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035
21 de outubro de 2001
são paulo  rio de janeiro  belo horizonte  cahrahpeeckueebah  são josé dos campos
 
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nesta edição:
passional  apanhei porque mereci  psicologia feminina  me xinga  manilha  poetrix
 
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editorial
orlando tosetto junior [email protected]
 
Perdoa-me, pai, porque pequei.
 
E não foi uma vez só não, bicho. Foram várias, inumeráveis. Sei que tens a conta, ó Senhor, o repertório todinho. Repassemos?
 
Pequei por gula, meu irmão. Roubei do prato da minha mãe e do da minha filha. Engoli correndo sanduíches que não queria dividir. Fui jantar sozinho pra não pagar pra ninguém. Me entupi de feijoada pra anestesiar o meu ciúme, ó Senhor. Aliás, essa é nova: barriga cheia esvazia a intensidade dos sentimentos, sabiam? Juro. Quando estiver morrendo de raiva, ou nas últimas de jealousie, meu caro leitor, coma quatro bifes e veja se não diminui. Ou até se não passa: você aí achando que era amor, e era fome.
 
Pequei por inveja, patrão. Lancei meu olhar de seca-pimenteira pra cima de roupas, de carros, de mulheres, até de ares de felicidade. Tanto pé de arruda que matei, Senhor! Sou um desmatador.
 
Pequei por luxúria, painho. E com luxúria fui punido, ô malandragem. Imagine, Senhor, ó vós que tudo imaginais, que um corpo perfeito nos corta as asas. Pelo menos foi o que me informou autoridade inquestionável no assunto. Restou-me andar com as imperfeitas pernas que me deste, compadre, pilando com o cotovelo um monte de cantigas de mal-dizer.
 
Pequei por avareza, mestre. Fiz que fui, não fui, e acabei mesmo não fondo. E tinha fundos.
 
Pequei por preguiça (e trabalhei em dobro). Pequei por cobiça (e fiquei pobre). Pequei por soberba (e levei umas rasteiras que nem te contaria se não as soubesses, tio). Pequei tudo quanto é pecado registrado, e até uns que acho que ainda não lhe ocorreram, ó sábio. Enfim, pequei.
 
A sua parte no acordo é me perdoar, se não me engano (e se não me enganaram até nisso). Peço, portanto, como bom americano (do Sul, mas e daí?), a sua Operação Perdão Infinito. Atenção: "perdão", e não "justiça", que se tu vieres pra cima de mim com justiça estou hamletianamente fu.
 
Perdoa-me, ó pai-de-todos. Perdoa-me logo, com garantias e firma reconhecida, igual se faz nos bancos - dá-me quitação dos meus erros, zera a ficha, apaga os registros. Aliás, o mínimo que você podia fazer era, quando Moisés lesse a lista dos pecados, mandá-lo dizer: crianças, não façam isso em casa. Ou na vida.
 
É claro que a gente ia desobedecer. Não subestime nossa capacidade de ser idiotas quando tememos parecer idiotas.
 
Mas perdoa, vá?
 
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Em tempo: Ian Black, nosso outro editor-tampax, está mui cerca da Academia. Jô Soares não quis competição com ele; Paulo Coelho segue confiando no sobrenatural, mas não paga pule de cinco; dos outros candidatos, ninguém nem sabe o nome. Tudo indica que Ian vai vestir o fardão junto com a Zélia, e será saudado por ninguém menos que o doutor Roberto. Já dissemos pro Jaguar não ir lá tacar ovo, que o Ian não é de direita, nem de esquerda, e nem de centro, muito antes pelo contrário: ele é multivias (sem desdouro de ser varão assinalado). A Caravana Luz Parpolovita pra posse do Ian Blair sairá de um daqueles municípios estranhos da Zona Oeste; espera-se que o laureado não abandone a cerimônia para praticar seu mais novo hábito (comer jovens viúvas), e que o convite não se extravie numa das suas 5720 contas de e-mail.
 
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Atenção para as estréias de Silvana Guimarães, filha, neta, sobrinha e amiga de poetas; e de Sara Fazib, cujos poetrix são ainda mais bonitos do que ela (se é que isso é possível). O que tem aqui é só uma amostra do que a moça faz - e bem.
 
E, pra manter a tradição, manda bala, negrão: it had to be you...
 

passional
silvana guimarães [email protected]
 
Outro dia fiz sinal para o primeiro táxi que passou, fui entrando e dizendo ao motorista "siga aquela nuca. Aquela que vai naquele ônibus." A sua nuca. Enfiada numa gola de malha azul, a sua cor. Foi um custo chegar perto, por causa do trânsito embaralhado, e foi só chegar e ver que faltava a marca, a pinta que eu gostava de beijar e passar a língua e que era a número vinte e nove se somada com as que eu sempre contava nas suas costas, de baixo pra cima. Aí eu danei a chorar feito doida, pensando se tem outra contando as suas pintas, do jeito que eu fazia, arrastando o dedo bem de levinho nelas e o motorista achou que eu estava passando mal, se ofereceu pra ajudar, eu disse a ele pra continuar rodando atrás do ônibus pela cidade. Que eu estava era com dor na vesícula, eu que nem sei onde isso fica no corpo da gente, torcendo pra ele não entender de vesícula, não receitar remédio, nem chá, nem simpatia. Inda expliquei que minha vesícula tem dessas coisas, mas que melhora rapidinho quando eu passeio de carro chorando calada. Então ele sossegou, me dizendo pra chorar à vontade, até desligou o rádio, e era só o que eu queria. Chorar aquela raiva do atrevimento da outra alisando suas costas com a vontade que era minha, pensando que era um desaforo você deixar ela fazer isso com você. Como se tivesse me esquecido da maneira definitiva que você prometeu que ia esquecer, quando a gente brigou por aquela bobagem que você disse que era pura bobagem, que eu entendia as coisas com muita paixão, que não era bem assim nem assado, que eu devia pedir desculpa, e eu não quis pedir, bati o pé e você chutou a porta na hora de sair com a mala. E fui chorando mais, com mais raiva ainda, vendo a assanhada alisando as suas costas, e você repetindo pra ela, com aquela sua voz rouca, "agora arranha", do modo como falava comigo, "assim você me deixa doido", porque homem é tudo igual. Só de pensar como é que você teve coragem de me esquecer dessa maneira tão definitiva, você que dizia que eu era sua flor, seu pão de queijo, seu pedaço de mau caminho, seu manjericão. E fui vendo o seu olhar pra ela, aquele que você olhava pra mim respirando diferente, resfolegado, que eu sabia bem o que vinha depois, e pensando que era muito pouca vergonha sua, já resolvida a não querer homem nenhum mais na minha vida, nem pintado!, mas o motorista avisou que o ônibus estava parado no ponto final. Então eu me lembrei de que você não anda de ônibus, você não mora mais aqui, a gente nem acontece mais e estava passando da hora de voltar, de novo, pra nossa casa vazia daquela maneira. Toda definitiva.
 

apanhei porque mereci
renata parpolov
[email protected]
 
Já dizia o velho e sábio dito árabe: “Ao chegar em casa, sempre bata em sua mulher; se você não souber porque está batendo, ela saberá porque está apanhando”. Não conheço conselho mais sábio desde comer iogurte com lactobacilos vivos pra evitar a candidíase.
 
Toda mulher sabe quando foi uma vaca. Apesar de todos nós procurarmos atenuantes para as situações, sempre sabemos quando nos comportamos mal. Não, você não vai se fazer de santa agora: você já foi uma vaca sim. Você já traiu aquele cara legal que fazia tudo por você, você já largou ele podre de gripe numa cama e saiu pra balada sem culpa, você já descreveu em detalhes pelo menos uma noite de sexo pra um amigo que você sabe que é apaixonado por você, e inventou histórias picantes pro seu namorado ficar com ciúmes.
 
Enfim, nessas situações, precisamos de alguém, que, com carinho, nos faça entender que estamos erradas. Mas infelizmente, quando advertidas com carinho, tendemos a não aprender. Precisamos mesmo é de umas belas porradas, bem dadas, pra deixar de ser filhas da puta e aprender que é esse tipo de comportamento que estraga os homens, deixando-os descrentes no amor e pouco propensos a dispender mais de quinze minutos em preliminares básicas (quanto mais quarenta em sexo oral), afinal ele vai acabar concordando com a canção: “Mulher é tudo vaca”. E pra quê perder tempo com uma vaca?
 
Entenda, amiguinha: quando você maltrata um moço legal, ele tende a não ser mais legal. Porque ele começa a achar que todas as mulheres são vacas que nem você, e que o amor é uma bosta. Até aí, por você, foda-se, já que você não quer nada com ele mesmo. Só que pode acontecer de você se apaixonar por um desses. Um desses que já foi um moço legal e se apaixonou anteriormente por uma criatura que nem você, e virou um filho da puta. E aí, o mundo fica assim: cheio de homens cachorros e mulheres vacas, tentando falsamente satisfazer seus caprichos. E tudo isso porque faltou um pouco de conversa, faltou um pouco de compreensão e acima de tudo, faltaram uns cascudos.
 
Então, pra evitar superlotação no pasto e no canil, entre outras coisas desagradáveis, pode-se resolver as coisas como na época dos antigamentes: na porrada. Não estou falando pra você agarrar sua mulher agora mesmo e espancá-la gloriosamente, porque isso dá cadeia. E você, mulher, que tem o azar de estar apaixonada por um homem cachorro, não corte o pinto dele enquanto ele estiver dormindo - lembre-se sempre de Lorena Bobbit: ela está apodrecendo na cadeia, e o marido dela está ganhando horrores fazendo filmes pornôs.
 
Vou contar um fato que aconteceu comigo, só que é totalmente fictício. Eu tinha um amigo (apaixonado por mim) chamado Robervaldison*. Por algum motivo canhestro, (o fato de eu adorar me sentir a gostosa) eu vivia falando pra ele das minhas putarias, das pessoas com quem eu já tinha dormido/ainda dormia/queria dormir um dia, sobre como estava apaixonada por algum cara que ele odiasse e outras coisas que ele não tinha a mínima necessidade de saber. Isso durou aproximadamente um ano e cinco meses (segundo ele mesmo).
 
Um belo dia, decidi que já era hora de parar de enrolar o coitado e dei-lhe um beijo na boca, na sala do apartamento dele. Ele esperou tanto por este momento! Pobrezinho. Depois de beijá-lo, disse com a maior cara de pau: “Ah, é tão estranho te beijar... Parece que estou beijando meu irmão”**. Ele ficou absolutamente puto da vida. Na mesma hora, me pegou de jeito, me virou de costas e bateu com a mão, repetidas vezes, na minha bunda. Eu, desnorteada, tentei me livrar mas estava por demais atônita. Ele me deixou escapar um pouquinho enquanto tirava o cinto de couro, dobrou-o no meio, abaixou minhas calças e me tascou umas vinte cintadas na bunda, bem doídas. “Irmão é o caralho”, ele dizia. “Vou te mostrar o meu irmão”. Eu chorava, crente que seria estuprada ali mesmo. Depois de me deixar a bunda cheia de vergões, e com cara de assustada, ele me largou. Eu gritei, xinguei. Levantei as calças. Seria possível que ninguém tivesse ouvido nada? Ele, rindo, colocou o cinto de volta e abriu a porta, amavelmente: “Prefere ir embora?” É claro que eu preferi. E mesmo não tendo sido estuprada, eu odiei o fulano. Jurei que não ia nunca mais olhar na cara dele.
 
No outro dia, acordei com a sensação escrota de culpa. De que ele estava bravo comigo. Não é estranho? Era verdade mesmo, eu fui uma vaca por um ano e cinco meses e a culpa era dele por umas simples porradinhas? Depois da básica revolta com ele, veio a revolta comigo mesma, infinitamente pior. Liguei pra ele, chamei pra tomar uma cerveja. Ele aceitou, e conversamos como se nada tivesse acontecido. Depois de um tempo, ele perguntou se ainda estava doendo, eu falei que não. Perguntou se eu estava puta, e eu falei que não. E eu perguntei se ele estava magoado. Ele falou que já tinha passado.
 
Não me apaixonei por ele, e não começamos a namorar logo em seguida. Isso tiraria a verossimilhança da história. Mas ele continuou meu amigo (mesmo sem existir de verdade).
 
Mereci mesmo aquelas porradas. Foram aliviantes para ele, e foram corretivas para mim. Conheço uma boa dúzia de mulheres que seriam pessoas bem melhores hoje se tivessem topado esse meu amigo no caminho delas. Não tenho notícia de que ele tenha feito isso com outra pessoa (ainda bem), mas eu aconselho a porrada corretiva na bunda pra todos os meus amigos que estão tendo problemas com mulheres vacas.
 
E antes que venham me encher o saco: esse texto não é rodrigueano porra nenhuma. O Nelson Rodrigues defendia que a mulher gosta de apanhar. E se eu gostasse de apanhar, não teria me corrigido e talvez ainda estivesse fazendo vaquices com algum outro coitado. E se o gênero feminino realmente gostasse de apanhar, bater na mulher não ia adiantar muita coisa. Porradas pedagógicas nesse caso só funcionam porque a mulher NÃO GOSTA de apanhar.
 
E meu inbox está de greve. Estou aqui no direito da defesa da sinceridade nos relacionamentos e na extinção da filhadaputagem não merecida, e não de ciúmes violentos e ossos quebrados. Aliás, se sua mulher for daquelas que tem ciúmes doentios e sem motivo, pode bater nela também. Mas só se o ciúme dela não tiver motivo MESMO.
 
E se você for mulher, concordar com tudo e tiver um homem que anda merecendo umas porradas, pode bater mesmo, sem dó, se conseguir. Se não conseguir, peça pra seu irmão ou pra um amigo fazer o serviço. Direitos iguais pra todos.
 
* nome trocado pra preservar a privacidade da pessoa. ela não existe mas nunca se sabe.
 
** fato que demonstra que essa história é uma mentira deslavada: eu acho qualquer homem passível de ser beijado como homem. afinal, eu não tenho nenhum irmão. e se tivesse, beijava.
 

r á p i d a s   r a s t e i r a s
 
"(Bin Laden) não é uma pessoa feliz. (Ele) possui no fundo de seu ser um sentimento de que se impôs uma tarefa mais difícil de cumprir do que a primeiro parecia ser".
(ERICK REES, do Instituto Britânico de Grafologia, "analisando" Osama Bin Laden e prevendo a chuva de ontem.)
 
"Mas vem cá... parando de usar, ele encolhe de novo?"
(LUCIANA GIMENEZ, fazendo pergunta altamente técnica a um sujeito que vende aparelhos para aumentar o tamanho do membro viril.)
 

entendendo a psicologia feminina
josé vicente
[email protected]
 
Discutir a relação. Só faz sentido quando seu par mais íntimo é o cromossomo X.
 
Não há idade. Nem pense em namorar garotas de dez anos para fugir do problema.
 
(O parque. No meio das xícaras-malucas.
GAROTA: Acho que temos de discutir a relação.
VOCÊ: Não fale com a boca cheia de algodão doce.)
 
E esse carma irá acompanhá-lo para sempre. Sua mais íntima namorada? Aquela que o entende como uma irmã? A débil mental gostosona?
 
Pouco importa. Os homens têm hemofilia. Doenças coronarianas. Câncer de próstata. As mulheres discutem a relação. Este é o verdadeiro sentido do termo 'questões de gênero'.
 
Mas, afinal, o que é discutir a relação? Falar a verdade? Isso, definitivamente, não é algo para que as mulheres estejam prontas.
 
GAROTA (discutindo a relação): Por que você gosta de mim?
VOCÊ: Seus peitos. Grandes.
GAROTA: Só isso?
GAROTA: Depois eu me acostumei com você. Sabe, é chato ficar procurando namorada entre as amigas dos amigos. Mas não se preocupe, eu te amo.
 
Claro que é possível o amor sincero entre homem e mulher. O problema é que é algo que só se percebe quando acaba.
 
Na verdade, o Amor Mais Profundo Da Sua Vida é um sentimento retroativo.
 
Para encontrar o amor da sua vida, é fácil. Basta namorar qualquer garota da esquina. Depois, é só fazer com que ela o despreze - isto é, seja você mesmo. Pronto. Ela tinha qualidades tão, tão especiais, não é?, e era incrível como ela fazia comentários inteligentes sobre a vizinha estar engordando.
 
Meu caro leitor: não desista. Discuta a relação. 'Temos de ampliar nossa comunicação' - diga coisas assim. 'Eu te entendo' - outra boa pedida.
 
Ninguém entende ninguém. É a dura realidade.
 
Mas dane-se. Sexo compensa.
 

se me xinga
dani sigaud
[email protected]
 
Na verdade sumir por uns tempos. Escrever o conto de vinte páginas pra Gláucia, o que eu chamo de pequeno romance, pois adoraria terminar coisas longas na página sete. Falando de preferências, sua revista é uma, minha atual preferida. Sabe por quê? Biscoito fino, e é lindo insistir no biscoito fino. O jornal está na minha porta todas as manhãs, a revista que aborda política compro por mês. Mas e a massa criativa? A diferença, onde acho? Na revista de domingo, da qual teu mau humor faz parte. Eu posso reatar com velhos amigos, não fica com ciúmes, mas ali, se nada mudou, o que importa são as pessoas, muitas pessoas. Quantas cabeças lêem poesia? Bastante, mas não muitas. Eu escrevo pra mim e pra você. Ó, pobre homem! Não quero meu espelho, quero a variedade de preciosos sabores, quero âmbar. Quero um escracho violento, sem pancadaria; quero o riso difícil, inteligente, feito deuses dos quadrinhos. Não me falte amor, muito menos compaixão, nem meleca, nem tesão. Não me xinga, minha voz, vem te dizer memória, memória, pra te lembrar que nem tudo é bom esquecer. Diferente, contrários, que vingam em imaginação. Muito mail, sinto que não posso guardar, e me masturbo num puxador de gaveta. Moderna? Do tipo antiquada de brechó, daquelas que ainda fazem álbum de fotografia, e que quase todo dia lembra de cantar uma canção de amor. Em ziguezague arrombo tua igreja, afetada, em eterno escândalo matinal, eu mesma, outra, a que xinga, a que emociona. Se tem uma coisa que aprecio é teu diagnóstico, de loucura. Porque caio, levanto, feliz e triste, e escuto o choro do bebê, cada vez mais perto, cada vez mais alto. Grita comigo feito sapo, bobagem, pois só te entendo príncipe e, mudo. Me nega, curo, e me vejo, cheia d´água.
 

l i s t a s   a b o b r o l
semana passada botamos aqui umas perguntas bem tontas sobre sexo que a pobre da Rosely Sayão recebe no seu site. pois bem, nossos leitores e especialistas no assunto Levi Quennehen e Marcelo Belico se deram ao trabalho de responder. confiram.
 
- "Há a probabilidade de fecundação no sexo aquático?"
LEVI: Só se mergulhar até o fundo... sem a "roupinha de borracha"...
MARCELO: Sim, veja o exemplo de nossos amigos peixes. A fecundação é feita na água. Ou os peixinhos saem dela para copular?
 
- "Se esperma contém vitamina C, não seria um bom remédio contra gripe?"
LQ: Isso eu não sei, mas se for, quero ser farmacêutico e dar esse remédio natural, diretamente do meu "vidrão" para as boquinhas das gatas gripadas... Os marmanjos que morram tuberculosos!
MB: Seria, mas já imaginou o tanto de homem para produzir esse remédio em escala industrial? Pouco prático.
 
- "Se meu namorado passar a mão nos meus seios, vai nascer um cisto no meu olho?"
LQ: Não, mas se você fizer sexo anal, talvez nasça um cisto no olho do c...
MB: Vai, mas só se for o seu namorado. Deixe que os demais homens passem.
 
- "Tenho um disquete cheio de mulher pelada. Apago ou não?"
LQ: Compre um gravador de CD-R, afinal, em um CD, cabem mais de 500 disquetes, após encher um CD com todo tipo de putaria, aí sim, apague esse seu disquetezinho mixuruca...
MB: Como fazer para colocar mulher em disquete? Nos meus só cabem dados. Tá na hora de uma partidinha, aliás...
 
- "Como atores de filmes eróticos ejaculam com tanta força?"
LQ: Todo ator de filme erótico tem um compressor instalado no cu!
MB: Simples, eles ficam 15 dias sem ter relação sexual antes da gravação. E utilizam técnicas masculinas de pompoarismo. Inclusive sei de casos de homens que fumam pela uretra.
 

manilha
marco aurélio brasil lima
[email protected]
 
Ele abriu a porta e deu com ela ali, batucando o chão com a ponta do pé, os braços cruzados, aquela maledetta ruga na testa e os olhos fixos na TV, como quem presta muita atenção.
 
- Aonde estava?
 
Ele fechou a porta atrás de si, com a cabeça meio embaralhada, precisava pensar bastante antes de responder. Em pensamento analisou detidamente a sua mão. Virou um sete. Manilha é dama. Se tivesse um parceiro ele perguntaria: vai ao baile acompanhado, parceiro? Tendo ou não tendo dama na mão, o parceiro responderia: ô! Minha horta tá regada. Mas ele não tinha parceiro agora, era só ele a oponente ali na frente, parecendo que estava vendo a coisa mais interessante do mundo na TV.
 
- Oi, amorzinho! essa saída era clássica. Ganhava tempo pra não só ver o que tinha na mão, mas também pra tentar imaginar os trunfos que ela teria ali, escondidos, embaixo daqueles braços cruzados com ar de rebeldia. Ela só soltou um "hamf", e deu aquela olhadinha mortal pra ele.
 
- Ué, você sabe que eu tava no Geraldinho, eu deixei recado no celular... - ele começou bem a rodada, botou um Dois, que sempre causa um certo impacto. Era preciso ganhar a primeira rodada, em caso de empate na segunda ele levava o ponto pra casa.
 
- Que recado, Edinaldo, você sabe muito bem que o celular tá desligado!
 
Hora de dar aquele teatral tapa na testa, com um "puuuuuuuuutz" que vale por mil palavras. Ela amarrou o jogo, o que significa que quem fizer agora leva. Ele torna. Mas o quê? Que carta?
 
- Você foi na tua mãe, não foi? ele perguntou e isso equivalia a um "truco!" bem trucado, com força e convicção, do tipo que intimida mesmo. E intimidou, ôch, ela descruzou os braços e deu uma amanteigada na voz:
 
- Fui... Mas qual o problema? Isso te dá desculpa pra chegar à uma e meia da manhã em plena quarta-feira, ô celerado?
 
Putz. Pegou pesado. Isso era assim como uma dama de copas bem dada, daquelas jogadas com desprezo. E mais, era um grito de "Seis, ladrão!".
 
O jogador tem que fazer um certo tipo. Ele anda, joga o paletó em cima da mesa, pára à frente dela com as mãos nos bolsos e só então diz:
 
- É que eu acho que a senhora deveria ter pensado um pouco antes de correr pra baixo da saia da mãe, e lembrado que estava com a chave do seu maridinho, porque assim ele não teria esperado na porta durante duas (ele ia falar três, mas conteve-se a tempo porque exageros nessas horas não são bem vindos) horas na porta de casa antes de decidir esperar na casa do amigo, que coincidentemente estava organizando um truquinho. E note que seu maridinho não deixou de avisar, apenas, no, digamos, calor do contratempo, esqueceu-se que a senhora não estava com seu celular...
 
Silêncio na sala. Ela não era uma jogadora. Tinha sido um zap na testa. Seis pontos no bolso.
 
Se ela fosse jogadora iria perceber o blefe. O argentino que jogava com eles diria: tá blasfemando! Ele sempre confundia as bolas...
 
Ele foi pro banheiro sem mais palavra. Agora era esperar a próxima rodada.
 

n a v e g a r   i m p r e c i s o
 
www.vivendodaluz.com
Fome e sede só é problema pra quem quer. Porque só come e bebe quem quer. Dá pra ficar sem, como sonham as atiladas massas do Terceiro Mundo pra baixo. Vão lá e aprendam como.
 
www.diariodespaulo.com
Pra quem gosta de Guttemberg Guarabyra, essa página abriga uma crônica diária do cantor/compositor de rocks rurais, e cronista urbano de olho úmido e atento em cima da paulicéia aqui. Levezinha e bunitinha.
 

poetrix
sara fazib
[email protected]
 
ávido o tubarão
devora peixes dourados
Lei Natural
 
na bunda do babuíno
o senso de humor divino.
 
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aliá se empoa
nos bastidores do circo
a vaidade é mulher
 
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a aranha mata
o macho que a fertiliza
tolerância zero.
 
também o macaco velho
põe a mão em cumbuca
 
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preso no peito
um gato me arranha
o amor calado.
 
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no breu do cinema
teu sorriso ocupa vaga
lume é intenso
 
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Num jogo de cintura
rompe a sutura da cultura
abre as pernas só com senha.
 
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berço bom
 
saudoso
o macho tenta
o caminho de volta
 
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Será assim: no escuro e na rede.
Porque hoje estou de lua
e a maré está pra peixe.
 
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ménage
 
tuas
duas caras
e eu
 
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homem-boto
 
uma boca rosa
me roça
nas noites de santo antonio.
 
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Pula a palavra no colo.
Confissão de afeto
em dialeto de gato.
 
 
f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
Bote a boca no trombone:
[email protected]. Prestamos atenção no seu blá-blá-blá, oferecemos lencinho ao seu chororó, rimos junto com seu rá-rá-rá. Sem horário de fechamento, sem secretária eletrônica nem resposta automática.
 
"Cadê a Nicole, hein?"
Maurício Neves
 
SPAMZINE RESPONDE: Miss Bee está junto com seus gatos em apartamento novo, sem telefone nem computador nem CEP, ainda esperando flores do nosso staff (esses ingratos). Aguardamos para logo o triunfal come-back. Aliás, tem mais gente sumida que não dá as caras, não escreve nem telefona pra falar gostosinho no pé da nossa orelha. Cadê vocês, os-que-sabem-quem-são? O.T.J.
 
 
c r é d i t o s   f i n a i s
 
guione
Alexandre Inagaki [[email protected]]
Ricardo Sabbag [[email protected]]
 
reggia
Orlando Tosetto Junior [[email protected]]
 
i atori
Dani Sigaud [[email protected]]
Ian Black [[email protected]]
José Roberto Pereira [[email protected]]
José Vicente [[email protected]]
Levi Quennehen [[email protected]]
Marcelo Belico [[email protected]]
Marco Aurélio Brasil Lima [[email protected]]
Renata Parpolov [[email protected]]
Sara Fazib [[email protected]]
Silvana Guimarães [[email protected]]
Sol Moras [[email protected]]
 
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SpamZine - fanzine por e-mail
 
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colaborações, sugestões, críticas, pedidos de números antigos:
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p. s.
 
orlando: falando em Guarabyra, o trio original Sá, Rodrix & Guarabyra está de volta. O disco novo, "Outra Vez Na Estrada", sai agora em novembro.
 
zé roberto: o ó do borogodó é o olho do cu.
 
sol: frase dita por Herbert Vianna ao tocar, semana passada, no Hospital Sarah: "Eu acho todo mundo legal aqui".
Frase encontrada numa prova de segundo grau: "Professor, del branco".
colocação da caipirinha no ranking da revista "In Style" sobre as melhores bebidas do mundo: Primeiro lugar.
Nome da filha da Carla Perez com o Xanddy: Camilly Victoria.
Nome de uma das participantes do novo "No limite": Bisteca.
Nome de quem escreveu isso: Sol Moras Segabinaze.
 
ian: amor que é amor tem que ter putaria, risada e escatologia.
 
inagaki: primeiro bombas, depois suprimentos. o tratamento que os afegãos recebem de bush júnior é estranhamente igual ao de muito relacionamento que vivi. quem foi mesmo que falou em morte da ironia?