma em spray usada em festas - inclusive a nós. Aquilo grudava na roupa e pele e cabelos e manchava meus óculos. Apenas respingos. Num dado momento, eu de costas, ela mirou e mim e apertou o spray e eis que eu me viro e vejo a cara da "leiteira" morrendo de rir. Não tive dúvida, passei a mão num tubo de espuma de uma garotinha que estava perto de mim e tentei atingi-la mas só consegui uns respingos também.

Avisei-a que não me sujasse com aquilo e ela continuou a me ameaçar jogando de longe, até que ela atingiu um rapaz que estava com outros cinco, todos munidos dos tais tubos de espuma. Aconteceu um ataque em massa e a dita cuja virou uma bola branca e grudenta. Os cabelos (loiros e compridos) ficaram todos lambuzados. Foi aquela vaia geral e eu me senti vingado. Creio que nunca mais ela vai querer  ouvir falar de espuma em spray."

pergunta da próxima semana:
"Qual foi a pior coisa que você fez depois de um porre?"

Se você ainda se lembra de alguma coisa: [email protected]. Vale também relato de amigo que esteve presente na referida ocasião. Menos os meus quando viram os meus vexames.
 
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aa - amigos anónimos
joão verde  [email protected] 
 
Vamos ser amigos? Quero ser teu amigo ou quero ser tua amiga, coisas que se dizem quando se termina uma relação. Coisas que se dizem quando ainda se consegue dizer alguma coisa. Ficam de fora os casos em que se fica demasiado abafado e sem reacção para dizer o que quer que seja, assim como os casos que terminam à estalada. Nesses não se diz nada. Só existe silêncio ou então o som seco da mão que embate na face. E que há pessoas com a mão pesada, isso há.

Mas então em que ficamos? É possível ser-se amigo de alguém depois de terminar uma relação com essa pessoa, quando ela termina porque uma das partes fez uma valente borrada? Mesmo que a parte culpada assuma as culpas, peça perdão e ofereça amizade ilimitada dali para a frente? Teoricamente sim. Na prática tenho muitas dúvidas. Sinto-me confiante o suficiente para dizer que a maioria das pessoas não guarda relações de amizade com quem já teve uma relação que não resultou. Porque normalmente ficam ressentimentos, ficam marcas que desde o mais leve ao mais profundo são difíceis de apagar.

Quando se deixa alguma coisa para trás porque essa coisa falhou, deixa-se para trás algo que não era bom para nós, algo que afinal não era o que se esperava ou que não atingiu a melhor das nossas expectativas. Deixa-se para trás algo que afinal não deu para suportar. Ao assumir uma amizade com quem fica para trás, perpetua-se a memória daquilo que falhou. E será isso interessante? Quererá uma pessoa seguir em frente com a sua vida mantendo uma memória viva - sob a forma de um amigo ou amiga - daquilo que já deixou para trás, daquilo que falhou?

Podemos até guardar bons sentimentos para com a outra pessoa, podemos querer-lhe muito bem, podemos até recordar que boa era a sua companhia quando tudo parecia funcionar, mas temos também o direito de sentir que a nossa vida continua em frente de uma forma muito mais saudável e liberta se essas recordações do passado ficarem precisamente aí. No passado. Temos o direito de rejeitar a proposta de amizade que nos façam, mesmo que não queiramos mal a quem no-la apresenta. Como que uma indiferença. Como que pensar "eu até continuo a ser teu amigo, mas não quero manter contacto contigo". Ajudar quando essa pessoa tem dificuldades, ficar feliz com as suas alegrias, triste com as suas tristezas, quando por algum acaso se fica a saber alguma coisa, mas fora isso manter uma vida distante, esquecendo, afastando. Seguindo linhas divergentes. Creio ser esse um caminho bem mais saudável para duas pessoas que se separam após um processo penoso e conflituoso, mesmo que depois tudo acalme.

Civilizados como queremos ou julgamos ser, precisamos entender este tipo de atitudes e não ficar com ressentimentos quando alguém nos vira as costas, quando alguém nos deixa de falar, deixa de aparecer, de telefonar, de perguntar como estamos. Precisamos entender que essa pessoa apenas decidiu levar a sua vida em frente. Para outro lado. Emigrou. Porque quis, ou porque nós lhe demos boas razões para tal. É assim que ficamos como que amigos anónimos. Pessoas que nunca se esquecem porque fizeram um dia parte de nós, mas que o vento empurrando as suas velas levou para outras paragens. Pessoas a quem
não queremos mal algum, mas não queremos permanecer ligados. Talvez um olá ocasional, talvez um "como tens passado?" de vez em quando, mas não mais que isso.
 
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m e n i n o s   e u   v i 
Seus olhos são nossas câmeras. Entre e olhe à vontade. Mas não vale acusar ninguém de plágio. Bote a boca no trombone em [email protected].
 
big brother brasil
wilian pereira  [email protected]
 
Crimestop, blackwhite, doublethink, telescreen. Pra maioria do mundo, isso não quer dizer nada, nem jamais vai. Um, porque é muito tarde; depois, porque o Brasil tem mais farmácias do que livrarias. Somos mais doentes do que informados. E a informação que nos chega é doente.
 
Esperei até o início do programa para falar alguma coisa. Poderia ter ficado calado, mas foi demais. “São 35 câmeras e 60 microfones”, disseram orgulhosos Pedro Bial e Marisa Orth. Aliás, ela quase não falou nada. Confundida com seus piores papéis a atriz resolveu incorporar o papel de Magda e só conseguiu dizer besteira desarticulada e fazer uma porção de piadas sem nenhuma graça.
 
Big Brother não existe e está em toda parte, como o seriado, e no mundo todo provoca frenesi e picos de audiência. Big Brother tudo vê e tudo escuta, apesar de ser invisível. Big Brother é nosso Grande Irmão, ele cuidará de nós.
 
Movidos por um prêmio semi-milionário, 12 pessoas bonitas se enfurnaram numa casa e estarão lá (e aqui!) pelos próximos 3 ou 6 meses, ninguém sabe. A apelação do programa - como era de se esperar e imitando a baixaria da Casa dos Artistas e da Banheira do Gugu – começou pelo ponto que mais satisfaz o espectador não só brasileiro, mas mundial: infidelidade, sexo fácil, vida fácil, felicidade alheia, inveja, competição e, sobretudo, muita, muita bunda de fora.
 
Só se pode fazer o que se ouve pelo auto-falante, ou pela grande e plana televisão da sala, de onde saem as ordens da boca murcha do Pedro Bial: “Não façam isso até que eu mande! Fiquem no carro até o limite. Xixi é proibido. Dormir é proibido. Até fechar o olho é proibido. No máximo, abram as portas. Se não, ninguém come frango nem ganha o carro.”
 
No romance de George Orwell, o cidadão de Oceania - membro do único partido e sem nenhuma liberdade -leva uma vida regrada e controlada pelo Grande Irmão, sempre presente nas milhares de telescreens espalhadas por todos os cantos, despejando lixo, igualmente acompanhado, nos chamados “memory holes”, trabalhando 40, 60 horas por semana (quantas forem necessárias!), divertindo-se unicamente com os linchamentos públicos dos ditos “inimigos do Estado” e dopando-se com seus “Power Gin” e “Power Cigarettes” para recuperarem um pouco de sua sanidade. (Não me desculpo nem suprimo os termos em inglês: quem entende “Big Brother” deve mesmo entender o resto).
 
Juntando-se Jornal Nacional, Programa do Ratinho, uísque, Marlboro e maconha, temos a mesma coisa.
 
Em cada região de Oceania, os membros do Alto Partido têm a cara da população local, para não gerarem nem estranhamento nem choque nos comandados. O que todos têm em comum é a obediência cega ao Partido, uma espécie de idolatria burra ou fingida, e um medo constante de serem presos, torturados, mortos e definitivamente apagados da História. Ou expulsos do programa!
 
A grande campanha que nos preparou para a chegada do nosso teleamigo onisciente parece ter funcionado bem. No slogan, uma grande lente filmadora sugere: “Big Brother is watching you!”. O título não poderia ser mais revelador, nem foi escolhido por simples acaso.
 
No romance, “Crimestop” é a habilidade de eliminar um pensamento crítico (logo perigoso) antes mesmo que ele se forme. “Blackwhite” é a capacidade de acreditar igualmente que branco é branco e é preto, que o que é preto também é branco, e que uma coisa pode perfeitamente ser o seu exato oposto sem que nisso se veja qualquer contradição ou problema. “Doublethink” é a base de todo o sistema, que nos permite acreditar ou não em algo, até à morte, conforme convenha ou nos seja mandado. Ainda mais esclarecedores, os slogans do Partido acontecem de ser justamente:
 
FREEDOM IS SLAVERY
WAR IS PEACE
IGNORANCE IS STRENGHT
 
Nada mais propício! Com uma espécie de voyeurismo sádico, misturado com um tédio conformado e uma alienação generalizada que só quer se divertir, sentamos frente ao nosso telescreen e observamos, contentes, os absurdos dia-e-noite-vigiados por que têm de passar os 12 grande eleitos, os 12 macacos que denunciam nossa já antiga extinção crítica, intelectual e, facilmente, humana.
 
Estamos felizes por – agora sim! – termos um programa diário que nos entretenha, e por podermos observar todos os detalhes daquelas vidas artificialmente privadas fazendo as mesmas coisas que sabemos mas ainda não tínhamos visto na televisão: pequenas traições, competições vazias, o biquíni que enroscou na toalha, o jeito porco como alguém come, o biquinho do peito da gostosa distraída.
 
Além de sermos vigiados e controlados, gostamos de vigiar. Por conta de uma falsa interatividade, Big Brother nos deixa brincar de sala de controle (ou Sala de Justiça, já nem sei), votando pela internet para escolher a figura sórdida que deve deixar o programa na semana que vem.
 
A vida privada nunca esteve tão próxima da minha privada. Super Homens e Mulheres Maravilhas fantasticamente lutam contra o mal do quarto vizinho e seguem, íntegros e bonitos, rumo ao grande prêmio do grande final, em cujos anais somente um grande vencedor pode constar!
 
Lindos e brasileiros, como riem nossos pequenos Trumans! Quanta felicidade encontram na casa ultra-chique em cuja despensa só há “arroz, feijão e goiabada”. Passar fome faz parte do jogo, mas é bom, como é excelente tirar os sapatos apertados ao fim do dia, ou deitar na própria cama depois de uma grande viagem. Se forem obedientes, quem sabe não ganham chocolates? (Bem, espero que a veterinária explique, porque certamente escapa do domínio de Freud).
 
Big Brother está nos preparando – adolescentes e adultos – para acharmos bem legal, justo, honesto esse negócio de vigiar, monitorar, controlar, racionar e limitar tudo. Depois aceitaremos melhor que sejamos (explicitamente!) ainda mais controlados, vigiados, privados de nossas necessidades básicas. A aparência é de pompa e de luxo, mas o miolo da casa é podre.
 
Os Teletubbies viviam coloridos e chapados numa terra de ninguém, sorridentes e mansos ao obedecerem os gentis gritos dos alto-falantes. Somos iguais. Iguais ao Big Brother, à Globo, à propaganda oficial, às mentiras de imprensa que dócil e voluntariamente engolimos sem arrotar, pedindo mais na janta, mais pra depois da sobremesa.
 
Acontece que “1984” aconteceu em 2002. Triste infortúnio. Estamos todos preparados, burros mas felizes, engordando o Ibope do Grande Irmão. O prêmio é grande, 500 mil!, e quem é que não gostaria de estar lá? Mas seríamos bonitos ou exóticos o suficiente para sermos eleitos? Será que nesse zoológico humano cabe alguém que seja normal?
 
O clima é de mais completa simpatia, leveza. Vou estar assistindo ao primeiro que chorar, à primeira meia-cena (sempre, mas suficiente) de sexo, a todos que forem embora. Depois vou comprar as revistas em cujas capas sairão os pobres e injustiçados eliminados. Depois vou ler as entrevistas em que revelarão os detalhes que as câmeras ocultaram, o que era o mais real e que foi tão vilmente censurado do meu farto senso crítico. Depois farei minha inscrição para o próximo programa, certo de que não serei escolhido, mas esperançoso, como quem joga numa pequena Mega Sena televisiva.
 
Logo só pensarei nisso, sem perceber, e me julgarei ainda mais crítico, mais bem-informado e maior conhecedor do que seja a verdadeira natureza humana. Como contestar? Quem ousa? Eu vi tudo na TV, ela não me escondeu absolutamente nada. Agora eu confio nela. Ela é a grande mãe.
Big Brother é mesmo meu irmão: somos gêmeos!
 
 “BIG BROTHER IS WATCHING YOU!”
 AND I AM WATCHING BIG BROTHER!
 
Nota do editor: Na seção "meninos eu vi" da edição #051, publicamos o texto de Marcel Novaes sobre o II Fórum Social Mundial sob o crédito de Marcel Passos. Pedimos desculpas, Marcel (Novaes), pelo erro e aguardamos novas colaborações.
 
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lagartixas
al-chaer  [email protected]
 
O azulejo do banheiro estava úmido. Não muito úmido. Banho quente. Não muito quente. Mas o dia estava frio. Não muito frio.
 
Esta mania de fazer experiências, que trago da infância, dos quintais (este elemental em extinção), de dividir o tempo com os habitantes da terra e das árvores, com quem eu conversava, num dialeto de brilho que toda criança entende quando fica frente a frente com os seres vivos de mais de duas patas.
 
Galinhas e patos não tinham graça nenhuma para mim. Confesso que, com relação aos galos, admirava três particularidades: a crista, a espora e o canto. E admiro até hoje (mais ainda depois que li o poema “Galo Galo” de Ferreira Gullar, in A Luta Corporal, 1950-1953). Mas Ferreira Gullar eu iria conhecer mais tarde pois, quando criança, a iniciação da poesia passava por mim através dos insetos. Os voadores.
 
Os pássaros, eu respeitava. “Voar é com os pássaros”. Eu já sabia que um tal de Alberto tinha inventado o avião, que já me fascinava pelo seu invento e por ser meu “xará”. Mais tarde, eu viria a nutrir uma pequena aversão pelos americanos, pela polêmica sobre quem inventara o avião, mas desta rixa eu me libertei quando li a lenda de “Ícaro”, já entendendo um pouco sobre as paixões e, definitivamente, quando estudei os recortes de Henri Matisse – “série Jazz” – Ícare, 1947, quando eu me dei conta de que Ícaro era eu. Delírio.
 
Fiquei fã dos marrecos, quando aprendi que os machos bípedes desta espécie possuíam pinto. Pênis, para usar a palavra científica correta e agradar a professora de ciências – boazuda como a professora de português  (como as duas!) - que já ensinavam para mim e meus colegas, através dos hiatos das suas saias e elisões dos seus decotes – língua portuguesa e literatura sempre foram meu forte - que o pinto servia para, além de mijar, ficar duro.
 
Dentro de casa alguns animais moravam comigo. Num misto de medo e curiosidade, características que então já me colocavam no rol dos cientistas, eu tentava chegar mais perto daqueles bichos, na maioria insetos. Também, sem saber, eu já demonstrava aptidão para antropologia, pois trazia comigo algo que li já na faculdade, nas aulas de Metodologia Científica como sendo empirismo, pois sem nenhuma teoria, já fazia programas de aproximação para contatos com aqueles seres e ia registrando os fatos (a mesma metodologia usada pelos  irmãos Villas-Boas nos contatos com os indígenas). Mas eu não fotografava. Fotografia, naquela época, era caro demais. Filmar? Fora de cogitação. Não havia orçamento para isto. Apenas anotações à lápis nas folhas não utilizadas dos cadernos de escola dos anos anteriores.
 
As borboletas experimentam a epifania da transformação depois de passarem de lagarta à crisálida. Esta metamorfose eu deixaria para estudar mais tarde se viesse a ser Biólogo (o que não aconteceu), pois achei aquilo muito complexo. Até hoje isto me intriga. 
 
As formigas são extremamente organizadas e têm um método próprio de comunicação e rapidez de propagar informações de fazer inveja à Internet via ADSL ou via cabo. Quando uma se cruza com outra, tocam suas cabeças – eu, sempre romântico, cadastrei como sendo “o beijo que fala” – de passagem, rapidamente, transmitindo as mensagens.
 
As cigarras, que brotam do chão, sempre à noite, subindo pelas árvores ainda nas cascas e, libertando-se depois, numa fantástica luta pela vida, para depois ficarem cantando e cantando. Classifiquei o canto das cigarras como um Hino à Liberdade, no rodapé, cheguei ao preciosismo de destacar “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós”. Nascia ali, precocemente, já com características de redação técnica, meu primeiro artigo científico. Observei que o canto das cigarras antecipava as primeiras chuvas de setembro, iniciando a estação chuvosa do centro-oeste e, mais bruxo que meteorologista, aproveitava deste conhecimento para impressionar as minhas colegas de colégio, o que na época, não adiantou muito para meus anseios com relação aos âhn?!-seios delas. Charlatão.
 
A propósito, sobre aquela fábula “A Formiga e a Cigarra”, eu achei uma babaquice. Esta estória contribui para que os músicos não sejam reconhecidos como trabalhadores. Muitas cigarras interrompem uma carreira promissora, para agirem como formigas. A música (leia-se educação e cultura) transforma o homem, o que não é interessante para as corporações que precisam de abundância de formigas, operárias e oprimidas. La Fontaine, vá a merda!
 
A paciência das aranhas e a perfeição de suas teias, hoje eu sei, depois de ter o Homem-Aranha como ídolo e AL-gumas mulheres na minha rede, que o tempo é uma medida entre estratégia e ação. 
 
Um dia, deitado numa rede, passando férias na fazenda de minha tia, nesta época meus interesses estavam voltados para os répteis, olhando uma lagartixa na cumeeira, caçando insetos, aconteceu o que você está imaginando: a lagartixa caiu em cima de mim. Mais precisamente na minha coxa esquerda, aquela que tinha a importante função de contrabalançar a translação de meu centro de gravidade (já começava a gostar de geometria e física), na hora do chute de direita, com a parte de dentro do pé, quando batia faltas da entrada da área, por cima da barreira (“é falta na entrada da área, adivinha quem vai bater?”, Jorge Ben, infelizmente batizado Jorge Benjor por influência desta tal de numerologia). Zico, “ca-miiiiiii-sa número 10!” (saudades de Jorge Cury). Não acredito em números, pero que hay, hay. Meu número é 7, para garantir. Cabala.
 
A lagartixa é ge-la-da. Assustei. Mas me contive. Era uma lagartixa fêmea e estava deitada na minha coxa, cujos pêlos já se apresentavam, fruto dos mililitros a mais de testosterona que o genótipo árabe me deu. Como eu sei que a lagartixa era fêmea? Simples. Eu já sabia que minha coxa tinha outras funções mais nobres como abrigar a cabeça de uma fêmea. E, uma verdadeira fêmea sempre cai do céu. Pois não dá para acreditar que estamos com aquela mulher ali na nossa frente. Cientista é meio cético.
 
Não é que o dia estava frio. A janela do banheiro é que estava aberta e entrava aquele vento chatinho, que sempre entra, mesmo que a janela e a porta estejam hermeticamente fechadas. Lei de Murphy. Mas, todas as outras leis foram revogadas, naquele momento. Nem o friozinho que fazia, nem a parede molhada, nem o sangue frio dos répteis. Nada disto. Sangue quente que inverteu a lei da gravidade e dos animais: uma lagartixa fêmea subindo, “de costas”, pela parede molhada, arrastando-me, Ícaro, num vôo duplo, muito mais derretido.
 
No outro dia, flores.
 
No cartão, um poema: “me ven-s / te vôo-s / nus v-amo-s
 
Assinado: “c-AL-ango.”
 
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s p a m   c i n e
Não se faça de rogado e mande ver no comentário sobre seu filme preferido. Melhor que perder horas naquela discussão de bar depois da sessão em que seu interlocutor termina a conversa com um "ou não". [email protected].

o diário da princesa
marcelo sawasato 
[email protected] 

Lembro-me de quando era um teco de gente e ia ao cinema: Que prazer imensurável!

Era maravilhoso, comprar o ingresso, a "picoca" e sentar no meio da platéia.

Os instantes que antecediam o início do filme, eram de pura fascinação.

Minha paixão por estes antros de fantasia começou em meados dos anos oitenta, quando minha mãe me levava para assistir filmes japoneses no bairro da Liberdade.

O tempo passou, e esses cinemas que eu adorava, continuam sendo antros, de outro tipo, infelizmente.

É verdade, talvez eu seja mais apaixonado pelo cinema do que pelos próprios filmes...

Perdoem esse lapso saudosista. Há muito tempo não me sentia tão bem.

Fui assistir ao "O Diário da Princesa". Um filme simples, descompromissado. Um filme padrão Disney.

Mas ele tem um diferencial chamado Julie Andrews.

No jargão popular, "quem é rei, nunca perde a majestade". Bem, o papel de rainha não poderia ter ficado em melhores mãos.

A eterna Noviça Rebelde (na minha opinião, é por este papel que ela deveria ter ganho o Oscar, me perdoem os fãs.de Mary Poppins.) faz valer a pena o ingresso. Até ignorei o fato de estar no Cinemark Shopping D que, no meu entender, é o pior da rede.

Anne Hathaway também está muito bem no papel de neta que se vê de uma hora pra outra como herdeira do trono de Genóvia, país governado por Andrews.

Destaque também pra Hector Elizondo (pra mim, ele será eternamente o turista azarado de Private Resort, aquele filmeco que passou milhares de vezes no SBT e que eu assistia só pra ver meia dúzia de seios à mostra), como agente de segurança da rainha.

No meio de tantas "obras-primas" com as quais temos sido presenteados ultimamente, "O diário da Princesa" cumpre sua função: diverte, com classe. Alguém quer mais do que isso?

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o todo por partes
theo  [email protected]

Minha lombar dá pano pra manga. Reich, sujeitinho interessante, achava que tudo aquilo que descaracteriza nosso corpo, distanciando-nos de nossa forma original (aquela que, aos 5 anos, me permitia sentar no chão com a coluna ereta, sem sequer pensar nisso) são tensões resultantes de pressões que a gente é forçado a encarar - relações familiares, profissionais, escolares, amorosas e sabe deus quais mais. O resultado dessas tensões no corpo ele chamou de couraça.
 
Aí ele achou razoável supor que para, digamos, tratar dessa enfermidade (a couraça), não bastaria deitar num divã e bater um papo com um sujeito. Acabou concluindo que o melhor remédio seria o prazer - gargalhadas, dança, orgasmos... Eu, de minha parte, só posso corroborar a tese do Wilhelm: quando fiz um cursinho de teatro, há 11 anos, e experimentei pela primeira vez o prazer de dançar, passei por um bocado de, ahm, mudanças. Passei a sentir o cheiro das coisas (meu olfato, normalmente, é dos sentidos mais inibidos), comecei a chorar frequentemente, por prazer, alegria, por nada, em situações absolutamente corriqueiras (adoro chorar) e sexo nunca foi tão bom como naquela época.

Há algumas semanas conversei com meu mestre de Técnica Alexander sobre índios. Parece-me evidente que eles (os índios) não padecem destes (e de outros tantos) nosso males. Pra começar, índio não tem chefe. A gente, ignorante, diz que o cacique é o chefe da tribo, mas na verdade é só um índio mais velho, mais sábio, capaz de ajudar a resolver eventuais pendengas e transmitir conhecimento. Ou seja, índio passa a vida sem receber ordem. Vive no mato, a céu aberto, seria incapaz de sobreviver num apertamento - claustro evidentemente opressor, só nos faz diminuir em todos os sentidos. Índio, quando fala com uma criança, agacha. Fica no mesmo nível. Não há subordinação de nenhuma espécie.
 
Eu quero a plenitude, quero ser selvagem.

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tratado das flores
luiz marcel  [email protected]
 
Já não há mais algo que machuque...
porém,
continuo assim:
lânguido, atroz, perdido entre as paredes.
Vontade louca de rasgar corações, esfoliando egos;
usar antologias poéticas
para limpar as manchas deste estupro inevitável.
Não me vejo:
assombrando teus castelos;
procurando adjetivos;
ouvindo nossas canções;
viajando, velejando...
 
Não me importam as índoles episcopais
dantes ditadas por tua boca mundana.
Vou, sim,
povoar corpos olentes
vestidos de organdi,
e coexistir, violentando tuas deduções.
Chover...
numa garrafa de vinho, escrever as frases poéticas
ditadas, ora vãs, por lábios amargos de absinto.
Ser louco,
fazer fantasias sobre o amor
e iludir...
Há algo na estranheza dos ventos frios de junho.
 
Todas as flores estão murchas no seu jardim.
 
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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
Mande o nome do seu ente querido para nossa sessão de descarrego. Dê seu testemunho na caixa postal mais agitada do Brasil: [email protected]
 
"Aproveitando o comentário crítico do graaande Ricardo Sabbag (Caco, para os desavisados) sobre os comerciais de cerveja cujo mote único é sexo, gostaria de jogar-lhes as seguintes coisas pra pensar:
1. não é o quinto dos infernos a gente querer ver uma sátira à já depauperada (desculpem o duplo aí) história do Brasil e dar de cara só só só com coxas.e.bundas.e.peitos.siliconados.ou.não.de.globais.sarados.e.nem.tanto.o.tempo.todo.como.quem.acha.que.ver.só.isso.o. .tempo.todo.não.enche??? Tenham dó os caras que descobriram a pólvora e acham que tudo acabou por aí, dá um tempo mermão , acho que tem mais coisa que interessa a gente, depois ninguém aqui recebe participação de lucros por essa torração, os caras deviam falar um pouco sério com o limite de trash de todos nós, cadê o respeito, isso é que é faturar em cima da gente, jogar essa cocozeira no ar apostando que a gente vai ter que engulir, olha só que mafiosos maquiavélicos muquiranas, mmm's!!!
2. junte o acima mencionado com aqueles programinhas da tarde, ou fim de tarde, digamos assim  ("licença poética") da "happy hour", nos quais o cara só fala abuso.estupro.gayspobres.sexocomanimais.comgenteinválidaoumorta.enchentes.secas.finançasdepolíticos.políciabandida.etc.
3.malsatisfeita a sanha escato-depravo-animalesco-mórbido-assassina dos donos de tv, temos agora a mais recente apelação ao voyerismo, com esse lance de fechar um monte de gente numa casa e deixar rolar, enquanto os teledébilexpectadores ficam ali, com os olhos esbugalhados, esfregando as mãos, ofegantes e salivosos, tal qual o cientista.maluco.radiante.diante.da.gaiolinha. dos.ratinhosbrancos aguardando algum escabroso resultado da sua mais recente não-ética experiência, louco pra ver os bichinhos se/ou foderem de tudo quanto é jeito, ver suas necessidades, suas incapacidades, seu lado escuro, suas entranhas arregaçadas, o espelho de toda a sua frustrante estúpida patética própria existência...SOCORRO ! ! ! Quefizeu ???"
She-person
 
sabbag responde: prezada she-p, no fim das contas, o que eu sempre questiono é por que as pessoas que efetivamente fazem a mídia justificam tudo através da "vontade" do consumidor. Ora essa, se for apenas por dizer, consumidor quer muita coisa, cidadão quer outra, contribuinte quer outra bem diferente, e por aí vai. Somos uma legião de pessoas que assimila aquilo que lhe é jogado jaula adentro e o resultado é essa aética dominante, que despreza um código comportamental milenar. Tentei tratar disso no editoral acima. Governos populistas são um exemplo disso. Criam-se vários "pais dos pobres" que não resolvem nada. Ideologia é slogan.
 
"Prezados, boa noite (tarde ou dia...). Gostaria de saber como um fiel leitor poderia tornar-se colaborador... grato"
Pietra
 
sabbag responde: Fácil, fácil. Escreva um texto de sua própria lavra, preferencialmente inédito, e envie-o para [email protected] com seu nome, e-mail e cidade onde mora. Não garantimos publicação, mas prometemos avaliá-lo com todo carinho desse mundo virtual.
 
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c r é d i t o s   f i n a i s

supergêmeos, ativar
Ricardo Sabbag > [email protected]
Alexandre Inagaki > [email protected]
Orlando Tosetto Junior > [email protected] 
 
macacos me mordam, Batman
AL-Chaer > [email protected] 
Daniela Motta > [email protected]
João Verde > [email protected]
Luiz Marcel > [email protected]
Paulo Salles > [email protected]
Theo > [email protected] 
  
supermouse é seu amigo, vai salvá-lo do perigo
Ana Antoniolli > http://metalbabyblog.blogspot.com 
Marcelo Sawasato > [email protected]
Mario R. Mendes Júnior > [email protected]
Paulo Bicarato > [email protected]
Taís Loureiro > [email protected]
Wilian Pereira > [email protected]
Wilton Matos > [email protected] 
 
Títulos dos créditos finais novamente por Taís Loureiro. Nossos sinceros agradecimentos.
 
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p. s.

paulo bicarato: Apenas complementando a informação sobre a expressão *alea jacta est*: ela teria sido dita pelo imperador romano Júlio César durante a travessia do Rubicão, o que daria início às Guerras Púnicas. Bom, pelo menos é o que minhas leituras de *Asterix* me fazem lembrar...