Cuidado! Hoje você está prestes a ser atacada por um... Oh não! Tarde demais!!!
O Astrólogo
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Cante a canção do baleeiro gentil
Vejam porque tenho tristeza na veia:
Casei-me com uma sereia
E ela virou uma baleia
Moby Dick
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Prezado Fulano,
Presentei-o você não com presentes, mas com algo profundo como palavras
filosóficas:
Toda civilização, conforme seu grau de desenvolvimento tecnológico, passa
por três estágios: Sobrevivência, Indagação e Sofisticação. Estas fases
também são conhecidas como do "COMO, POR QUE e AONDE".
Por Exemplo: Fase 1- COMO vamos comer
Fase 2- POR QUE Comemos
Fase 3- AONDE vamos almoçar...
Karl Marx
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Olá,
eu queria te dizer que gostei muito de ter te tirado e que você ta pensando
da vida? Qué moleza? Sai dessa e vai pra um lugar bem especial para você
e sua família neste fim de ano. Afinal, o amor é uma frescura, coisa de
boiola! É aquela frescura todo fim de ano de gente trocando presente, dando
beijinho, passando germes, dá vontade de dizer que é todo mundo um bando
de ba...itas amigos! Sim, só com pessoas especiais como vocês é que o amor
fraternal no mundo poderá ser re-encarnado! Viva os passarinhos, viva o
arco-íris! Lembre-se que um copo de vinho pela metade não está meio vazio,
mas meio cheio... então passa ele pra cá que eu tou com sede, sacou? E fica
na tua senão vai voar bordoada! Assim, por tudo isso, espero que tenha um
natal de paz, harmonia e felicidade, com um lindo 2002! A não ser que você
seja argentino! Hua hua hua!!!
Dr. Jeckyl & Mr. Hyde
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Honorável Amigo,
Segundo
o horóscopo chinês, a confluência do yin e do yang karmicos sofrerá a influencia
energética dos cristais dos incas venusianos. Confúcio, a partir dos estudos
do Instituto Britânico da busca pela verdade divina, diria que "feliz
é o dragão que voa e não pega rush nos feriados de fim de ano, mas ponha
um tigre no seu carro, abasteça com gasolina ESSO" (Confúcio passava
por um período de dificuldades financeiras e precisava fazer merchandising).
Confúcio estava era doidão!
Sen-Chu Lé (filósofo e pedicure)
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Companheira trabalhadora, Tirei você neste sórdido e capitalista jogo.
Estamos vivendo tempos negros onde a moral e os bons costumes sofrem com
a falta de privilégio do proletáriado.
As pessoas estão consumistas e mal-remuneradas, além de extremamente pão-duras!
Mostre que você se importa com o povo, que não faz parte desta elite consumista
e apegada ao dinheiro. Mostre que você não merece o paredão e me empresta
trezentas pilas!
Te pago antes do alvorecer da nova utopia proletária sem a existência da
exploração do homem pelo homem e do homem por sua esposa consumista que
quer ir passar o réveillon em Paris.
Karl Marx
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Trabalhadores
do mundo, uni-vos! A união faz açúcar! Se todos os cobradores de ônibus
se dessem as mãos, quem ia dar o troco? Se a burguesia fede, ela tem dinheiro
pra perfume. Abaixo o perfume! Vamos nos unir com o povo, sentir o cheiro
das massas e... hum, pensando bem, viva a burguesia e o cheirinho de paco
rabanne.
K. M.
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Companheira de lutas:
Somos tão comunistas que estamos no vermelho! Assim, o presente da loja
de 1,99 é uma boa forma de evitarmos que o capitalismo consuma nossas parcas
economias. Fique feliz, e engula o choro, sua consumista! Ps: Tenho pensado
com alguns amigos de esquerda (Leon Tolstoi, Josef Stalin e Rivelino) e
chegamos à conclusão de que algo na vida estar duro, na nossa idade, não
deixa de ser algo positivo.
Do Seu
Karl
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memórias
– parte 2
iosif landau [email protected]
Ser velho (desculpem-me, mas eu sou) é memória. Às vezes sorrio, outras
vezes lamento, não digo que choro, é muita apelação ao consolo - detesto
ser consolado, me faz sentir impotente, todas as gamas da impotência humilhante.
Mas neste preciso momento estou sorrindo: ouvi há pouco um CD de Henri
Salvador. Creio que ninguém o conhece, excetuando o poeta di Cavalcanti,
tenho certeza; é um chansonnier francês, muito bom mesmo. Conheci-o no
Rio, sim, no Rio, em 1941: era crooner da orquestra de Ray Ventura, também
francês, fugidos da guerra como o foi Jean Sablon, todos residentes no
Copacabana Palace. Isso deve ser ancient history para vocês; pra mim é
reminiscência, a belle époque no lato sensu que jamais se repetirá: sol,
mar, céu azul, areia limpa.
Hoje ainda temos
(com areia suja) tudo tão igual, mas tão diferente - o mundo complicou-se,
o País perdeu a inocência, tudo enfeou. Alegria, camaradagem, beleza,
amor, ainda encontram-se, mas como tem que se procurar! E como, com freqüência,
topa-se com o desapontamento. Talvez eu exagere; me perdoem, sou velho...
Mas, droga, me perdi no caminho: os chansonniers franceses me fazem retroceder
a bem antes de 1941, antes da débâcle, quando a Douce France de Trenet
era também Dolce Vita, e a Côte d´Azur abrigava a burguesia endinheirada.
E eu digo sem remorsos: minha família era bem endinheirada. Monte Carlo,
Cannes, Nice, Cap Ferrat eram nossos lares, em especial Juan les Pains
(a Saint-Tropez daquela época). Como já escrevi uma vez para uma amiga,
era bom ser rico: um luxo só, hotel, restaurantes, cassinos, luxo e mais
luxo, smoking, dinner jacket, summer jacket, longos, jóias resplandecentes,
Rolls Royce, Bugatti, Mercedes, Hispano Suiza, Auto Union (estou rindo
imaginando seus rostos; algumas dessas são antigas marcas de carros usados
pelos ricaços). Vocês devem pensar: esse cara é um fútil, um babaca. Pode
ser, talvez concorde com vocês, mas eu era um babaca super feliz e tenho
saudades e gosto dessas memórias e estou sorrindo...
Adieu jolie rêve! Adeus belo sonho!
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porque
o natal tem dessas coisas...
Sabe MÃE, hoje
vou lembrar que somos feitas da mesma carne, ainda que assim não me sinta
há tempos. Hoje vou esquecer sua rejeição, sua cegueira quanto à minha
doença, seu ódio pelo mundo que respinga em gotas generosas em mim. Hoje
vou lhe comprar um ramalhete de seus cravos preferidos e tentar te seduzir
para que as cores vivas vermelhas dos cravos de Natal te impregnem mais
fortes que você. Para que você se lembre de como é ser verdadeiramente
mãe e mulher, sem que uma exclua a outra. Para que sua memória se lembre
de me ensinar essas coisas que uma mãe diz à sua filha. Por mais idiota
que eu possa parecer, vou chorar na sua frente, emburrada, cobrando-lhe
os afagos que não tive e as conversas regadas ao vinho que te ensinei
a apreciar. Não vou lhe pedir perdão. Não vou te perdoar. Será apenas
um dia de trégua verdadeira e ocos n’alma que não curam, mas anestesiam
os maus sentimentos. Sabe MÃE, ando meio cansada de fincar os meus pés
em cada lugar que vou. Hoje só queria descansar olhando para seu sorriso
discreto e embriagado pelo perfume dos cravos que lhe darei.
Quanto a você,
PAI, hoje à noitinha, quase chegada a hora da ceia, vou visitá-lo em sua
casa e cumprimentar sua esposa com a educação e cordialidade que lhe são
devidas. Vou agir como uma hóspede sentada à mesa, para mais tarde, em
frente à TV, lembrar saudosa de quando eu, você, a mamãe, meu irmão e
minha irmã assistíamos aos especiais de Natal da TV Globo. Vou te pedir
perdão por não ser a filha vencedora que você desenhou quando ainda era
menina, perdão por ainda não estar casada com um coreano, mesmo sabendo
que você sempre estará me perdoando, antes mesmo de eu saber que eu pisei
na bola. Já te perdoei. Eu te perdôo todas as vezes que você me liga para
saber como estou, toda vez que você sua para pagar minhas consultas médicas
e meus remédios, toda vez que você sofre ao pensar em mim e esboça um
sorriso porque ainda acredita, simplesmente acredita, em mim.
E você, meu IRMÃO,
como sinto falta da época em que éramos crianças e eu te enchia a paciência
para brincar de Playmobil e Super Trunfo comigo. Como corria pela sala,
fugindo de você porque tinha riscado sem querer seu vinil do Pink Floyd.
Graças a você, conheci Arnaldo Baptista, Chet Baker, New Order, The Cure,
The Jesus and Mary Chain, Echo & The Bunnymen, Plebe Rude, Violetas
de Outono enquanto minhas amigas se derretiam ouvindo RPM e Dominó. Agora
você está casado, desejoso em formar uma família bem diferente da que
tivemos, não é mesmo? Sinto saudades suas, agora. Se antes o que sentia
era raiva, por você ter saído de casa tão cedo deixando todo o inferno
em minhas mãos, hoje eu entendo que só assim poderias ser feliz e sereno
como és hoje. Consciente e discretamente zeloso comigo. Sinto saudades,
meu IRMÃO de quando cuidávamos juntos da nossa irmã caçula, arrumando-a,
trocando-lhe as fraldas, lavando a chupeta, penteando-lhe os cabelos,
enquanto nossos pais trabalhavam na velha loja de confecção de roupas
no Bom Retiro. No dia de hoje estarei feliz em saber que você saiu quase
imune à loucura coletiva de nossa família e manteve-se firme e homem em
seus propósitos. Estarei orando para que a sua família seja abençoada,
sempre.
Chegou sua vez,
minha IRMÃZINHA. Putz, você já está com quase 23 anos e ainda não consigo
parar de referir-me a você no diminutivo. Você cresceu, está quase se
formando e sinto muito por não ter participado da sua vida como gostaria.
Quando foi que você saiu da barra do meu uniforme do colégio? Ainda são
vívidos na minha mente os dias em que íamos juntas para escola, você segurando
minha mão, resmungando que não penteei seu cabelo do jeito que você pedira.
Lembra do seu primeiro dia de aula no pré? Você com seu vestidinho xadrez
vermelho, com o escudo do Colégio de Santa Inês bordado cuidadosamente,
seu par de meias brancas e seu tênis conga vermelho novinho, e seus longos
cabelos presos num rabo de cavalo com uma maria-xiquinha de bolinhas brancas?
Você queria ir para a minha sala de aula e ficou chorando, chorando aos
berros, acudida pela sua professora, agarrada aos suspensórios do meu
uniforme azul-marinho, tão agarrada que rasgou o suspensório costurada
da minha saia plissada. Não, eu nem fiquei brava, fiquei preocupada no
recreio e doida para ir na ala do pré para ver se comias direitinho o
sanduíche, suco e danoninho que eu pus na sua lancheira. Você sempre dava
um jeito de me deixar sem grana pro meu lanche, pois era bastante persuasiva
na hora de pedir doces do Tio Joca. Daí, você cresceu rápido demais. Ou
não, acho que eu estava muito envolvida com minha vida que esqueci de
ver você crescer ouvindo Guns and Roses. Ao contrário de quando você era
uma criança, sua adolescência foi tranqüila demais, tímida. E eu não estava
lá. Como não estou agora ao seu lado. Por mais que você duvide, eu não
queria estar assim agora, neste lugar, nesta situação, escrevendo-lhe
coisas que eu sei que você não vai ler (você nunca gostou de ler, seu
negócio era desenhar). Queria conversar com você como duas mulheres. Dizer-lhe
que você deve sair mais com pessoas da sua idade e não ficar presa à mamãe,
com sua eterna insegurança. Queria dizer que você vai ser uma puta arquiteta
bem-sucedida, porque, ao contrário de mim, possui uma perseverança e uma
tenacidade surpreendentes. E olhar nos seus olhos, tão diferentes dos
meus, para dizer que sinto saudades do tempo em que fui sua mãe, sua irmã
coruja e rabugenta, sinto falta da capacidade que eu tinha de cuidar de
você. Espero que você um dia entenda a fase pela qual estou passando,
minha doença, eu. E fico feliz ao perceber que você lê e consulta os livros
de arquitetura que te dei de Natal.
É... O Natal tem
dessas coisas. Eu fico melancólica, saudosa e com a boca quase querendo
esboçar um sorriso por saber que tive dias muito felizes em minha vida.
Porque para mim, o que realmente importava nessa data era estar com toda
a família reunida. Era dia de passar uma borracha em brigas tolas e abrir
um sorriso sem graça para pedir desculpas. Era a noite do ano em que eu,
com certeza, iria dormir feliz. Não importava quanto a cidade estava caótica,
não importava os enfeites das lojas, porque a minha árvore de Natal era
sempre a mais bonita. Hoje, exatamente dia 21 de dezembro de 2002, não
há árvore na minha casa, meu pai não mora aqui, meu irmão está casado
e mal falo com minha mãe e minha irmã. Escrevo essas palavras molhadas
trancada em meu quarto. Irritam-me os agitos das ruas, as pessoas comprando
presentes apressadas, as luzes que brilham, os enfeites, a hipocrisia
das propagandas de tv, irrita-me o Natal. Porque a saudade que tenho dele
deixou-me amarga há tempos.
>>>
f a l a q u e e u
t e e s c u t o
seu natal foi solitário? no ano novo vai ter que beber o
champagne ao lado do seu cachorro? isso não é problema. escreva para [email protected] e
divida conosco suas angústias e carências de fim de ano.
"Pessoal do Spam, foi um gozo interminável, participar das edições
deste ano, fosse como colaborador bissexto, fosse como leitor surpreso de
encontrar tantas sacadas e textos realmente originais reunidos num e-zine.
Parabéns a todos, feliz Natal, e um abraço especial ao Inagaki, editor compreensivo
e bonzinho, que teve a insensatez de publicar minhas mal traçadas e de torcer
para o Guarani; beijos para a Suzi, que conheci rapidamente numa noite bêbada,
e mandou muito bem na criação do novo site, e para minha cara metade, que
é dona dos poemas mais incríveis do céu e da Terra."
Alexandre Carvalho
sabbag responde: grande Alexandre, aqui do lado sul
do Brasil te desejamos enorme sucesso e ainda mais realizações para 2002.
Do meu lado, quero agradecer a todo mundo que teve paciência para ler nossos
comentários, textos e idéias insensatas e ainda teve a pachorra de escrever.
SpamZildo 2002 é parafuso na roela!
"oi inagaki, blz? nao sei bem ao certo como, o fato é que nesta madrugada
eu passei várias horas lendo as edicoes anteriores do spamzine; entrei na
pagina spamzine.net e nem vi o tempo passar.
depois de ler um monte de coisa interessante e desinteressante, um texto
me chamou a atencao. tive uma vontade incontrolavel de saber um pouco mais
sobre a autora do texto que me deixou chapado; os altavistas e googles me
ajudaram na investigacao; a cada link e clique, sentia que alguma coisa
tava acontecendo e que hoje nao seria apenas mais um domingo. lendo as pegadas
que essa pessoa deixou na web, seus textos, seus comentários, etc, percebi
que finalmente tinha chegado o meu dia. sim, eu pensava que isso nunca iria
acontecer comigo (heheheheh), mas é verdade: fiquei mesmo doidao por essa
mulher. só me dei conta disso quando levei o tapa; ela nao esta disponivel.
dureza.
tsc, tsc. nao deu certo, tudo bem. foi divertido, gracas ao spamzine. agora
eu vou dormir. o hoje pra vc ainda é o ontem pra mim, pois nao dormi nadica.
feliz natal"
Carlos Une
sabbag responde: Carlos, tenha certeza de que nos
compadecemos pelo seu calvário. Tanto eu quanto Inagaki (suponho) já passamos
por algumas parecidas. Mas a pergunta que não quer calar é: quem será sua
musa? Quais são seus níveis de comprometimento? Será que ela não estaria
disposta a abdicar de sua relação atual e apostar tudo num amor novo e radical?
Se precisar de ajuda, nós damos uma forcinha. Tudibom.
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colaborações, sugestões, críticas, pedidos de receitas, suspiros apaixonados:
[email protected]
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p. s.
ricardo nishizaki: O natal chegou/ Pedras
de gelo, vento/ Frio e coração.