[S p a m  Z i n e]
_____________
 
    : 08 de abril de 2001
    : curitiba, londrina, campinas, são paulo, goiânia, ijuí
 
::: e d i t o r i a l
::: Ricardo Sabbag <[email protected]>
 
A INTANGÍVEL POESIA
 
Arrisquei meus primeiros versos aos cinco anos. O quê? Não, é verdade. Tive a sorte (ou o azar, seja lá como for) de aprender a ler e escrever aos quatro. Diz meu avô que era porque eu ficava "lendo" muito gibi, e acho que acabei mais ou menos entendendo como funcionava aquele código de símbolos. Esse fato sempre orgulhou minha mãe nos chás das amigas. Mas sinceramente não acho que tenha sido o prenúncio de qualquer vida sensacional. A afinidade com as letras acabou se revelando o contraponto à falta de tato com tantas outras coisas. A timidez, por exemplo. Ou a ingenuidade. A incrível inabilidade esportiva, por certo.
 
Depois de anos é que você vai ver que tinha um monte de gente parecida com você. Talvez não estivessem ali por perto, na vizinhança. Mas a alguns olhares mais longínqüos no pátio da escola. Olhares, aliás, que com o passar da infância acabavam se tornando mais intensos, às vezes ganhando o status de um grande amor.
 
(tom de escárnio) Grandes amores... amores que suscitaram a recuperação do lirismo apagado lá nas discussões com os meninos, onde não se podia falar de mulheres. Menina não entra. Passa um tempo, a voz vai mudando, a cara vai piorando e, de repente, o fruto proibido vira o fruto desejado, mas aí é tarde demais.
 
A inspiração dos pequenos versos deixou de ser o amor infante - que sempre morria no sonho -, e virou toda a sorte de sensações que se apoderam do pequeno coração. A solidão, a inquietude, a incompatibilidade, a dor do que possa ser. A dor (a antítese do amor?). A musa das letras sôfregas nos cadernos da madrugada. Os quais os amigos poeteiros trocavam nas tardes para ver a quanto andavam as escritas alheias.
 
Mas chegou o dia em que desisti da poesia. Como? Sim, desisti. Minhas preocupações estilísticas se tornaram maiores do que minhas possibilidades como escritor. O verso partido, o verso parido; não partiria mais. Não havia mais quem o parisse. Tudo em nome da paciência. Não queria afugentar os poucos que se aventuravam a ler alguma coisa que houvesse saído dos meus punhos.
 
Às vezes penso que o verso possa estar voltando à verve do texto. Talvez o sufoco porque passe na necessidade frenética de produzir frases estéreis tenha, antes de sufocar enternamente o verso, trazido-o de volta à tona, como resposta natural à aridez de todo o resto. A poesia que surge como a rosa na calçada, parafraseando o compositor.
 
Mas o lirismo, a matéria-prima da poesia, só existe mesmo nos grandes leitores. Prefiro acreditar que sei ler a bela poesia ao escrevê-la.
 
***
 
SOUVENIR (em agradecimento a Laís Helena Teles, pela insistência mais que pertinente)
 
::: Embriaguem-se
::: Charles Baudelaire
 
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
 
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
 
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vega, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso" Com vinho, poesia ou virtude, a escolher".
 
***
 
DIRETO AO PONTO
 
Na décima edição do seu Spam Zine, a estréia (enfim!) de Tatiana Leão, mais conhecida como sweethell (visite http://fimdamente.org/sweethell para maiores informações) no nosso time de colaboradores. Também quem colabora com a edição camisa 10 spamzineira é Renata Parpolov, dessa vez assinando a seção Mãe, olha eu no [S p a m  Z i n e]!!!. Tal seção é dedicada a contribuições dos leitores em geral. Renata já foi vista em edições anteriores do Spam, mas hoje suas letras serão encontradas ali. Leitores fiéis: quereis vos tornar colaboradores fiéis do Spam Zine? Escrevei para [email protected].
 
Destaque também para a quarta parte do folhetim de Mateus Potumati. Não sei se ele encontrou alguma mulher que goste de fazer e receber sexo oral (há quem não goste?). Acho que não, porque ainda não resolveu o caso entre Chico e Cíntia. Ademais, a nova série de autoria de carlãO e o texto-resposta de Alexandre Carvalho a 'São Paulo', de Nicole Lima.
 
É isso. If we die before we wake, let's pray to lord our souls to take.
 
***
 
 
::: Novelinha barata em alguns capítulos (parte 4)
::: Mateus Potumati <
[email protected]>
 
trilha sonora:

|+| smashing pumpkins: mellon collie and the infinite sadness - twilight to starlight
|+| frank black & teenage fanclub: the man who was too loud
|+| fiona apple: when the pawn (ei, não me olhem assim, é uma história de amor)
|+| neurotron606: codectified
|+| powderfinger: my happiness
|+| talkingheads: the best of - once in a lifetime

logo que entramos, o gato cagou no tapete da sala, sob os olhos atentos de outros seis gatos que estavam por ali. um bem grande, inteirinho cinza, bocejou e deitou a cabeça de lado. eu nunca havia visto um daquele tamanho.

"você realmente cria 28 gatos aqui?", perguntei, abismado com a possibilidade.
"não, aqui ficam só oito. os outros vinte estão na casa da minha mãe".

ela passou rapidamente para a área de serviço, de onde voltou com uma toalha. jogou-a, mais contra mim do que para mim, e mostrou onde era o banheiro. eu quase disse que não precisava, mas lembrei-me de que ainda teria de arrumar o chuveiro em casa, e que estava frio e que era meu terceiro dia sem banho. nem falei nada, e entrei no banheiro.
 
o banheiro era minúsculo também; tive que passar de lado entre a pia e a parede. mas estava impecavelmente limpo e cheiroso, e sem nenhuma calcinha pendurada. olhei para toda aquela lama sobre a minha camiseta, e é claro que estava me achando um filho da puta sortudo por ter conseguido entrar no apartamento da garota de belos olhos negros e atitudes explosivas de maneira tão inusitada, apesar de achar que ainda devia manter a pose de quem havia acabado de ter tido uma briga insana com uma quase desconhecida.

o jogo da conquista amorosa é excitante e triste. toda sedução dá algum prazer na vida, te faz celebrá-la como um cachorrinho que abana o rabo. estar interessado por alguém e fazer-se interessante para ele ou ela, sem ultrapassar a linha tênue da vassalagem sentimental, é um exercício de talento e para mim é um dos momentos mais intensos de uma relação. só que, como disse um romano sensível à tragédia existencial, 'depois do coito todo animal é triste'. só se salva o cara que come a viúva-negra, por morrer logo que goza. quanto a nós, homens (e me refiro mais ao sexo masculino mesmo, e mais ainda aos que estão na faixa dos 20), nos resta a sina de deixar de desejar tão logo temos em mão o que desejamos, ou tão logo sintamos o frio na barriga depois de gozar. vivemos de criar para nós mesmos brinquedos de pegar, como aqueles cachorros de corrida. quando pegamos, eles não fazem mais sentido. pensando bem, o mundo animal inteiro deve ser assim. os gatos só se interessam por um brinquedo enquanto ele está se mexendo e é difícil de agarrar. e se desinteressam quando aparece outro balançando na frente. talvez os cães não sejam assim. talvez só os cães sejam capazes de amar incondicionalmente, e é por isso que são os melhores amigos do homem.

terminei o banho, com a mesma conclusão de sempre: foda-se, ao infinito e além. depois leio algum Nietzsche se sobrar angústia.

tinha uma camiseta limpa no banheiro, ela deve ter entrado enquanto eu tomava banho e não percebi. coloquei e era apertada, mas tava valendo. a Cíntia estava na sala, vendo tevê com óculos redondos e grandes e de sala apagada e pipoca. sentei ao seu lado, mas ela não tirou os olhos do aparelho.

"e a minha jaqueta...?"
"limpei com um pano úmido e coloquei no secador", sem tirar os olhos da tevê.
"ainda vai demorar um pouco pra secar", ela disse. "se quiser eu posso te emprestar uma blusa".
"não, valeu. mas não tinha uma camiseta menos apertada?".
"camiseta?". ela virou-se e teve um ataque de riso descontrolado quando me viu com
aquele troço apertado.
"é, tá ridículo", eu sabia.
"mas por que você colocou essa blusinha?"
"ué, você não deixou ela ali pra eu vestir?"
"não!, ela é da garota que mora aqui", e teve outro ataque de riso. eu também ri.
"vem aqui, eu te dou uma coisa mais confortável pra vestir".
 
fui atrás, e pela primeira vez reparei que ela tinha uma bundinha muito simpática, que balançava muito simpaticamente naquele shortinho jeans sem botão. o cabelo estava preso atrás num rabicho, deixando a nuca branca à mostra. o moleton larguinho dava o toque final ao meu fetiche. o quarto da Cíntia ficava no fundo do corredor, a cozinha à direita, junto com a àrea de serviço, o banheiro um pouco à frente e o quarto da outra garota à direita. era um cômodo muito pequeno também. a cama de solteiro ficava espremida entre duas estantes cheias de livros, cds, caixas coloridas e bugigangas de menina. do outro lado, um guarda roupa alto e estreito de onde desceram dois gatos quando ela abriu-lhe as portas.

"tó, essa deve servir". era uma camiseta dessas de colegial, com um número e algum nome estúpido de turma na frente, e com o nome 'Adheamor' nas costas.
"quem picas é Adheamor?", perguntei.
"ahhh, um ex-namorado. ninguém".
("Adheamor?", pensei, "ninguém namora um cara chamado Adheamor").

fui tirar a camiseta, ou a blusinha, sei lá, mas ela estava tão apertada que entalou na cabeça e não saía de jeito nenhum. fiquei com medo de rasgá-la, e pedi ajuda a Cíntia. ela tentou de várias maneiras, mas não conseguia. é incrível como certas coisas entram, mas não saem. Cíntia já estava ficando irritada, e deu um puxão tão forte que a peça finalmente saiu, quase arrancando meu nariz e minhas orelhas. abaixei a cabeça, porque o nariz doía mesmo.

"nossa, machucou?", ela perguntou.
"uh, mais ou menos", disse, com a mão sobre o nariz.
"deixa ver". Cíntia chegou perto, tirou minha mão, e olhou. pôs sua mão gelada no meu nariz, que pulsava, e aquilo foi gostoso. ela me olhou nos olhos. fechou os seus e me beijou na boca.

(vocês sabem que ainda não acabou)
 
 
::: D i á l o g o s  I n e s q u e c í v e i s
 
TOM: Ouve essa: você abre uma empresa chamada 'Fã-clube das Bichas do Comichão Anal'. Daí você paga um anúncio na contracapa de alguma revista gay, anunciando a 'última novidade em vibradores de introdução no ânus!', dizendo que 'é capaz de fazer o que nenhum outro vibrador faz!'; 'o melhor e mais novo em tecnologia sexual!'; 'resultados garantidos ou seu dinheiro de volta!', e tudo mais.
Esses vibradores custam 25 libras cada um - uma miséria perto de todo o prazer que eles vão dar aos compradores. Daí o cara envia um cheque a uma empresa de nome nada ofensivo, tipo, 'Bobby’s Bits' ou qualquer coisa, de 25 libras. Você deixa os cheques no banco por duas semanas e desconta. Agora, essa é a parte esperta: você manda de volta os cheques de 25 libras no verdadeiro nome da empresa, 'Fã-clube das Bichas do Comichão Anal', dizendo "desculpem, não conseguimos o estoque da América, eles venderam tudo". Agora você vê quantas pessoas vão descontar esses cheques? Nenhuma alma viva! Porque quem quer que seu gerente de banco saiba que você tem comichão no cu quando não está pagando em cheques?
 
(A melhor maneira de se conseguir dinheiro fácil segundo o filme 'Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes', de Guy Ritchie, o marido da Madonna)
 
 
::: Porque toda mulher deveria ter pelo menos dois homens: uma epopéia científica sobre a lerdeza masculina
::: Priscilla Ramos da Silva <[email protected]>
 
1) Introdução.
 
Para melhor entender este fenômeno complexo e intrigante da psicologia animal– a lerdeza masculina - é preciso iniciar nosso estudo científico fazendo uma ressalva. Em primeiro lugar, torna-se necessário estabelecer uma divisão clara entre os vários tipos de homens existentes. Isto posto, cabe aceitar que os homens se dividem em:
 
A. Lerdos; e
B. Cafajestes.
 
2) Descrição técnica.
 
Os homens lerdos são aqueles cuja velocidade de reação é extremamente baixa. Torna-se imprescindível o uso de catalizador para provocar qualquer reação – ainda que superficial – em seu estado de animação suspensa ou inércia afetiva. O consumo exagerado de homens lerdos pode levar à inanição, visto que estes jamais demonstram necessidade de contato humano, podendo eventualmente repelir qualquer tentativa de aproximação. A apatia crônica do homem lerdo é tal que chega, em casos extremos, a ter alto poder infecto-contagioso, causando ansiedade crônica, stress, e mais raramente eritrema cutâneo nas usuárias constantes do produto. Portanto, suspenda o uso se aparecerem as reações adversas mencionadas.
 
Já os homens cafajestes fazem parte de uma sub-espécie de micróbios amebóides anencefálicos facilmente encontrados no habitat urbano, cujo alto poder de virulência causa danos irreparáveis às vítimas. As advertências quanto ao manuseio, transporte e armazenamento de homens cafajestes devem-se ao fato de que esta sub-espécie pode causar inúmeros distúrbios psiquiátricos severos, tais como: choro, depressão, síndrome do pânico, tendências suicidas, e, nos casos mais graves, perda total do cérebro.
 
Os estudos com seres humanos relativos a homens lerdos e cafajestes ainda são recentes; no entanto, já foi comprovado que os efeitos colaterais provocados pelos mesmos podem diminuir significativamente, se empregadas as devidas medidas profiláticas.
 
3) Profilaxia.
 
Dada a baixa atividade dos homens lerdos, e a alta taxa metabólica dos cafajestes, recomenda-se o uso concomitante ou alternado dos dois produtos. Esta medida terapêutica mostrou-se altamente eficaz no controle das cobaias. O aparecimento ocasional de chifres nos homens lerdos e cafagestes, apesar de desconfortável, é um sintoma esperado e indicativo do pleno sucesso do tratamento.
 
4) Precaução.
 
Nunca utilize bebidas alcoólicas na presença de homens cafajestes ou lerdos. Siga corretamente o modo de usar. Não desaparecendo os sintomas, consulte o psiquiatra mais próximo.
 
 
::: L i s t a s  A b o b r o l
 
Top 5 Melhores Piadas do Casseta & Planeta
Ricardo Sabbag <[email protected]>
 
1) Roberto Carlos fala para um guarda real inglês (daqueles que são impassíveis a tudo e a todos): É, bicho. Eu já fui como você. Já fui jovem... já fui guarda... Jovem Guarda...
 
2) Quando era exibida a novela 'Renascer', na Globo, Ivan Lins era o dono da música tema: "Nada cai do céu, nem cairá..." (cai um cofre na cabeça do cantor, ele desaba). Em outro momento, o cantor feirdo da última: "Nada cai do céu, nem cairá..." (cai um peixe gigante na cabeça do cantor, ele desaba).
 
3) FANHOKÊ DAS ORGANIZAÇÕES TABAJARA! Brinde: 200 músicas do Belchior.
 
4) No site: GRANDES EXCRETORES BRASILEIROS (seguido da foto do Sarney).
 
5) DAS FRASES DE CAMISETAS : Bandeira do Brasil. No lugar de 'Ordem e Progresso', escrito "Ê POVINHO BUNDA!"
 
 
::: Leitura no Metrô
::: Orlando Tosetto Junior <[email protected]>
 
Quase debruçada sobre as páginas, ela lê Júlia. O título do romance do mês é, segundo acho que distingo, Fúria da Paixão. A capa mostra uma moça de vestido branco e sombrinha, emoldurada em azul, contra um fundo pastoril ou campestre. Quando estou de mau humor, dou-me ao trabalho inútil de tentar adivinhar a história: a heroína, moderna, já teve vários amantes, mas nenhum que a fizesse sentir-se plenamente mulher, até que deu de cara com ele, homem sedutor, másculo e sensível, com desprotegidos olhos de menino. Perco-me nas variantes, nos encontros e desencontros, na rival, no velho invejoso, etc. Mas tudo isso é só quando estou de mau humor; hoje estou tranqüilo, e gasto meu tempo olhando para ela, que lê tão absorvida.

Mais à frente, outra moça (as mulheres lêem muito mais que os homens) devora um romance mediúnico, pelo espírito de algum doutor que a miopia não me deixa descobrir quem seja. Há muitos romances mediúnicos saindo no Brasil ultimamente; o que me leva a crer que há médiuns em penca, e muita gente do além ansiando por ser publicada cá embaixo. E tem pra todos os gostos: acolá uma moça bem moça, quase menina, lê uma dessas bíblias de zíper, arrastando o indicador sob as letras certamente pequeninas. Seus lábios se movem com a leitura. Êxtase? Dificuldade? Quem sabe?

As três são feiinhas. Mulher bonita não lê, é lida.
 
Mas num banco, com os cabelos compridos e lisos derrubados sobre as páginas, uma moça de óculos e lábios grandes se debruça sobre o que, sorrateiro, descubro ser uma apostila de um curso de direito – vejo vagos latins, aberratio delicti, jus et norma loquendi, mais fáceis que o português em que se expressam as leis. Ela tem lábios que, se vistos mordiscando um lápis, dariam calafrios. Beijar é tão bom.

Quase em frente a ela, um rapaz lê um compêndio do tipo “Dez Dicas Para ser um Bom Gerente”. Já fui forçado a ler livros assim; livros que nos ensinam a “administrar o tempo”, como se com isso conseguíssemos adiar a morte (única razão para poupar o tempo); livros que explicam em minúcias todas as coisas que mudam de minuto em minuto na administração – por exemplo: por que é que hoje é bom ser um funcionário cigano, e amanhã será mau; livros que nos ensinam a ser “pró-ativos”, uma coisa que deveria ser maravilhosa, ser “ativo a favor”, se alguém soubesse dizer direito o que é que é ser “contra-ativo”, e se isso existe, e que coisas afinal devemos ser pró, e que coisas ser contra; livros que nos ensinam a manipular pessoas nos fazendo crer que as estimulamos. Sim, li vários desses. Se funcionam? Não sei; quem os leva a sério termina não se importando com mais nada.

Mais atrás, de costas (tenho que espichar o pescoço para ver que livro é), um outro rapaz mais jovem lê um desses livros da chamada “auto-ajuda”, que o fará acreditar que não há nada no mundo que ele não possa mudar, e que todas as situações se resolvem em decorrência da maneira como ele se comportar. Não há livros que ensinam que o acaso, a vida, têm outros planos, ou tomam caminhos esquisitos, diferentes.
 
Muitas pessoas lêem manuais em que se ensina a usar programas de computador. Programas inadequadamente chamados “processadores de textos” – você que me lê, se acha capaz de processar algum texto? Se tiver de processar alguém, processará o autor, não é mesmo? Programas das chamadas “planilhas eletrônicas”, que são na verdade meras tabelas; programas de “bancos de dados”; de “apresentações”.
 
Falando em apresentações: eu uma vez estava no metrô mesmo, lendo algum livro policial, quando se sentou ao meu lado um homem já velho. Ele olhava tão insistente pro meu livro que eu, meio por troça e meio por desaforo, terminei por lhe mostrar a capa. “Já li”, ele disse, e eu ri, porque achei que ele diria isso mesmo. Depois ele falou: “Eu também gosto de ler, mas sabe? Eu também escrevo. Escrevo contos de mistério”. Fiz minha cara de nossa-que-interessante, e ele se animou. Abriu sua malinha, tirou de lá uma pasta de papel cartão, e me estendeu. “Veja.” Era um conto de poucas páginas, umas quatro ou cinco, chamado “O Mistério das Rabanadas”. Eu ia ler quando ele me tomou da mão e disse: “A apresentação, veja a apresentação!”. E folheou. De fato, muito bem datilografado. Mas como saber se era bem escrito? Ele logo o guardou, e desceu uma ou duas estações depois.
 
Ou seja: este é um tempo em que a apresentação conta muito. Por isso hoje temos programas que fazem apresentações. Falo mal deles, mas o uso, já que se exige de mim. E encho minhas “apresentações” do português canhestro que fala em “tendências de mercado”, em “remanejamento”, em “parâmetros”, em “prover soluções”. Rio muito quando falo em “prover soluções”: parece que vou virar um entregador de remédios, ou que vou causar soluços imensos em alguém.
 
Olho pra todo mundo. Não vejo ninguém com um livro que eu leria, o que me ensina (mais uma vez) que não sou medida para nada. Andando pelo vagão, vejo gente lendo volumes dessa série do Ramsés, o faraó-superman. Terapias florais – me assanho todo, pensando que comer flores talvez cure doenças. Minutos, gotas, máximas de sabedoria: conhece-te a ti mesmo, sê um homem bom, ouve o teu coração, despreza os valores materiais, ama o interior – frases imperativas, de cima para baixo, lindas de mandar fazer, impossíveis de viver.
 
Um dia crio vergonha e escrevo o livro que me deixará rico: “Como Viver”. Será fino (147 páginas), terá letras grandes, muitos desenhos bonitos, e custará barato. E não decepcionará ninguém, porque só vai ensinar o que todo mundo já nasce sabendo: viver dói, e que o melhor a fazer é ignorar a dor enquanto der, e ir tocando. Do jeitinho mesmo que a gente já faz.
 
 
::: P a p o - A r a n h a
::: O guia moderno da cantada virtual. Encontre você também a tampa da sua panela: [email protected].
 
Nesta edição: Pérolas do Almas Gêmeas
 
Diretrizes de busca: eu sou HOMEM, procuro MULHERES, que tenham entre 16 e 50 anos, de QUALQUER signo, que morem em QUALQUER estado, que se interessem por ARTES e LIVROS
 
(quaisquer erros de ortografia e pontuação devem ser creditados à mensagem original)
 
"Gostaria de ti conhecer"
Arquiteta linda, argentina, bonita, mal casada, tipo Vera fechar, 25 anos, altura 1,72, 59 quilos. Busca um homem executivo alto padrão social educado com nível superior, por favor, não insista se não for do mesmo nível de padrão social, idade acima de 22 anos. Para encontros à tarde e à tardinha.
 
COMENTÁRIO DO EDITOR: Se a Vera fechar, ninguém vai aproveitar.
 
"Mil motivos para você me conhecer"
Sou dengosinha, sensível, espiritualizada, companheira, fogosa, uso calcinha bem pequenininha (quando uso) e estou à procura de homens acima dos 35 anos, gostosos, inteligentes, bem sucedidos profissionalmente, cultos (cultura é essencial), cheirosos, peludos, que tenham bom hálito, que curtam se cuidar, que gostem de um bom wisque, boa música, sinceros e que saibam fazer uma mulher feliz dando-lhe proteção, amando-a da forma que uma mulher deve ser amada, que saiba dar colo sem perder o tesão, que me olhe, me dispa e me coma com os olhos. É maravilhoso estar ao lado de um homem que te dá a sensação de que, enquanto você estiver ao lado dele, nada de mal vai lhe acontecer e que você é a mulher mais importante e bela do mundo. Estou à procura de algo sério, pois cansei de me machucar, de ser a única a batalhar para que a relação siga em frente. Aguardo você me escrever.
 
COMENTÁRIO DO EDITOR: Calcinha pequenininha QUANDO usa? Hmmm... É, cultura é mesmo essencial.
 
"Recado"
Sou gaúcha, 29 anos, pele clara, cabelo liso, descendente de alemães, 1,67m, peso proporcional, bonita, bom nível intelectual, financeiramente independente. Procuro homem saudável e inteligente, preferencialmente que se pareça comigo fisicamente, para fins de REPRODUÇÃO (unicamente). Gostaria de receber fotografia. Obrigada.

COMENTÁRIO DO EDITOR: Para aqueles que cansaram de engravidar só azulejos.

 
::: São Paulo do avesso - um comentário
::: Alexandre Carvalho <[email protected]>
 
Nicole,
 
li seu texto, cinematográfico, sobre São Paulo. Adicionei suas impressões às minhas, que moro nesta cidade desde que nasci, e minhas conclusões não chegaram aos campos planos do Ibirapuera, nem ao coração da metrópole, que não é a Sé, pelo menos para mim.
 
Também não entendo a Sampa que Caetano canta. Penso que a cidade que ele conheceu, no fim dos anos 60, era uma reprodução um tico mais inocente do que é a São Paulo de hoje, com sua violência e caos urbano, suas ruas que começam ricas de mansões e terminam miseráveis, sua confusão de projetos urbanísticos.
 
Visitei Curitiba uma única vez, quando criança, minha primeira viagem de avião. Só me lembro dos paralelepípedos de uma rua qualquer, perdida nos labirintos da memória, e de meu pai correndo para apanhar o avião. Gostei desta parte do dia, com uma pitada de aventura, na disparada para embarcar ao lado do meu herói de infância.
 
Adulto, minha referência sobre a cidade passou a ser Paulo Leminski, um de meus heróis literários, moderno sem ser chato como os Campos. Uma luz do Sul sobre os terrenos baldios da poesia nova.
 
São Paulo é uma inspiração que me atrai em seu lado mais opressor. A cidade que engana seus habitantes. Dediquei a ela a introdução de meu caderno de poemas, "A noite sem Deus":
 
"Santa São Paulo das crianças loucas,
dos rios de sangue,
das chuvas memoráveis.
Procuro, em tuas nuvens vorazes e carregadas,
a resposta para o poema derradeiro.
Procuro o Pai, que nos castiga a descrença
e premia seus filhos pródigos com lágrimas do céu.
Navego nas ruas desertas e cheias de gente
sem ninguém que ilumine meus passos morenos.
Sem ninguém, senão a lua.
Sem ninguém".
 
Mas não a entendo. Esta cidade é um oceano, que explode em manifestações calorosas, e se retrai na fria solidão dos flats, nos braços trêmulos das prostitutas da Rua Augusta, que entrevistei faz dez anos, no auge dos meus ímpetos de herói das relações humanas. Cada rua tem uma história e uma lenda, e as duas são valiosas na ilusão de quem vive em suas calçadas.
 
Nicole, vejo a Sylvia Plath em seus versos e me amedronto. Em seu site, há beleza e melancolia, mas também aventura e desafio. O conteúdo de uma lágrima cuidadosamente depositado em links e notas de um diário chamado "Enquanto espero".
 
Onde estão suas fotos?
 
São Paulo é igualmente um enigma, que a plasticidade viva e incomplexa de uma obra pop não consegue reproduzir, ainda que na delicadeza de Caetano Veloso.
 
São Paulo não é só paisagem sem cor.
 
Ela é ritmo e novidade.
Ela é um altar de incensos que se misturam,
mas não se combinam.
Ela é o som risível de um sotaque.
Ela é o choro baixo das crianças
na escuridão sob os viadutos.
Ela é o berço de Carolina,
minha prima,
a herdeira de todos os sorrisos,
que aboliu a tristeza em João Pessoa.
Ela é o humor sutil dos meus amigos,
os anjos que andam comigo,
e recriam os matizes desta São Paulo de mil santos e algozes.
 
São deserdados da cidade,
mas que a cantam em suas noites intermináveis
de cinema, cerveja, riso e lamentação.
 
São meus amigos, os donos dessas calçadas.
São paulistanos.
 
Mas, Nicole, não a entendo.
 
 
::: Da série (nada séria) BIOGRAFIAS INÚTEIS - porque um dia você não vai precisar delas
::: carlãO <[email protected]>
 
Hoje: São Valentim
 
Valentim era o irmão mais novo de três: Valentão, Valente e Valentim. Desde pequeno sempre teve aversão para brigas, porém, como um chamariz, a porrada só caía nele.

Naquela época, Idade Média, começavam os primeiros esboços do computador PROLOGICA 500, movido a energia animal, onde Valentim começou a esquematizar, através de planilhas feitas em Fortran e Aramaico Plus, seus planos de vingança intelectual.
 
Tem-se notícia de que ele projetou a primeira catapulta de lançar português bêbado, dizendo que era um novo tipo de banheiro.
 
Tentou projetar um lança-chamas de metanol, mas foi infeliz no lance, pois toda vez que pegava fogo na sua roupa ele não podia vê-lo, e era obrigado a atirar-se da torre do seu castelo, financiado pela A.C.E.F (Avó da Caixa Econômica Federal), o que lhe causava lesões no pulso (primeiros sintomas da L.E.R.) e no osso occipital direito, quando caía na ponte movediça.
 
Não desistiu das suas empreitadas e, ao levar um coice.com, descobriu um poderoso antídoto para todo tipo de veneno. Ficou rico vendendo-o ao Rei Fuçardo II, que ficou imune a todas as poções até uma lipoaspiração desastrada acabar com aquela majestosa e monótona vida real. Valentim, obstinado, investiu sua grande quantia em computadores mais novos, os incríveis 386, e passou a ser perseguido pela Inquisição Espanhola, que achava serem os 386 filhotes da besta apocalíptica 666.
 
Enquanto todos corriam atrás de Galileu e Giordano Bruno, concebeu incrivelmente o sistema de viagem pelo tempo. Esteve no século XX disfarçado de um tal de Bill Gates, mas voltou logo depois de receber uma torta na cara.
 
Virou santo porque conseguiu tele-transportar um Papa-Móvel para o Papa Gregório VII, que o usou como banheira para banhos medicinais (naquela época a gasolina já estava a R$1,99). Codificou seu estupendo sistema de viagem pelo tempo, mas quem o achou nada entendeu e apenas o utilizou na realização dos roteiros dos seriados Perdidos no Espaço e Jornada nas Estrelas além do filme De Volta Para o Futuro.
Hoje se comemora erramente o dia de São Valentim como o dia dos namorados, mas ele queria mesmo era ser lembrado pela descoberta de uma tecla única de Crtl+Alt+Del, nunca usada.
 
P.S. Ah! Ele nunca mais brigou, envolvido que estava com seus programas, estudos e projetos, juntamente com René Descartes, sobre uma tal de internet.
 

::: Mãe, olha eu no [S p a m  Z i n e]!!!
::: As melhores colaborações enviadas por nossos leitores. Participe você também: escreva para [email protected], indicando sua cidade e, se possível, não ultrapassando os 4.000 caracteres (os editores agradecem).
 
Amor de Inverno
Renata Parpolov <[email protected]>

O frio está chegando aos poucos. Queria que ele chegasse logo, pra poder usar minhas roupas de inverno e ir tomar um café bem quente em alguma biboca do centro, a cara toda gelada, meio escondida atrás de um cachecol. Não quero trilha sonora, nem precisa, eu mesma posso ir assobiando ou cantando na rua, do jeito que as coisas andam em São Paulo ninguém vai nem ligar mesmo. Também não interessa. Andar no centro de São Paulo é maravilhoso, especialmente no frio. Especialmente quando estou apaixonada.
 
É tempo de amar, ou de sofrer por amor. No meu caso, nem um nem outro: eu fico por aí, meio abobada. Pensei que se apaixonar fosse fácil. Eu sempre me apaixonei tão fácil. Só que agora, algo é diferente. Minha última paixão durou duas semanas. Passei duas semanas pensando, escrevendo mil poemas pobres que foram todos pro lixo, escrevendo mil cartas. Interpretando gestos mínimos como visíveis declarações de amor. E de repente, passou (é isso que é amor de plástico*, Ian). Agora, os gestos são os mesmos, e não são mais prova de amor. Os poemas miaram. E eu fico aqui, rindo da minha breguice.
 
Sei muito bem que amar é dolorido e difícil, porque eu já amei. É verdade sim, apesar da minha fama de bloco de gelo, eu já chorei muito, já quebrei e enchi esta mesma cara, já lambi muito chão por aí. Já sofri terminavel e interminavelmente por bobagens. E eu sei que não é nada legal.
 
Mas como eu, justo eu, posso ficar por aí sem amar? Eu quero pastar um pouquinho sim, é preciso. Podem jogar as pedras, apaixonados que sofrem, mas eu sinto falta de amar, de sofrer por amor também. E eu tenho medo de não conseguir me apaixonar de novo. Porque se apaixonar é muito essencial.
 
Alguma coisa aconteceu comigo que me tornou imune a paixões eternas que duram alguns meses. Quando me apaixono agora, sei que vai durar uns dias e vai passar, porque sempre passa. Eu só não queria que passasse tão rápido como vem passando. Sei lá se foi algum trauma (bem provável), mas tomara que passe logo (se bem que estou assim há dois anos).
 
Quem pensa que é fácil viver desse jeito está redondamente enganado. Por pior que seja a paixão impossível, estar apaixonado é quase a reason for being. Que graça tem ouvir popsongs quando não se está apaixonado? Qual a graça das noites frias, dos goles de chá olhando pro além, da chuva? De ficar do lado da janela, olhando o céu às vezes preto, às vezes cinza? Das músicas bregas de amor e dos filmes antigos? E quem consegue passar sem isso? Se alguém consegue, me ensina como. Não consigo ver graça nas coisas do jeito que estou. Olhar pela janela e não ficar imaginando a cara de ninguém é tão sem sentido.
 
Mas é claro que eu vou sofrer um pouquinho, ou talvez eu sofra pra caralho, tanto faz. Eu não ligo. Também não faço tanta questão assim de ser correspondida. Claro que se eu for melhor, né?
 
Bom mesmo é ter aquela sensação de que o mundo tem mais cores, ficar com aquele sorriso de múmia** na cara e suspirar o dia inteiro olhando pra cima.
 
Renata Parpolov ainda acredita no amor, ladies and gentlemen. E não vê a hora de chegar o frio. :)
 
* amor de plástico é uma expressão de Ian Black. E que demorou um pouco pra eu entender, mas agora eu sei.
** sorriso de múmia é de Orlando Tosetto Jr., ótima, perfeitamente descritiva. Todo mundo já viu ou sorriu um sorriso de múmia...
 
 
::: A Carta
::: tatiana a.k.a. sweethell <[email protected]>

22/03/01
 
Não se adiante à leitura desta carta, ao recebê-la, tirando conclusões precipitadas sobre seu conteúdo; nada há de amor aqui. Não se deixe enganar também pelo papel infestado de melosos corações românticos e pela letra que falha às vezes: às onze da noite, nessa cidade distante de São Paulo e nas condições em que me encontro, é absolutamente impossível obter material melhor. Não há aqui nenhum trunfo: a perda, que a uma hora ou outra se apresenta de forma sempre incorrigível, é que leva a atitudes ridículas em situações extremas.
 
Assim, tendo sido esclarecido tudo isso, creio que se faça necessário seguir. E é isso a que se resumem talvez todas as minhas ações, tão incompreensíveis e desnecessárias: eu sigo, eu passo, eu existo, e é só. Quem sabe toda a minha problemática, que você sempre julgou algo inacessível, não seja nada mais que essa síntese?, a existência, só ela, pura e simplesmente.
 
Isso não importa realmente.
 
Na realidade, pouca coisa importa. Coisas assim como estar sozinha na casa que desejei com tanta vontade, na noite à qual sempre me dediquei imersa e que jamais me roubou o abrigo de sua escuridão, ouvindo músicas que me trouxeram (e trazem ainda) o alívio triste da identificação, cercada de livros que explodem de observações pertinentes sobre o comportamento humano que nunca deixei de ansiar conhecer mais e mais profundamente, e tudo ser ainda intensa e insuportavelmente vazio.
 
Quem se importa? Enfim, tanto faz.
 
Com a exceção, é claro, do que se vai perdendo aos poucos no vácuo lento da vida. A fita que você recebe anexa a esta carta é a nossa grande comemoração, a celebração suprema da nossa irremediável perda. A arte: essa, sim, permanece. Uma celebração com o porte proporcional a nossos danos mútuos pede pela permanência mais indelével: todo o resto ficará para trás.
 
As músicas que agora lhe envio já passaram por tantas pessoas, e passarão ainda por tantas outras que nunca conheceremos e, ainda assim, elas nunca significaram ou significarão o que estão a significar agora. Cada uma delas, na vastidão de suas mensagens em um mosaico ainda mais complexo e infinito de interpretações, carrega agora uma mensagem tão pessoal quanto uma "digital afetiva": elas dizem, em meio à prostituição de seus significados, o que eu não tenho mais forças para lhe expôr. Por excesso de exposição, aliás, é que recorro a tal expediente: já me perdi demais no processo.
 
Faça com tudo isso que por ora lhe deixo o que lhe aprouver, pois intenções são vagas e não vamos perder nosso tempo já esgotado com elas. Não tenha, no entanto, a ousadia de enxergar nisso uma aproximação que lhe permita tentar me tocar de qualquer forma que seja: antes, contenha-se e trabalhe a consciência de sua perda, e logo. Assim, amanhã você estará usando a máscara do seu sorriso indiferente, como nada houvesse acontecido. Rápido e simples: enfim, tanto faz.

 
::: F a l a  q u e  E u  t e  E s c u t o
::: O seu ombro amigo nas tardes de domingo. Participe você também, enviando suas críticas, sugestões e comentários engraçadinhos para [email protected]. As mais-mais ganham uma bola quadrada inflável.
 
"Num Posto da Ipiranga, às margens plácidas, 
De um Volvo heróico Brahma retumbante
Skol da liberdade em Rider fulgido
Brilhou no Shell da Pátria nesse instante
 
Se o Knorr dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço Ford
Em teu Seiko, ó liberdade
Desafio nosso peito à Microsoft
 
Ó Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
 
Amil um sonho intenso, um rádio Philips
De amor à Lufthansa terra desce
Intel formoso céu risonho Olympikus
A imagem do Bradesco resplandesce
 
Gillete pela própria natureza
És belo Escort impávido colosso
E o teu futuro espelha essa Grendene
Cerpa gelada!
Entre outras mil é Suvinil, Compaq amada.
Do Philco deste Sollo és mae Doril
Coca Cola, Bombril!"
Alex Barbosa (com participação autoral de Bruno Karam)
 
OS EDITORES: Hahahahaha! Alex, não deu pra aproveitar o teu texto todo, mas escolhi a paródia do hino. Muito boa. Vamos todos ser presos por crime à lesa-pátria. Abraço por trás do R.S.
 
"Ric, por que vc não mandou sua mensagem para a gente? Estamos esperando sua contribuição para o fã-clube; pode ser fotos suas quando era pequeno, fotos daquele seu amigo maravilhoso, o Jones Rossi, ou até mesmo contribuição em dinheiro. Nós te amamos".
Janaína do Sítio Cercado, Cleusa do Campo Comprido, Aletéia do Conjunto Ipiranga e Jandira do Jardim Mércúrio
 
OS EDITORES: Gente, preciso ressaltar que não consigo responder a todas as mensagens que chegam das fãs. Garanto que leio todas, no entanto. Mas carinho nunca é demais. Continuem assim. Ah, meninas, vou mandar o link de uma foto em que vocês podem conhecer o âmago da minha pessoa:
http://uglypeople.com/uglymen/html/up-men-00479.htm
Beijos carinhosos, R.S.
 
 
::: C r é d i t o s  F i n a i s
 
Condução:
Ricardo Sabbag <[email protected]>
Alexandre Inagaki <[email protected]>
 
Orquestra:
Alexandre Carvalho <[email protected]>
Aline Sanfelice <[email protected]>
carlãO <[email protected]>
Mateus Potumati <[email protected]>
Orlando Tosetto Junior <[email protected]>
Priscilla Ramos da Silva <[email protected]>
Tatiana Leão <[email protected]>
 
Solistas:
Ítalo Gusso <[email protected]>
Renata Parpolov <[email protected]>
 
Spam Zine é um fanzine distribuído gratuitamente por e-mail todos os domingos. Para assinar o Spam Zine, visite http://www.spamzine.cjb.net (a casa é modesta, mas é limpinha). Envio de colaborações, pedidos de edições anteriores, cancelamento de assinaturas, críticas anárquicas, dúvidas existenciais e/ou mensagens de amor? Escreva: [email protected]
 
 
::: P. S.
 
1) Continuo cansado do lirismo comedido. (Sabbag, inspirado por Mário de Andrade)
 
2) E se eu quiser que minha senha seja cinco asteriscos? (Sanfelice)
 
3) De feio já bastam os amigos e as dificuldades que a vida nos impõe. (Gusso)