Na semana em que a realidade goleou a imaginação por quatro aviões a zero,
o Spam Zine publica apenas textos de não-ficção. Porque um dia teremos saudades
dos tempos em que New York em chamas e carnificina na ilha de Manhattan
não passavam de desvarios inverossímeis de Hollywood.
Daqui a alguns dias, as finadas torres do World Trade Center terminarão
de cair bem em cima dos cocorutos dos afegãos. Muita gente inocente
morrerá, assim como milhares de palestinos, tchetchenos, iraquianos, sudaneses
e etíopes morrem sem merecerem um take sequer da CNN. Não, não quero justificar
o ato brutalmente covarde que resultou na castração simbólica da América:
guerra santa nada mais é do que uma brutal contradição de termos. Só não
posso deixar de imaginar que, debaixo dos escombros novaiorquinos ou dos
acampamentos de refugiados destroçados diariamente no Oriente Médio, repousam
pessoas que sonhavam, amavam e procuravam, simplesmente, a tal da felicidade.
Osama Bin Laden, aquele que supostamente foi quem mandou capar os enormes
prédios fálicos de Wall Street, tornou-se a Lorena Bobbit do terrorismo.
Um filho da mãe pra nenhum Maluf, Eurico Miranda, Lalau ou Barbalho botar
defeito. Nosso Darth Vader de barba e turbante, cujo maior crime foi permitir
que os Estados Unidos finalmente assumam, com completa anuência de nações
de todo o mundo, a carapuça de super-heróis da democracia moderna. Um vilão
responsável indireto por milhares de piadas infames e forwards de supostas
profecias de Nostradamus, uma espécie de Pai Dinah que deu certo, envelhecido
nos tonéis da eterna credulidade humana.
Todos os fatos desta semana me fizeram lembrar de uma história "baseada
em fatos reais", como diriam os créditos. Alberto Santos Dumont, um
pacifista convicto, descobriu que aviões estavam sendo utilizados para bombardear
civis durante a Revolução Constitucionalista de 1932, ficando extremamente
abalado com o uso bélico de sua invenção. No dia de sua morte, um aposentado
chamado Antônio Mendes levou Dumont, de charrete, até o Grande Hotel La
Plage, no Guarujá, São Paulo. Quando desceu do veículo, Santos Dumont comentou
com Antônio: "Eu inventei a desgraça do mundo". Poucas horas depois,
funcionários do hotel encontraram o corpo do inventor, enforcado com uma
gravata, no banheiro do seu quarto.
... e pensar que.
POEMA
CONTEXTUALIZADO
"podem
ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade:
eu fico com o cinema americano" (Paulo Leminski)
(ilustração da página: Henrick
Manreza)
E quem diria que o poder bélico mais consistente do
mundo iria se curvar, no meio da fuligem, a um bando de fanáticos pré-medievais?
Os
EUA, hiper-higienizados, elevados ao paroxismo do consumo conspícuo - 'doravante',
disse Duchamp, 'são os objetos que me observam' -, calvinistas em termos
de poupança e hedonistas no que respeita às tetas pontudas das cheerleaders-de-cérebro-de-MacBacon.
O
pais que venceu todas, comeu todas - o capitão do time de futebol americano
-, colocado ao chão pela violência mais estúpida. Contra a racionalidade
há saída; contra a burrice, nada há a se fazer. ('Eu invejo a burrice, ela
é imortal', comentou Nélson Rodrigues.)
A
inocência acabou. Em curto prazo, o recalque virará paranóia. A médio prazo,
Hollywood se encarregará da eternização. Bush, sua bota de caubói rebrilhando
a insígnia 'Esso', dirigirá um F-15 e mandará à alcova de sete virgens todo
um punhado de barbudos.
Nossos
netos gritarão 'urrú', e a farsa se terá constituído.
Até
o dia em que a normalidade se esgarçar. De novo. A vidinha, esta gelatina
desculpavelmente ridícula, será varada aos ares; e o contador irá pensar,
'my God', e o advogado do Morgan Stanley irá pensar, 'my God', mas o Deus
das Redes, o Deus Eficiente, o Deus Organizacional estará dormindo, e o
Antigo Deus Violento assumirá as rédeas do mundo por dois segundos, e então
a pipoca entalará na garganta dos nossos netos, e será que a enorme lingüeta
de seus Reeboks será suficiente para abrigá-los da fuligem?
Os
comentários são inúteis. Pobres historiadores. Os fatos nem seu ajuntamento
têm sentido algum. 'A História', o gordo Gibbon escreveu, 'é apenas o apanhado
da loucura e da barbárie do homem'.
Neste
momento histórico, a assertiva mais pertinente foi recolhida num canal de
chat, provavelmente enunciada por algum pré-adolescente de onze anos apaixonado
pela vizinha de quinze.
Toda
sua resumitiva beleza não expressaria o pragmatismo frio de Kissinger.
'Quero
mais é que tudo se foda e que meu pau cresça até o céu.'
Tenha
um bom dia.
r
á p i d a s r a s t e i r a s
"Olhe,
do jeito que as coisas estão, é melhor o senhor me vender um bilhete de loteria.
Com tanta coisa dando errado, quem sabe se essa não é a melhor coisa que tenho
a fazer".
(SENHORA
NOVAIORQUINA, conversando com o caixa de uma loja de conveniência
logo depois de ver a segunda torre do World Trade Center desabar, em
diálogo transcrito pelo jornalista Elio
Gaspari)
''Sou imune a fantasias
elucubrantes. Não precisa ser malabarista para fazer sexo com qualidade''.
(TONY
RAMOS, ator peludo e adepto convicto do papai-e-mamãe)
a
lavar la ropa sucia en publico
O maior flamewar
dos últimos anos. Passei um bom tempo lendo um fórum de leitores do jornal
argentino Olé (do grupo Clarin) cujo tema era a derrota da seleção brasileira
de futebol para a Argentina. E foi a primeira vez que pude ler exemplos
variados e diretos de xenofobia e intolerância entre os dois países via
Internet. A discussão deixou rapidamente de ser sobre qual país tem mais
títulos ou se o melhor jogador foi Pelé ou Maradona, para degenerar numa
guerra total entre os torcedores de ambos os lados. Das mais de 700 mensagens
acumuladas desde quinta, pelo menos 600 (não li tudo) são insultos, grande
parte deles de argentinos tentando escrever em português e brasileiros tentando
escrever em espanhol, com direito a porradas extras de uruguaios, colombianos,
venezuelanos, espanhóis e italianos.
Reproduzo alguns pontos baixos da briga para a diversão, reflexão e preocupação
de meus leitores. Advirto, porém, que, na condição de "brazuco-hispânico",
sou totalmente contrário a qualquer uma dessas opiniões, as quais, se não
representativas da opinião dos povos em geral, mostra a, podridão que grassa
na cabeça de indivíduos que podem ganhar número, a seguir-se a deterioração
econômica conjunta dos dois países. O esporte não é a origem da discórdia.
(B=Brasil, A=Argentina)
(B) Vocês de Buenos Aires não são bem-vistos pelo resto dos argentinos.
(A) Vocês, cariocas e paulistas, não são bem-vistos pelo resto dos brasileiros.
(B) Vocês não passam de uns falidos, com um complexo de inferioridade tão
enorme que qualquer vitória esportiva vira motivo de glória nacional.
(A) Vocês vivem das glórias do passado, de um tempo em que o Brasil ainda
sabia jogar futebol e não era motivo de piadas como hoje. Vão chorar na
igreja, vão chorar no túmulo do Senna, vão aprender a gostar de tênis -
oh, não, Guga perdeu também.
(B) Vocês não têm mais nada do que se orgulhar; sua população é uma fração
da nossa e seu PIB é menor que o do Estado de São Paulo.
(A) População maior, PIB maior... De que adianta, se a riqueza do Brasil
fica toda na mão de meia dúzia no Sul, enquanto no Nordeste as pessoas se
alimentam de ratos?
(B) Vocês não têm a floresta amazônica, patrimônio mundial e futuro da humanidade!
(A) É, a mesma floresta que vocês estão destruindo, criminosos!
(B) Covardes! Falam
tanto de orgulho nacional, mas correram das Malvinas. Aliás, viva as Falklands!
É como disse o Príncipe Charles na época: "coitados, são só uns argentinos."
(A) Ao menos nós peitamos uma potência mundial, enquanto vocês se escravizaram
totalmente aos EUA, e no século 19 perderam todas as guerras contra nós.
(B) Vocês são notoriamente orgulhosos e arrogantes, porém são os mendigos
do mundo, pedindo um trocado ao FMI para alimentar a população. Aliás, aonde
vão arrumar a grana para ir à Copa? Vão pedir emprestado para o FMI?
(A) Não, vamos usar a passagem de avião de que o Brasil não vai mais precisar,
já que vai ser eliminado. Enquanto isso, vocês vão ficar em casa, vendo
a Copa pela TV.
(B) Não há a menor chance de o Brasil não se classificar; afinal, Copa do
Mundo sem Brasil não é Copa do Mundo. Nunca houve Copa sem o Brasil.
(A) Claro, foram protegidos e mimados pela Fifa durante toda a era Havelange.
Se não se classificarem, vão pedir para a mamãe Fifa cancelar o Mundial.
Maus perdedores, não suportam perder para a gente.
(B) O Brasil tem as mulheres mais desejadas do mundo e as melhores praias.
Vocês? Nem tem graça, não têm praia nem mulheres bonitas - preferem vir
ao Brasil para o Carnaval.
(A) As mulheres de vocês são desejadas porque são fáceis. Todas são umas
putas, dão para os argentinos para que estes lhes dêem dinheiro para comer.
Quando vamos para o Brasil, fazemos a festa com elas. Carnaval? Simples
importação da África.
(B) Os argentinos ficam nos jogando na cara que somos africanos, enquanto
perpetuam a lenda de que são europeus. Mas, baseado no fato de que os negros
no Brasil são minoria, posso pelo mesmo raciocínio chamar a todos os argentinos
de índios, que lá também são minoria.
(A) Os argentinos em geral são de raça branca. Já os brasileiros são da
"raça samba" - um pouco de negro, um pouco de índio, um pouco
de macaco da selva e um pouco de porco português subdesenvolvido.
(B) E os argentinos não passam de um bando de índios que se acham brancos.
Os portenhos descendentes de italianos são todos da Calábria e da Sicília,
gente que no norte da Itália é considerada africana.
(A) Tinha que esterilizar todos vocês, negros brasileiros mortos de fome,
e mandá-los trabalhar na cordilheira. Nasceram para ser escravos e nunca
passarão disso.
(B) Neo-nazista, miserável! Não finja: você adorou o que nós "negros"
fizemos com você quando veio dar por aqui.
(A) Nós vamos aí para ficar com todas suas mulheres. Mas as nossas mulheres
não ficam com os negros do Brasil, por causa do fedor deles.
(B) Espero muito que apareça uma guerra para podermos humilhá-los, invadi-los,
chutá-los daí (pois faremos dessa sua terra um grande estacionamento para
carros) e prendê-los em nossa floresta para tratá-los como escravos! Assim,
espero de uma vez por todas acabar com vocês, igual ao que fizemos com o
Paraguai.
(A) Eu aceito seu desafio, e a nossa inferioridade em número não é problema,
já que temos muito mais culhão. Mas vamos ter que ir à guerra com algum
tipo de proteção, para não sermos contaminados pelo seu sangue infecto de
gays aidéticos.
(B) Se quisermos acabar com vocês, tudo o que teremos a fazer é abrir as
comportas de Itaipu e afogar todos vocês.
(A) Melhor seria se usassem Itaipu para gerar eletricidade, já que estão
apavorados desligando as luzes de casa para evitar o apagão. Um vexame!
(B) Argentino bom é argentino morto. Fora com o Mercosul. Compatriotas,
matem todos esses racistas argentinos! Não venham mais ao Brasil, ou correrá
sangue. O mundo deve saber que vocês são nossos inimigos.
(A) Brazucas negros, sujos, fedorentos, amargurados, ignorantes, corruptos,
miseráveis, favelados, subdesenvolvidos, analfabetos, macacos, escravos.
n
a v e g a r i m p r e c i s o
o
pai da Mafalda
Depois dos singelos
diálogos reproduzidos acima, que tal visitar a página de um dos portenhos
mais talentosos? Nestes tempos sombrios, nada melhor do que apreciar os
cartuns de riso amargo do mestre Quino.
Dia 11 de fevereiro
de 1996, ou 1995. Não me lembro. Véspera de aniversário da minha mãe.
Saímos eu, Ivan e Cláudio (nomes fictícios) para um bar mexicano e gastamos
uns duzentos reais em tequila. Ficamos tão absolutamente intoxicados que
estávamos tirando gosto com Tabasco - direto da garrafinha. O Cláudio
ficou bêbado a ponto de não conseguir assinar a fatura do cartão, coisa
que eu tive que fazer para ele.
Voltamos andando
para o carro, tropeçando pelas ruas até a Getúlio Vargas. Sentamos no
chão encostados no muro do Bueno Brandão, olhando para o Uninho do Ivan,
pedindo ajuda aos céus para conseguir ir embora dali. Quinze minutos depois
conseguimos entrar no carro. O Cláudio teve que ser arrastado para o banco
de trás.
O Ivan me deixava
em casa, ao que o Cláudio lembra: "Minha carteira não está aqui.
Ficou no chão, no passeio, lá na Getúlio Vargas." Voltamos, e milagrosamente
a carteira estava lá, intocada. Foi considerado como um sinal de que nada
de mal poderia nos acontecer naquela noite. Consideramos voltar ao bar
e beber mais, mas após alguns momentos de discussão ponderamos que aquilo
poderia ser um abuso da sorte.
Fui para casa.
Consegui ir para a minha cama. O Cláudio, incapaz de abrir a porta de
seu apartamento, dormiu na escada. Ivan dormiu abraçado na privada, sendo
acordado dia claro pela sua mãe.
No dia seguinte,
aniversário da minha mãe, fui acordado cedo pelo meu pai. "Vamos
para o almoço", ele disse. Seria no sítio de um tio. Minha mãe já
estava lá. Levantei, bebi meio litro de guaraná brahma diet e entrei no
carro. O guaraná virou uma mistura explosiva em meu estômago. Estávamos
na estrada quando a situação tornou-se incontrolável - achei que ia parir
um alien. Logo vomitei de forma explosiva por todo o pára-brisas, espalhando
meio litro de guaraná brahma diet e Deus sabe o quê mais pelo carro todo,
minhas roupas tudo.
Decidi que não
poderia ir à festa naquele estado. Meu pai me deixou num ponto de ônibus,
voltei para Belo Horizonte, dentro de um ônibus de intermunicipal, 1155,
Bairro Veneza - Belo Horizonte. Sujo de vômito. O radinho do trocador
tocava Raul Seixas. Maluco Beleza. Impossível ficar mais deprimido.
Chego em casa,
tomo um banho, como um sanduíche, começo a me sentir melhor. Horas depois
minha mãe me liga e me dá um sermão homérico por estar perdendo seu aniversário.
Me sinto a pior das criaturas. Até que o Ivan me liga e me lembra que
é dia de Banda Santa. Um bloco de sujos, no sábado anterior ao carnaval.
Não deu outra.
Saímos à rua, vestidos de mulher, enchemos a cara de vodca barata. O Cláudio
também estava lá. Isso enquanto rolava o aniversário da minha mãe.
Perdoe-me, pai,
porque pequei.
OBSERVAÇÃO:
Caro leitor, você também pode se redimir de seus pecados. Escreva para
[email protected] relatando
as lembranças mais sórdidas de seu passado imundo. A partir da semana
que vem, estaremos publicando as melhores contribuições recebidas. Spam
Zine & rtfm
por um mundo melhor: redenção digital ao seu alcance.
Não
vou falar de cinema. É verdade que parecia; é verdade que lembrava. Mas
tanto pareceu, e tantos se lembraram, que tudo bem. Não, nada de cinema.
Não
vou falar de culpas. Todos as têm. É bom que a gente saiba que a inocência
acaba no primeiro berro, e depois só faz é descascar ao longo da vida.
Por detrás de cada par de olhos se esconde um tudo; e Hamlet dizia...
não, Hamlet dizia coisas muito tristes. Todos têm culpa, fiquemos assim,
que assim é que é.
Não
vou falar de dor. Coisas acontecem que nos fazem pensar, ou lembrar, que
a dor é mais ou menos constante; é pano de fundo. Coisas acontecem para
mitigá-la, obliterá-la por instantes, fazer com que a esqueçamos. Mas
ela está lá; vem junto com o primeiro pensamento. Não vou falar de dor
porque estamos todos perdidos e confusos, e o número de nortes é infinito
como o de narizes. Pobres narizes infelizes.
Não
vou falar de horror. Outro que, pensando bem, deita na cama conosco. Outro
que nasce com o entender. Outro que não tem explicação, ou tem todas;
outro que pede todo o silêncio possível.
Não
vou falar de choque. De épater a burguesia, que parecia, a esta altura,
incapaz de se chocar. Não falo do infinito poder do choque. Do que é levar
uma paulada na cabeça, do que é, de novo e de novo, o poder explosivo
de compreender.
Não
vou, portanto, falar da maldição do entendimento.
Vou
falar de morte. De mortos. De cadáveres. De gente explodida, queimada,
esmagada, com membros decepados. Falar de sangue espalhado, de tripas,
de pedaços de carne grudados em pedrinhas, de vergalhões espetados no
peito, de pulmões cheios de pó. De órbitas vazadas, de fezes, de urina
tinta de vermelho, de bexigas ao vento. De seios estourados, mechas de
cabelos balançando como anêmonas, de um sorriso grudado a uma laje. De
fedor, de ossos, de um sapato solitário apoiado sobre um parapeito. Da
fina gordura branca fazendo um traço na areia. De anéis amassados, esmalte
ameixa sobre pedaços soltos de unhas, um colar desfeito. De perfume besuntando
tijolos caídos. De gumex, henna, cílios postiços que flutuam como dentes
de leão.
Falo
de gente morta, da coisa horrível que é gente morta. Pessoas lado a lado
como estátuas, etiquetas amarradas nos dedos que restaram, formol, clarinadas,
bandeiras e serviço religioso. A coisa simples e auto-resolvível que é
uma pessoa morta. Muitas, muitas, muitas pessoas mortas.
Não
falo de piedade, de reconhecimento, de revolta, de indiferença. Falo só
de mortos. Muitos e muitos mortos. Vamos esquecê-los depressa, trocá-los
por outras coisas, eleger símbolos, guardar imagens: uma torre explodindo
ou desabando, um avião desgovernado. Nem sempre nos lembraremos da morte
física, dos corpos, dos cheiros. Não nos lembraremos do que não vimos.
Repentinamente
descolados dos nossos umbigos, voltaremos. No dia-a-dia, nossos horrores
são outros. E cada corpo, cada morto novo, em vez de ser uma lembrança,
será sempre uma surpresa. Porque ninguém se lembra de cadáveres.
f a l a q u e e u t e e
s c u t o
Esta semana a seção de cartas do Spam tornou-se
um mural de opiniões sobre os acontecimentos. Mande você também o seu
recado: [email protected].
"É pra refletir.
Os caras se preparam para ataque de et, crocodilo e godzilla. só esqueceram
de se prevenir contra árabe louco. E o Alckmin já falou que se pedirem, ele
vai. Feliz fim do mundo".
Wilson
Rodrigues
"olha, rapaz
eu também temo o que
o bush tem na cachola. ele já provou que de lá de dentro só sai coisa ruim,
então por aí a gente pode esperar algo bem pior que o pior. mas fala a verdade,
o cara provocou. deixou de assinar vários tratados importantes (inclusive
aquele da poluição em que ele foi o único a não assinar), saiu dizendo aos
quatros cantos do mundo que os eua são invulneráveis e fortes e auto suficientes...
tomou bomba. foi um ataque muito bem planejado. ainda mais porque veio de
dentro. como diria um amigo meu, a pior doença é a que vem de dentro. é isso
é que nem pisar em um formigueiro, daquelas lava-pés ainda...agora agüenta".
Yvelize
Wielewicki
"Chuck Smegman
x Jhonnie de Bruce... Cara, que "expressionante" (como vc diria),
esse treco dos staiti... O mundo vai acabar não em lava, em água, em fogo
ou em bomba, mas vai ser na base dos juros e das moratórias que a economia
global vai gerar para pagar essa guerrinha que eles vão acabar fazendo".
Pedro Vitiello
" (...) isso foi
apenas a ponta do iceberg com o qual, mais cedo ou mais tarde, os Estados
Unidos, tal qual poderoso Titanic da nossa época, irão se defrontar..."
Levi Quennehen
"estou lendo o
teu editorial e aqui na distante Italia temos o mesmo medo e a mesma perplexidade...
ciao".
Cristina
Vuerich
"Muitos amigos
me chamam de radical, extremista e louco na minha forma de pensar (...), já
tive discussões com meus professores por ter esse lado de querer ser como
um animal irracional, pois eles vivem sempre em paz, como os leões que vivem
em grupos, são unidos, caçam só o que precisam para se alimentar (...)enquanto
nós, seres "racionais", usamos toda essa inteligência para brincar
de Deus, para construir armas cada vez mais letais a nós mesmos, difícil de
entender né?? (...) Clonar animais e seres humanos, Genoma, alimentos Transgênicos
e tantos outros avanços tecnológicos tão "significativos" para destruir
seu semelhante (...) Será que não existe em algum lugar um botão STOP????"
Diogenes
Cassiano
c
r é d i t o s f i n a i
s
Editores:
Alexandre
Inagaki [[email protected]>
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Colaboradores:
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Vitiello [[email protected]]
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Zine - fanzine por e-mail
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sugestões, críticas & propostas indecentes:
>>>
1)
Chego da USP, o baby me esperando para dormir:
-
Mamy, por que aconteceu isso lá nos EUA? Que lugar ruim que eu nasci, hein?
Por que eu não nasci aqui? Lá as pessoas são muito ruins. Eu brigo mas
rapidinho fico de bem. Eles não. Traz a vovó pra cá antes que ela brigue também.
Não quero mais ver filmes assim, é de mentira mas é igual e todo mundo vai
imitar. (Érica de Freitas, em conversa com o filho que nasceu nos
Estados Unidos mas mora aqui)
2) Garçom, uma dose dupla de Drummond, por favor. Elegia
1938 para tentar compreender a semana passada, e A
Bomba para refletir sobre o que poderá vir pela frente. (Inagaki)