SpamZine_______________
034
16 de outubro de 2001
são paulo   curitiba   recife   joão pessoa   são carlos   itararé
 
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nesta edição:
pedras que rolam mais pecados cochilo bob fields holden caufield dúvidas sobre sexo estória do mundo ig nobel futebol e chocolate herbert vianna
 
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editorial
alexandre inagaki [
[email protected]]

Quando eu e o Sabbag criamos o Spam Zine, há quase nove meses, estávamos imbuídos de muitos sonhos e uma bonita missão: criar um produto atraente para o mercado, revendê-lo para algum grande portal, enchermos as burras de dinheiro e viajar para o Caribe, onde seríamos vizinhos dos filhos do Maluf. Infelizmente, nosso timing é péssimo. A bolha da Internet murchou feito a onda do funk carioca (cadê?), e continuamos comprando a revista do Show do Milhão até encontrarmos uma mecenas de cabelos ruivos que nos sustente com muito amor livre e gostosinho.
 
Enquanto isso, somos obrigados a conciliar o Spam Zine com nossos inúmeros deveres profissionais, acadêmicos e amorosos, o que explica, em parte, os constantes atrasos no envio deste e-zine que vos fala. De resto, somos dois caras vagais e repetentes na matéria "Administração do Tempo Pessoal", mas incrivelmente criativos quando o assunto é encontrar novas desculpas para as mesmas pisadas de bola. Bão, deixa pra lá. O que queremos dizer é que os contratempos na periodicidade do Spam não querem dizer que estamos deixando-o de lado, muito pelo contrário. A mudança em nosso layout (melhor perceptível aos assinantes da versão HTML) é apenas o primeiro passo de uma série de novidades que pretendemos implantar, paulatinamente, por aqui.
 
Amigos (e inimigos) da Rede Globo, contamos com a sua ajuda. O que vocês mais gostam e mais detestam no Spam? Quais são seus colaboradores preferidos, e quais os sumidos que mais fazem falta? Alguma sugestão de novas seções? Quem deseja ler mais poesia, ou mais crônicas, ou mais resenhas? O que vocês acham do rodízio de editores, e das edições especiais já postadas? Alguém aqui consegue ler todo o zine, ou concorda que é melhor reduzir drasticamente seu tamanho? Tente, experimente, faça um Spam Zine diferente: [email protected].
 
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Enquanto isso, desfrutem, alguns scrolls abaixo, dos bons textos desta semana. Informamos que esta edição não contém antraz, e que nenhum animal foi maltratado durante a elaboração deste e-zine. Obrigado pela preferência, e bom horário de verão a todos os insones (incluindo este notívago que vos escreve).
 
 
pecados
alyuska lins [[email protected]]
 
Ela era uma menina linda de se dar tapa.
Tudo, tudo, tudo perfeito.
Até as unhas já nasceram feitas e ela nem precisava fazê-las como toda mulher que se preze precisa fazer as suas, toda semana, para que nenhum homem desconfie de que os dedos dela não têm unhas;
Em lugar, só umas camadas de cores, as mais diversas, que as manicures disfarçam.
Por isso, aliás, que casamento não dura. Os homens sempre descobrem.
Nenhum segredo resiste a um banheiro em comum.
Mas eu falava da menininha que de tão linda eu beliscaria, cute-cute nenê, e nem me importaria se ela me olhasse,
achando que eu era louca:
Eu me tornaria vesga e repetiria três vezes: eu sou louca e você é linda!
E depois a beliscaria de novo.
Mas era uma tarde de sexta na faculdade e eu estava falando com o Olavo.
Isso mesmo.
Aquele do nono período de licenciatura para deus.
Vai ser lindo e inteligente assim bem pertinho de mim!
E era exatamente isso que ele estava fazendo há quase dois minutos.
Sabe o que é manter a atenção de um homem como o Olavo mais de trinta segundos em algo que não diz "com certeza" e só mexe o quadril em movimentos estritamente necessários à deambulação?
Ele falava comigo sem olhar em volta.
E eu desmaiaria aqui para ilustrar os sentimentos que me tomavam ao ver Olavo olhando para mim sem olhar em volta, mas alguém precisa terminar esse texto.
E ele, aliás, definitivamente, deveria terminar aqui.
Eu voltaria, então, para casa e passaria o resto do fim de semana pensando em Olavo isso, Olavo aquilo, não porque Olavo diz, Olavo fez, Olavo quer e o seu querer é uma ordem.
Era o paraíso ali. O pátio da lanchonete, o próprio Éden. Olavo, Adão, mim, Eva. Um sonho.
Mas, eis, que do meio das trevas, do mais chamejante limbo, das mais recônditas profundezas do inferno e adjacências, eis que surge a menina, aquela, linda de puxar o cabelo:
- Giulianna, meu amor..., você por aqui? Veio me ver? - distrai-se de mim Olavo.
- Com certeza!! - lá vem Giulianna, com suas ancas de pêndulo.
Eu deveria ter saído nesta hora, claro, eu deveria.
Puxaria o cabelo dela numa outra ocasião.
Mas o Olavo me pegou pelo braço e me apresentou a tal criatura, esta é minha monitora preferida, Ju.
E Giulianna ri, com seu sorriso perfeito.
E eu sorrio com o que de mais próximo de um sorriso eu consegui fazer.
Meu sanduíche saiu.
Bacon, ovos e óleo, presuntos, queijo e mais óleo, pão pingando óleo, alface pingando óleo, guardanapo ensopado.
E Giulianna com seu sanduíche natural com carne branca, bioquimicamente equilibrado, cheio de vitaminas e proteínas e todas as inas que toda garota deve comer para manter um corpo e uma pele saudáveis e esbeltos durante o dia.
E Giulianna comia quase sem abrir a boca.
Perfeita até deglutindo.
Não estivesse ali o Olavo, eu teria arrotado a Coca e sorrido para ela com um pedaço de carne entre os dentes.
Argh, ela faria.
Ughhh..., eu faria de novo.
E era um tal de Ju para cá, Lalo para lá, você vai?, só se você for.
Estava na cara que um de nós estava sobrando ali. E já deveria ter ido embora há muito...
Splashhhh...
- Ohhh!!!!!!!!! Meu Deus, Ju, desculpa, desculpa. Como eu sou desastrada. Eu não vi seu suquinho diet de framboesas silvestres. E agora? Manchou toda a sua roupa, você está horrível, horrível. Desculpa, Juju. Foi sem querer...
E Giulianna ficou feia de tanta vergonha e nem conseguiu falar de tanto desgosto e nem conseguiu sair correndo, como instintivamente queria e foi para casa cabisbaixa e nem buzinou para gente quando passou de carro. Mas à distância olhou para trás pelo retrovisor: eu e Olavo dando tchau para Ju.
Passei o resto da tarde com Olavo, fazendo companhia enquanto a Ju não voltava. E, não sei por quê, nem voltou mais a coitadinha.
 
Perdoe-me, Pai, porque pequei.
 
p.s.: caro leitor, você também pode se redimir de seus pecados. escreva para [email protected] relatando as lembranças mais sórdidas de seu passado imundo (e não se esqueça de incluir os detalhes mais picantes, please). spam zine & rtfm por um mundo melhor: redenção digital ao seu alcance.
 
 
estribilho
lau siqueira [[email protected]]
 
sempre tranqüilo
na hora da morte
                 direi
 
licença
vou dar um cochilo
 
 
r á p i d a s   r a s t e i r a s
 
"Deus deve amar homens medíocres. Fez vários deles".
"Estatização no Brasil é como mamilo de homem: não é útil nem ornamental".
"A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor".
(ROBERTO CAMPOS, economista e acadêmico falecido recentemente. Jamais pude concordar com sua ideologia e sua defesa acirrada do liberalismo, mas sempre admirei a fina ironia de suas palavras. E, convenhamos: Bob Fields foi um frasista e tanto.)
 
"O bidê é meu melhor amigo".
(PENÉLOPE NOVA, VJ da MTV, respondendo a uma pergunta sobre masturbação feita pela igualmente sutil Monique Evans.)
 
 
centeio
marcel novaes [[email protected]]
 
Estava na rodoviária para pegar o ônibus das 7 horas, mas não havia mais passagens. Só às 9. Tinha duas horas de espera pela frente e fui comprar um livro. Comprei "O Apanhador no Campo de Centeio". Sempre achei que esse livro devia ser sobre alguma coisa como colheita, gente do campo, sei lá. Um livro de época, cheio de sofrimento. Acho que eu confundia esse livro com um outro que parece que tem um corvo que come os olhos de uma pessoa. Mas não é nada disso, não. É um livro bem legal. Eu achava que era um "clássico". Os adultos não entendem que quando dizem a uma criança que um livro é clássico estão matando qualquer interesse que ela possa ter. Ou lindo. Eu vou querer ler um livro lindo? Não quero saber de coisas clássicas nem lindas, quero saber do que me deixa grudado, pirado. Acho que algum dia vou escrever um livro bem legal e colocar um nome bem besta. A gente sempre quer colocar o nome mais inteligente possível, e tem sempre medo de que fique besta. Pois eu vou colocar um bem besta. Ou então escrevo uma droga de livro e ponho um super nome. É isso o que quase todo mundo faz.
 
Na hora de pagar uma senhora passou na minha frente, achando que eu não percebia. Eu deixei, porque ela era super feia. Gente feia está sempre com pressa. Ela comprou um livro de auto-ajuda. Coitada. Sempre fico com pena de quem compra esses livros. Sei que não devia, mas fico. Na verdade fico com raiva da sociedade que faz alguém comprar esses livros. Seus escritores e seus leitores. Estes estão tão aparvalhados com a vida que se sentem atraídos por aqueles, gente obcecada com o sucesso, preocupada em ser vencedores, não percebem os chatos que são, com suas fórmulas e mandamentos e atitudes positivas e toda essa droga. Quando não é óbvio é só chato. Eu percebi que tava ficando amargo e dei o fora.
 
Sentei do lado de um velho. Torci pra ele não puxar papo comigo, detesto esses papos furados de sala de espera. Ainda mais com gente velha, que se acha tão interessante, tão conhecedor das coisas. Adoram nos contar o que faziam na nossa idade. Ou então os problemas do filho/sobrinho/neto, que se parece um pouco conosco, ou então não se parece nada conosco, e é um ótimo rapaz, ou está com muitos problemas. Não teve jeito. Me dá vontade de falar meu chapa, eu também não gosto de ficar aqui esperando sem ter o que fazer e sem nenhum amigo, mas não precisamos aumentar nossa depressão incomodando uns aos outros com essas estórias. Não tá vendo que eu tô com um livro na mão? É claro que ele tava vendo que eu tava com um livro na mão. Mas acha que isso era problema? O mais chato era ter de prestar atenção e ficar balançando a cabeça a cada quinze segundos para concordar com cada bobagem. Ele não estava nem conversando, não estava nem aí para mim. Só ia falando, falando, falando. Como se eu precisasse muito de seus valiosos conselhos e sua perfeita visão de mundo, onde é legal sentar do lado de alguém que quer ficar sozinho e aporrinhá-lo com um falatório sem fim. Pedi licença pra ir no banheiro e fui sentar do outro lado. Ele ficou meio triste, mas que que eu vou fazer? Ele logo vai aporrinhar outra pessoa mesmo. Dessa vez sentei num lugar sem ninguém a menos de três cadeiras, e fiquei lendo sossegado.
 
Parei um pouco de ler e levantei a cabeça, a visão um pouco desfocada. Que grande figura esse Holden Caulfield. Sujeito simpático. Eu já tinha lido mais de 50 páginas. Gosto de parar de ler às vezes para fazer outra coisa. Tipo comer um troço, ou tomar uma Coca-cola de máquina. Gosto muito mais da Coca-cola de máquina, não sei bem por quê. Acho que é porque tem menos gás, e tá sempre mais gelada. Aproveitei pra comprar um salgadinho frito. Nem tava com fome, mas não tô acostumado a tomar Coca sem comer nada e também podia ficar com fome mais tarde. Não fui no banheiro, deixei pra ir em cima da hora. Voltei a sentar no lugar de antes, o velho tinha ido embora. Por que será que eles colocam o pior tipo possível de cadeira nas salas de espera? Era de plástico, uma bela porcaria, não dava pra encostar as costas nem nada. No lugar do velho de antes estava uma moça. Bem bonita. Bem melhor. Aí até que um pouco de papo furado já vale mais a pena. Em geral não gosto muito de conversar. Num lugar desse só se conversa coisa sem graça, pra matar o tempo. Muito melhor ler o livro.
 
Minha relação com essa coisa de conversar é meio estranha. Não sou bom conversador, papo furado me enche o saco. Também não gosto muito de conversas sérias. Gente tentando mostrar que é inteligente me irrita muito. Normalmente pegam no seu braço pra falar, dizem o óbvio como se fosse algo importante e sempre se saem com frases feitas e provérbios disfarçados. Quanto mais cretina uma pessoa mais ela gosta de provérbios e conversas sérias e frases definitivas. Eu levo a idéia “só sei que nada sei” muito a sério para poder ter opinião formada sobre algo. Não que eu odeie os provérbios, até que tem uns legais. O chato é que as coisas realmente importantes são tão simples, não vale a pena falar delas (a não ser para os idiotas, que adoram dizer que o importante é ser feliz e coisas assim). Não é que eu não goste de falar sério, não. Eu falo sério todo dia. Mas prefiro muito mais fazer graça. O humor consegue ser sério sem ser chato. Pelo tipo de humor pode se conhecer uma pessoa. Os idiotas não gostam de rir de si mesmos, se ofendem, acham o riso uma coisa boba, acham que as pessoas inteligentes devem estar sempre preocupadas com problemas existenciais ou algo assim. Ou então ficam rindo das coisas mais cretinas. Como isso me deixa cansado.
 
A moça do meu lado resolveu puxar papo também. Não era tão chata quanto o velho e tinha uma gracinha de boca. Estava indo para o mesmo lugar que eu. Conversamos bastante, até. Fiz um esforço para não ser muito lacônico e fazer o que todos esperam que se faça numa conversa animada. Ela me contou o que estava estudando e o que pensava em fazer, mas não daquele jeito irritante de quem se acha brilhante. Ela tava sendo sincera, dava pra ver pelo brilho nos olhos. Mas não perguntou o que eu fazia. Mas acho que não foi porque me achasse sem interesse, foi porque ela tava mesmo preocupada consigo e queria falar. Eu não ligo que não perguntem de mim, na verdade não gosto muito de falar de mim, fico me achando chato, acho que estou incomodando. Acho que sou autocrítico demais, ao contrário da maioria das pessoas que conversam comigo. Elas nunca se preocupam se estão falando demais, ou se não são tão interessantes quanto acham que são.
 
Enfim, chegou a hora do nosso ônibus. Mas não fomos juntos, não. Ela acabou encontrando um amigo e não precisava mais de mim. Numa boa. Fui no banheiro e em dois minutos tinha esquecido dela. Depois botei a mala no ônibus, sentei e abri o livro, pra ver se o Caulfield tinha alguma coisa pra dizer sobre conversas de rodoviária.
 
 
ciranda globalizada
silas corrêa leite [[email protected]]
 
Batatinha quando nasce
Vira fritas no McDonalds
 

l i s t a s   a b o b r o l
5 singelas perguntas feitas à rosely sayão:

- "Há a probabilidade de fecundação no sexo aquático?"
- "Se esperma contém vitamina C, não seria um bom remédio contra gripe?"
- "Se meu namorado passar a mão nos meus seios, vai nascer um cisto no meu olho?"
- "Tenho um disquete cheio de mulher pelada. Apago ou não?"
- "Como atores de filmes eróticos ejaculam com tanta força?"
 
p.s. 1: visite http://www.uol.com.br/sexoteen/prontosocorro, e faça você mesmo a sua lista abobrol.
p.s. 2: a fim de responder às perguntas acima? as melhores respostas serão publicadas aqui, e concorrerão ao sorteio de uma camisinha fosforescente pra dias de apagão. =^)
 
 
a estória do mundo segundo brooke shields
pedro vitiello [
[email protected]
]
capítulo 4: idade média
"A Terra é Redonda, mas está ficando cada vez mais chata..." (antiga cantiga medieval, redescoberta pelo Barão de Itararé).
 
Chegado é o momento em nossa mini-viagem virtual de estória, de falarmos de um retumbante momento estórico: a Idade Média! Também conhecida, posteriormente, por "Idade das Trevas", foi uma época cercada de religiões, heróis e heroínas, de reis, de princesas e de exércitos inimigos, cercando a moçada. A "Idade das Trevas" ganha este nome porque, por mau planejamento das autoridades de então, havia uma escassez enorme de hidroelétricas e o risco de um apagão era constante. É conhecida por alguns como a "adolescência da humanidade", motivo pela qual, acredita-se, as mulheres eram românticas, e os homens resmungões, mal-criados, psicopatas, meio porcos e sempre querendo o carro do pai.
 
Todo historiador sério acha importante conhecermos o período medieval. Eu, por exemplo, bombei a sétima serie só para poder saber duas vezes sobre ele! Eram períodos negros, então, com a vida humana sendo tratada com desprezo, crueldade e desdém, com perigos por toda parte, onde o convívio com pessoas semi-analfabetas era constante. Nesta época as pessoas são avaliadas por suas posses e pelo mal-gosto. A falta de higiene é considerável e o tempo passa com imensa vagarosidade. Frustrante! Um novo mundo prestes a se abrir e você trancado numa droga de um lugarzinho fedorento, ao invés de sair livre traçando donzelas. Este período também é conhecido pela incapacidade geral das pessoas pensarem e exercerem suas liberdades civis. Ainda bem que a oitava série foi mais animada!...
 
Bem, falar do período medieval é falar do sistema feudal cujos montantes de terra eram divididos em "Grandes Feudos", "Feudos Médios", "Pequenos Feudos" e Feudos "Não Se Preocupe meu Bem, o Que Importa é o Desempenho". Eram a forma de organização política da época, sempre sob os auspícios (Spam Zine também é palavreado chique) da igreja. Era, obviamente, um pé no saco, pois na pratica, neguinho tinha de preencher guia em cinco vias e pagar lá no Banerj de Madureira (RJ), antes de ir de uma aldeia para outra.
 
Quem a tudo organizava a bagunça era "painho", chamado de Senhor Feudal, que, além de ter puxado muito saco real, era capaz de controlar sua população a mão de ferro.  O Senhor feudal mais forte era chamado de Alto e Casto Monsenhor (ou ACM). Entre os seus direitos, estava o de passar a primeira noite com a vassala, na noite anterior ao de seu casamento. Isso, além de uma sacanagem, também era uma forma de mostrar aos seus súditos que eles iam se f... com o governo.
 
O Senhor Feudal tinha uma espécie de fixação, uma coisa dele, em mandar neguinho se ferrar em guerras idiotas. Eles falavam aos seus súditos e súditas que era para o bem deles, que não ia doer e nem nada, e daí dava aquela roubada toda.
 
Aliás, por falar em guerra, se havia um povo maluco por violência e morte eram os medievais. O arquétipo destas guerras impregnou-se nos genes e é liberado no transito de grandes cidades e nos jogos do "Curintcha". Guerreava-se por terras, por ódio, por posições na nobreza, por esporte, por motivos religiosos e por estar de TPM (Transtorno do período Medieval), que por sinal, acabava em sangue.
 
Uma famosa guerra foi a dos 100 anos, que duraram mais do que cem anos (acho que 127), mas os medievais eram burrinhos, mesmo, e, como não tinham mais do que dez dedos, perdiam a conta rapidinho. Além do mais, o marketing de um numero redondo é melhor, dá mais Ibope (é, já naquela época maquiavam-se as coisas)...
 
capítulo 4 b

Também na Idade Média ocorreram as CRUZADAS. Eram demoradas, aborrecidas, inúteis e terminavam em sangue. Pelas mesmas características, batizou-se de PALAVRAS CRUZADAS aquela coisa pentelha que imprimem nos jornais de hoje.
 
Mas o que eram as cruzadas? Eram uma forma de ir encher o saco alheio com a desculpa de resgatar a terra santa. Para tornar agradável a idéia que ficar horas com a nádega grudada em um cavalo (puxando o saco de reis e nobres e tendo de ouvir menestréis tocando aquelas violinhas cacetes) revigorou-se a "Lenda do Rei Arthur", que buscava ao Santo Graal. O Santo Graal, diziam as lendas, tinha entrado em contato com Cristo por duas vezes e tinha poderes mágicos, como a de curar a todas as doenças, inclusive a dor de corno dos cavaleiros quando voltassem para suas damas após anos no exílio. A Terra Santa era o Graal dos medievais e para acabar com a doença que eram os crimes, Stallone Kobra foi chamado. Foi promovendo pilhagem e assassinato de milhões de bárbaros, no caso, mulçumanos, que as cruzadas se promoveram. Claro que os mulçumanos, que dominavam filosofia, astronomia, conheciam água encanada e banho, discordavam um pouco de quem eram os bárbaros, mas essa é outra estória. A única coisa boa das cruzadas foi a chamada "Cruzada das Crianças", que resultou em uma população de menos adultos imbecis, digno de um prêmio Darwin.
 
O melhor Prêmio Darwin (prêmio concedido a pessoas que morreram de forma estúpida, não deixando descendentes e contribuindo para a melhoria da espécie ao NÃO transmitirem seus genes), porém, foi para os que consideravam gatos coisas demoníacas e se recusavam a mantê-los, aumentando o numero de ratos e, portanto, a quantidade de transmissores da Peste Negra. Os gatos, que eram endeusados no Egito exatamente por comerem ratos e salvarem plantações, mereciam maior consideração!
 
Higiene Pessoal: na Idade Média? hehehehe! Banho? Nem pensar. Escovar o dente (o único que eles tinham)? Idem ! O modelo medieval de higiene era colocar a roupa de baixo do avesso.
 
Alimentação: era muito legal, neste período "estórico", almoçar ou jantar nos castelos. Muito legal se você fosse um cachorro, claro. Um cão podia roer ossos de galinha, podia comer restos de carne, dobradinha, rabada, buchada , big mac, e toda outra e qualquer comida que fosse considerada intragável ao paladar humano. Estas comidas eram jogadas para trás, literalmente, durante as refeições e os carpetes, depois de bem sujos, ao invés de serem lavados, eram jogados fora e incinerados. Os homens medievais, portanto, são os pais espirituais de todo homem solteiro contemporâneo.
 
Por falar em homens solteiros, seria de grande equívoco não citarmos o bastião, o motor do conhecimento e da vida das pessoas neste período: a Igreja Católica!!!
 
A Igreja Católica pregava a caridade e era tão ferrenha adepta da compreensão, que mandava matar quem não fosse compreensivo. Eram os católicos de então, ao contrario dos de hoje em dia, adeptos de todos os meios, mesmo que idiotas, para arrebanhar fiéis e aumentar a população, como, por exemplo, condenar a masturbação, a contracepção, o amor livre. Ela pregava o sexo no matrimonio com fins estreitamente procriativos (além do uso de desodorante para relações que não terminassem em desmaios) para que o rebanho crescesse. A sua palavra era lei e era de uma rigidez pentelha, mas pelo menos eles não tinham padres orelhudos em programas de auditórios, então. A assim chamada reforma protestante (iniciada por Calvino e por Lutero) também não resolveu os problemas da infelicidade humana, mas em compensação, ajudou a criar muitos problemas novos.
 
A idade média viu florescer as cidades, os assim chamados "burgos", onde os primeiros artesãos começaram a produzir artefatos. Nestas cidades surgiam, já, as primeiras universidades, onde o conhecimento humano ia sendo aprimorado. Como não havia cursinho, prestar vestibular era uma tarefa muito difícil, pois não tinha professor ensinando riminhas e a cola ainda não tinha sido inventada (Também não haviam aulas de história como esta, razão pela qual nem tudo estava perdido).
 
Houve o aumento do contato com o Oriente, de descobertas e aumento do rigor científico e de concepções monetárias e políticas que pregavam um estado mais unificado. Aumentou o comercio, um novo mundo foi descoberto (okay, os índios não acham que a coisa é bem assim), antigos valores discutidos e foi pro chão o modo de vida medieval, dando caminho para a renascença.
 
cenas do próximo capítulo:
Inquisidor Renascentista: - Você já leu o texto do Descartes?
Jovem Cientista Esclarecido: - Eu não, mas o Gali LEU...! (ugh)
 

um poeminha
patricia köhler vinagre [[email protected]]
 
Te chamo pra sair
você sempre com um ofício
Convido pra jantar, pra dançar
pro cinema, pra comício
Ouço sempre: hoje não dá
e já estou sem artifício
Só me resta ser direta:
- Pode ser ou tá difícil?
 
 
n a v e g a r   i m p r e c i s o
 
o mundo acabou ontem
http://www.jb.com.br/jb/papel/colunas/millor/2001/10/07/jorcolmil20011007001.html
Texto antológico de Millôr Fernandes, a respeito de uma suposta "guerra à base de ogivas nucleares bacteriológicas fragmentáveis na qual nem Deus se salva". Qualquer coincidência com a realidade é mera semelhança.
 
ignóbeis
http://www.improbable.com/ig/ig-top.html
Site oficial do Ig Nobel, prêmio concedido às mais estapafúrdias "contribuições" da ciência para a humanidade. Como a de Robert Matthews, Ig Nobel de Física de 1996, por seus esforços em demonstrar cientificamente porque as torradas sempre caem no chão com o lado da manteiga para baixo. Ou Mara Sidoli, Ig Nobel de Literatura de 1998, graças à sua mui esclarecedora obra "Farting as a Defence Against Unspeakable Dread", cuja sutil tradução é: "Os Gases Enquanto Reação de Defesa em Situações de Perigo". Como é que não lançaram esse livro no Brasil? Há que se lembrar ainda de John Hagelin, da Universidade de Maharishi, Ig Nobel da Paz de 1994, por seu trabalho experimental que concluiu: os pensamentos positivos de 4.000 experts em Meditação Transcendental foram capazes de reduzir os índices criminais em Washington em cerca de 18%. Duvidam? Confiram:
http://www.naturallaw.org.nz/Research/DC_Abstract.htm. Bush Júnior e Rudolph Giuliani têm que chamar esse cara!
 
 
futebol, solidão e chocolate
orlando tosetto junior [[email protected]]


"Também eu só abro os meus salões e os meus jardins à noite silenciosa".

"A infância é apenas isto: a sensação de que viver é de graça".

De todos os escritores que pode haver no mundo, só um brasileiro seria capaz de enfiar essas frases numa crônica sobre futebol. E, de todos os brasileiros, somente um: Paulo Mendes Campos. Bom, talvez Rubem Braga também pudesse, mas temos que parar nesses dois, porque os outros não o fariam.

Gosto do Paulo Mendes Campos. Hoje, sexta-feira, dia das crianças, vou lendo um livrinho dele enquanto espero que as meninas saiam de uma loja, onde se enfiaram sabiamente sem mim, que sou um notório impaciente. Notório entre elas, bem entendido; o resto do mundo ignora minha impaciência. Mas vou lendo e, cidadão emotivo que sou, espremo os olhos naturalmente meio fechados, empurrando de volta aquilo que o descuido poderia transformar em vexaminosas lagrimazinhas.

O diabo de estar vivo é que se acumulam coisas pra gente lembrar. Quando Paulo, falando do seu Botafogo, diz que "uma vez, enfrentei um dragão enorme e entrei no castelo encantado", eu me lembro, não do Botafogo, mas justamente do castelo encantado. Saí dele faz pouco tempo; no dia seguinte, aviões derrubavam torres, que desabavam iguaizinhas aos amores. Que os amores morrem e também desabam. E ficam, como as ruínas do WTC, fumegando meses a fio.

Depressa percebo que o livro do Paulo vai é fazer um acúmulo de passarinhos na minha garganta; que esta glote vai virar aviário. Há que combater. Como? Depondo o livro, enxotando os pensamentos, prestando atenção na gente à minha volta.

Gente. Uma jovem de vestido escandalosamente florido, com uma tatuagem indecifrável na canela, passa ao lado de um homem enorme. Uma criança passa correndo, deixando cheiro de chocolate branco. Três mocinhas em alarido cantam juntas uma música que não conheço, afogando o final em gritinhos agudos. Quatro rapazes de bermudas coletam moedas entre si. Uma mulher pára e balança a cabeça, perplexa, quem sabe esquecida de onde estava ou do que ia fazer. Uma moça solta a mão de um rapaz e sai andando mais depressa. Um menino leva um cascudo. Não vou imergir, sei desde logo, nessas ondas. As meninas saem com seus pacotes, dizem olhando pra minha cara que não vão nem mortas contar o que compraram pra mim, eu que para elas devo ser meio criança também, e me pedem para adivinhar; ando com elas desfiando tranqüilos absurdos ("Um carro?", "Não!", "Um avião?", "Não!", "Uma bomba atômica?", "Nãããão, né?!", "Então só pode ser a Lua e o Sol.", "Mas pra que você quer tanta coisa?!").

Pacato assim, quem sabe dos desassossegos que carrego? Pensem o que for de mim, é um erro. Assim eu, assim todos. Por trás dos ossos das testas, grandes são os desertos. Entramos no castelo encantado achando que somos do tamanho dele, mas andamos por corredores vazios, trombamos com os móveis e os restos de antigos inquilinos, e descobrimos inquietos que os ruídos que ouvimos não são eco: o castelo é tão grande que tem espaço para outros.

O remédio, claro, é tocar um tango argentino. Ou uma música da Ana Carolina. Não, melhor o tango. Fumar é um prazer genial, sensual; pena que não fumo, mas pra gente morrer sempre há jeito.

Enfio a mão na sacola e tiro o meu chocolate (não era nem o Sol, nem a Lua: era chocolate). Mordo-o, e penso que ainda é cedo. No metrô, ela me diz que meus cabelos brancos já estão aparecendo, e mesmo assim ainda é cedo.


f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
olá, você ligou para
[email protected]
. neste momento, todos os nossos ramais estão ocupados. aguarde na linha ou deixe sua mensagem, que retornaremos seu contato na próxima semana. obrigado. sua ligação é muito importante para nós.

"Queridinhos: então quer dizer que exageraram as notícias das vossas mortes?Ótimo, porque eu estava achando que era verdade, *duas* semanas à espera, estão achando que sou o quê, alguma afegã? Imagino a afegã vaidosa escolhendo o xador do bombardeio...
 
Mas tá: olha, esse Spam não era mais gordinho, não? Gente gorda, na vida real, não serve; mas revista, zine, periódico que seja, rechonchudo, é muito melhor. Do jeito que está, tem que mudar o nome pra Spa Zine! Muy flaquito, no?
 
E esse Zé Roberto, quem é esse homem?! Ma-ra-vi-lho-so, mas *recherché*, n´est-ce pas? Gostei do Mercurius Cromus, Merthiolatus, que sei? Agradábile. E, no mais, vi que vossas mercês capitaneiam página, infelizmente too low to date. Há perspectivas, digamos assim?
 
Beijos a todos, e mandem sinais se acharem que posso colaborar."
Sílvia Devereaux

SPAM ZINE RESPONDE: Sílvia, o SZ tem atrasado por conta da vida atribulada dos editores. Eu estou atolado na faculdade, tentando salvar o trabalho de conclusão que anda mais enrolado que papel higiênico, além de descolar uns frilas aqui e ali pra cobrir minha conta, que anda naqueles dias, ou seja, só no vermelho. E o Sabbag, além do novo trabalho no jornal Primeira Hora de Curitiba, anda seduzindo mocinhas incautas com sua lábia e voz de locutor de madrugada de FMs. Quanto ao tamanho das edições, espero que este SZ mais rechonchudinho tenha saciado sua fome de bons textos. Ah, sorte que você não me conhece pessoalmente: posso até ter um olhar 43, mas minha barriguinha está mais pra 86... Quanto ao Zé Roberto, a.k.a. JRP, recomendo que você mande um e-mail a ele: mais do que um homem, o cara é uma lenda viva. Pague pra ver. E aproveite a ocasião para enviar, SIM, colaborações pra gente. Se seus textos mantiverem o mesmo nível de sua singela cartinha, considere-se desde já cooptada por nós. Quanto ao site do Spam, prepare-se: Suzi Hong, intrépida e maravilhosa, está preparando nova página em breve no ar. Beijim e juízo (pero no mucho), A.I.


c r é d i t o s   f i n a i s
 
irresponsáveis
Alexandre Inagaki
[[email protected]]
Ricardo Sabbag
[[email protected]]
 
cúmplices
Alyuska Lins [[email protected]
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Orlando Tosetto Junior [[email protected]]
Pedro Vitiello [[email protected]]
 
testemunhas de acusação
Lau Siqueira [[email protected]]
Marcel Novaes [[email protected]]
Patricia Köhler Vinagre [[email protected]]
Silas Corrêa Leite [[email protected]]
 
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p. s.

inagaki: Ela foi recentemente descrita por um jornal mineiro como "princesa afegã, excitante e atômica qual gim tônica". Ok, esqueçam a descrição. Mas não deixem de conhecer melhor uma artista multimídia muito mais interessante que o Arnaldo Antunes (e não falo só do lado estético): Paula Pimenta. Além de colaborar esporadicamente com o Spam, Paula possui uma bela página pessoal, o Mundalua (http://planeta.terra.com.br/arte/mundalua), canta e compõe maravilhosamente bem (puxem a mp3 de "Quero Demais", disponível em seu site). Sua mais nova empreitada é a publicação do livro "Confissão", coletânea de seus textos. Escrevam djá para [email protected], encomendem um exemplar autografado e aproveitem para reservar uma cópia do futuro CD!
 
sabbag: Fui no jogo da selecinha contra o Chile. Tomei muita chuva, molhei até o fundo dos ossos, mas vi os dois gols bem na minha frente. É o ópio, mon ami, o ópio. Pulei feito uma criança doida.
 
vitiello: Cuidado com a caça às bruxas... Daqui a pouco vão queimar com fogueiras nucleares não apenas os afegãos, mas qualqer um que não compre um tênis Nike por mês...
 
inagaki: Foi emocionante ver o Herbert Vianna no Fantástico, cantando e tocando violão para outros pacientes do Hospital Sarah Kubitschek de Brasília. Recordei o dia em que peguei o autógrafo dele e dos outros Paralamas, durante o lançamento do Acústico MTV no Fnac em Sampa City. Eu, embasbacado como qualquer outro fã inveterado e estupidificado diante da presença física do ídolo, ainda balbuciei algumas palavras para ele: "Herbert, valeu, você compôs boa parte da trilha sonora da minha juventude!!!" Lembro dele entreolhando Bi e Barone com o canto dos olhos, provavelmente pensando: "dã?!". Mais um mico pra minha indelével coleção, mas esse ao menos valeu a pena. Que os Paralamas voltem em breve: é a melhor banda brasileira ao vivo.
 
orlando: "Eu permiti que falassem e nunca rebati nada; permiti que fossem longe demais". Essa frase de V. S. Naipaul era o dístico do meu finado blog (não tenho paciência para essas coisas). Agora que ele, o Naipaul, está nobelizado, fico querendo me achar descobridor dele, pode? Eu sou uma besta mesmo.