SpamZine_________________
051
11 de fevereiro de 2002
são paulo  rio de janeiro  brasília  goiânia  campinas  são carlos  joão pessoa  caraguatatuba  curitiba
 
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n e s t a   e d i ç ã o:
 
amásia  coma  tipos de amor  da agenda  sos  salame
 
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editorial
orlando tosetto junior  [email protected]
 
Eu ia dizer que não gosto de carnaval, mas a verdade é que eu não sei direito se gosto ou não. Quem tem os hormônios no lugar deve gostar; não por obrigação - nessas coisas de gosto ninguém é obrigado a nada - mas porque os hormônios impelem. Gente pelada é difícil de ser ignorada. Gente pelada disponível, então, é quase impossível.
 
Eu gosto de ver mulher pelada – ponto pro carnaval. O que me derruba o entusiasmo é a overdose. É muita teta, muita bunda, muita vagina raspada. Depois de um tempo, todas as bundas são a mesma bunda, todos os meneios vêm dos mesmos quadris suarentos, todos os sorrisos cheios de dentes parecem morder. Mulher pelada é legal, mas é um horror quando fica tudo igual.
 
E o tumulto. Podem me acusar de paulistano, mas tumulto não é mais comigo. Gosto de vento e pausas. Deve ser da idade, ou da acídia (a gente pode ser doce sem acreditar um milímetro que seja na doçura). Sair à rua com o trugundum latejando dentro da cabeça exige uma fé em si mesmo que eu não tenho mais. E agarrar - e ser agarrado - já anda ferindo minha idéia de privacidade. Mas pega mal falar: "com licença, sim?" a cada moça afoita que, bêbada de batuque, vir em mim algo de investigável.
 
Ou seja: não saio à rua.
 
Também não vejo na TV. Não consigo distinguir as escolas de samba umas das outras. A mixórdia de azuis, brancos, verdes brilhosos em movimento de maré torce-me as idéias. Acabo misturando tudo. Das letras, guardo as repetições: brilhou, esplendor, maravilhas, nossa gente brasileira, é issaí, etc. Acabo misturando todos os sambas num só, o proto-samba, o samba-enredo original. É uma antropologia involuntária.
 
A alegria fingida não me incomoda muito, não. Isso todo mundo finge: o despeito é a comissão de frente da vida. Por que não no carnaval? O sujeito sai gritando "eu quero é me acabar"; acho respeitável. Que se acabe, como é de seu direito. Quer rir de qualquer coisa, achar tudo o máximo, transfigurar-se à força. Não dá certo, mas e daí se ele quer tentar?
 
Mas há também o calor. Eu mal suporto o calor.
 
Há a violência. Dessa, nem falar.
 
E há o desprezo que esta cidade tem pelas ruas, pelo passeio, pela esticada de pernas. Mesmo no carnaval, o paulistano só usa as ruas para ir de um lugar a outro. Todo mundo tem endereço certo. Nada de "vagar ao léu". Por isso tanto faz se a cidade é feia ou bonita: ninguém a vê. Grande besteira essa de inventarem aqui um Sambódromo (que nome medonho). Era melhor continuar fechando uma avenida. Nosso carnaval não tem tamanho que justifique essas aberrações de "ódromos", e pelo menos as pessoas veriam um pouco a cara da cidade. Do jeito que está, o Sambódromo é o shopping center do samba.
 
Mas gosto dos feriados. É o tempo de tirar sono atrasado, leituras atrasadas, tranqüilidade atrasada. Assim, vou ficando em casa: ouço aqui os sambas que entendo e gosto, e espero as máscaras negras que queiram matar a saudade. Faz tempo que não vem nenhuma, mas tudo bem. Dá pra esperar um pouco mais.
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Na última terça-feira, dia 05, este hebdomadário eletrônico completou seu primeiro ano de vida. Um ano de Spam Zine. No âmbito da Internet, um ano vale por uma década. Sobrevivemos a muitos bits acelerados, a colossais ocasos virtuais, à vida e à morte de idéias geniais.
 
Permanecemos. Jornalismo alternativo e literatura contemporânea, popices e pedantismos, egotrips e desabafos, pedradas e afagos: aqui tem espaço pra tudo. E pra todos: muita gente boa compareceu e comparece às nossas páginas digitais, a melhor sobremesa pro macarrão dominical.
 
Não se assustem: ainda vamos estar pela aí por um bom tempo. Muitas décadas internéticas contarão com o nosso pitaco.
 
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A edição é de aniversário, mas não tem best of, melhores momentos ou oba-oba: sai da frente que atrás vem gente. Daniela Motta estréia hoje com um texto que exige saudável atenção; Heleine Fernandes atualiza o budismo pela ótica dos canibais; Pedro Vitiello cataloga o amor; Bia Singer narra os perigos de se apaixonar fora da área de cobertura; Lau Siqueira abre sua agenda poética, e Sérgio Sérvollo estréia com um texto que é, literalmente, uma delícia.
 
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amásia do pélago
daniela motta  [email protected]
 
Era um filho duma puta safado. O merda tinha o rabo empanturrado de dinheiro e uma porra duma cabeça brilhante. Que memória tinha aquela prole duma égua vadia! O desavergonhado tinha uns tentáculos no cérebro que agarravam tudo o que havia em volta. Era ouvir qualquer coisa e nunca mais esquecer, por causa daquele buraco negro maldito no meio do crânio.
 
É claro que enchia os cornos de plá. Um plazinho aqui, outro acolá, "só para abastecer", "para agüentar os maçadores". Picava e ia, levinho, para o coleginho de artista dele. Mas a porra dos neurotransmissores nunca lhe davam folga - "os safados gostam de um carinho no furo" - e estavam sempre agitadinhos, sugando tudo o que passava e pregando nas dobrinhas do encéfalo para dias melhores.
 
E as viagens. O patife ficava todo zangado: quando passeava, aqueles 100 gigas de dados, lembranças, aulas, esporros, ficavam dançando na sua frente "só para gozar" da cara de paspalho dele. Puto, puto, puto, ele recordava os detalhes da perna roliça da colega - "filha de distintos" - e a disposição da sua adiposidade ao longo do seu dorso, as lições de matemática, as discussões da sua mãe com o seu motorista-amante-faz-tudo-co-autor-do-vindouro-assassinato-do-marido, os filmes estúpidos vistos no cinema com umazinha igualmente estúpida, a receita de bolo afixada na geladeira, as frases imundas escritas por publicitários/asnos nos outdoors da cidade e por aí vai...
 
Mas nunca tivera uma "viagem temática". Aquilo o emputeceria como nunca. No entanto, a maldita cabeça arquitetava uma peça que lhe pregaria ao próximo pico. Naquele caldo de serotonina, atiçava o velhaco, dizendo: "vamos, fedaputa, joga pra dentro". As sinapses ficariam ouriçadas, crentes que eram starlets do Guy Ritchie, mas se dariam o capricho de encher o vagabundo de lições... de literatura!
 
Todo formosinho, o tratante ensebou o cabelo, deu uma limpada no pinto, vestiu umas roupinhas de bacana, insultou a mãe e foi para a rua. A noite ia alta quando ele achou o trafica usual e comprou a pura. Do pacote para a colher, da colher para a agulha, da agulha para o cilindro da seringa. A veia cede uns globulozinhos e um plasminha para depois receber seu alimento com o sangue de volta. É um empréstimo com juros.
 
A cabeça, estourando de satisfação, podia, finalmente, ter a sua desforra. Trêmula de tanto júbilo, colocou-lhe na frente um degenerado obcecado por "vergonhas". O Monte Pascoal se retraía na cueca, com medo de ser tocado pelo Vaz, "tarado fedaputa". E teve que agüentar todos aqueles lusos esquisitões - Gândavo, Teixeira, Anchieta, Caminha - até enfiar a cara numa poça d'água estirada no chão.
 
O fode-freira o acordou lhe oferecendo um chouriço e, antes que parasse em Arcádia, fosse acometido pelo mal do século, o ambiente lhe moldasse o caráter ou que um ourives moldasse um poema, resolveu extirpar a raiz de seus problemas.
 
Catou uma garrafa pequena e asquerosa numa lata de lixo, batizou o meio-fio ("teu nome agora é amásia do pélago") e toc, toc, toc nas têmporas. Não era bem um quebra-gelo, mas serviu. Foram barulhinhos simples e bonitos. Fibras desconectadas, massa branca esfacelada, trabalho porco e mal feito, o salafrário conseguiu o que queria: não aprenderia mais nada, nunca, jamais.
 
Gustavo Trevisani Maciel - o próprio canalha – terá sua vingança em Seattle. Não, não que eu ainda suporte Nirvana, mas serve.
 
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dorothy em coma
heleine fernandes  [email protected]
 
"Era uma vez um gato que dormiu no sol e sonhou que era um homem que dormiu no sol e sonhou que era um gato. Quando acordou, não sabia se era um homem ou um gato..." (*)
 
Acorda. É madrugada. A garganta está seca.
 
- Tenho sede.
 
A sede era de Leite. Resolve levantar então, contrariando a preguiça matinal, e ir comprar um litro na padaria da esquina. A padaria não estava aberta àquela hora, mas isso não tinha importância. Os padeiros acordavam cedo para assar os pães, talvez qualquer um deles lhe conseguisse O Leite. Pôs a jaqueta para disfarçar o pijama e enfiou a carteira no elástico da bermuda. Caminhou, acomodado nas suas Havaianas amarelas, com a vagareza e distração próprias de quem havia há pouco acordado, mas nunca esquecendo, num desejo quase psicótico muito vivo na sua mente: Leite.
 
Acorda. Está num lugar escuro e úmido, uma espécie de bueiro. Deve ter caído enquanto estava distraído. Só depois de alguns minutos, após supostamente recobrar a consciência, nota uma enorme massa peluda roendo-lhe a carne gorda dos dedos.
 
- Deus! Grita enojado, dando com o pé na bicha que rodopia e bate estrondosamente numa das paredes daquele antro.
 
A ratazana recompõe-se, cambaleando um pouco, e diz serenamente:
 
- Porque fizeste isso? Não sabes que sou a legítima reencarnação de Gautama?
 
Acorda.
 
- Ah...
 
Está com a cara enfiada numa transbordante tigela de Leite, com raros cereais boiando tristemente ao redor de seu rosto. Deve ter (literalmente) caído no sono. Tira a cara do Leite e se assusta com a imagem pródiga de um gato, desses vira-latas, adentrando a sala de seu apartamento pela janela – o que era bem estranho, porque morava no oitavo andar de um prédio relativamente alto. O intruso ganha logo a cozinha, salta sobre a mesa e serve-se do conteúdo da tigela, esbanjando aí toda uma lascívia própria dos felinos.
 
Enfurecido, toma ele o gato com as mãos e joga-o brutalmente num dos cantos da encardida cozinha. Após o choque, o gato recompõe-se e diz serenamente:
 
- Não te lembras de mim? Vejo que conseguiste o que querias, O Leite está delicioso...
 
Pavor. Era Gautama, quer dizer, a ratazana! Estava confusamente claro que aquele gato tinha almoçado Buda! De repente um flash lhe suspendeu os sentidos por um instante... Lembrou-se de uma aula sobre certas culturas excêntricas, especificamente de uma em que o canibalismo era justificado pela crença de se absorver, junto com a carne, a sabedoria do defunto.
 
- Puta, que estranho!
 
A surpresa era compreensível: nunca ele havia prestado atenção a uma aula sequer, desde o primário até o colegial. Se não dormia, alternava o seu entretenimento entre as coxas e os seios das professoras, fossem elas bonitas ou não. Não podia ser mero acaso aquela lembrança tão furtiva.
 
- Um sinal! - pensou.
 
Sim, só podia ser. Convencido de sua tese, tomou-se de um crescente calor que o impulsionou a pegar o bichano pelo frágil pescoço, que pulsava desgraçadamente, esganar e, por fim, comer o agora gato sem pena nem dó.
 
Acorda.
 
- Tenho sede.
 
(Quem?)
 
* Estes versos não são meus. Também não sei de quem são. Só sei que os vi sendo citados num filme chamado "Esta Mulher é Proibida" (que inclusive é opiante).
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"Qual foi o maior vexame pelo qual você já passou?"

ana carolina portella da silveira  [email protected]
"Além de dizer na aula de biologia, para toda a minha turma de primeiro colegial, que sêmen tem gosto azedo, acho que nenhum!!"
 
marcus amorim  [email protected]
"Bem, eu já quis contar isso no meu blog (http://zamorim.eti.br), mas ainda não tive a ‘oportunidade’. Era o casamento de 2 grandes amigos na Catedral de Brasília. Isso foi há uns 10 anos. Eu, super alinhado, como poucos já haviam me visto antes. Sapato novinho, com sola de couro. Uma chuva chata caindo sem parar. Chegando à Catedral, eu apressei o passo para não me molhar muito. Quando cheguei à rampa, a primeira surpresa. Vi meus pés na mesma altura da cabeça. É que a sola do sapato não se entendeu com o piso liso e molhado. Caí de bunda, bem lá em cima da rampa - para quem não conhece, a entrada da Catedral de Brasília é uma rampa que desce para o subsolo.
 
Lá em baixo eu vi a noiva. Me levantei com uma velocidade que nem pude acreditar, mas para minha surpresa, a segunda, a sola do sapato continuava ignorando aquele piso que parecia feito de sabão e eu comecei a descer patinando pela rampa. Foram uns 20 metros, talvez 30, de descida. Eu via a noiva se aproximando e cada vez mais olhares se voltavam pra mim, imaginando o que aquele maluco estava fazendo patinando na rampa da Catedral àquelas horas. Eu, do lado de cá, ia tentando descobrir como é que eu ia me sair dessa, quando chegasse ao pé da rampa. Me agarraria à noiva, para tentar me manter de pé, ou pularia para o lado e rezaria para cair em um lugar macio? Não precisei esperar muito para confirmar que eu não tinha o menor controle da situação. Assim que cheguei ao pé da rampa e tentei parar, cumprimentei novamente os meus pés à altura da minha visão. Foi um tombo fenomenal. As pessoas me olhando e dizendo: "COITAAAADO!" Por uma incrível sorte, a noiva não era a minha amiga, mas uma outra pessoa que havia acabado de se casar e estava indo embora. Que sorte! Que alívio! Pensando bem, eu deveria ter me agarrado à noiva ;-)".

(arlã()  [email protected]
"Festa de entrega de premiações aos grandes nomes do basquete goiano e o (arlã(), pivô do Ajax e o maior jogador do time (em altura, é claro), tinha acabado de operar de fimose e estava com 13 pontos enfeitando seu bilau, mais costurado do que a criatura do Dr. Frankestein depois de uma briga de foices no escuro. Anos setenta, no auge daquela cueca 'machão', o (arlã() é chamado no palco para entregar um troféu ao Dr. Hélio Queiroz, então Presidente da Federação Goiana de Basquete. Ao subir o primeiro degrau, devidamente uniformizado (tudo novinho!) com calção branquinho e camiseta laranja do clube, um dos pontos magistralmente se prende num dos inúmeros "buraquinhos" da famosa cueca. Ao baixar a perna e subir a outra para o próximo passo o puxão foi inevitável - algo assim como uma linha de nylon rasgando impiedosamente uma vítima já tão combalida. Entreguei o troféu, abracei o homem e voltei. Ao descer o palco as risadas na platéia já eram notadas e em acelerado crescente. Olhei para baixo e vi aquela mancha vermelha, mais vermelha do que reunião do PT num mercado de tomates, começando a pingar no meu tênis branco também. Foi claro e inevitável o grito:
 
- O cara menstruou!
 
E saí em desabalada carreira para o banheiro. Masculino, porra! Até hoje, em menos número, ainda recebo alguns pacotes de modess nos aniversários..."
 
william pereira  [email protected]
“Fui olhar umas fotos que estavam dentro do carro de um amigo:
- Quem é essa?
- Amiga da minha irmã.
- E esse aqui?
- Meu cunhado, que eu tava falando. Mora no Rio.
- Nossa Senhora, vixi! Quem é essa gorda hororrosa com o cabelo repicado pintado de loiro neste vestido rosa pregado na barriga enorme e cheia de dobras? Parece um monstro, um porco zarolho em processo de engorda!
- Essa do meio? Filho da puta! É a minha mãe!!
(Aconteceu mesmo. Foi foda.)”
 
pergunta da próxima semana:
"Você já se alegrou com a desgraça de alguém? Conte como foi".

Taca pau: [email protected].
 
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os vários tipos de amor
pedro vitiello  [email protected]
 
É belo o mundo do amor. Todo escritor que se preza já fez uma homenagem ou texto homenageando o sublime sentimento. Platão escreveu "O Banquete", Shakespeare "Romeu e Julieta", e George Orwell "1984".
 
Cada época teve seu artista ou obra que refletiu a visão amorosa de então, mostrando a face formosa de sua visão do amor. A Vênus de Milo, por exemplo, mostra o amor dos gregos a mulheres que perdiam a cabeça, e a Mona Lisa, dos renascentistas ao amor cínico. As obras de Goethe representam a visão de um amor romântico, inatingível e sofredor, tipo o que a gente sente quando torce por uma vitória do Coríntians, ou mesmo o TITANIC, que nos ensina sobre como devemos agradecer aos icebergs por afundar aquele cara mala do DiCaprio.
 
Enfim, amor. Tal qual o gosto e as nádegas, cada época tem o seu.
 
Uma coisa surpreendente, no entanto, está em como as histórias de amor (principalmente as água-com-açúcar) falam de sofrimentos, muito mais do que felicidade. Neguinho não pode viver história do tipo "rapaz descompromissado e legal encontra garota idem e vão juntos ao motel, ficam super afins um do outro e acabam juntos sem grilos". Não. As histórias são assim:
 
"Rapaz, de classe trabalhadora (porém honesto) encontra moça rica (porém limpinha) por quem se apaixona perdidamente. A garota, que sonha com um grande amor é apaixonada por outro rapaz que é limpinho (porém desonesto) e nada trabalhador e abusa do amor da mocinha. A mãe do rapaz tem um câncer terminal (porém evangélico) e se diz abençoada (apesar de atéia) porém preocupada com o namoro do filho com a moça, porque sabe que eles são primos-irmãos de quinto grau, e que ela é filha de Darth Vader. Daí a moça descobre que o vigilante mascarado, que declarava poemas para ela, não era o vilão bonitão e malvado (porém amado por ela), mas o pobre moço narigudo, honesto e trabalhador (apesar de ter um dente cariado), e que ela o amava (o mocinho, não o dente) por isso. Daí ela descobre que seu tio era filho único, e que tem tuberculose galopante (porém manca), enquanto o mocinho é atropelado por um diabético cego (porém de olhos doces). Daí eles descobrem que se amam mesmo e resolvem se casar, mas um iceberg o esmaga, condenando o outro a fazer um flashback holywoodiano em um filme de quinta categoria".
 
Existe uma idéia que amor só vale a pena com o sofrimento do casal (e mais ainda da platéia), o que torna o paraíso do amor-sublime-amor um baita dum inferno.
 
De qualquer maneira, há vários tipos de relações amorosas. Resolvemos classificar aqui algumas delas:
 
Amor Daçado - Amor típico de pessoas adeptas de práticas masoquistas, como assistir a TITANIC várias vezes. Também pode ser aplicado a escritores amadores metidos a engraçadinhos (ainda bem que não é meu caso).
 
Amor Tadela - Espécie de relação intensa e rápida, que é saborosa mas que ninguém quer imaginar como é feita, depois de executado o ato. Só vale mesmo a pena uma relação assim se a pessoa for CERATTI.
 
Amor Tal - Relacionamentos afetivos nos quais a relação é envolta de perigos. Por exemplo, ser chamado para um grupo de discussão de fãs de TITANIC pela namorada.
 
Amor Cego - Relação afetiva entre pessoas que são o pior tipo de "Stevie Wonder": as que não querem ver o defeito um do outro. Pessoas míopes também podem ser enquadradas neste grupo. Ou então pessoas que dormem de cabeça para baixo. Ou dentuças e de dentes afiados. Ou que chupam sangue. Ou que têm asas. Sei lá eu!
 
Amor Bandido - É aquele tipo de relação que é: A) ingrato; ou B) acaba na delegacia. Pessoas envolvidas neste tipo de relação amorosa geralmente têm vida curta, porém intensa. Podem ser pessoas que perdem a cabeça à toa e são encontradas sem ela em uma estrada qualquer. Perigoso, mas, pelo menos elas viajam bastante, um pouquinho de cada vez.
 
Amor Fina - Relação afetiva que é a maior viagem. São aqueles casais que usam termos como "dar um cheiro nocê", "nóis FUMO no cinema" ou "ele me dá uma injeção de ânimo".
 
Amor Dida - Casais que usam preferencialmente apelidos com alimentos, do tipo "Docinho de Abóbora"; "Melzinho"; "Jabuticabinha" ou "Uvinha". Por alguma razão, entretanto, estes apelidos "saborosos" são os que mais causam vômito nas pessoas próximas.
 
Enfim, amor tem de todo o tipo, o importante é amar e ser amado. Todos são amados, até aquele cantor, o Batista é Amado, e o Jorge também!
 
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m e n i n o s   e u   v i
Presenciou acidente? Testemunhou performance? Penetrou festa, adentrou vernissage, viu briga no cortiço? Dê seu testemunho, irmão: [email protected]. A gente acredita em quase tudo.
 
2º fórum social mundial - porto alegre - 31/01 a 05/02
marcel passos 
[email protected]
 
Dizem que só no Acampamento Intercontinental da Juventude (onde me encontrava) havia mais de 15.000 pessoas, e que em todo o Fórum havia cerca de 80.000. É gente pra burro, ou seja, fila pra tudo. Felizmente só choveu no dia 31, e nem foi na hora da marcha de abertura. Apesar da presença de dois carros de som que buscavam se assenhorear do evento (e acabar com a natureza multidimensional do Fórum, gritando palavras de ordem viciadas) e do número desproporcional de bandeiras de partidos políticos brasileiros (essencialmente PSTU), a marcha foi bonita. Contou com argentinos, espanhóis, sul-africanos, italianos, franceses, canadenses, etc. Bandeiras de movimentos sindicais de todo tipo, feministas, pelos negros, pelos homossexuais, estudantis, ecologistas de todo tipo, punks, etc. Os punks e pessoas que se intitulam de “ação direta” invadiram uma casa abandonada para protestar contra a falta de moradia e a propriedade privada em geral. A ocupação foi pacífica, eles se retiraram sem confronto com a polícia porque a casa estava caindo aos pedaços.
 
Pra quem não sabe, o lema do FSM é “um outro mundo é possível”, e ele pretende acontecer sempre ao mesmo tempo em que o Fórum Econômico Mundial, que se passa em Davos, na Suíça (este ano excepcionalmente foi em Nova York). A idéia da coincidência é mais ou menos aquela do Caetano: “Enquanto os homens exercem seus podres poderes, índios, padres, bichas, negros, mulheres e adolescentes fazem o carnaval”. Esse carnaval estava dividido em 4 eixos de discussão: “A produção de riquezas e a reprodução social”, “O acesso às riquezas e a sustentabilidade”, “A afirmação da sociedade civil dos espaços públicos” e “Poder político e ética na nova sociedade”. Cada eixo possuía suas conferências, seminários e oficinas. Um problema encontrado por todos os participantes foi escolher o que assistir. Só na seção da manhã do dia 01/02, por exemplo, rolaram os seminários “Soberania alimentar e comércio; Capitalismo contemporâneo, novas dominações, busca de alternativas; Trabalho e meio-ambiente para a construção de um outro mundo; Biodiversidade e patentes; Renda da cidadania: a saída é pela porta; Movimentos sociais e internet; Ética e educação para uma outra globalização; Diversidade cultural e lingüística internacional; Visões políticas na era da globalização; Democratizando a comunicação”, sem contar as dezenas de oficinas, que iam de reciclagem do lixo a reforma tributária, de capoeira a cinema independente, de narcotráfico a feminismo, das minas terrestres à alfabetização de adultos (o Acampamento tinha também uma programação própria, mas infelizmente não sei os detalhes. Sei que rolaram vários shows musicais, discussões sobre hip-hop, peças de teatro, panelaços. Che Guevara era onipresente).
 
Essa dispersão incomodou, mas temos que reconhecer que era necessário espalhar as dezenas de milhares de participantes de alguma forma. Rolaram alguns eventos com a presença de famosos (Noam Chomsky, para citar a estrela alfa) que ficaram realmente lotados. É claro que essas atividades grandes têm caráter catártico e cerimonial, ou seja, prega-se aos convertidos, fala-se muito mas avança-se pouco. Nas pequenas oficinas, com temas mais específicos, é que se dão as discussões que podem gerar avanços práticos. A grande mídia foi preguiçosa como sempre e não viu absolutamente nada disso. Olhou mais ou menos por cima e deu notinhas (a Folha de S. Paulo afirmou que “a mensagem da cerimônia de encerramento (...) foi inequívoca: a esquerda dançou”. Patético). Os mais cretinos criticaram os dividendos políticos do PT. Outros criticaram uma suposta ausência de “propostas concretas”. Outros ainda, o “antiamericanismo ingênuo dos participantes”. Essas críticas não estão inteiramente erradas, mas demonstram um simplismo e um desconhecimento enormes.
 
Quanto às propostas concretas, já disse que quem só quer saber de ar condicionado e flashes fotográficos não vai ver nada mesmo. Além disso, o FSM não pretende deliberar diretrizes para a humanidade mas abrir um espaço de discussão democrático - e a democracia é sabidamente mais lenta que o totalitarismo. Além disso, é preciso lembrar que os participantes muitas vezes não têm poder de implementar suas idéias, por melhores que sejam. Em geral não conseguem nem mesmo se fazer ouvir, dada a cobertura porca da imprensa. Dividendos políticos do PT, que los hay, los hay, mas de certa forma são merecidos, afinal o PT participou da organização geral (pergunte a um prefeito do PFL se ele aceita fazer o Fórum na sua cidade) e houve vários seminários organizados pelo Instituto da Cidadania, ligado ao partido. Mas deixo registrado que alguns debates acabaram virando panfletagem eleitoral, o que é uma pena. A questão do antiamericanismo procede -foram distribuídos inúmeros panfletos criticando o “imperialismo ianque” em todas as suas manifestações-, mas é periférica (aliás, os companheiros ecologistas têm de se mobilizar contra esses panfletos inúteis que emporcalhavam o chão por toda parte). É periférica em primeiro lugar porque não incomoda ninguém, e em segundo porque muitas vezes tem seu fundamento.
 
É verdade que o Fórum teve seus problemas. Aos já citados posso acrescentar: uma pequena desorganização, com eventos cancelados ou transferidos; poucos caixas automáticos; falhas na tradução simultânea; ausência de pessoal para dar informações. Pessoalmente, discordo da presença de grandes estrelas. Causam tumulto e distraem a atenção das coisas importantes. Discordo também de pessoas que gostam muito de marchas, abaixo-assinados e panfletos que são bonitinhos mas não resolvem nada. O maior problema de todos a meu ver é o fato de que no ano que vem o FSM será novamente em Porto Alegre. Esse evento deveria rodar o mundo, acontecendo a cada ano em um país diferente. Esses incômodos não apagam o fato de que o FSM está se colocando como um espaço importante de discussão, de encontro entre os mais diferentes tipos de culturas e de preocupações. O modelo de democracia que se resume ao voto está se esgotando, o povo assume hoje diferentes tipos de articulação para gerir sua comunidade, seu país, o mundo. É necessário que aqueles que lutam pela reforma agrária conversem com os que lutam pelos direitos dos negros, os que reivindicam a democratização dos meios de comunicação entendam o problema da poluição. O fortalecimento da democracia, com tudo o que isso implica, é o principal objetivo do Fórum Social Mundial.
 
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poemas de agenda
lau siqueira  [email protected]
 
normal
 
tuas mãos
e a descoberta
do toque
          em mim
 
(sei lá
só sei que é
              assim)
 
...................................................
 
traço de lua nova
 
pr’essa vida miúda
e sem argumentos
sobram os enredos
               do olhar
 
hálito de ausências
na geografia infinita
dos teus joelhos
 
....................................................
 
etc e tao
 
capra
e suas cópulas
filosofais
 
nem menos
          ou mais
 
.....................................................
 
desolado de lá
 
a visão nua
de tuas omoplatas
 
      tão iguais
      a tantas
 
esconde alguns rebanhos
da minha tristeza
 
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s p a m   c i n e
Viu filme e quer comentar? Baixou uma Penelope Gilliat, um Paulo Emílio Salles Gomes aí na sua cacunda? Pues, envie o seu comentário crítico, o seu pitaco pelicular pro Spam Zine. Os melhores e mais desaforados sempre têm vez.
 
tv pirada: mera coincidência?
andré rosa de oliveira 
[email protected]
 
Quem nunca conversou com a família ou os amigos sobre a qualidade do que se vê na televisão? Quantas vezes você já não discordou da maioria deles ao insistir que "aquele programa é uma droga"? Sem falar nas muitas situações em que você é obrigado a ficar na frente da telinha "gastando" o dedo no controle remoto, se perguntando como alguém é capaz de assistir tanta porcaria.
 
Esse assunto, que vez ou outra aparece na mídia principalmente às vésperas de novas estréias e formatos inovadores, já rendeu também uma série de filmes, discutindo essa verdadeira "máquina de fazer doido" e principalmente quem domina essa encrenca. Entre os que tive a chance de assistir, destaco um que certamente poucos tiveram o prazer de encontrá-lo: chama-se "TV Pirada" (nome original: UHF), dirigido e estrelado pelo músico e comediante 'Weird Al' Yankovic.
 
Para quem não conhece, Yankovic fez um grande sucesso nos EUA, notadamente na MTV americana durante a década de 80, graças as suas paródias musicais, tais como "Smells Like Nirvana" e "Fat". Um de seus trabalhos mais recentes foi a abertura do filme "Duro de Espiar", em 1996, onde aparece com seu visual inconfundível: óculos, cabelos compridos e enrolados e um bigode do tipo "gigolô". Da mesma forma ele aparece de relance nos filmes da série "Corra que a polícia vem aí".
 
O filme, de 1989, conta a história de George Newman. Um sujeito sonhador, daqueles que divagam e se perdem em seus próprios pensamentos na pele de Indiana Jones ou Mac Gyver. Mas ao contrário de nós, reles mortais assalariados, Newman recebeu de mão beijada uma chance de mostrar suas idéias ao público: seu tio ganhou um canal de TV no pôquer - isso mesmo! – e lhe deu de presente.
 
Animado, Newman chama um amigo para elaborar a programação do Canal UHF 62. No começo, os sonhos deram lugar à dura realidade: audiência fraca e, por consequência, problemas financeiros. A um passo da falência e totalmente desanimado, Newman dá uma chance ao faxineiro Stanley Spadowski de comandar um programa infantil. Afinal, já estava tudo perdido mesmo.
 
Este é o ponto chave do filme: Spadowski, um faxineiro nitidamente debilitado de suas faculdades mentais, se transforma num grande sucesso instantaneamente. Seus atos diante das câmeras, muitos deles até escatológicos, entusiasmam os telespectadores - para o delírio de Newman, que percebe o fenômeno e acaba incrementando a sua programação com programas ainda mais estúpidos.
 
Um outro detalhe: o faxineiro-retardado Spadowski era funcionário da maior rede de TV dos EUA antes de ser demitido pelo seu dono - o ganancioso R. J. Fletcher - e  ir parar na TV pirada de Yankovic. Ironia do destino: foi justamente em função do sucesso de Spadowski que a grande emissora passou a perder pontos preciosos no ibope. O filme, que ainda conta com uma paródia de "Money for Nothing", termina com o embate entre George Newman e Fletcher, que tenta a todo custo acabar com o fenômeno televisivo.
 
O filme de 'Weird Al' Yankovic é uma daquelas comédias despretensiosas dignas da Sessão da Tarde. Mas também não deixa de ser mais uma feliz confirmação da clássica regra: a vida imita a arte, e nesse caso, mais do que nunca. Se você der de cara com "TV Pirada" na estante da locadora, pense duas vezes antes de deixá-lo ali. E enquanto a MGM não relança o filme em DVD (existe até uma petição na Internet promovida pelos fãs de Yankovic), aproveito para fazer um apelo: quem souber de alguém ou de algum lugar que tenha esta verdadeira raridade, avisem: estou comprando!
 
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s.o.s. roaming
beatriz singer  [email protected]
 
Dia seguinte. Preguiça de escrever. Preguiça-pretexto-de-medo. Medo de reviver todos os sentimentos com a simples lembrança. O fantasma verbalizado. Não. De novo, não. Paixão é cruel. É um ataque de pânico esticado e amenizado. Dura mais e é mais suave, mas no final, a soma de toda a adrenalina descarregada é a mesma.
 
Depois de uma tarde daquelas de vento carinhoso, vento de filme com atriz bonita, caminhamos, os quatro. Perigo: território minado; território em roaming. Caminhamos por 100 mil quilômetros durante uns cem metros. Ele estava lá. Ele estava lá. Puta que o pariu, não acredito que isso está acontecendo. Ele estava lá, sorrindo para mim, exatamente como antes, totalmente diferente.
 
Uns vinte segundos. Por aí. Pelo menos foi essa a sensação do quanto durou o abraço. "Que saudade..." Quem falou, eu ou ele? Não importa. Os dois com ar blasé, estavam nervosíssimos. Eu o vi. E o vi. Caralho, eu o vi! E não falou comigo direito. Estava ancorado em outra realidade. Não conseguiu chegar à minha mesa, nem seus olhos puderam acompanhar meus risos e gestos. Eu também não pude chegar até ele. Cabeças e risadas e realidades diferentes se interpunham. Não, eu não iria esticar o pescoço para alcança-lo com o olhar. Nem ele.
 
E sumi. Claro. Sem que o resto do planeta notasse. Sumi como criança em domingo de praia lotada. Desapareci como adolescente querendo fugir de casa. Mas eu não sou adolescente. E eu não estava em casa. Eu queria estar em casa. Urgentemente. Volto para casa. No ônibus, seguro nervosa o celular, esperando o momento epifânico em que o sistema sai do roaming. Saiu! Solto o ar comprimido em meus pulmões desde a fuga. Finalmente. Casa. Cama. Coisinhas que me consolam e me isolam do perigo de tropeçar. Sinto almofadas me aconchegando por todos os lados. Cheiros familiares embalam meu riso bobo de criança tchu-tchu-tchu, olha o chocalhinho. Faço coisas que só faço em casa, para ter certeza de que estava mesmo lá. E vou pro computador. Dois e-mails dele e as almofadas despencam e as paredes ficam feias e sujas e frias e fedidas. Ele. Eu sabia. Ele não gostou. Não deixaria quieto. Ele nunca deixa quieto. E é por isso que meu estômago samba angustiado enquanto suo gelo. "Espero que tenha uma boa desculpa". Se tenho uma boa desculpa? Claro que tenho! Desculpa, meu amor!
 
Dias depois nos falamos. Pouco. Os dois lacônicos. Apreensivos. Vazios cheios de significados que estavam incomodando bastante. A voz era voz de gente normal. Voz que podia ser de engano. E era engano. Voz que podia ser de alguém que eu não conheço. E não conheço. Nunca o conheci. Naquela hora, 2 e 2 formaram 4. Naquela hora, se acreditasse em Deus diria que o vi. Deus é a resolução de uma equação. É o delírio soberano e absoluto do conjunto solução. É a percepção de toda a complexidade do mundo que pode, afinal, chegar a uma resposta real.
 
Senhoras e senhores, resolvi uma integral. As cortinas baixaram, o show acabou. Roaming virou território neutro. Aplausos. Obrigada, obrigada. Tiro a maquiagem depois de muito tempo. Estou diferente. A vida não tem trilha sonora de verdade. O silêncio em movimento é o baque feliz da resolução. Está tudo integralmente resolvido. Precisei de alguns anos, é verdade. Mas foda-se, resolvi mesmo assim.
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memórias póstumas de um salame
sérgio l. sérvollo  [email protected]
 
Com o devido perdão dos companheiros Copa e Presunto de Parma, vocês são é viados! Coisa de fruta mesmo, jamais dignos de serem chamados de "tira gosto". Eu tive a oportunidade de conviver em um ambiente onde circulavam tanto a minha classe majoritária, os bons e velhos Salames, como esses afrescalhados citados anteriormente. Sem contar as drags como o "peito de chester" e o "peito de peru". Peito de peru pra mim é mortadela, porra! Assume logo!
 
Agora que já passei dessa pra melhor e já fui devidamente digerido, posso dar minha opinião sincera sobre esse mundo fascinante dos tira-gostos. Pode até parecer preconceituoso, mas no fundo apenas defendo a dignidade da classe, onde muitos acabaram se prostituindo somente para freqüentar ambientes mais requintados. Eu tô fora! Eu quero mesmo é a velha e boa mesa de botequim. Garotas deliciosas me comendo, me lambendo, chupando o limãozinho de minhas costas... Claro que tem os machos que nos devoram com litros e litros de cerveja, mas são ossos do ofício.
 
Não sou desses de freqüentar bifê. Me sinto deslocado, apesar de fazer sucesso com o pessoal. O problema é a frescura. Esse papo de pegar com guardanapo, pôr no pratinho, comer com o dedo mindinho em pé... Só suporto mesmo porquê minha amiga azeitona está sempre lá, toda verdinha, redondinha... Uma delícia ela, né? Sabiam que ela não gosta quando tiram seu caroço? Ela se sente violentada. Diz que a melhor parte é quando ficam com o caroço dela na boca, chupando e mordendo de um lado para o outro... Mas muitos humanos não gostam. Dizem que quebra o pivô...
 
Não suporto todos os companheiros não, como já deu pra perceber logo no começo. É preconceito né? Mas o mundo me fez assim! Olhem só o meu formato. Comprido, cilíndrico, fino, médio ou grosso... O que isso lembra? Sabia que somos usados de outras maneiras, que não para degustação e nem sempre pelas vias normais? Vou até deixar meu protesto: queridos humanos, Salame é pra se comer! E de preferência pela boca! Acompanhado de um chopp bem gelado com colarinho de dois dedos, ou por uma cervejinha a "menos cinco graus" (dessas geladeiras decoradas que encontramos em vários botecos hoje em dia). Se não der, tudo bem, pode ser com vinho branco daqueles de garrafa azul, (que dão o maior porre) ou mesmo Sangue de Boi frisante... Não importa muito. O que não vale é zoar com nossa classe... Macular nossa masculinidade inerente. Nos mandar para o debut de quinze anos daquela menininha mimada, cheio de adolescente espinhento que nos deixa relegados ao segundo plano só pra evitar o bafo de salame na hora de beijar... Ridículo!
 
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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
é sempre duas da tarde na nossa caixa postal ([email protected]) – faça ou peça cafuné, tanto faz: ouvimos bem para ouvir sempre.
 
De: Jorge Rocha
Assunto: um ano

"Grande Inagaki!
Parabens pra tu e toda a família Spam pelo um ano de vida bem cumprido.
Queria estar por ai para fazermos um furdunço por conta de tao festiva data.
Keep the fight."
 
orlando responde: Jorge, a família Spam, penhorada, agradece. O único perigo é a gente se entusiasmar e ficar anos e anos pela aí, Spamzinando as idéias do povo. Aliás, acho que vamos fazer isso mesmo, de preferência na companhia dos amigos do Mão Única, MOL, Givago, K e outros e-zines de responsa. Abraço, e juízo nenhum.
 
De: João Perassolo
Assunto: Spam Cine
 
“Olá!!!
 Putz, trimmmmassa a nova seção do zine. Sério, o Spam tá afudê! Tá assumindo a posição deixada pelo COL (sim, isso é um elogio).”
 
orlando responde: vejam que de vez em quando a gente dá uma dentro, né? O Spam Cine é sucesso de vendas e de colaborações – recebemos tantas colaborações que é uma dificuldade selecionar qual vai entrar. E pensar que já disseram que o rádio, a TV, o vídeo, o computador iam matar o cinema... E é claro que ser comparado ao saudoso COL é um elogio que (ai!) nos desvanece. Abraço.
 
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c r é d i t o s   f i n a i s

me solte, você está me machucando
Alexandre Inagaki > [email protected]
Ricardo Sabbag > [email protected]
Orlando Tosetto Junior > [email protected]
 
não grite comigo que eu não sou sua empregada
Beatriz Singer > [email protected]
(arlã() > [email protected]
Daniela Motta >  [email protected]
Heleine Fernandes > [email protected]
Lau Siqueira > [email protected]
Marcel Passos  >  [email protected]
Pedro Vitiello > [email protected]
Sérgio L. Sérvollo > [email protected]
 
como, não me falta nada? me falta amor
Ana Carolina Portella da Silveira > [email protected]
André Rosa de Oliveira > andré@gazetaesportiva.com.br
Augusto Sales > [email protected]
Marcus Amorim > [email protected]
Taís Loureiro > [email protected]
Willian Pereira > [email protected]
 
Um agradecimento especial à Taís Loureiro, por esses títulos dos créditos finais.
 
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p. s.

augusto sales: Me amarro nesse negócio de mijar no gelo... me sinto tipo um Spectroman com super poderes desintegradores, quando vejo aquela montanha de gelo derretendo por conta do meu “laser mijal”...
 
inagaki: dando uma de Maguila, cá estou em meu momento agradecimentos-beijos-jabaculês-e-abraços-gerais-depois-da-luta. Um muito obrigado a Yvelize Wielewicki (http://www.acompa.com.br), Maria João Amado, Sergio Faria (Catarro Verde), Jorge Rocha (Mão Única e Velotrol), Dr. Eduardo Ferreira-Santos, Ismar Tirelli Neto, Alê (da Splicenet) e Amauri Dutra Vieira (fanzine Lua Cheia), pelas palavras proferidas sobre a edição passada. Um abraço ao Felipe Campbell, do Correio Braziliense, pela citação ao SpamZildo em sua coluna. E um beijabraço especial à Marina Lemle, do JB (valeu pela força!).