[S
p a m Z i n e]
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: 27 de maio de 2001
: são paulo, curitiba, são leopoldo, goiânia, jundiaí, rio de janeiro,
recife, londrina
Filas são
acontecimentos sociais. Você está lá, sem nada para fazer a não ser esperar
que a maldita ande, e procurando gastar o tempo da melhor maneira possível.
Que oportunidade melhor há para jogar papo fora assim, do nada, com pessoas
completamente estranhas a você, e que no entanto estão lá porque possuem alguma
afinidade contigo?
Foi o que
aconteceu comigo na quarta-feira, quando fui ao Fnac, uma megastore de livros
e CD's, em busca de um autógrafo do Mestre Neil Gaiman. Passei
simplesmente mais de quatro horas em pé, na companhia de centenas de fãs abnegados
como eu, em busca de um sinal de luz do cara que escreveu histórias sobre
galáxias guardadas em aquários, ursos que comem a própria sombra, a Morte
fazendo café expresso e bonecos de chocolate que derretem fazendo amor.
Lá, além
de encontrar amigos como o Fernando Goulart do MOL, ou a Tati Sweethell Leão, conheci muita
gente boa com muitas histórias boas pra contar. O rapaz recém-formado em Desenho
Industrial, que para custear seus exemplares importados de Moebius e
Spiegelman, prostitui-se trabalhando como office-boy na revista da MTV. A
ex-hippie que nem conhecia o Gaiman e só veio acompanhar a amiga, e que teve
um caso com o Christopher Cross, aquele mesmo que cantava "Sailing". A senhora
gorda que foi ao Fnac especialmente por causa do namorado que estava em Brasília,
e que conseguiu botar o Gaiman pra conversar com ele pelo celular.
Filas, de
certo modo, servem como uma pausa forçada ao ritmo apressado que vivemos.
De tanto caminhar esbaforido pelas ruas de Sampa City, chega a ser um alívio
poder respirar por algumas horas, tendo a oportunidade de conversar com pessoas
que dificilmente conheceria não fosse por ocasiões como esta, amigos potenciais
que são engolidos no dia-a-dia pelo caos das multidões (alguém já leu "A Uma
Passante", do Baudelaire?).
Se eu encontrasse uma
lâmpada mágica perdida por aí, um dos pedidos que gostaria de fazer seria
ter o poder de fazer o tempo parar, e congelar tudo à minha volta. Dom que
seria muito cômodo, principalmente em vésperas de provas da faculdade. Mas,
abobrinhas à parte, uma coisa que adoraria fazer seria sair pelas ruas de
São Paulo e olhar a cidade com a serenidade perdida desde sempre. Provavelmente
estranharia tamanho silêncio, e talvez sentiria falta do balbúrdio das multidões,
do barulho dos motores, das buzinas, sirenes, alarmes.
Mas logo me entreteteria
em observar com admiração as pessoas detidas no meio do movimento, como
estátuas anárquicas. E observar a metrópole sem pressa, detendo meu olhar
por casas, lojas, jardins, paisagens pelas quais passo todos os dias sem
reparar. Conhecendo, enfim, uma cidade invisível, na qual vivo e que desconheço.
Pena que
quase sempre as pessoas que passam por nossas vidas não permanecem, característica
desta era volátil feito memória de RAM. Quantas vezes eu mesmo não disse:
"liga pra mim", "depois te mando um e-mail", "vamos combinar algo um dia desses",
como na música do Paulinho da Viola? Sei que dificilmente reencontrarei alguns
dos amigos que fiz na fila do Fnac. O cotidiano e seus pequenos grandes problemas
ocupam todo o tempo de nossas pequenas grandes vidas.
* * *
Chega de
saudade. Chega de melancolia. Conto do Orlando, top
five do Ian, mais um texto
dos meus chapas do Tijolão, a crônica cômico-crítica
do carlãO, as reminiscências
dociamargas de dona Suzi, as confissões
líricas da Aline, os versos curtos e grossos de Mr. Rocha, o desabafo musical da
Carol, a trip onírica do cumpadi
Társis, as letras de um viés sempre surpreendente de dona Ciça. Aumenta que isso aí é rock
n'roll.
HEY HO, LET'S
GO!!!
Rogério
e Suzana amavam-se, e tinham a suprema alegria de morar um de frente pro outro,
em prédios diferentes. Quando abria a janela, Rogério via o apartamento dela
(e ela, claro, via o dele).
Ele gostava mais dela do que ela dele, mas não percebia (ou ignorava). Seu
romance durou uns seis meses; numa noite de Sexta-feira ela telefonou terminando
tudo. "Não dá mais, você merece uma pessoa melhor, alguém que te dê o valor
que você merece", etc. Conhecemos bem essa conversa.
Ele ficou olhando sua sala no escuro. Será que ela está com alguém? Quis ir
olhar na janela, mas descobriu que ela estava proibida para ele; algo o empurrava,
mas ao mesmo tempo o segurava. Fixando as cortinas por entre as lágrimas,
todo o prédio em frente parecia ter as luzes acesas.
Naquela noite ele não dormiu. Lembrava-se de coisas: sorrisos, choros, beijos,
transas. Lembrava a cor dos bicos dos seios dela, o desenho de seu púbis,
as pequenas estrias na parte de dentro das coxas. Lembrava da nuca dela quando
ela prendia os cabelos, e do perfume que ela usava. De certo modo ele se sentia
despejado.
De manhã ele achou que devia lutar. Era moço, forte, ia reagir e voltar a
sorrir para a vida.
Viu que o sol brilhava. Escancarou a janela para respirar fundo e olhar as
nuvens em sua eterna promessa de mudança. Dando com a janela dela, ele a viu
beijar um homem que lentamente ia tirando seu sutiã.
::: L i s t a s A b o b r o l
Top 5 Informações Que
Só Dão Raiva
-
Você pega pela direita, atravessa o farol e entra na terceira à esquerda.
Você vai encontrar um posto BR, daí você passa o posto até chegar uma banca
de jornal, onde você vai virar à direita e depois à esquerda novamente.
-
Senhor, a manutenção foi requisitada, caso não encontrem problema em sua linha,
será cobrada uma taxa de 30 reais na próxima conta telefônica.
- Smiths? Não, mas eu tenho um do Aerosmith que você vai adorar!
- Não consegue conectar senhor? Reinicie o computador e, caso persista o problema,
entre em contato novamente com o suporte técnico.
- Sílvio, eu não tenho muita certeza, mas acho que é a opção C, Cleópatra
morreu de Aids.
:::
Manual de Aplicação Diária das Máximas do Humberto Gessinger
Após anos de investidas e análises pró e contra Humbertão Gessinger,
surge o
Manual Gessinger. Ele traz a dose certa de sobriedade, necessária nesse
mundo de publicitários rancorosos, músicos fesceninos e livrinhos como o
"Minutos de Sabedoria". Tudo isso surgiu num Tijolão passado, quando meu
amigo e (ui!) colega m2b, teceu um comentário que a princípio me soou irônico,
depois sintomático, por último, era a revelação da sabedoria monumental
dele, Humbertão Gessinger, um compositor gaúcho e sua contribuição para
a sociedade. O "Manual Gessinger de Interpretação e Análise da Realidade
Cotidiana" visa tirar o véu de Ísis dos olhos dos gaúchos, o melhor povo
do mundo.
Esclarecimento:
Graças aos ensinamentos do Manual Gessinger, hoje sou uma pessoa feliz e
que amava os Beatles e os Rolling Stones. Tá bom, na real odeio Beatles,
Stones então nem falo. Mas que sou feliz, ah, isso sou. Ui!
A música:
"A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante"
Aplicação:
Ao ver televisão você vai se deparar com propagandas de televisão. E nelas,
publicitários inescrupulosos tentam te vender muitas coisas. Mas não
acredite, imagem não é nada. Banda de música na propaganda do Sprite é tudo.
A música:
"Cento e dez
cento e vinte
cento e quarenta
só pra ver
até onde
o motor agüenta"
Aplicação:
Ser ultrapassado na última curva de uma corrida de Fórmula 1 é para os fracos.
Macho mesmo vai trabalhar de mecânico.
A música:
"Eu que não fumo
queria um cigarro"
Aplicação:
Extinguir a propaganda do cigarro da mídia não adianta nada se você convive
com adolescentes do segundo grau que tentam fumar Marlboro sem tossir nas
festinhas da escola.
A música:
"Amanheceu, em Porto Alegre"
Aplicação:
Os porto alegrenses acham que Porto Alegre é a cidade mais cult do mundo.
Não dê bola, os argentinos também pensam o mesmo de Buenos Aires.
A música:
"Mas crimes perfeitos
não deixam suspeitos"
Aplicação:
Se o ACM te convidar pra ir na casa dele contar uns votos no computador,
só
aceite na presença de seu advogado se ele for baiano. Ou do PFL. Ou amigo
da Gal.
A música:
"O papa é pop"
Aplicação:
Missa do Padre Marcelo também. E show de bandinha revelação gaúcha também.
Radiohead também. Indie mesmo é Pedro Ortaça.
Esclarecimento final
Estas parcas linhas são apenas uma (ai!) introdução. Em vez sair correndo
como um louco para comprar os cd's que os colunistas de revistas de música
e
suplementos culturais de jornais indicam, ouça à exaustão seus discos do
Engenheiros do Hawai no repeat em busca de mais pérolas da sabedoria. Sua
vida irá mudar radicalmente. Se você não achar nada, ouça Mano Lima. Ou
Xirú
Missioneiro.
::: R á
p i d a s R a s t e i r a s
"Bonito,
simpático e inteligente. Das duas uma: ou ele é boiola ou tem o pau pequeno".
(VERA, uma
das fãs do Neil Gaiman que conheci no Fnac, depois de ouvir as palavras deslumbradas
de sua amiga, ainda emocionada com o beijo que recebeu no rosto depois de
ter seu livro autografado.)
"Aproveite
o apagão - Motel Del Rey".
(OUTDOOR
espertinho de um motel em Salvador - sugiro, aliás, que nossos motéis ofereçam
kits com camisinhas fosforecentes a seus clientes.)
::: A luz que vem dos nossos políticos
Imagino que
surjam, para cada sujeito que ingressa diariamente no mundo web, umas
cem mensagens inúteis que, vira e mexe, vêm pulular nas nossas inocentes
e produtivas telas (pelo menos assim deveria ser!).
Nunca vi
tanta baboseira. Gatos em garrafas, jabotis sabor laranja, morcegos-vassouras,
energia gerada por orgasmo... epa, essa aí, em tempos de apagões, me
pareceu muito útil. Tentei achar tal mensagem na minha pasta
de itens excluídos, mas ela já tinha ido para os infernos cibernéticos.
Pelo que
me lembro ela dizia que, na hora do orgasmo, o orgão genital feminino liberava
uma certa carga elétrica, capaz até de acender uma lâmpada. Não me pergunte
de quantos watts...
Hum... Pensando
nisso (êi, pensando na suposição científica!), resolvi chegar em casa e tentar uma
experiência similar. Calma aí. Não é nada de pornografia ou conto de alcova,
mas continue lendo, pôxa!
Bom, tenho
um amigo que é neurocirurgião. Ontem, após o expediente, passei no hospital
onde ele clinica e pedi que me desse um par de eletrodos, daqueles que pregam
na gente quando fazemos teste de esteira (eu faço pelo menos dois
por ano, devido à minha delgada silhueta). Ele não entendeu muito e me dirigiu
um olhar como quem diz: "carlãO, jura que você não vai fazer nenhuma bobagem
com isso. Ainda mais se você for tomar umas hoje!" Tranquilizei-o e disse
que não bebia desde o dia 27 de janeiro e que minha única droga no momento
é o Atlético Clube Goianiense. Ele fingiu que acreditou, me passou o
que eu pedi e, como se fosse um irmão mais velho, deu de ombros sussurando
um tudo bem, e voltou para a sua sala onde coleciona cérebros femininos.
De posse
do equipamento, um tanto usado é bem verdade, cheguei em casa e liguei cada
um dos fios nas marcas positiva e negativa da minha lanterna de emergência.
Com um pouco de vaselina (óia, eu moro sozinho), molhei os lados direito e
esquerdo da minha fronte e prendi os fios. Tudo pronto. Concentrei-me na
imagem da lanterna acendendo... não funcionou. Talvez os pólos estivessem
trocados. Inverti. Nada. Comecei a pular, achando que com o calor
do corpo o intento poderia ter sucesso, mas... qual. Subi na bicicleta
ergométrica, pedalei feito um padeiro do século XIX e... nada de
novo. Corri alucinadamente na esteira, necas. Putz... Não fosse
por essa crônica, ninguém teria ficado sabendo desse mico horrível e, é claro, eu
nunca iria contar se em seguida não tivesse acontecido algo espantoso.
Suando mais
do que porteiro de sauna, deitei-me na cama para descansar um pouco e comecei
a folhear uma revista que trazia uma reportagem sobre a violação do painel
eletrônico do senado. Fulo pela experiência energética ter furado e lendo
novamente aquelas linhas recheadas da retórica caótica dos nossos senadores,
a lâmpada da lanterna piscou. Piscou! Hein?! Seria mesmo? Li mais
um pouco do texto e, a medida que ia correndo os olhos nos já conhecidos
absurdos dos nossos políticos, a lâmpada piscava. Piscava, piscava até que
se manteve acesa! Era isso! A energia era gerada pela raiva de se ter políticos
como os nossos!
Entusiasmado,
desci até o apartamento de um amigo, que estava fazendo as contas
dos escandalosos aumentos nas tarifas de energia, e mostrei o meu
invento. No início ele e a família ficaram meio céticos. Conectei
a engenhoca num dos seus filhos e pedi que ele que lesse qualquer notícia sobre
mentiras, calúnias, chantagens, propinas, superfaturamentos, depoimentos de
CPI's, ou seja, qualquer notícia do meio político e olha a luz acendendo!
Gritos gerais! Todos queriam testar! Percebemos então, após algum tempo,
que poderíamos aumentar o tamanho da lâmpada e até arriscar a ligar eletrodomésticos,
conforme o teor desavergonhado da notícia lida. Ao lermos a história
completa das desculpas do governo sobre a crise energética que se avizinha,
já estávamos conseguindo manter ligados a televisão, o microondas, a geladeira,
o freezer e o elevador de serviço.
Preciso urgentemente
patentear o invento, pois como vocês podem ver pelos noticiários, a
sua fonte geradora é inesgotável.
:::
N a v e g a r I m p r e c i s o
We Don't
Need Education
Flash para
dementes. Humor negro e muita violência gratuita neste game que é uma sátira
corrosiva ao american way of life. Um moleque de 12 anos de idade que é fã
de música gótica inicia uma chacina no Pico's School revoltado com o sistema
educacional americano. Recomendado a fãs de Guy Ritchie e Marilyn Manson.
Síndrome
de Rob Fleming
Listas, listas
e mais listas: personagens da novela Carrossel, jurados do Show de Calouros,
clássicos da Sessão da Tarde, produtos vendidos pelo 1406, porcarias gastronômicas
que nos viciaram quando infantes... Um site para ser visitado comendo Monstrinhos
Crek, ouvindo Cid Guerreiro ou Luan & Vanessa, e fumando Minister.
(dica da
leitora Patricia Santana Correia, do Rio.)
:::
O Ataque das Minhocas Hardcore
Amor... Argh, hoje as minhocas que proliferam deliberadamente em meu cérebro
ficaram fazendo coro: “amor, amor, amor”.
Eu mereço.
Já cansei de pensar e não chegar a conclusão nenhuma sobre o assunto. Deixei
os poetas falarem tudo o que sei e não sei a respeito do bicho de sete cabeças
(ou nenhuma). Porém, parece que não só as minhocas do meu cérebro, mas também
meu coração perdido, estão movendo estes dedos que agora percorrem loucamente
o meu teclado (nota: não sei se ainda tenho um coração).
Sempre
tive em mente que apesar do meu distúrbio bipolar e de todos os medicamentos
que ando tomando, nada poderia abalar minha fé nos seres humanos e no amor
- a única coisa relevante que nos diferenciam dos demais mamíferos. Mas
parece que as últimas semanas tortuosas, frias, secas e poluídas acabaram
se tornando o ambiente perfeito para que meu pessimismo reprimido me atacasse
pelas costas, covarde e forte.
Oh yes,
estou pessimista e achando Schopenhauer o máximo. Viver é sofrer... Acho
que todo mundo sabe disso, mas existem aqueles que fingem não saber e se
satisfazem em entrar no jogo, jogar o jogo e viver das migalhas do tal jogo
chamado establishment, assistindo ao Jornal Nacional, lendo Exame, juntando
grana pra ter o carro do ano, jantando com cuidado no Antiquarius pra não
sujar o novo terno Armani. Há outro grupo de pessoas que sabem como viver
nos traz sofrimento e, genialmente, inventam estratagemas pra sofrer menos,
fórmulas mirabolantes que exigem anos de árduo treinamento e condicionamento
mais físico que mental. Chegado o fim do treinamento, viver parece uma grande
brincadeira e o amor algo simples, tudo é simples e solúvel. Todo o problema
que por vezes lhes impede a passagem é analisado de forma madura e lógica,
por fim resolvido, e assim nada impede que o curso da derradeira vida continue
em seu rumo.
Errrr...
acho que fugi um pouco do subject. Queria falar de amor, não, na verdade
queria fingir que o amor não existe, é apenas mais uma invenção humana,
fruto de mentes doentias de séculos passados, do Romantismo, etc., da inclinação
esquisita do ser humano pelo sofrimento, pelo masoquismo, medo, dor, ansiedade
e expectativas.
Não, eu
não estou amando. Porque não sei dar mais do que recebo. Sem essa de que
quando se ama, nos tornamos seres bobos que dão tudo ao ser amado incondicionalmente.
Eu não acredito nisso. Amor é troca e que venham os românticos de carteirinha
fazer protesto e mandar mensagens mal educadas pra mim. I really don’t care.
Pensando bem, o que rege a vida é a troca. Até amor de mãe.
Eu estou
colocando um monte de questões pretensamente filosóficas e existenciais,
sem chegar à conclusão nenhuma. Apenas não consigo concatenar idéia com
idéia e jogo um monte de palavras na tela compulsivamente. Oras, é meu espaço
neste zine e não quero ter preocupações estéticas, literárias, dissertativas
e o catzo. A coisa funciona assim: você está gostando do que lê, salva o
texto e manda spam p’rum monte de gente. Se você achar tudo isso um lixo,
muda-se de página, vai p’ruma coluna mais engraçadinha (recomendo a seção
diálogos inesquecíveis), ou pra página de notícias na internet pra ver como
está seu time no campeonato, pro Submarino gastar o suado din-din com CDs
e livros.
Amor. Que
merda! Dói tentar matar o que sinto por alguém. Quando acho que tudo está
resolvido, (sempre) acontece alguma coisa e meu coração começa a me atormentar
com todas as sinfonias de Beethoven (e olha que eu gosto de Debussy).
Felizmente
(?!?), amei poucas vezes na minha vida. E o resultado foi o crescimento
de um sentimento contraditório e alienígena: fujo do amor como o diabo foge
da cruz e sofro, do mesmo jeito, quando não estou amando.
A minha
situação agora é essa: não sei o que sinto pelo cara. Não sei se é amor,
medo de ficar sozinha, comodismo, sexo e nada mais, gratidão. Odeio sentimentos
indefinidos, sem nome, sem cara, que me desnorteiam e me fazem cometer toda
a sorte de atos ridículos típicos daqueles que estão perdidos. Fico mais
verborrágica, na vã tentativa de explicar o que não se explica.
Minhocas,
acho que é tudo culpa das minhocas, que agora deram pra balançar as respectivas
cabeleireiras ao som de Killing In The Name Of, do Rage Against The Machine.
::: D
i á l o g o s I n e s q u e c í v e i s
Quatro Casamentos e
um Funeral (a seqüência em que a personagem de Andie MacDowell conversa
com Hugh Grant sobre os amantes que teve na vida, e começa a contá-los
nos dedos):
- O primeiro, é claro - difícil
de esquecer. Agradável. Dois - pêlos nas costas. Três. Quatro. Cinco.
Seis - foi no meu aniversário. No quarto dos meus pais.
- Que aniversário?
- Dezessete anos.
- Só chegamos aos dezessete?!
- Eu cresci no campo. Montes
de feno para rolar. Tudo bem, sete - hummmm. Oito (faz com os dedos o
sinal de alguma coisa muito pequena) - infelizmente, foi um choque e tanto.
Nove - encostada numa cerca. Muito desconfortável, não tente. Dez - delicioso.
Divino. Ele foi maravilhoso...
- Eu o odeio.
- Onze - evidentemente, dadas
as circunstâncias, um desapontamento. Doze a dezessete - anos da universidade.
Rapazes sensíveis, carinhosos, inteligentes, mas sexualmente falando...
uma droga. Dezoito - partiu meu coração. Anos de sofrimento.
- Sinto muito.
- Depois veio o dezenove - que
não me lembro, mas minha companheira de quarto afirma definitivamente
que nós fizemos, duas vezes. Então, vinte. Meu Deus, não acredito
que cheguei ao vinte! Vinte e um - língua de elefante. Vinte e dois -
caía no sono a todo instante. Esse foi meu primeiro ano na Inglaterra.
- Sinto muito.
- Vinte e três e vinte e quatro
juntos, foi uma coisa...
- O quê??
- Vinte e cinco - um encanto
- francês. Vinte e seis - horrível - francês. Vinte e sete - ele
não parava de gritar, foi constrangedor. Spencer, vinte e oito. O pai
dele, vinte e nove...
-
?!?!
-
Trinta - medonho. Trinta e um - oh, meu Deus. Trinta e dois - encantador.
E então, meu noivo - trinta e três.
-
Nossa! Então eu venho... depois do seu noivo?
-
Não, você foi o trinta e dois. Enfim, aí está. Menos do que a Madonna,
mais do que a princesa Di. Espero. E você? Com quantas já dormiu?
-
Cristo, nada que chegue perto disso. A-hã. Francamente, não sei que merda
tenho feito com meu tempo. Trabalho, provavelmente - é isso. Trabalho.
Tenho trabalhado até tarde.
Podes
me ver por dentro, mas não enxergas o castanho dos meus olhos. Podes sentir
o meu humor, mas não percebes meu verdadeiro sorriso. Consegues até tocar
músicas na minha vida. Mas nunca, nunca podes tocar a minha pele.
Eu presto atenção em todos os sons, mas nenhum deles é o da tua respiração.
Eu quero ouvir a tua risada, e te ver tocando bateria no ar. Só o que escuto,
porém, é tão distante e impossível, e o que vejo, apenas alimenta mais ilusão.
Podes fazer parte da minha vida, sem nunca teres me visto. Podes ser meu
amigo, e estar comigo se estou triste ou rindo. Mas nunca viste meus dentes,
minha mão longa e o cabelo preto liso. Nunca estiveste perto, com um ombro,
um café e um carinho. Ou um vinho.
Vieste num momento bom, num momento que preciso. Vieste da pior maneira,
irrealizável como uma utopia. Nos encontramos na confusão de tantos destinos
e vidas. Fiz de conta que é possível, sei que tu nisso acreditas. Eu também,
me apaixonar por ti, podia. Se soubesse, eu antes talvez te evitaria.
Tudo que eu preciso é mais realidade. Mais pele, mais emoção. Mais um pouco
de todos os sentidos. Tato, olfato, paladar, audição e visão. O toque, o
cheiro, o gosto, o som, a paisagem. É só isso. O que eu quero é meus olhos
cegos, pra não enxergar aquilo que não pode ser.
Se soubesse, eu antes talvez hesitaria.
Tenho sorte.
Ao menos tento forte
(mesmo que não acerte)
fazer do ócio, arte.
O tempo curto - corte.
Sem vida - morte.
Esta
semana eu estava no shopping e ouvi um pedaço de uma música que eu gosto,
Há Tempos. Parece cocaína, mas é só tristeza...
O assunto Legião Urbana ficou batendo na minha cabeça. Uma pessoa me acusou uma vez de só conhecer
o soneto de Camões (Amor é um fogo que arde sem se ver...) por causa
da música do Renato Russo. Respondi bravamente que isso era um absurdo,
que eu odeio Legião Urbana.
Também
não é para tanto. Eu não odeio Legião. De fato, nunca fui adoradora
do Legião. Não tenho nenhum CD deles, assim como não tenho CDs de muitas
outras bandas de que gosto muito mais.
No dia
em que Renato Russo morreu, eu estava no trabalho. De noite eu tinha uma
festa à fantasia, era na faculdade do meu então namorado, e minha futura
faculdade (embora eu ainda não soubesse com certeza). O tema era viagem
no tempo. Eu fui de hippie e meu namorado, de guerrilheiro. E na festa só
tocou Legião Urbana. Não é exagero. Imagina você estar em uma festa e só
tocar música dos mesmos caras! É claro que eu tinha que dizer que odeio
Legião!
Quase
três anos depois, eu nem estava mais com este namorado, e um garoto da faculdade
(a mesma faculdade...) resolve ficar me cantando. Era um cara até bem legal.
Eu ia viajar, passar duas semanas fora. Como foi um ano que teve greve, a
gente não teve férias e eu ia matar uns dias de aula. Ele me dá de presente
uma fita para eu ir ouvindo no avião, mas ele disse que eu não poderia ouvir
antes. Que simpático, eu achei.
Meu
walkman estava pifado e eu tive que comprar um novo na Free Shop do aeroporto.
Paguei uma nota preta. E, assim que decolamos, coloquei a fita. Era uma coletânea
com as músicas do Legião que o tal garoto mais gostava. Noventa minutos de
Legião. E eu não tinha levado nenhuma outra fita...
É
claro que eu tinha que dizer que odeio Legião!
:::
S o n h o d a S e m a n a
:::
Crônicas, egotrips & viagens maionésicas do inconsciente.
Pois não
é que o minuano ou algum filho ou filha dele cobriu os dias cinzas
do outorno em Trashland (São Paulo)? Buenas, admito que sou filho e fã do
inverno, mas confesso que me estrepei. Gripado, com bronquite, família cheia
de problemas, mulher amada morando em outro estado, pai doente, desemprego
e uma filha linda de dois anos para criar/sustentar - essa - uma verdadeira
fonte inesgotável de energia e ânimo - sinto que os dias passam de forma lenta.
Mas vejam só - numa dessas todas noites frias, eu, que já tenho há muito
tempo sido escravo do sonhar e admito, sempre fui de viver boquiaberto pelo
sonhar, tive mais um sonho curioso.
Agora que o sonhar anda vivo na cachola, nítido e onipresente, sonhei que
de
algum modo, dentro de um carro novo, desses redondos que não gosto (ahh..
que saudades do dojão, do maverick e do amado galaxie) estavam lá quatro
figuras que eu me atreveria a chamar de ilustres, embora eu não faça muita
conta exagerada das pessoas. Não vejam isso como desdém por ninguém, mas acreditar
cegamente na santidade é muito forte para um potrilho chucro, renegado e carboteiro
como eu. E me vejo num carro, em sonho, com nada menos que: Tosetto, Ian Black
(que seria uma amálgama entre Frank Black e Ian Curtis?) e o Alexandre Inagaki.
O que me chamou a atenção era que todos nos conhecíamos bastante, falávamos
pelos cotovelos, todos pretensos intelectualizáveis - mas a cultura pop não
aliena? - vínhamos no carro trovando assuntos importantes, não importantes,
indiferentes, mas.. estes assuntos eram sempre falados de modo sedutor e gratificante,
e senti que todos tinham (pasmem!) grandes esperanças.
Agora penso: mas que raios que deu pra eu sonhar com macho, mesmo sendo
pessoas tão bem quistas. De fato nem posso reclamar muito porque pelo menos
em sonho, tenho vivido algumas fantasias com as mulheres que quero (e não
quero também) e esse sonho se trata de um caso isolado, não tenho dúvida.
Neste sonho lembro que o Tosetto tinha uma boa barriga, meio calvo, bonachão;
Ian muito branquelo e magro com olhar forte desses que te dá medo, e o Inagaki
era profundíssimamente japoronga, com sorriso contagiante e bonito, mas totalmente
japa, desses de olhos muito fechados, meio gordinho, cabelo de japa e roupa
de japa!
Sonho é sonho...
Passadas as risadas gerais - eu sei que provavelmente nenhum deles é assim,
se não forem radicalmente diferentes - eis que o carro em sonho, seguia
para uma praia qualquer onde a gente ia tomar umas doses num sonhado fim de
tarde morno de algum dia primaveril. Pensei, fazendo um paralelismo básico,
no fundo eu queria estar ali sim, ou acolá, mas cercado de gente que vale
a pena, no calor não exagerado (estou surpreso em dizer isso!!) falando sobre
as crônicas da vida e da pós-vida, indo tomar uma bela borracheira, dessas
que a gente só faz questão de tomar quando os macacos colorados tomam surra
da gente nos Grenais.
Mas aí... eu acordo... sinto o calor das cobertas protetoras, vejo minha guria
linda "nanando" ao meu lado, e, apesar da importância dela estar ao meu lado,
sei que está tudo na lesma lerda. Estamos aí sim, vivos, mas que coisa, santa
aflição! Viver, sofrer, lutar e sonhar um pouco... é ótimo, porque afinal
de contas, de quando em vez, te dá uma vontade enorme de ser mais feliz.
P.S.> Quanto ao tão comentado Apagão, tirando a barbárie, é uma boa chance
para vermos menos TV emburrecedora, lermos mais, treparmos bastante (porque
é importante estar bem comido nessa vida!!) e claro, mandar o FHC para a PQP.
BAH, agora que vai ser péssimo ficar sem ouvir Kristin Hersh e Heart Throbs,
isso vai!!
:::
O Lester Bangs de Röcken (a leitura deste texto exige algum senso de
humor)
"(...)
podias até mesmo saquear com avidez todos os jardins da música, mesmo assim
só conseguirias uma música imitada e mascarada (...)"
Com o estouro
do "Quase Famosos", de Cameron Crowe, falam muito por aí em Lester Bangs,
crítico de rock da revista Creem retratado no filme que não hesitava em mandar
pra cucuia uma pseudo-imparcialidade jornalística, adicionando alto grau de
maluquice aos seus textos. Mas nada disso é privilégio da era do rock. O século
XIX, por estranho que isso possa parecer aos pós-modernos, teve lá também
seu crítico de música piradão.
Nietzsche (de
agora em diante Níti, porque é muito chato escrever um monte de consoantes)
fez crítica rock´n´roll antes mesmo do advento das guitarras. A frase que
abre a coluna (essa o Eduf sabe) não é de nenhum colaborador da Bizz detonando
o Jota Quest em português arcaico. É Níti em O Nascimento da Tragédia no Espírito
da Música, seu tratado sobre o "otimismo trágico", a música enquanto um consolo
metafísico que mostra como a vida, mesmo com tanta podreira, é poderosa e
alegre. Níti até aplicou algumas vezes a manha tipicamente gonzo de sair do
tópico no meio do texto, como no mesmo Ecce Homo, quando começa explicando
porque escreve livros tão bons (sic) e descamba a falar mal das mulherzinhas
(sic), a quem alega conhecer bem. Tá, num era exatamente gonzo, ele era só
maluco mesmo. Mas escrevia apaixonadamente e sem rodeios, muitas vezes defendendo
idéias absolutamente esdrúxulas (o mundo está decadente por falta de guerras,
etc.), sempre com a mesma força.
Mas, ao Níti
crítico de música:
Lá pelos idos
de 1876, rolou um festival animadíssimo em Bayreuth, uma espécie de Glastonbury
ou Rock in Rio, mas com ópera wagneriana noite após noite ao invés de rock,
uma lou-cu-ra. Níti, como não poderia deixar de ser, foi lá conferir o show
do seu ídolo de juventude. Certa noite do festival, lá pelo meio do Anel dos
Nibelungos, começou a demonstrar insatisfação com a direção que a obra de
Richard (Ricky) Wagner tomava: tinha virado uma coisa mais operística, diferente
do lance inovador que antes o levara apontar Wagner como fundador da única
arte verdadeira. Enfim, o som do cara tava um saco, pasteurizado, nadavê.
Imediatamente, Níti puxou o carro: "Seria loucura ficar aqui", escreveu ele.
"Aguardo com terror cada uma dessas longas noites musicais. (...) Não aguento
mais". Fugiu do festival sem avisar a Wagner, que ficou meio bolado com a
atitude do Lester Bangs de Röcken (röck-en!) mas relevou porque sabia-o mutcho
louco. Wagner tava em alta: Níti não curtiu mas o resto do mundo aplaudiu
de pé.
Em Sorrento,
pouco depois do festival de Bayreuth, novo encontro com Wagner, que estava
compondo o Parsifal, uma obra meio de exaltação ao cristianismo. Níti foi
embora novamente sem dirigir a palavra a Wagner e escreveu uma crítica ressentida
e certeira contra Parsifal em O Caso Wagner: "(...) Wagner, um romântico decrépito
e desesperado, desabou subitamente diante da Santa Cruz. Será que não houve
um alemão para ver e, com piedade em sua consciência para deplorar esse horrível
espetáculo? Serei eu, então, o único a quem ele fez sofrer?" Nossas publicações
especializadas em música, inacreditavelmente brandas ao comentarem pragas
radiofônicas impostas pelas gravadoras, têm o que aprender com a virulência
de Níti. Diz de O Caso Wagner, em Ecce Homo: "Para fazer justiça a esta obra,
é necessário sofrer a fatalidade da música como se fosse uma chaga aberta.
De que sofro quando padeço o destino da música? Ressinto-me de que a música
tenha sido privada de seu caráter afirmativo e transfigurador do mundo (...)"
No fim da vida,
no entanto, doidão acima de qualquer suspeita contrária, babando e tocando
piano com os cotovelos, o crítico implacável deu lugar ao jovem fã ardoroso
que um dia achara que seu compositor preferido ia salvar o rock, perdão, a
arte. Certa vez, ao ver um retrato de Wagner, que já havia falecido, só pôde
sussurrar: "Amei-o muito".
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F a l a q u e E u t e E s c u t o
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Nossos editores são extremamente carentes e precisam de carinho. Por isso,
por favor, escreva pra gente: [email protected]. Spam Zine te ama e
nós também.
"Alex: estou
emergindo excepcionalmente das profundezas profissionais nas quais venho me
afogando apenas para te perguntar:
VOCÊ VIU MESMO O NEIL GAIMAN?
(Caso a resposta seja afirmativa, por favor continue respondendo o questionário
abaixo:)
1- Ele existe (I mean, havia carne, ossos, cabelos, saliva, passíveis de serem
tocados, ou ele era apenas um ser de luz inesgotável do qual as pessoas eram
incapazes de se aproximar sem perder a razão, assim feito Deus)?
2- Ele estava de casaco de couro preto, cabelo meio sem corte e barba por
fazer (ai, vou gozar, vou gozar!)?
3- Você falou com ele? O que ele profetizou?
4- Você pegou autógrafo e tirou foto (ah, tá bom, foto é um pouco demais –
mas o que ele escreveu na dedicatória?)?"
Marcela Nuala
OS EDITORES:
Marcela, minha amiga mais esporádica que Cometa Halley! Sua reaparição é mais
uma prova dos poderes sobrenaturais de Mestre Gaiman! Respondendo às suas
perguntas:
1- SIM!
Eu apertei a mão do mestre, e, como embasbacado discípulo, balbuciei palavras
sem sentido quando pedi seu autógrafo, algo como "yeahthanksyourefuckingamazingman".
O que prova, mais uma vez, a sua divindade: perdi a razão e me tornei um fã
baba-ovo da silva.
2- SIM,
Marcela, Mestre Gaiman estava EXATAMENTE como em sua descrição. Oh yeah, yesssss,
I'm coming, I'M COMING!!!!
3- Tinha
gente demais na fila, e a funcionária do Fnac ficou me enchendo o saco pra
não gastar muito tempo com o Mestre (perdoai-vos, eles não sabem o que fazem).
Mas o pessoal do Universo HQ fez
por mim as perguntas que eu queria fazer.
4- Peguei
um autógrafo na minha edição de Sandman com a primeira aparição da Morte,
uêba. Ele não escreveu muito: apenas o meu nome e a assinatura dele. Mas ele
fez um desenho muito cool na capa da minha revista. Já recebeu a imagem scanneada
do autógrafo do Gaiman?
BEIJÃO
pra ti, e vê se aparece mais, mulé! Tô esperando por seus novos contos psicografados
pelo Mestre... A.I.
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P. S.
1) Fuck you,
shitface cock-ass-ball licking sucker horse-uncle fucka BARBARA STREISAND!!!!
(e parte 6 da novelinha barata na SEMANA QUE VEM!) (Potumati)
2) Uma mulher
com um batedor de carne na mão é uma potencial assassina. Picador de gelo
é coisa do passado. (Hong)