[S
p a m Z i n e]
_____________
: 24 de junho de 2001
: são paulo, curitiba, goiânia, rio de janeiro, jundiaí,
são leopoldo
::: e d i t o r i a l
::: Alexandre Inagaki <http://inagaki.blogger.com.br>
Mesmo não precisando, acordo cedo todo domingo. É um costume que começou desde
os tempos em que Nélson Piquet colecionava vitórias na Fórmula 1, um saudável
hábito que foi prosseguido pelo Senna. Hábitos, como vocês sabem, são difíceis
de serem largados. Sei lá, a gente acaba se apegando a certas rotinas, como
o Linus não desgrudava de seu cobertor azul. Um pouco por inércia, outro tanto
por acomodação, muito pelo que Yasujiro Ozu, um dos melhores cineastas japoneses,
sintetizou, ao batizar um filme seu de "A Rotina Tem Seus Encantos".
Mas torcedores são
uma raça masoquista. Vejam o meu caso: o único título que meu Guarani ganhou
foi o Brasileiro de 1978, mais ou menos na mesma época em que Sydney Magal
era a maior estrela da música brasileira, vendendo zilhões de discos com seu
hit "Sandra Rosa Madalena". Mas eu não me importo com isso. Aliás,
nenhum torcedor que realmente ama o seu time se importa com a escassez de
títulos (amar é um constante exercício de paciência e pequenas renúncias diárias).
Idem, ibidem. É duro
ter que acordar numa manhã dominical e ver que os atuais representantes brasileiros
na Fórmula 1 jamais transcenderão a condição de um Gerhard Berger, um Ricardo
Patrese, um Johnny Herbert. Barrichello, Burti, Bernoldi e Marques, que
nada mais são do que pilotos que nasceram para serem figurantes, retardatários
dando passagem às verdadeiras estrelas do espetáculo. Não dá pra cobrar deles
mais do que eles podem oferecer: um quarto lugar aqui, um décimo segundo ali.
O consolo, no caso,
é torcer por aquele colombiano espevitado, o Juan Pablo Montoya. Um cara que,
logo em sua segunda corrida, divide uma curva e ultrapassa o Schumacher
sem a menor reverência. Posso até imaginar o Galvão Bueno vibrando quando
o colombiano vencer sua primeira corrida: "MONTOYA, MONTOYA, MONTOYA
DA AMÉRICA DO SUUUUUULLL!!!!".
Enquanto isso, Guga
faz do tênis o novo ópio dos torcedores dominicais.
* * *
Aos leitores que não
sabem diferenciar um cockpit de uma chicane (e não fazem a menor questão disso),
meu pedido de perdão pelas linhas acima. Assim como meu amigo Sabbag, sou
fanático por esportes. Quando vistos pela televisão, quero deixar bem claro.
Porque em termos de atividades esportivas, só pratico pebolim, truco e ginástica
localizada (quando me espreguiço depois de acordar).
Pano rápido, e chega
de abobrinhas. Antes que vocês apreciem os textos desta edição, dois breves
recados envolvendo o Spam Zine e o Falaê!,
site em que também colaboro. O primeiro é um convite aberto a todos os leitores
do Spam, para que enviem para [email protected]
textos sobre QUALQUER assunto, desde que limitados a até TREZENTOS caracteres
(incluindo espaços). Exercitem seu poder de síntese, galera, e mandem suas
colaborações para a nova seção do Falaê! Que terá, obviamente, o nome de "300
Toques".
O segundo recado é
um convite aos leitores fiéis de weblogs, que encaminhem a mim seus links
com blogs preferidos, para uma compilação que eu e o editor do Falaê Augusto
Sales estamos fazendo dos melhores weblogs da Internet brasileira. E, bem,
aos incautos que ainda não sabem o que é um weblog, recomendo a leitura do
impecável texto de Nemo Nox publicado
na edição 018 do Spam Zine (dicas de blogs e pedidos de edições anteriores
para [email protected]).
"O coração
é uma casa de putas:
Tem muitos quartos."
(Gabriel Garcia Márquez)
O amor são negócios.
São ações,
investimentos,
onipresença desejada
mas impossível.
O amor é gripe.
Conhecemo-lo por inteiro, sabemos de seus caminhos,
mas sempre adoecemos.
O amor é ainda pior que a gripe,
porque nele nós insistimos.
Seria talvez mais sensato ter gripe que amar.
O amor é curto e
bruto.
Soca tudo para dentro de seu tamanho,
e lá dentro é tão pequeno.
Como não sair machucado
de limites tão estreitos?
O amor tem cheiro,
ninguém ama o que fede.
O amor é cheio de frescuras.
Quer flores
e quer ser entendido.
Há gente que acha
que amor
são dois cubos lado a lado.
Há quem ache que são engrenagens justapostas.
Há quem não saiba o que fazer
do próprio amor,
e há os que não o conhecem
e nem por isso morrem.
Somos todos tão esquisitos.
Amamos e morremos de medo,
ou então amamos e temos mil coragens,
ou então estamos sempre a um pezinho só
do amor e olhamos para os lados,
perguntando:
"Ninguém vai fazer nada?
Ninguém vai me dar uma mão com isto aqui?"
O amor vive dizendo:
"se vira".
O amor nem sempre
pára na rua
pra nos cumprimentar. Às vezes chegamos
esbaforidos num lugar, e ele acabou de sair.
O lugar onde se sentou ainda está quente,
a marca de sua bunda, em forma de coração,
ainda é visível,
mas estamos atrasados.
Noutras vezes, chegamos cedo demais,
e nos enchemos e vamos embora
antes que ele apareça - se é que aparece.
Às vezes nos apaixonamos
pela idéia que fazemos do outro.
E o amor reconhece sua firma,
e diz que é legítimo e autenticado - penas
talvez seja breve.
Às vezes o amor é tão curto
que dá a aparência de engano.
Culpamos o amor por tudo.
Às vezes o amor vem
vestido de fome,
de falta; às vezes nem dá nome na porta,
entra quieto, tira os sapatos, olha pros lados,
e voilá! estamos ferrados.
E às vezes o amor vem todo pintado,
fazendo escândalo e bebendo muito, subindo
nas mesas, dançando, piscando para tudo
e para todos, soltando baforadas safadas,
borrando o batom.
Às vezes vem como
chuva,
penetra nossa pintura
e nos molha os olhos
ou enche nossa barriga de formigas.
O amor nos deixa ansiosos,
dependentes do relógio,
donos dos meses sem fim
entre desgostos mais ou menos óbvios.
Nunca acordei amando,
mas já fui dormir assim muitas vezes.
Nunca perdi a fome,
mas já cansei de perder o sono.
Nunca recuperei nada.
Já olhei muitas manhãs com cara de última,
já desci muitas ruas que tinham ar de fim da linha,
já me senti vezes sem conta irmão das poças.
Já bebi muitas auroras
em companhias mortas.
Já fui expert em cinzas.
E o amor vive comigo.
Tenho dois corações:
um é meu, com licença, que alguém tem que ser
constante a meu lado;
o outro tem donos variados.
O amor o aluga
a gente esquisita,
a uns fodidos, mal-amados;
mas também o loca
a gente maldita, que é bela, bonita e boa,
que me faz rir e achar bom
não ser mais dono do que penso - essa gente
que me mata
em cada ponto final
que resolve inventar.
:::
N a v e g a r I m p r e c i s o
Corporate
Fun
Fight Club! Baixe
nesta página cartazes para serem impressos e pendurados em seu local
de trabalho. São cartazes com mensagens anárquicas, como: "Utilizar
o banheiro mais de duas vezes ao dia é proibido. Visitas adicionais
terão de ser pré-aprovadas pela gerência". Ou: "O consumo
de oxigênio em níveis superiores aos estabelecidos pela gerência será
mensalmente descontado do seu pagamento". Melhor que as tiras do
Dilbert.
::: Uma
Carta para Deus
::: Suzi Hong <[email protected]>
[Aviso da autora: se você é avesso ou sofre de alergia a egotrips, por favor
pule para o próximo texto. Obrigada.]
Quantos correios já não receberam cartas endereçadas para o destinatário "Deus",
endereço "Céu", a maioria escrita por crianças pedindo um brinquedo,
um milagre, que o papai e a mamãe acordem do longo sono ou voltem logo a morar
juntos, respostas para muitos porquês?
Lembrei disso outro dia vendo um programa de televisão, acho que era o Jornal
da Globo ou o Vitrine? Baaah, minha memória anda ruim já faz um bom tempo.
But it doesn't matter. O que me aborreceu, ao ver o tal programa, foi o fato
de
que eu, quando criança, não havia escrito uma carta a Deus, sequer ao Papai
Noel. Necas, nadinha de nada.
Aliás, nunca escrevi uma carta a Deus. Esta idéia nem havia me passado pela
cabeça até ontem de madrugada, quando vi da minha janela o sol nascer cinza.
Estava tiritando de frio, enrolado num cobertor, calçando pantufas ridículas
e ouvindo a trilha sonora de "Dancer in The Dark", enquanto a névoa
cortante do amanhecer levava meu sono embora.
Toda a cidade pareceu abandonada e terrivelmente triste. Os primeiros ônibus
passando na Avenida Aclimação, as primeiras luzes dos apartamentos acesas,
as primeiras pessoas andando apressadas e encolhidas para algum lugar, os
primeiros carros saindo cedo pra escapar do rodízio municipal e as luzes das
ruas que ainda estavam acesas.
Olhei pro céu e aspirei profundamente o cheiro daquela manhã de sexta-feira.
O que havia de especial nela? O que me mantivera acordada, velando o sono
dos que amo, durante toda a madrugada? Por que a Björk usou aquele vestido
horrível de cisne morto na Cerimônia do Oscar?
Esfreguei minhas mãos duras e soprei-as para aquecê-las em vão. Só consegui
fazer sair fumacinha meiga de frio da minha boca. Lembrei dos beijos que dava
no inverno, na Avenida Paulista, que também faziam sair fumaça.
Lembrei da primeira vez que vi neve e queimei minhas mãos quando as afundei,
eufórica, no jardim coberto de branco. Criança é ingênua, não chorei por causa
da neve que queimava de frio, botei umas luvas emprestadas e fiquei a tarde
inteira me refestelando, de tudo quanto é jeito, no meio da neve, que na verdade
é dura, mas naquele dia era fofa - era algodão, massinha pra moldar, a coisa
mais linda do mundo.
Senti saudades, saudade boa que aqueceu um pouco meu corpo exposto na minha
varanda do 20º andar, da primeira vez que tomei vinho tinto, abraçada a um
namorado, ouvindo Cowboy Junkies e vendo a lenha queimar na lareira.
Logo a saudade boa deu lugar a uma saudade urgente, doída, congelante - saudade
de ficar olhando toda a cinzenta cidade acordando, de mãos dadas com a pessoa
que amo, enrolados os dois no mesmo cobertor, quietos e imersos em seus pensamentos
que passavam devagar, como as primeiras nuvens que víamos se dissipar.
E da urgência, do desespero de querer contar que fui até a varanda e vi um
amanhecer único, efêmero, sentei-me em frente ao computador e resolvi escrever
uma carta pra explicar a vida que ardia diferente naquele momento, por alguma
razão que desconhecia.
Sim... escrever uma carta, mas para quem? Para um amigo ou um nome qualquer
da lista telefônica, talvez para um antigo namorado cujo endereço mudou, pro
meu chefe, pro meu pai ou minha mãe que mal escrevem português e me acham
uma pré-balzaquiana perdida?
Não... minha memória evocou minha infância. E senti que deveria fazer uma
coisa cujo "timing" eu havia perdido - escrever uma carta para Deus.
Uma carta sem apresentações (ora, sou sua criatura), sem grandes formalidades,
com algumas questões, muitas críticas e agradecimentos. Perguntando por que
naquela manhã sentia-me tão pequena mas intensamente viva, por que meus amores
são errados, por que minhas mãos continuavam frias e o mundo me engolia, e
pra finalizar perguntei como dar um "upper" a cada golpe deste mesmo
mundo, com ritmo, ginga e "jabs" como Muhammed Ali fazia no ringue.
E assim escrevi a tal carta com um pê-essezinho só: afinal, os anjos da guarda
existem? Só não sabia como enviá-la; não queria passar-me por ridícula nas
agências do correio, e no mais eu nem sabia quantos selos seriam necessários
para uma carta endereçada ao Céu.
Acendi um cigarro e vi que a fumaça subia em direção ao céu até sumir. Deus
deve ser fumante passivo, ri-me sozinha. E assim, fumando um cigarro, achei
que devia queimar a carta. É claro que todas as letrinhas iam se transformar
em fumaça e chegar ao Céu. E as cinzas? E as cinzas, God? Sabe que uma coisa
engraçada aconteceu? Que os físicos e químicos expliquem depois o fenômeno:
queimei a carta e não sobrou cinza alguma. Tudo virou fumaça, dissipando-se
pro alto, com cheiro de neve. É... estranho, né? E agora duvido que Deus não
tenha recebido minha carta.
:::
L i s t a s A b o b r o l
::
5 Motivos Pelos Quais Eu Acho que Star Wars é Melhor do que Star Trek
1) May The Force
Be With You é uma saudação muito mais amistosa do que aqueles dedos separados
(principalmente porque eu não sei fazê-lo);
2) Os Sabres de Luz são muito mais eficientes do que os Phasers;
3) A Millennium Falcon é muito mais bonita e romântica que USS Enterprise;
4) Fox Mulder com certeza gostaria de acreditar em cruzadores Imperiais
do que em naves de rapina Kinglon;
5) Orelhas pontudas por orelhas pontudas, sou mais as do Yoda.
:::
A arte de ler sempre as mesmas coisas
Nelson Rodrigues dizia
que um homem come durante a vida inteira aquilo que comia quando era criança.
Remexendo nuns papéis velhos, descobri que a lógica vale também para leituras:
sempre lemos coisas parecidas com aquilo que líamos na infância e na adolescência.
Explico.
Venho sentindo um desconforto intelectual há dias. Uma vontade de ler algo
que realmente mexa comigo, que me desafie, que me estimule. Mas não conseguia
definir exatamente o que estava procurando.
Ok: há
bilhões de livros no mundo. De todos os tipos. Procurei em sebos, revirei
armários e gavetas. Mas nada. Não queria exatamente livros. Fui para a Internet.
Visitei dezenas de sites. Achava coisas interessantes. Mas tudo me cheirava
a mesmice, a repetição. Às vezes me sentia lendo diversas cópias da revista
Bizz.
Em certo
momento, minha amiga e psicanalista rinite alérgica resolveu participar
da busca. Segui a trilha dos ácaros. E, de repente, a iluminação: encontrei
minhas antigas revistas Chiclete com Banana e Animal.
Entre
um espirro e outro, folheava-as, com o mesmo prazer da adolescência. Talvez
até com mais prazer do que antes. Foi aí que me lembrei da frase de Nelson
Rodrigues. Era aquilo que eu procurava. O que eu lera há tempos.
As duas
revistas eram importantes pontos de encontro de malucos, na década de 1980
do século passado (dito assim, parece que foi há uma eternidade). Essencialmente,
publicavam histórias em quadrinhos. Mas não só.
Tanto
a Animal quanto a Chiclete traziam encartados seus próprios fanzines. Eram,
respectivamente, o Mau e o Jam (sigla que a cada edição tinha um significado
diferente). Era a melhor parte das revistas.
Seus
colaboradores: Roberto Piva (o poeta beat), Niki Nixon (que geralmente falava
sobre Rock a Billy e revistas de sacanagem), Glauco Mattoso, Toninho Mendes,
Furio Lonza, Luiz Gê, Laerte, Alberto Marsicano, MZK, Priscila Farias (que
hoje faz design pra revista da MTV), entre outros.
Os enfoques
eram sempre anárquicos, voltados à crítica social. O humor, essa coisa subversiva
odiada desde a Grécia Antiga, permeava todos os textos. Mesmo quando se
falava sobre rock, não havia o discurso pedante, consumista e metido a erudito
de muitos zines e revistas de hoje.
Os textos
estavam sempre no limite entre o ridículo e o genial. Veja, por exemplo,
o que dizia Furio Lonza: "Ficam convocados todos os brasileiros e brasileiras
devidamente indignados com o estado de coisas que andam acontecendo em nosso
berço esplêndido para, no dia 25 de abril de 1989, às 13h45min, no Estádio
Mané Garrincha, em Brasília, soltarem um tremendo peidão, que literalmente
abalará as estruturas do Palácio do Planalto".
A mídia
institucionalizada era um dos alvos preferidos das revistas. E, como contraponto,
as duas dedicavam algumas páginas para divulgar zines, com comentários e
ilustrações.
Tudo
isso embalado num visual artesanal e ousado. Mas sem pretensões de se parecer
com a Dazed and Confused ou coisa que o valha.
Interessante
notar como algumas características do Jam e do Mau ainda reencarnam em zines
da geração conectada à internet.
O costume
de Angeli de se usar como personagem de pequenas histórias, de certa forma,
permanece ainda hoje com as atuais egotrips dos "escritores pop".
Ou ainda a idéia de se apresentar os colaboradores do zine usando metáforas,
geralmente ligadas à música: Laerte no baixo, Glauco Mattoso na bateria
etc.
Mas as
semelhanças param por aí. Principalmente quando o assunto é sexo. Na Jam
e na Chiclete, a prática do sexo aparecia sempre como algo subversivo, proibido
ou envolvido em questões sociais. Nos zines on-line, quase não se fala sobre
sexo. Geralmente, os assuntos são os amores perdidos, as individualidades
fracas e dependentes etc.
Impressionante
que mudanças tão radicais de enfoques tenham acontecido em apenas 10 anos.
Já que o público alvo dos antigos e dos novos zines seja praticamente o
mesmo: gente que ouve rock, que conhece os códigos da cultura pop e que
tem por volta de 20 a 30 anos de idade.
Provavelmente,
a fórmula dos zines on-line se desgastará rapidamente. Será que vai haver
uma certa reciclagem do modelo dos anos 70 e 80 de fazer fanzines? Não sei.
Talvez isso nem seja desejável. O fato é que minha rinite e Nelson Rodrigues
estavam certos: sempre lemos as mesmas coisas. Por mais que nem percebamos.
:::
P a p o - A r a n h a
:::
O guia moderno da cantada virtual. Encontre você também a tampa
da sua panela: [email protected].
Nesta
edição: um spam bizarro em minha caixa postal
From:
"Carla Fagundes"
To: "Daniel"
Subject:
Re: Como você é?
Caro Daniel,
Bem tenho
21 anos, sou solteira, no momento estou desempregada, vou voltar
a estudar no meio do ano agora. Adoro sair, vivo nas baladas de
Sampa, adoro viajar. Sou morena clara, tenho 1,72m, olhos cast.esc.,
cabelos marrom-dourados até a altura dos ombros, peso 55kg, no
momento estou fazendo regime.
Qt. a ver
filme pornô, não comento com as pessoas sobre isso, acho que é
uma coisa particular minha, gosto, sinto tesão assistindo filmes.
Sou ex-dançarina
e ex-professora de jazz infantil, sou super divertida, realista,
falo tudo na lata sabe, sou super sincera, doa a quem doer, adoro
sair p/dançar, fumo (cigarro), bebo às vezes, meu apelido é Bastantona,
pq meus amigos (homens) dizem que sou tudo que a maioria dos homens
procura qd. olha p/uma mulher: pernas grossas, seios grandes,
lábios carnudos, bumbum grande e cara de tarada, hehehe.
Eu e meu
ex-namorado fazíamos várias loucuras sexuais do tipo transar no
quintal com os vizinhos olhando, usar leite condensado era básico,
eu tinha uma coleção de vibradores de vários tamanhos e ele fazia
verdadeiros
malabarismos com eles, e o melhor: filmávamos tudo para depois
vermos juntos.
Depois
que eu e meu namorado terminamos mandei varios videos para
o site
http://www.videoscaseiros.com.br,
quando ele soube ficou furioso e queria me matar, mas foi engraçado...
ehehheheh
Pronto,
agora vc já sabe da minha vida inteira, agora eu quero saber da
sua???
Aguardo
resposta,
Carlinha
COMENTÁRIO
DO EDITOR: Tem cada uma que parece duas... Ainda não vi o tal
vídeo, apesar do spam bem bolado. Se alguém for conferir, aguardo
comentários a respeito do leite condensado da Carlinha.
:::
Pedro Vitiello <[email protected]>
Qual é a cor do seu vento?
Esta singela pergunta (já satirizada por Whoopi Goldberg em uma entrega do
Oscar) foi feita no filme "Pocahontas", sobre uma lenda comum da
região.
Interessante o conceito de "cor do vento". No frio do caramba que
faz aqui em casa hoje de noite, me pergunto por que não discutir o assunto.
Na religião que estou montando, a "Religião do Domingo do Sétimo Dia",
este conceito é fundamental, e passo a vocês agora. Qualquer dúvida sobre
o assunto, o Pastor Ricardo ou o Obreiro Alexandre esclarecerão os fiéis.
Tem gente que tem o vento azul. Tal qual a cor azul, são pessoas frias, calculistas
e que são mais ligadas ao espírito materialista de nossos dias. Todos os que
não acreditam em cor de ventos têm esta caracteristica, e devemos odiá-los.
Para provar que você não é um capitalista sem coração que não merece ser odiado,
dê uma farta conribuição quando passarmos a sacolinha, ok?
Os ventos avermelhados indicam impulsividade e conjunções kármicas na presença
do Sol de Sétimo Dan, que como todos sabem, é a fonte de inspiração e ação.
As pessoas de vento branco são pessoas santas, que vão para o grande arco-íris
do céu, cantar salmos e louvar com gaitas as canções divinas (coisa muito
comum naquele lugar). Os brancos são pessoas muito boas e calmas, contanto
que você não os incomode de alguma forma (por exemplo, respirando).
Ventos amarelos: ventos desta cor carregam o espirito do Yellow-Fante, um
ser antigo que têm como hábito fazer trocadalhos do carilho.
Ventos cinza: comuns a paulistanos a qualquer momento do ano (coisa normal
por lá)
Ventos verdes: é o tal negócio, todos querem voltar ao verde, mas ninguém
quer ir a pé. A exceção são as pessoas de vento verde, que curtem passeios
ecológicos, acampamentos selvagens, preservam o meio ambiente, acham o Gabeira
um gato e usam sacolinhas de crochê. São legais, mas nunca coma atum perto
deles, pois eles vão reclamar por causa dos golfinhos assassinados durante
a pesca dos atuns. Pensando bem, carne de golfinho deve ser saborosa!
Ventos pretos: se seu vento é preto e você trabalha numa carvoaria, não é
personalidade, é falta de banho mesmo. Tome uma ducha. Na França, país em
que é comum a existência de carvoarias, existe o hábito de passar só um perfuminho
básico. Você pode usar deste recurso, mas não me chame para uma festa.
Ventos dourados: você está chapado, irmão. Depois que o homenzinho de bengala
azul desembarcar do hipopótamo listrado no pula-pula, peça um táxi roxo e
vá para casa.
Alguns devem se perguntar: mas e os daltônicos? Como eles fazem? É simples:
Eles escolhem que cor eles querem.
Na Nova Zelândia este tipo de procedimento é comum, o que explica por que
os neozelandeses são tão comuns lá na região.
:::
R á p i d a s R a s t e i r a s
"Se jogador
tivesse amor a essa ou aquela camisa não a trocava com o adversário, como
quem diz 'lavou, tá nova', depois de viver o prazer de um gol com ela
colada no corpo, toda molhadinha! Isso não é amor! É sexo! Futebol é isso!"
(TUTTY VASQUES,
colunista do no.com.br, concordando
com a afirmação de Roberto Carlos, o lateral mascarado, de que "amor
à camisa é conversa fiada")
:::
Pelos Meus Aposentos
:::
Aline de Mello <[email protected]>
Às vezes eu quero mais do que posso. Agora, por exemplo. Quero você
ali do lado, sentado em cima da tampa do piano, só esperando que eu
venha correndo te dizer pra não sentar ali, que desafina. Quero você
numa ponta do meu sofá, fazendo as palavras cruzadas do Correio, me
testando e fingindo que não confere as respostas no canto da folha.
Quero que você faça um suco de laranja com muito açúcar, só porque não
pode, enquanto eu preparo as torradas, e depois a gente vai abrir o
sofá-cama e almoçar ali, olhando para os bichos de pelúcia que estão
na estante há anos, e falar bobagem. Quero depois buscar uns filmes
na locadora, e te ver no banco da carona comentando como essa cidade
tem altos e baixos, e buracos na rua, e tantas árvores, e as pessoas
que param os carros na faixa de segurança. Depois quero te levar ali
no pátio, e enquanto você analisa, bem distraído, o suposto arbusto
de frutinhas da poção dos ursinhos Gummi, eu te pego de surpresa e nos
atiro na água gelada da piscina. Depois quero que você seque minhas
orelhas e o cabelo, e me alcance minhas pantufas laranjas, e aí a gente
fica na sacada, enrolados com um só cobertor, olhando pro céu e caçando
o barão vermelho. Quem sabe mais tarde mandamos um sinal de vida para
o resto do mundo, você me ajuda a lavar a louça, eu te ensino a bolar
máscaras, a gente brinca com meu cachorro vesgo ao contrário, e depois
juntamos nossos travesseiros e vamos dormir como se tivéssemos a vida
inteira pela frente. Eu quero ter que franzir a testa e o nariz quando
você trouxer o suco azedo, e não vou ficar triste, apenas pelo que representa
você poder me trazer um suco. Eu quero um beijo de boa noite para dormir
bem, e relógios quebrados pro tempo parar, e quero que dê um problema
na bússola, e ela aponte o leste, para não nos perdermos. Muitas vezes
eu quero mais do que posso, mas e daí, a realidade, como disse, enfrentamos
todos os dias. Eu quero tudo isso, e quero ver o que acontece. E por
que não?
::: D
i á l o g o s I n e s q u e c í v e i s
M2B: Tijolão plano
estratégico!
SAMUEL: Ui, tu jogou muito Jogo da Vida na adolescência.
M2B: Que nada, só jogava Banco Imobiliário, e isso quando chovia.
SAMUEL: Peor, esse era massa.
M2B: Porque o tal War sempre achei muito complicado.
SAMUEL: Bem nessas... Ganhei um certa feita, maior empolgação, enchia a boca
pra dizer "ganhei um WÁÁÁÁR do meu velho." Dae na hora de
jogar ficava um olhando pra cara do outro "tá e agora?" Troquei
por um saco de bolinha de gude, e ainda tomei um esporro do pai.
Nunca tinha
visto um amor morrer.
E quando dei
por mim, havia um
Ao meu lado,
caído, agonizando.
O amor morre
de inanição.
É preso, maltratado,
Costuram-lhe
a boca,
Dão-lhe nós
no estômago,
Secam-lhe
a voz e as lágrimas,
Cortam-lhe
todo e qualquer
Sentimento
que possa
Parecer alimento.
Fica fraquinho,
tadinho,
Seco de dar
dó...
Vai definhando,
Definhando,
Definh,
Def,
D,
Até que some,
morre.
Completamente
desnutrido.
Então dão-lhe
um beijo
De misericórdia
e o
Enterram.
Vala comum.
Absolutamente
Só.
:::
Minhas Mulheres, Essas Invisíveis...
Myrna
Seus olhos eram negros negros azeviches seu lenço também preto sempre ao
redor do pescoço alvo alvo contrastando com a boca de morango lábios carnudos
escarlates vivos como uma carpa. A pele de leite os seios prometendo deleites
os braços suaves pássaros graciosos e o torso quase infantil mas seu cheiro
era de mulher feita pernas longas torneadas sempre vestida de negro negro.
Myrna sempre estava em velórios nas missas de sétimo dia e nos enterros
ao
sol ou debaixo de temporais. Após a retirada dos familiares e dos últimos
conhecidos do morto ela ajoelhava na terra molhada não sei se orava ou se
tentava ver através do chão o corpo que há pouco possuía vida. Várias vezes
perguntaram quem é você e ela apenas sorria o sorriso destinado a pessoas
que perderam alguém. Afastava e se postava a uma certa distância e todos
quase que podiam jurar o seu sofrimento. Mas Myrna era apenas uma presença
a mais mas para Myrna o mistério da morte era muito muito mais do que ouvir
de vários lábios sobre a vida daquele que não existia mais. Levava seu olhar
ao cadáver sentia o cheiro das rosas em contato com o corpo sem vida tudo
muito delicado nada de uma emoção sofrida. Talvez lembrasse do seu pai no
dia em que ele fora sepultado tinha tanta gente e correria que a deixaram
a esqueceram perambulando pelo cemitério até dar meia-noite.
Myrna até hoje coleciona epitáfios e fotos de mortos pétalas secas.
Quanto de vida terá nas suas veias e no seu entregar? Myrna às vezes me
parece pronta para partir para o amor e para as coisas coloridas mas ao
primeiro sinal de um convite ela se fecha e se desvia. Será que meu amor
deve morrer para que ela possa me notar?
:::
F a l a q u e E u t e E s c u t o
:::
Solte a voz na estrada: [email protected].
Spam Zine não é CVV, mas também escuta você. Atendimento 24 horas, incluindo
domingos e feriados.
"Recebendo
mensagem 1 de 24...
"Lá vem, penso eu. Dessas 24, umas 23 são spam. Submarino, UOL, Fulano,
Teklatur, 02 Neurônio... quem manda assinar tudo o que vem pela frente?
Para um rapaz só como eu, talvez seja uma espécie de esperança fria. Tem
coisa mais triste do que chegar em casa, abrir o e-mail e receber um 'não
há novas mensagens'? (...) Sei lá, é a história do receber e-mail. Se alguém
se interessa por você comercialmente, pelo menos se interessa comercialmente,
oras. Já é algo. Duro é ser ignorado até por flanelinha. Já aconteceu de
eu tentar dar uma esmola pra uma velhinha parada num semáforo e ela recusar.
Pelo menos spam não tem dessas, tá lá e acabou. E, pelo menos não vem com
opiniões chatas de terceiros, como as mailing lists sobre a vida dos crustáceos
nos mangues da indonésia ou sobre o He-Man (aliás, recomendo pros fãs).
"Mas por que esse texto todo? Um momento tchanraram-raram (imagine
alguém cantando aquela musiquinha do Love Story). Isso, todo meigo! Uma
vez euzinho recebi um e-mail declaradamente de Spam. Spam Zine. Mais um...
passei uns três pro lixo sem abrir. No quarto eu resolvi ler porque estava
baixando uma música do Sérgio Malandro no Napster e não tinha mais nada
pra fazer. Banda estreita é isso aí. E li. E confesso, gostei. Então, todo
mundo junto, tchanraram-raram... estou lendo isso.
"Adoro spam. Mas até agora não sei porque recebo o Spamzine. Bom, desse
pelo menos eu gosto. Tchanraram-raram..."
Ricardo
Nishizaki
OS EDITORES: Ricardo, segundo nossos Arquivos X, seu e-mail foi cadastrado
pela leitora Susie Loves Calvin, singelo nickname da mocinha, que colaborou
com a edição 002
do Spam Zine. Sugiro, inclusive, que você mande uma mensagem para ela, que
anda sumida e nunca mais mandou colaborações pra gente. Quanto ao nosso
spam, fico satisfeito em ver que você tem gostado. E pego emprestada a frase
do Rodrigo Santoro, ao comentar seu filme "Bicho de Sete Cabeças":
"Se você gostou, recomende aos amigos. Se não gostou, recomende aos
seus inimigos"! Aquele abraço, A.I.
Spam Zine é um fanzine distribuído gratuitamente por e-mail todos os
domingos. Para assinar o Spam Zine, visite http://www.spamzine.cjb.net
(a
casa é modesta, mas é limpinha). Envio de colaborações, pedidos de edições
anteriores, cancelamento de assinaturas, críticas anárquicas, dúvidas
existenciais e/ou mensagens de amor? Escreva: [email protected].
::: P. S.
1) Depois da morte de Marcelo Fromer, causada em parte pelos meus amigos do
Mutantes On Line (escrevam
para [email protected] e
peçam os últimos exemplares do MOL para entender melhor essa história),
agora o jornalismo necrófilo tupiniquim já está de olho gordo no Jorge
Amado, com direito a obituário antecipado
no Folha On Line. Ê, cambada de urubus... (Inagaki)
2) Urru! Primeiro dia
de inverno ontem. Mijei 10 pedras de gelo. (Faria, o homem do Catarro
Verde)
3) Como diria o doutor
Spock: - vida longa e próspera! (Sales)
4) Ando inquieta ultimamente
com meu mais novo objeto de desejo consumista: uma banheira igual a da
Rê Bordosa, com aquecimento elétrico alimentado com baterias Monroe, as que
nunca requerem água. Vocês acham que estou com problemas?? (Hong)