[S p a m  Z i n e]
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    : 22 de abril de 2001
    : curitiba, são paulo, goiânia, belo horizonte, petrópolis
 
::: e d i t o r i a l
::: Ricardo Sabbag <[email protected]>
 
A FICÇÃO ESTÁ MORTA
 
Porque a Verdade tomou o seu lugar. E onde está a Verdade, afinal? Não sei. Quando a verdade nasceu? Também não sei. Na Grécia Antiga, não existia o conceito de Verdade. Assim como não existia o conceito de livre arbítrio. O homem era o que era dentro da sua "relação social". A Verdade era ditada pelos oráculos, mas sua existência independia da mentira como contraponto. A Verdade era, apenas e tão somente, o que existia.
 
Espero ter cometido poucos erros históricos.
 
Mas a verdade renasceu. Ou precisamos de mais palavras. A Verdade grega é a alethea, o conceito expresso ali acima. Para o homem contemporâneo não existe a alethea, mas a verdade. A verdade dos fatos, a verdade das pessoas, a verdade da vida. Palava difícil essa, verdade.
 
E me deixa extremamente triste perceber como a verdade dos homens está tomando o lugar da ficção dos homens. Porque tudo é pastiche, a vida é teatro. Vejam o caso desta ex-diretora do Prodasen, que está pondo abaixo a DEMOCRACIA brasileira. Seu solilóquio serve para derrubar as estruturas da verdade existentes no nosso país.
 
Depois dessa, por que precisaríamos da ficção? A verdade anda trazendo o pastiche dentro de si própria. Não precisamos de personagens, se temos a nós mesmos como personas em um imenso palco.
 
(se eu tivesse completado a última frase com "chamado Brasil", ganharia o prêmio 'clichê do ano' na internet brasileira)
 
Para onde vamos, então? Também não sei... Eu temo pela arte, que anda perdendo seu lugar para a prática. E ainda quero morrer com o sonho infantil de que a arte é a única contribuição verdadeira do homem para o mundo.
 
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LUDOPÉDIO (inspirado - para não dizer 'copiado' - por Daniel Piza)
 
Falando de esportes, a seleção brasileira de futebol está vivendo um momento dramático em sua história. A tática usada por Leão, de convocar só jogadores que atuam em casa, pode ser um tiro pela culatra. Porque, depois dessa, ninguém imagina para onde a coisa possa ir. Explico: não tenho dúvidas que Wanderley Luxemburgo é o melhor técnico brasileiro em atividade. Vamos deixar o caráter do sujeito de lado. O que ele fez com o time do Corinthians não é pouca coisa. Mas não deu certo na seleção. Pressões, vaidade, seja lá qual for o motivo, o time brasileiro, que conta com jogadores de qualidade, não funcionou sob a batuta de Luxemburgo.
 
Quer dizer: se os esforços de Leão não vingarem, qual vai ser a alternativa para a seleção alcançar o sucesso? Muita gente reclama que craques como Rivaldo e Roberto Carlos não rendem nem metade do que fazem em seus clubes. Concordo. Quem acompanha o campeonato espanhol sabe que, atrás de Figo, os dois são os maiores jogadores da Primeira Liga. Não repetem as atuações pelo Brasil. Daí 'inovaram' e chamaram pratas-da-casa, como Washington, da Ponte Preta, e Alessandro, do Atlético-PR. Castigo aos milionários e chance aos novatos.
 
Não quero parecer pessimista, mas esses jogadores (não só os dois citados, mas a maioria das 'surpresas' de Leão), ao lado do próprio zagueiro Lúcio, um dos poucos 'estrangeiros' da lista, não têm (ainda, espero) potencial suficiente para mudar a trajetória da seleção, que passa por um momento extremamente complicado. No tempo de Ronaldo, podíamos botar as esperanças nos pés do craque. Ele é do tipo que resolve tudo na individualidade.
 
Agora, quero crer que Vampeta, Ricardinho e Marcelinho, junto com Edílson, que formaram o melhor meio de campo do futebol brasileiro nos últimos anos, e o salvador da pátria Romário, salvem a seleção do suplício em que se encontra. Não quero nem ver para onde a coisa vai se o Peru ganhar...
 
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COISA BOA
 
Esta edição fresquinha do Spam Zine traz o novo nome cooptado pelo co-editor Alexandre Inagaki para o nosso escrete: Carolina Linden, designer (visitem http://planeta.terra.com.br/informatica/carollinden) e escritora de mão cheia. Inagaki, que anda mais complicado que o Zé Arruda nas últimas semanas, arranjou tempo para trazer para nossas telas mais um nome que abrilhanta o nosso time de colaboradores. Podemos morrer de fome, mas nunca de falta de textos. :-)
 
Agora, um aviso. Mais abaixo, no texto de abertura do Spam, os senhores terão em mãos um grande exemplo da verve de Sergio Faria, editor do blog Catarro Verde (http://catarro.blogspot.com), o mais politicamente incorreto da internet (Sergio, pode postar lá que Ricardo Sabbag, do Spam, lê o Catarro Verde) e certamente um dos melhores textos da web. Não percam por esperar. Tire a vovó da frente do computador e tape os olhos se for cardíaco. O texto de Sergio é uma porrada na boca do estômago. Keep going, pal.
 
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::: Rodízio de Strip-Tease
::: Sergio Faria <[email protected]>
 
Zanzei a pé pela noite das imediações, desci a São João, subi escadas mal iluminadas, xeretei furdunços, caminhei pela merda ali construída pela Erundina, arruinada pelo Pitta e não varrida pela Marta. Será que pra mandar varrer o chão a prefeita depende das “pãrcerias”? Vai ver precisa de alguma reunião com os companheiros do partido, você sabe como são essas decisões importantes. Não podem ser tomadas intempestivamente. No apodrecido centro de São Paulo a figura cor-de-rosa nem precisa promover psicodrama, o drama é aquilo ali. Gente triste, fudida e mal paga mimetizada com a paisagem imunda e contando as merrecas pra comer alguma coisa no domingo de Páscoa. Churrasco grego, 50 centavos com 2 sucos de grátis. Rangos vagabundos a 2 real, “acompanha” refri de copo. Cinemas-dormitórios 24h com filmes pornô. Hotelecos 2 estrelas com nomes invocados e elevadores de portas pantográficas, Britânia, Broadway, Cineasta, Términus, Plaza Marabá, Normandie. Puteiros diversos com bucetas a 10 real. Num desses entrei movido pela curiosidade mórbida. Chamava-se Clube dos Nordestinos. Na entrada, um porteiro bêbado cobrava 3 real pelo rodízio de strip-tease acompanhado de uma lata de cerveja. Paguei e subi.

A escada apertada desembocava num salão escuro e abafado. Duas putas obesas me receberam. Passei por elas e fui pegar minha cerveja num balcão de fórmica vermelha onde um sujeito sem camisa me atendeu. Garrafas de Vinho Licoroso Chapinha, Conhaque Dreher, Contini e Licor Fino Peppermint Palhinha enfeitavam duas prateleiras espelhadas. Dali observei o salão. No centro, uma longa passarela forrada de feltro cinza. Encostadas nas paredes, contei 12 mesas – cada uma com uma lata de cerveja em cima e um cara desanimado sentado atrás. Eu era o 13º. Três luzes negras do tipo berinjela e algumas lâmpadas coloridas piscando no teto iluminavam a decoração: paisagens campestres grafitadas em paredes rosa claro. Uma neguinha se aproximou e me convidou para conhecer “a casa”. Entramos por um corredor escuro e passamos por 3 salas que ela chamou de “vips”, onde putonas seminuas agarravam fregueses em pequenos sofás, na semi-escuridão. O chão grudava no meu sapato. Na última sala, a neguinha me convidou para sentar com ela. Prontamente avisada da minha condição de durango kid, desencanou e voltamos ao salão, onde ela me deixou em paz numa das mesas.

Mal sentei, veio uma gorducha sorridente em minha direção. Chegou, levantou o vestido branco de crochê e pediu licença pra sentar no meu colo. Antes de ter o saco esmagado pela imensa bunda, usei a senha que me livraria de todas as mulheres da casa: eu estava sem grana. Ela despediu-se, simpática, e foi sentar no colo do meu vizinho da mesa ao lado. Passou um cara, de mesa em mesa, sacudindo as latinhas de cerveja e recolhendo as que estavam vazias. Pressão inútil porque ali ninguém tinha dinheiro para comprar mais nada além do ingresso de 3 real.
 
Então o locutor, um sujeito magrelo que eu tinha visto numa cabine minúscula, anunciou: “próxima atração, a gatinha Bianca! Exprosão de sensualidade!”. Mandou uma música do Leonardo e uma loirinha magra, com cara de fome, entrou de chinelos na passarela. Arrastou-se durante mais duas músicas, levando uma eternidade para tirar a blusa vermelha e mostrar os peitos murchos. Outra eternidade e finalmente puxou pelo pescoço a minúscula saia de lycra, exibindo a cicatriz de parto cesariano que os pentelhos ralos mal cobriam. Enquanto Bianca se arrastava, o locutor aproveitava os refrões do Leonardo, acrescentando sibilante: “sucessso!”. Era a única pessoa animada ali. E prometia: “na sequência, próxima atração, a gatinha Neusa! Exprosão de sensualidade!”. E convocava: “atenção, Neusa!”. Ao chamado, Neusa se mandou para a cabine de som – era a gorda que sentava no colo da freguesia. Impossível imaginar aquela mulher tirando a roupa numa passarela. Peitos, pneus, barriga e bunda transbordavam incontroláveis por todos os lados da “próxima atração”.
 
Resolvi não esperar. Voltei ao balcão para carimbar o papel que o locutor tinha mencionado em aviso aos incautos: “se perder a comanda, paga 100 real!”. Enquanto esperava o cara sem camisa, li o aviso às putas escrito com Bic azul, letras caprichadas, numa folha de caderno espiral colada na parede. Pedi a Bic do cara e copiei, enquanto ele me olhava feio: CONMUNICADO informamos a todas as funcionarias que a partir de 26/03/001 cerá controlado na portaria u horario de chegada ê saida quantas vezes sairâo para à rua tendo todas u mesmo direito podendo sair uma hora uma sô vês por dia por tanto quen estiver seus poblemas procuren resolver fora do horario de trabalho pois estamos camsado de escutar mentiras e pilantragens de funcionarias dezonestas. Chico Pereira 26/03/001. Na passarela, Neusa tirou o sutiã e a peitaria desabou sobre o umbigo. Desci a escada. Na rua ainda ouvi a música do Tim Maia acompanhando o strip: “vou pedir pra você voltar… vou pedir pra você ficar…”.
 
 
::: D i á l o g o s  I n e s q u e c í v e i s
 
SILENT BOB: Não, idiota. Foi um erro. Eu não estava com nojo dela, eu estava com medo. Naquele momento, eu me senti pequeno - como se não tivesse experiência, como se eu jamais estivesse no nível dela ou nunca fosse suficiente para ela ou algo assim. E o que eu não me liguei é que ela não se incomodava. Ela não estava procurando aquele cara mais. Ela procurava por mim. Mas no momento que eu compreendi isso, foi tarde demais, você sabe. Ela seguiu em diante, e tudo que eu pude mostrar foi um orgulho idiota, e que depois fez eu me arrepender. Ela era a garota, eu sei disso agora. Mas eu a afastei... (...) Então eu vivo cada dia desde aquele procurando Amy.
(Kevin Smith, justificando o título de "Procura-se Amy", escrito e dirigido pelo próprio)
 
 
::: Quadros
::: carlãO <[email protected]>
 
4.
Descostumado a ferir-lhe o corpo parco vislumbrei algo de Maquiavel dobrando a esquina. Menina traquina de dentes afiados que sempre me rasga a carne na primeira hora da manhã. Também equipado de Foucault eu sempre a prendia aos pés da cama de onde se avistava a redoma cheios de palavras de Champollion. Hieróglifos quero dizer. Seus olhos pousavam na estante no mesmo instante em que meu banho corria pelo ralo levando pedaços de presidentes e falas de doutores impregnadas de cliclês de tele-novelas. Alguém havia me dito em algum lugar "have a nice day" que gerou um entupimento monstruoso no cano azul-anil. Seus olhos pousavam na estante e derrubavam verbos menores mas encontravam resistência nas barbas de Marx e no anteparo marrom com a foto doentia de Che Guevara morto.
 
5.
Doze para as dez e nada de Rússia. Ela sempre tivera um gênio meio forçado algo em torno de um estrondo lançado no espaço e que viraria manchete em qualquer newpress do mundo, inteiro. Rússia me gelava os nervos. Às vezes disfarçava de neon como se luzir um pouco a colocasse em título de sol, ou de olhos, olhos de Lisboa que brilhavam sempre.
 
6.
Ela era muito indecente. Onde já se viu? As sandálias da moda muito bem entrelaçadas nas pernas juvenis davam um realce muito bonito à saia curta meio plissada em tons degradê. Que ousadia! A blusa, ai meu Deus, a blusa. Meio bufon, escandalosamente de mangas compridas num tom meio pastel seda javanesa nossa que surpresa ela parecia levitar. Ela não vale nada! Olha que eu sou muito jovem para ser careta. Falarei bem claro para o porteiro que nunca mais a deixe entrar aqui na colônia de nudismo.
 
NOTA DO EDITOR: Os três primeiros quadros de carlãO foram publicados na edição 005 do Spam Zine. Pedidos de edições antigas através do [email protected].
 
 
::: P a p o - A r a n h a
::: O guia moderno da cantada virtual. Encontre você também a tampa da sua panela: [email protected].
 
"Minha boca está sedenta por seu corpo"
Tenho um enorme desejo de amar uma mulher com minha boca. Apesar de casado, e minha mulher ser lindíssima, ela não gosta disso. E a minha vontade cada vez aumenta mais... Quero uma mulher que saiba ser amada por uma boca sedenta e linda. Sou lindo e exijo uma pessoa que seja como eu, higiênico e charmoso. Tenho 1,88m 78kg, cabelos curtos, lisos, castanhos, olhos castanhos. O resto é proibido, por enquanto. Espero que apenas as mulheres evoluídas e prazerosas enviem resposta.
Beijos, Yago
 
COMENTÁRIO DO EDITOR: É, meu pai... o sinhô veja em que pé anda o mundo...
 
 
::: MEA CULPA MEA CULPA MEA MAXIMA CULPA
::: Nicole Lima <[email protected]>
 
culpada
minha culpa a gente ter perdido aquele ônibus...
eu: três ou quatro anos de idade, o sapato caiu no meio da rua. ainda me lembro da minha mãe batendo com a sombrinha na porta... motorista filho da puta, nem pra abrir a porta.
minha culpa ter mordido o peito do meu irmão e tê-lo feito sangrar... não era pra sangrar.
minha culpa que o namorado da minha mãe foi embora, se ela não tivesse uma filha... se eu não fosse tão tão tão... tão?
minha culpa minha minha minha
schlept schlept schlept
schlept
shame on you nicole, menina feia. vai pro quinto dos infernos.
minha culpa que aquele menino me quis, minha culpa seu pênis ereto, minha culpa... ele não pode evitar.
minha culpa eu ser tão peituda, tão coxuda uda uda uda
culpada ada ada. minha culpa, meu estupro, minha roupa rasgada, a dor, dor nada,
é nojo, aquela boca, aquele cheiro, aquela culpa,
minha culpa usar saia curta, sair de casa.
quem mandou? quem quem?
sua sua sua.. saiuda curtuda
minha culpa quando olham pra mim na rua, menina vadia
minha culpa quando eu como demais,
quando eu durmo de menos, minha culpa o cara da esquina estar com fome,
porra de vida, nhaca de lixo
minha culpa o gato ter caído da janela,
minha culpa a lágrima no rosto,
minha culpa a geladeira suja,
o sapato gasto, a parede riscada,
a barriga gorda pra fora da calça,
a bunda que cai, a espinha na testa,
os pêlos na perna,
dente cariado,
amor acabado,
acabou a boca bou
e não tem mais beijo
e o sono é muito
e tristeza é culpa
a gasolina subiu e eu nem tenho um carro
minha culpa o dinheiro custar caro.
tudo eu que fiz
eu que fiz eu fiz eu fiz sim
eu não quis
conduta negligente ou imprudente,
pecado.
culpa no cartório.
dolo é melhor que culpa,
culpa é ironia barata, culpa é azar, bad karma
só vem quando tudo dá errado,
quando a merda dá certo é dolo.
dolo é intenção, morreu porque eu quis, foi estuprado porque eu quis, atropelei e matei, comi, bebi, enfiei o dedo na garganta e vomitei, afoguei o bebê e matei o ganso, chutei a canela, pisei no seu pé.
desculpa
merda, porra, desculpa eu falar palavrão
mas se culpa é fazer mal sem querer, eu só fiz mal pra mim.
prefiro uma surra que sara mais rápido.
me tira daqui.
desculpa nicole.
 
  
::: Mãe, olha eu no [S p a m  Z i n e]!!!
::: As melhores colaborações enviadas por nossos leitores. Escreva você também para [email protected], indicando sua cidade. Faça como os Menudos e não se reprima!
 
Felicidade Branca (para Patrícia)
Gabriel K. Pancera <[email protected]>
 
Toca a campainha. Entra. Falam-se:
- O dinheiro?
- Um pouco mais de tempo, por favor?!
- Você teve seus momentos de felicidade. E não pode mais ficar sem eles. Viciou-se.
- Mas eu arranjo ...
- Sem chance. Tudo tem seu preço! A felicidade tem seu preço!

A arma gélida toca em suas têmporas. O corpo se enrijece. O tiro espoca.

Da porta observa o sangue vermelho num belo contraste com a parede branca. Restos humanos harmonicamente espalhados pela sala. É sua obra-prima. Vai seguir carreira...
 
 
::: N a v e g a r  I m p r e c i s o
 
Ooooops, I Farted Again
Britney Spears revela aqui facetas desconhecidas de sua pessoa. Dica preciosa, quase lírica, de nosso fornecedor oficial Sergio Faria.
 
Eros e Tanatos
Página do compositor carioca Rogério Skylab, o elo perdido entre Augusto dos Anjos, Glauco Mattoso e Zé do Caixão. Favor ignorar o "aprezentação" (sic) cometido na introdução em flash. Pois Skylab é autor de algumas das letras & músicas de amor mais surpreendentes (e escatalógicas) de todos os tempos, como "Motoserra", "Cu e Boca", "Convento das Carmelitas" e "Vampiro Mordido". É ver (e ouvir) pra crer.
 
 
::: Mulher é uma forma de arte
::: Eduardo Fernandes <[email protected]>
 
Você já deve ter notado que eu falo muito sobre transportes coletivos. Paciência. Vivo parte do dia neles. O fato é que cada um de nós desenvolve técnicas próprias para suportar este martírio diário. Tenho várias delas. Mas a principal é olhar as mulheres.
 
É que as mulheres também são uma forma de arte. Podemos contempla-las como quem olha um Picasso, um Modigliani, um Miró etc. É claro que não dá pra ficar só nisso. Mas há garotas tão lindas que tenho medo de toca-las. Tenho a impressão de que posso estraga-las. Elas deveriam andar por aí, cercadas de vitrines, alarmes e seguranças.
 
Encontrei uma dessas hoje. Estava saindo do metrô, quando vi a loira alucinógena. Ela andava como que em câmera lenta. Tudo em volta perdia o sentido e se tornava simplesmente paisagem. Cada gesto causava abalos nos quatro cantos do mundo (para entender esta metáfora você precisa conhecer um pouco de teoria do caos).
 
Ela subiu um lance de escadas e parou num ponto de ônibus. Eu, atrasado, precisava trabalhar. Mas estava hipnotizado. Meu superego estava de molho nesta hora. Simplesmente me sentei e fiquei olhando a loira. Reparava em cada detalhe, redesenhava cada forma da garota em minha mente.
 
Nesta hora percebi como estou obsoleto. Eu deveria ter vivido no Renascimento. Porque o que eu sentia ali era puro prazer estético. Pode parecer estranho, mas não havia muito de sexual naquilo. Era o puro e simples prazer do belo. Não é fácil confessar isso no começo do século 21. Você pode ser considerado fútil, boiola, machista ou velho como uma Frigidaire Master.
 
A garota não fazia o tipo malhada e não parecia ser siliconada. Simplesmente exalava uma inexplicável beleza. Tinha incríveis texturas de pele e de cabelos. Eu imaginava o que seria o prazer de um toque. O braço tinha um desenho suave e terminava em mãos pequenas e delicadas.
 
Lembrei-me de um texto de Darcy Ribeiro sobre arte indígena. Ele dizia que uma das coisas que nós (os tais civilizados) pouco conhecemos é o prazer do trabalho minucioso, detalhista. Por exemplo, para boa parte dos índios brasileiros fazer uma cesta cuidadosamente era um ato religioso, artístico e ao mesmo tempo terapêutico.
 
Acho que as mulheres preservam um pouco disso (lembrando de que estou falando sempre de estética e não de mulheres que fazem tricô). Nas suas aparências, elas revelam o prazer do detalhe, dos desenhos simétricos, das texturas estudadas e finas.
 
Ok, isso pode virar obsessão pela beleza, opção pela futilidade etc. Mas, por enquanto, relaxe o patrulhamento.
 
De repente, sou descoberto pela loira, em minha contemplação. Ela estranha me ver ali quase sentado aos seus pés, admirando-a como a uma obra de arte. Sem outra alternativa, sorri e disse: "de que quadro do Degas você saiu?" Ela fez uma expressão entre "quem é esse louco?" e "ele está me elogiando?".
 
Repeti a pergunta, tentando parecer cordial. E ela: "do que você está falando?" E eu: "de nada não, apenas estava aqui pensando como você é linda". Ela sorriu, sem jeito. E eu, curvado de humildade e de covardia, disse: "eu só queria que você soubesse". Me despedi e fui embora. Envergonhado, é claro.
 
Eu deveria ter pedido um telefone. Deveria ter agido como "O Homem que Amava as Mulheres", do Truffaut. Mas não consegui. Não sei por que, na hora, ironicamente, me lembrei da frase de uma ex-namorada: "você é mais fiel ao seu provedor (de acesso à internet) do que a mim". Nem tanto, nem tanto.
 
E me lembrei também de uma amiga, que trabalhou comigo no Memorial da América Latina. Todo dia sua chegada era um evento. Eu ficava minutos observando-a. Já estava acostumada. Me perguntava: "como estou hoje?"
 
E eu ficava outros minutos elogiando-a. Cada dia com uma ênfase nova. Ela me abraçava e me beijava muito e dizia que comigo por perto ela não precisava de analista. Mas ela merecia cada palavra. Era (e é) uma das coisas mais perfeitas que eu já vi neste mundo podre e sujo.
 
O fato é que beleza passa. Mas arrasa tudo pelo caminho. Aliada ao estilo e a uma certa atitude, pode derrubar Bovespas. E também pode ser um bom motivo para chegar atrasado no emprego.
 
INTERVENÇÃO DO EDITOR: O texto do Eduf me lembrou imediatamente de conversas que eu tinha com um ex-colega de faculdade, em que comparávamos a beleza estética de Madeleine Stowe às telas de Boticelli. Mulheres, sim, são como objetos de arte (alguns homens também, para não me acusarem de machista). E, em homenagem a elas, seguem agora textos de mulheres não só esteticamente, mas também 'literariamente' belas.
 
 
::: Restaurante Francês, Monsieur?
::: Suzi Hong <
[email protected]>
 
O que vale uma vida? Tua vida vale mais que a minha? O que me fez achar que a minha vida valesse mais do que a tua? Vida, aliás, vale alguma coisa?
 
Eu não sei o que significa vida não. O significado do aurélio, eu sei, mas aquele que vale uma vida, eu não sei não senhor.
 
Minha vida não apareceu no show do milhão; não é conhecida nem por um centésimo de milionésimo das pessoas que habitam o mundo; não esconde nada; não te diz nada; minha vida não merece um punhado de esmolas ou uma citação na pesquisa do ibge.
 
E o senhor ainda acha que minha vida vale, e muito... ora não me faça dar risadas, porque lembrar de certas coisas que aprendi a fazer e já esqueci, faz-me doer inteira, em risinhos nervosos e lágrimas secas.
 
O que te leva a crer que a tua vida ou a minha valem mais que a vida do Seu João, porteiro, 65 anos, sem vários dentes do maxilar inferior, preto de bondade e digno em seu uniforme azul claro? Ou mais que a vida de Terezinha, empregada doméstica, retirante da Bahia, mãe de três filhos, solteira e moradora de um barraco? Ou da planta que não morre, nascida no meio do asfalto da rua Castro Alves? Ou do vira-lata manco, que abana o rabo e atravessa a rua na faixa de pedestres ao fechar do sinal?
 
Se minha vida sumisse tão rápido quanto um parto, o mundo não mudaria, aliás, nem sequer veria o meu fenecer. E o senhor ainda quer me convencer de que as pessoas que me cercam sofreriam com minha falta de vida. A vida exaure-se a cada dia que acordamos e vemos o sol nascer do mesmo jeito e a noite chegar da mesma forma, sempre.
 
Um dia, quando era jovem e ingênua, achei que poderia fazer o sol nascer diferente e dormir com as noites ouvindo músicas e sons que nunca se repetiriam. Se minha vida vale algo, logicamente, pensava, vou representar algo pra tudo além-eu.
 
Constatação amarga essa, senhor. Que este dia já existiu e, no decorrer impiedoso e onipresente do tempo, a ingenuidade e a esperança se perderam sem que eu percebesse. O passado não passa, mas também não volta pro meu dia-a-dia, concreto e palpável. Não sei lidar muito bem com noções abstratas, tal qual não sei mais lidar com minha vida concreta abstraída de linhas quaisquer do meu diário (ou seria o contrário?).
 
Perdidas as manhãs e as noites que não se repetem, minha vida caminha manca, claudicante e despercebida. O senhor percebe a sua vida? Por quê? Ah sim, claro, tens nome, sobrenome, mestrado e és tratado com doutor. Tens filhos e uma esposa e duas ex-mulheres. Mais invejável ainda, é que o senhor tem a capacidade de poucos privilegiados de enxergar a vida tal qual como lhe apetece e agrada.
 
Pois lhe digo uma coisa humilde, coisa que talvez o senhor nem ouça ou dê importância. Tua vida, com todo respeito, é uma farsa, um emaranhado engenhoso de vários becos e túneis que lhe permitem fugir sempre que lhe convém ou lhe é urgente e preciso. Urgente porque o senhor não quer se perguntar o que vale tua vida. Preciso porque se o senhor soubesse que tua vida não vale mais do que a vida de ninguém, a dor seria tanta que não suportarias acordar de manhã e dormir o sono dos justos.
 
Podes me chamar de louca, pessimista ou potencial suicida. Eu não me importo. Faz tempo que não me importa o que o senhor e as pessoas pensam de mim. O mundo além-eu é uma imensidão vazia que engole valores, seres humanos, ideais e apaga sonhos de crianças e jovens antes mesmo que eles venham a existir.
 
O senhor então me pergunta com desdém por que não faço nada e fico assistindo a este mundo de ninguém que engole vidas prematuras? Já lhe disse, senhor, o sumiço de uma vida só, minha vida só, não mudaria a ordem das coisas, seria apenas mais um número de um certificado de óbito qualquer. Seria outra vida que não valeu uma vida, uma doação imperfeita e inócua a uma causa quase inatingível.
 
Nem de longe é minha intenção incitar pessoas felizes em seus becos e subterfúgios a moverem as respectivas bundas pra algo maior. Se não consigo ser feliz da forma como o senhor e milhões de pessoas são, deve haver algo de muito errado comigo, não? Mas não consigo esquecer da frase de Nelson Rodrigues, que com ousadia e lucidez afirmou que toda unanimidade é burra. Ora, o mundo vazio além-eu, unânime em suas armadilhas que atraem pessoas como o senhor para a realidade maravilhosa de Walt Disney, casa própria, índices econômicos, movimentos elitistas pró-Amazonas, o primeiro milhão antes dos 30 anos, o escritório com vista pra Avenida Paulista, só pode ser burro. E acrescento, é também autofágico. E como, do fundo do meu coração, gostaria que minha vida fosse burra, unânime, inconsciente e digna de jantar ao seu lado senhor, em um restaurante de primeira classe, de verdade... Assim sofreria menos. Que tal: vinho branco e escargot, senhor?
 
 
::: Forrest Gump cabeça
::: Alexandra MM <[email protected]>
 
ATENÇÃO: este é apenas um ponto de vista. Favor não levar a sério ou interpretar como desacato de autoridade, arrogância juvenil, antipatia gratuita etc. Em caso de defeito na mercadoria, encontramo-nos disponíveis em [email protected], para maiores esclarecimentos, discussões, tirar satisfações ou pra um gladiozinho sem compromisso.
 
"Dancer in the Dark" é a quebra do voto de castidade feito por Lars von Trier no manifesto do Dogma 95, disso ninguém duvida. É a consagração de Björk como atriz, no seu primeiro filme, que, segundo ela própria, também será o último.
 
O filme narra a história de Selma (Björk), imigrante tcheca que vai para os Estados Unidos em busca de um tratamento para que seu filho não fique cego, como ela, em consequência de uma doença genética. Ela trabalhar numa fábrica de pias, emprego que conseguiu burlando o exame de vista, junto com sua amiga e fiel escudeira Kathy, interpretada por Catherine Deneuve, que perde a pose, mas não o guarda-chuva de Cherbourg. Para suportar o barulho da fábrica e a tristeza de sua vida, Selma tenta fazer que tudo se torne música. Além disso, ensaia para interpretar Maria, "a noviça rebelde", e passa o dia cantando "My favorite things".
 
É a típica personagem que leva pau da vida e continua sorrindo.

Das músicas às expressões no rosto de Selma, da própria luta para sustentar e curar o filho até o desenlace,  tudo é milimetrado para ter sobre o espectador o efeito de um gás lacrimogêneo. Em alguns momentos, chega a beirar o ridículo. Selma é a típica "mãe-coragem" que, além de aguentar o emprego, a possibilidade de ter o filho cego, sua própria doença, os proprietários da casa que aluga e o filho que não quer estudar, consegue cantar e ver passarinhos o dia inteiro. Enfim, a mulher-maravilha da contemporaneidade, com uma pitada de Sarah  Vaughan.
 
Mas, como disse certa feita a mãe do filósofo Forrest Gump, a vida é como uma caixa de chocolates, pois nunca se sabe o que tem lá dentro. Selma, que juntara dinheiro durante anos para a operação do filho, sofre um desfalque e tem que recuperar toda a quantia a pauladas, o que lhe proporciona um triste fadário.
 
Mais uma caixa de Kleenex no cinema.
 
A conclusão mais óbvia que se apresentou a mim, particularmente, filha de "mãe-coragem" que canta menos do que xinga no trânsito, é de que o filme foi feito pra quem acredita em mulher-maravilha. Eu mesma perdi a crença desde que meu collant estrelado deixou de passar do quadril.
 
 
::: O Canto da Liberdade
::: Carolina Linden <[email protected]>
 
Liberdade. Liberté. Liberty. Freedom. Escolha qualquer uma dessas palavras e coloque como o nome daquela casa.
 
Paredes brancas com janelinhas vermelhas e algumas telhas já desbotadas pelo tempo. Uma churrasqueira anima as tardes com os amigos. Um gramado grande com uma piscina nem rasa, nem funda vai até a rua da frente. O portão dos fundos deixa na rua de trás, por onde se entra de carro e fica a garagem. Assim se parece a liberdade.
 
Este será o nosso fim-de-semana.
 
Estamos na casa. Somos oito ao todo, jovens, alegres, bonitos e felizes; separados de nossas famílias, vamos conviver totalmente juntos pelas próximas 72 horas.
 
Aqui em Petrópolis, tudo pode. Jogamos a palavra NÃO pela janela do ônibus em algum ponto da estrada e sem nos darmos conta. Freedom. Percebo que é assim que quero viver, esse é o meu jeito. Descubro que este é um lar muito mais lar que nossos apartamentos no Rio, porque aqui tudo tem vida.
 
Cozinha. Uma gaveta é para os talheres. Todos. Sem divisórias rígidas para garfos, facas e colheres. Tudo é talher, certo? Que fiquem se amando em paz, sem ninguém perturbando e arrumando o tempo todo. Os biscoitos são guardados no pote branco. Os recheados e os salgados, pacotes inteiros e farelos antigos. No armário, a ração do cachorro repousa ao lado da comida do gato.
 
Nos quartos dormem meninas e meninas, meninas e meninos, meninos e meninas e meninos e meninos em camas de casal, solteiro e colchonetes no chão. Lençóis amassados e passados, usados e dobrados. Aquecedores, cobertores de lã, edredons e muito frio. 5ºC. Suéteres e jaquetas de neve, saias, camisetas e biquínis. Camisola, roupão e pijama. Sandália de salto e chinelo, tênis e pantufa.
 
Imortalizamos cenas para o caso da memória dar pane. Máquina fotográfica e filmadora. O ataque à comida e a faxina na cozinha serão sempre inesquecíveis. Garfos na mão, panelas na cabeça e vassoura encostada nas pernas. Close nos pés, que viraram patas de ursos de pelúcia para não congelar.
 
Um banho demorado, cabelos pintados. Não fez diferença, valeu pela prática. Um banho encurtado pela metade, acabou a água na caixa. Um dia inteiro com uma toalha, cabelos com shampoo sem ter como tirar. Isso não virou foto.
 
Comida: macarrão, sanduíche, morangos com leite condensado, fondue, strogonoff, churrasco. Bebida: refrigerante diet, água mineral, vinho branco alemão e verde português, cerveja, suco de laranja, vodka, batida de maracujá, cachaça.
 
Pais ligando de bem perto durante o dia para falar com as filhas, namorado telefonando a cobrar na madrugada de muito longe sem conseguir conversar. Longe demais de tudo e de todos. Ilhados, sem comunicação com o mundo, só soubemos da explosão da bomba em Atlanta porque uma das mães contou.
 
Jogos de noite. Imagem & Ação. Lápis, papel, a tinta da caneta acabou, berros, dados. Meu time perdeu porque o outro roubou, éramos melhores. Piadas do português e do Juquinha. Aos poucos, nos amontoamos no chão, enrolados em ponchos e cobertores grandes. Alguns até dormiram pela sala, agarrados com almofadas.
 
A sexta passou, o sábado passou e o domingo passou. Rápido demais para o meu gosto. Voltamos para o Rio em um ônibus quase vazio que desceu a serra cortando a neblina. Rodoviária lotada. Um táxi parado no sinal nos levou de volta à Zona Sul. Na televisão, jogo de futebol antes do Fantástico.
 
O próximo feriado é em Maio.
 
 
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Marcel Novaes
 
OS EDITORES: Caro Marcel, a nossa satisfação é imensa em saber que o nosso filhote está cruzando oceanos e agradando até quem mora na cidade das luzes, com tantas opções culturais. Pode deixar que, no que depender de nós e do nosso staff de colaboradores, o Spam não adoecerá tão cedo. Saudação afetuosa do R.S.
 
"Oi, Alexandre. Sei que você não me conhece, e perdoe a minha invasão na sua mailbox. Mas é que preciso comentar seu último editorial. Porra, aquilo ali foi espetacularmente não-maniqueísta. (...) Não sei se vc leu uma das últimas colunas do Ricardo Guimarães, na Trip. Faz uns dois meses que saiu, eu acho. Era sobre otimismo - no sentido de otimismo-esperança. A coluna dele foi uma das coisas que mais me emocionou nos últimos tempos, assim como seu texto. E olha que assino 12 e-zines, e raramente os comento. Esse é meu primeiro e-mail pra ti e pro Spam, e queria dizer que o que vocês fazem é muito legal. E, sinceramente, faz toda a diferença".
Manuela Martini Colla
 
OS EDITORES: Manuela, como já lhe disse, que bom seria se todas as invasões em minha caixa postal fossem como a sua. Escrever é uma atividade solitária e, quase sempre, desgraçadamente ingrata. Por sorte, de vez em quando algum texto meu encontra alguém legal mundo afora, pinta um clima e... é correspondido. =^) Valeu MESMO pela mensagem. De fato, são leitores como você que fazem toda a diferença. Um grande abraço, A.I.
 
A propósito: o texto de Ricardo Guimarães citado pela Manuela está disponível em http://revistatrip.zip.net/colunas/colunas.cfm?id=250&autor=1.
 
 
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Motoristas:
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::: P. S.
 
1)     (buffet de casamento, convidados começam a reclamar, voltando com os pratos vazios da mesa)
        A: Ei, senhor, qual é o problema?
        B: Meu fio... o pobrema é a farta da carne. (J. Sabbag)
 
2) O futebol é mesmo uma caixinha de Pandora. (Inagaki, cabisbaixo com a situação do seu amado BUGRÃO)
 
3) A vida é assim. Quando começa, já tá no fim. (Gusso, parafraseando Leminski)