[S p a m  Z i n e]
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    : 21 de agosto de 2001
    : curitiba, são paulo, petrópolis
 
::: e d i t o r i a l
::: Ricardo Sabbag <[email protected]>
 
MAU HUMOR
 
Ora essa, não me venha com bazófias, chibanças, pabulagens!
 
Não, não. Sério. É que estou de mau humor.
 
E eu com isso?
 
É. Você não tem nada com isso.
 
Nada mesmo.
 
Nada?

Nado, mas só às terças e quintas.
 
E aos sábados?
 
Daí eu chovo.
 
Seu indefectivo.
 
Me desculpe.
 
Tudo bem.
 
E você é que estava de mau humor.
 
Eu?
 
Sim, você.
 
Eu, hein?
 
Você mesmo.
 
Eu entendi. "Eu, hein?" foi uma interjeição que significa "desprezo". Ou algo assim.
 
E essas aspas?
 
Como você viu aspas?
 
Está escrito ali em cima.
 
É, mas quando eu falo não aparecem aspas. E eu nem fiz o sinalzinho " " com as mãos.
 
Sim, mas não estamos falando. Tecnicamente, isso é um texto.
 
Sim, ainda é um texto.
 
E a culpa é dele.
 
Dele quem?
 
Dele, ali.
 
Quem? Aquele ali?
 
Sim, aquele.
 
O que tem ele?

Ele aperta uns botões naquele teclado e nós falamos aqui.
 
Bem, tecnicamente, nós não "falamos"...
 
Pare com isso!

Isso o quê?
 
Essas aspas!
 
Foi você quem começou.
 
Ah, sim, me desculpe.
 
E eu que era o mal-humorado...
 
Não. Mal-humorado é ele ali.
 
O apertador?
 
Sim, o escritor?

O apertador é um escritor?
 
É, ele escreve apertando os botõezinhos.
 
Eu não quero isso pra mim, não.
 
É, nem eu.
 
Afinal, o que você quer?
 
Psssiu! Fale baixo! Você o está irritando!

A quem?

Percebe, percebe? Já voltamos à fala formal, o próximo passo só pode ser...
 
NÃÃÃÃÃO!
 
FIM
 
LOVE MESSAGES
 
Olha o textinho! Só 1 real! Leve três, pague dois! Mulher bonita não paga, mas também não leva! Texto, texto, texto, qualidade comprovada. Freguesa não gostou? Troque seu conto por duas anedotas. Só aqui, no saldão de inverno Spam Zine. Queima de estoque. Os melhores textos da praça por menos do que você imagina.
 
***
 
 
::: A Estória do Mundo Segundo Brooke Shields
::: Pedro Vitiello <[email protected]>
 
Capítulo Dois: As Primeiras Civilizações

É chamada de História a fase a partir da qual passam a existir relatos da humanidade em que havia, já, a escrita. Nosso breve, contundente e intumescido relato da Estória do mundo segue pela mesma via.
 
Cronologicamente falando, após a queda de Atlântida, continente místico e grande produtor de chanchadas antigas, o mundo presenciou, além de gibis do Conan, um monte de civilizações bizarras e esquisitas, das quais destacavam-se as que nos deixaram algum relato em argila ou papiro. As que não deixaram nem um bilhetinho ou recado na secretária eletrônica, nos recusamos a falar até que recebamos um pedido formal de desculpas!
 
MESOPOTÂMIA: foram os antigos povos da Mesopotâmia, que significa "Povo Entre Rios", os primeiros a deixarem algum registro por escrito em argilas. Escrever em argilas era um pouco complicado principalmente porque para os mesopotamiozinhos era um inferno carregar a mochila para a escola, precisando de uma multidão de escravos apenas para levar o livro infantil "O Natal de Mitra". Mitra, por coincidência, nasceu em 25 de dezembro, fato descoberto pela Igreja Católica quando queria que as pessoas passassem a ser cristãs. Coincidências. O mito cristão do "dilúvio" teve origem com este povo através das aventuras de Gilgamesh, que era o rei da cocada babilônica. Ele buscava a imortalidade, o que significa, para alguns estudiosos, a descoberta primeva de sua condição finita, não apenas do herói, mas de toda a humanidade. Para a gente isso significa apenas que ele não queria morrer. Os jardins suspensos da Babilônia eram uma espécie de Parque do Ibirapuera antigo. Muitas outras são as coisas que os mesopotâmios fizeram, mas não vamos falar mais deles, que argila faz uma meleca.
 
EGÍPCIOS: Os egípcios surgiram no Egito. O Egito se dividia entre o Alto e o Baixo Egito. Eles construíam pirâmides e eram narigudos (razão pela qual o nariz da esfinge caiu). Dizem os historiadores que eles eram um povo com forte conhecimento matemático e que acreditavam que a vida eterna dependia da conservação do corpo, razão pela qual criaram as múmias, a estética e a cirurgia plástica. Também é por esta razão que quando fazem propaganda de xampu usam uma mulher maquiada como egípcia, ou seja, ninguém conserva você com cara de múmia como um xampu egípcio. Nossos informantes nos dizem, inclusive, que as primeiras múmias estavam enfaixadas pela tentativas toscas de cirurgia plástica, que eles utilizavam. A única egípcia realmente bonitona era a Cleópatra, que além de ser a cara da Elizabeth Taylor (antes de parecer um camelo), era muita areia para o caminhãozinho (ou biga) do Júlio César. Não era demais para o caminhão (ou biga) do Ricardus Marco Antônio, mas que brincava de serpente com ela quando ninguém estava por perto (fora os escravos eunucos). Isso é que era sacanagem!

As pirâmides são um espetáculo à parte no Egito. Foram construídas por milhares de escravos que gentilmente doaram seu tempo e vidas para estas obras, recebendo generosas chibatadas em troca. Houve também muitas negociatas realizadas durante a arrecadação de verbas; denúncias afirmam que os faraós cobravam impostos faraônicos sobre elas. As pirâmides têm, como todos sabem, dois lados: o de fora, que parece legal, mesmo estando aos cacos, e o de dentro, que, tal qual as paredes das cavernas primitivas, foram grafitados por adolescentes da antigüidade.
 
Elas foram feitas para preservar as riquezas dos faraós a salvo de ladrões. Sua lógica era simples. Construir uma coisa colossal, quadrada e gigantesca no meio do deserto; encher de ouro e jóias; depois, esperar que ninguém pensasse em procurar lá pois todos diriam: "não, ninguém é tão burro assim...". Pensamento parecido aconteceu quando a CBF expôs a Taça Jules Rimet e guardou a cópia em um cofre. A história se repetiu, pois, uma vez mais.
 
 
::: R á p i d a s   R a s t e i r a s
 
"Foi uma mudança positiva a nível de astral".
(LEONARDO, meia da seleção e do São Paulo, loiro e articulado, após a vitória do Brasil sobre o Paraguai)
 
 
::: Confissões de um spammer
::: Mario AV <[email protected]>

Sim, eu sou um spammer. Uso meu micro pra enviar mensagens de propaganda da minha casa. Eu sei perfeitamente que alguns aí acham isso imoral, mas você acha que pode qualquer coisa contra a gente? Qualquer coisa que seja? Está perdido. É impossível escapar do spam. Relaxe e goze - e compre, já que o spam só existe porque dá retorno, uma enorme quantidade de gente exatamente como você compra por ter lido o spam. Se são trouxas ou apenas gente que não é paranóica e mal-humorada, você decide. Eu acho o seguinte: são seres humanos. Ninguém é perfeito. Ninguém consegue resistir a todos os spams que chegam. Um dia o cara cede à curiosidade, clica em um e pronto, foi cooptado.

À taxa média de 3600 mails por dia com 5k de tamanho cada um, eu ponho na Internet pelo menos 527 MB por mês - convenhamos, não é tanto assim - e ganho um valor semelhante em reais. Uma boa grana pra simplesmente clicar em um botão todo dia! O megabyte enviado é muito barato. Ficam reclamando por aí da poluição e do congestionamento na Net, mas o fato é que se a sua conexão é lenta, a culpa é da sua linha telefônica ou do servidor de HTTP do seu provedor. Pare de botar a culpa no spam. A infra-estrutura atual comporta muito mais usuários - e uma farta quantidade de spam para todos eles - antes de sequer começar a dar "blecautes" de acesso como os de 97 e 98, época em que tudo na rede brasileira ainda estava por fazer. Hoje é o contrário: com o "estouro da bolha" da economia da Net, tudo está feito em excesso. E com o desaquecimento dos negócios, a taxa de spam per capita só pode aumentar.

Quanto à questão moral, desculpe, mas vamos ser realistas: nada jamais vai parar os spammers. Não existe forma de marketing tão barata. Nada na Internet dá tanto retorno - os trouxas realmente clicam e vão ao site anunciado; que posso fazer? Finalmente, nada é tão fácil de fazer contornar a legislação - isso quando ela existe. No Brasil não há nem sombra de legislação, e até os provedores estão abertamente a nosso favor. Eles mesmos comem o rabo dos poucos que tentam atuar organizadamente contra nós. Coitados dos caras: é uma causa perdida, não compensa a dor de cabeça. Querem fazer justiça; são perseguidos. Quem manda não ouvir o que papai e mamãe lhes disseram desde cedo: "Isso aqui é o paraíso da impunidade!"

Eu tenho orgulho de ser autor de brilhantes exemplares de uma categoria genuinamente brasileira de spam, que é o spam disfarçado de mensagem pessoal mal enviada. Você sabe, o famoso mail que começa com "Conforme conversamos, aí vai..." e o "Eu descobri isto em uma lista de discussão e achei interessante...". Claro que têm uns que não valem nada, como os que começam com "Oi, Aninha, tudo bem? Que legal que encontrei seu endereço eletrônico. Você já ouviu falar de...?" Esse é vergonhoso, qualquer mongo percebe que é de mentira. Mas até a esse os trouxas respondem em massa.

Bom, você lembra do escândalo de um tal de Disk-Flores? Foi em 98 - ah, sim, você ainda não estava conectado nessa época, tudo bem. Alguém com contato dentro do MOL obteve de um funcionário corrupto a lista de todos os assinantes e mandou um desses mails disfarçados. Cabeças rolaram, claro. Conheci o autor da mensagem; ele deu um tempo pra que o esquecessem e hoje é um dos grandes spammers abrigados pelo BiG. Se profissionalizou. Tem uma carteira de clientes. Fatura mais que um chefão local do tráfico. Ou pelo menos parece. E a crise? Para ele, não existe crise. O "estouro da bolha" só criou um volume ainda maior de clientes dispostos a qualquer atitude de marketing desesperada antes que seus sites também dêem falência. Spam é a maneira mais barata e rápida de fazer alguma diferença no mercado - tirar o pescoço da corda.

Eu sempre digo: o bom malandro é firme na intenção e faz a coisa bem feita.

Sou spammer com orgulho.
 
ADVERTÊNCIA DO AUTOR: Este texto é inteiramente ficcional e não reflete sua opinião pessoal.
 
 
::: Senhora Ilha
::: Alexandre Carvalho [email protected]
 
Ri das vestes de senhora Ilha
como se fossem suas,
minhas castas manias,
como se ela tivesse, terminada a festa,
os mesmos vincos e rotos de minha fantasia.
 
Trapaceei o quanto pude.
Trouxe damas douradas a me enfeitar
a companhia.
Os poucos próximos
que me conheciam,
banhei em sangue.
 
Sou o pássaro multicor da ironia.
 
Em minha face,
pintada de carnaval,
há lágrima de soro fisiológico;
disfarço na cor e no sal.
 
No que tem de alegre,
ri um riso que encanta
quem já se derrama inebriado.
 
É o riso espantado de senhora Ilha,
a patética musa de minha infâmias.
 
Minha dama espalhafatosa.
A virgem que chora meus desencantos
e os compensa
em seus passos mágicos de tonta.
 
Mas não compra meu conto de fadas.
 
Os que rezam por meu sono,
iludi-os.
 
Fingi-me de surdo,
fui atroz ou heróico,
galante, meigo e mudo,
quando convinha.
 
Também fui chamariz para as bestas,
rei dos mentecaptos,
o mais charmoso dos fracos,
quando convinha.
 
A quem amava, iludi facilmente.
Adivinhassem-me um sopro de intenção,
e morreriam de horror
e ânsia de vômito.
 
Os próprios santos, iludi-os
com técnicas e graças
dos malabaristas.
 
Os senhores da vida,
reis e gerentes das gazetas,
artistas deste triste tablado,
iludi com a sutileza de um poeta,
que descreve o vôo da borboleta.
 
Só fui transparente
aos olhos de senhora Ilha.
A mendiga tímida que,
nas mudanças de estação,
encontro na rua
pedindo um conselho.
 
Esta doce senhora
é a voz da canção
que me embala à noite e me cala o grito,
 
mas não tem som.
 
Seus olhos me observam,
com raiva,no espelho
 
 
::: Desce
::: Marco Aurélio Brasil <[email protected]>
 
Ele saiu da sala fechando a porta atrás de si. Como o doutor pedira. A sala de espera estava mais escura que o consultório, mas ainda assim pipocavam em seus olhos umas pequenas explosões brilhantes que o atordoavam.
 
- Fausto de Mefisto - a secretária chamou. Um homem largou a Caras na mesinha de centro, levantou-se e andou rumo ao consultório. Só então Arnaldo, que ainda estava ali, parado e atordoado, percebeu que devia se mexer, dar passagem. A secretária lhe sorria. O outro paciente entrou, o baque surdo da porta serviu como um empurrão e Arnaldo sorriu também, automático.

Arnaldo acomodou melhor o paletó sobre o braço e saiu. Sempre em movimentos lentos, chamou o elevador.

- Sinto muito.

Ele ouvia ainda. Sinto muito. Plim, a luz verde indicava "desce".

- Desce! o ascensorista confirmava. Sempre em passos lentos, Arnaldo entrou, segurando o paletó e o envelope do laboratório junto ao peito, e a porta do elevador fechou.

Havia um vácuo na mente de Arnaldo, custava a entender o que acontecia à sua volta, apenas de tempos em tempos ele ouvia sinto muito, algumas vezes na sua própria voz, que repetia, um eco, das outras vezes, quando era a voz aguda e anasalada do médico.

Com passos lentos Arnaldo ganhou a rua e parou. Não sabia muito bem se devia subir ou descer a rua. Um menino sujo se aproximou e pediu um trocado.

Arnaldo o olhou aparvalhado. Custou a decodificar a imagem: menino sujo, e a mensagem: tem um trocado, tio? Disse um "ah", pegou o paletó e do bolso de dentro tirou um chocolate. Os olhos do menino brilharam, ele pegou a barra e virou as costas sem dizer.

De repente Arnaldo percebeu que faltava algo e chamou o menino com energia. O menino virou-se com os olhos arregalados de susto e Arnaldo então lhe estendeu o envelope do laboratório. O menino não entendeu, mas pegou e Arnaldo desceu a rua, deixando o paletó arrastar no chão, sempre em passos muito lentos.
 
 
::: Vestibular
::: Carolina Linden <[email protected]>
 
Encontrei com a Carla (do colégio) do Rio Sul. Eu estava subindo em uma escada e ela descia na escada do lado. Eu fiz a única coisa que me resta depois de todo o babado que nos "separou" depois do vestibular: virei a cara na maior. Nem me dei ao trabalho de fingir que não conhecia; ela me viu e sabe que eu a vi e virei a cara.
 
No dia em que saíram as notas do vestibular de 1996 (eu estava tentando medicina na época), o sujeito mais chato da minha sala, Marcelo, me liga para sacanear minha nota. Fiqui com raiva dele na hora, claro, mas no fundo eu sabia que eu merecia por ter enchido tanto a paciência dele nos 3 anos do segundo grau.
 
Assim que ele desligou, o telefone tocou de novo. Eu atendi irritada, achando que era ele de novo. Mas era Carla, minha melhor amiga, que eu adorava acima de tudo e por quem eu brigaria com qualquer um. Conto para ela que o Marcelo tinha me ligado e que eu estava querendo matá-lo. Ela então começa a dar razão a ele! Segundo ela, eu tinha sido um monstro arrogante a minha vida toda e merecia estar passando por aquilo. Ainda segundo ela, ela sempre teria sido "segunda colocada" em tudo por minha causa! Ela fica horas falando, desfiando um rosário de tristezas e lamentações por minha causa, por ter vivido "na minha sombra" e etc.
 
Pergunto a nota dela e ela tinha tirado uma nota razoavelmente menor do que a minha, mas como ia fazer odontologia, era suficiente para passar. A seguir é claro que rolou o maior quebra pau. Bom filha, você estava aí dizendo que era melhor do que eu baseada cientificamente na minha nota da UFRJ que era maior do que a sua, é isso mesmo? Depois de meia dúzia de palavrões, bato o telefone na cara dela, achando que o pesadelo tinha acabado.
 
Cinco minutos depois, me liga o pai dela! É mole? Para me dar lição de moral. Não acreditei! Ele me liga dizendo que todo mundo tem o dia de ganhar e o dia de perder e que aquele era o meu dia de perder e que era muito feio eu falar o que eu tinha dito para a filha dele, que era óbvio que eu morria de inveja dela...
 
Hey! Pára tudo! Eu com inveja dela? Ela me liga e me esculhamba, dizendo que eu sempre me achei melhor do que ela e dizendo que a prova que eu não era nada era a minha nota. Ela afirma ter tirado uma nota pior do que a minha e diz que só passou porque não era para medicina. Eu xingo ela, desligo o telefone e eu que sou a invejosa???? Este raciocínio deve ser complexo demais para uma pessoa burra e arrogante como eu entender.
 
Nos afastamos, é claro, apesar das tentativas dela de fingir que anda tinha acontecido. A última foi me mandar um convite para a festa de formatura. Ignorei o fato e ainda contei para amigos em comum que tinha ignorado o fato e que tinha achado despeito dela me mandar convitinho.
 
Aí hoje nos vimos no shopping. E eu virei a cara.
 
Ela estava feia. Ela nunca foi bonita, ela fazia um gênero "magra com peitão que acha que é gostosa", mas hoje ela estava feia. Pintou o cabelo de castanho e ficou parecendo um cruzamento dela mesma com Talita, ex do Pedro. Voltou a assumir a cara de menina do interior  que ela sempre tentou esconder. Estava com um óculos horroroso de que ela certamente não precisa (pelo menos não precisava no colégio, mas usava para ficar com cara de "inteligente"). E estava, claro, se agarrando com um cara na escada, como lhe é de costume.
 
Não é do meu feitio me arrepender das coisas não, mas me arrependo profundamente do tempo que eu perdi achando que aquelazinha era minha amiga e tinha a consideração "de irmã" que eu tinha por ela. Mas that's life.
 
 
::: Sonho da semana
::: Colaborações oníricas de nossos leitores e colaboradores. Sonhe um pouquinho e escreva para gente. Vale até os do tipo molhado.
 
::: Noir
::: Dani Sigaud <[email protected]>

depois de muito tempo eu tive um sonho maravilhoso
estava com o amor da minha vida num vagão de trem apertado,
barulhento com a falação das pessoas, muita fumaça de cigarro,
de pé, calor ... segunda classe

nós conseguíamos entrar na primeira classe e nos sentávamos
com um grupo de homens que nos indagavam sobre a segunda classe
e só reclamavam de como a primeira classe era sisuda, silenciosa, que
não podiam fumar...

ensinamos aos homens como ir para a segunda classe, sentamos nas cadeiras
folgadas e macias da primeira classe, a adorável circulação de ar, o
silêncio, o champagne... grudamos nossos rostos e disparamos a rir, gargalhar...
acordei rindo, sorri durante meu sonho
 
 
::: Devaneios
::: Renato Almeida Jr. <[email protected]>
 
Um dia matarei dois coelhos com uma cajadada só (coitados). Serei feliz bem feliz, pois, meu coração não sei por que bate. Na vida todos os instantes passam. Segundo após segundo morro um pouco mais. Estarei distante de todos quando do fim do mundo. Inventando mentiras sinceras aqui, contando uma história mais ou menos verdadeira ali, vou caminhando e cantando e seguindo a canção (se é que é assim).
 
Na verdade, como dois e dois são cinco, eu sou um cara tão legal e sincero que quase não acredito mais em mim. O que é uma pena, pois eu me amava. No entanto, conquanto e portanto (adora isso) ser é diferente de estar (óbvio).
 
Nunca sei se sou feliz quando só estou feliz ou se só estou feliz quando sou feliz (alguém não entendeu?). Desculpar-se muito significa que cometeremos de novo a mesma falha. Desculpem-me (milhões de vezes). Jamais façam o que querem fazer. Alguém descobrirá. Sorriam disfarçadamente quando quiserem enganar uma pessoa. Sorrisos diretos vêm acompanhados de olhos nos olhos e olhares estragam tudo. Se escrever algo que considerem subversivo desminta logo (plágio).
 
Não saberei, em momento nenhum da vida, quando vou morrer. Só sei que quando acordo no dia seguinte é sinal de que ainda não era ontem. Ficar até altas horas escrevendo devaneios não é recomendado para pessoas normais (elas sempre dormem cedo). Ler esses devaneios é totalmente recomendável para logo depois do café, antes de ir para aquele ônibus lotado das oito da manhã. Relaxe e ria um pouco (goze até).
 
Sua vida é tão ruim, mas tão ruim, que você nunca parou para pensar nisso, senão estaria tão deprimido que não estaria lendo isso. Sem mim, eu mesmo não tenho sentido algum, você até que vive bem. Sou Poeta e aprendi o que não é amar. Sei demais coisas sem importância. Sumi um dia, reapareci no seguinte, descobri que sou um estúpido ser em busca do que já tenho. Melhorei depois disso. Talvez morre quem perde a pessoa que mais ama na vida. As pessoas não são eternas.
 
Os amores também não. Viver um pouco a cada dia é perder parte dele. Viva-os intensamente, até que se sinta cansado. Durma bem depois disso. Beber socialmente é sair e tomar todas com os amigos. Ninguém bebe mais ou menos. Quem sabe eu ainda sou um garotinho... Eternamente jovem. Queria eu poder ter quinze anos com a experiência de quem já viveu vinte e um. Eu iria até o inferno se amasse muito uma pessoa. Lembro que Dante me levou ao inferno e ao purgatório. Não sei porque, mas não fui ao paraíso. Não sei como terminar esse texto. É isso! Fim!
 
 
::: F a l a   q u e   E u   t e   E s c u t o
::: OLHAQUI, ISSO AQUI NÃO É A CASA DA MÃE JOANA E MEU OUVIDO NÃO É PENICO PRA FICAR OUVINDO BABOSEIRA DE BÊBADO, TAMINTENDENDU? PRA ISSO VOCÊ TEM O SPAM ZINE, EM QUE VOCÊ FALA O QUE QUISER E ELES PUBLICAM TUDINHO! VAI, VAI LÁ!
 
"Na Blockbuster:

Saiu 'Traffic'. Fui correndo até a locadora para alugar (Del Toro, Del Toro, Del Toro!). Aproveitei e peguei mais algumas fitas. 'Chocolate', 'Goya' e 'Vamos Nessa!'. Paguei e, na saída, o mocinho do balcão colocou um chocolate na sacolinha junto com as fitas.

Eu: 'Ué, eu ganho docinho?'
Moço: 'É, se vc pega o 'Chocolate', ganha um chocolate.'
Eu: 'Estou levando o 'Traffic' também. Eu não ganho um papelote de cocaína por isso?'
Moço: '.....' (olhos arregaladíssimos e após alguns segundos de profundo constrangimento...) N.. não, ainda não estamos preparados pra isso...'

Eu mi divirto dimais."
Ophélia Desdêmona
 
RESPOSTA DOS EDITORES: E eu fico aqui matutando qual seriam os outros brindes para outros filmes... pensando no 'Go!', não me escapa à mente a Katie Holmes, uh! Ai ai ai... Sim, telemaníacos, eu VEJO Dawson's Creek. "I dont' wanna wait for our lives to be over... tchu ru ru ru...". Salutos do R.S.
 
" 'uma pasta com tres versões ao final da coleção: a) com a cara do Ricardo Sabbag fazendo beicinho atrás de um vidro, b) com a do Inagaki todo vestido de branco em uma tempestade de neve e enfrentando um urso polar, ou c) uma minha usando cuecas de bolinha e chinelos do Garfield, por apenas 20 'real', Quem não pagar receberá as três, impiedosamente'. Eu quero todas!!! risos"
Rachel Gusmão
 
RESPOSTA DOS EDITORES: informamos aos milhares de leitores do texto de Pedro Vitiello, que prometeu os prêmios acima, que nossos estoques de brindes já acabaram, devido às encomentas apressadas e urgentes de Marina Person, Mel Lisboa, Nicole Kidman e da Liga das Ruivas Lindas, Maduras, Inteligentes, Bem Sucedidas e Carentes (L.R.L.M.I.B.S.C. & A.). Sentimos pela frustração. Até a próxima. Lamentos do R.S.
 
 
::: C r é d i t o s   F i n a i s

Vem sempre aqui?
Ricardo Sabbag <[email protected]>
Alexandre Inagaki <[email protected]>
 
Só quando chove.
Alexandre Carvalho <[email protected]>
Carolina Linden <[email protected]>
Mario AV <[email protected]>
Pedro Vitiello <[email protected]>
Suzi Hong <[email protected]>

Vambora? Essa festa tá hor-rí-vel!
Dani Sigaud <[email protected]>
Marco Aurélio Brasil <[email protected]>
Renato Almeida Júnior <[email protected]>
 
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::: P. S.
 
1) Cachorro picado por cobra tem medo de lingüiça. (Sabbag)
 
2) Aguardem: em breve, mais edições especiais e a NOVA CASA do Spam Zine. (Sabbag)
 
3) Estava indo pro trabalho quando avisto, em uma grande avenida da zona leste de Sampa Hell, um outdoor preto com os seguintes dizeres em branco em letras garrafais "Jesus. Você o verá" (boa frase para trocadilhos bobos). No mesmo dia, voltando do trabalho para casa, outro outdoor no mesmo formato e tamanhos espalhafatosos, me chama a atenção - este dizia: "A televisão é a imagem do diabo". Ah, em tempo, os dois outdoors estavam se lixando pro apagão, muito bem iluminados que estavam. São Paulo está ficando surreal. Pra finalizar a noite, ligo a televisão e sim, vejo a imagem do capeta no programa "Piores Clipes do Mundo", da MTV: Marcos Mion perdendo a graça e rindo sozinho de suas próprias babaquices, o "clipe da Pamonha" (não lembro o nome da música e nem do cantor), e um clipe de um cara que se declara como o primeiro fundador da igreja do diabo (?) no Brasil. Putz, que dia bizonho. Nem precisei tomar lexotan pra dormir naquela noite. (Hong)
 
4) Baeh, putz Post Scriptum longo, meu. Blargh! (Hong)