[S
p a m Z i n e]
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: 08 de abril de 2001
: curitiba, londrina, campinas, são paulo, goiânia, ijuí
A INTANGÍVEL
POESIA
Arrisquei meus
primeiros versos aos cinco anos. O quê? Não, é verdade. Tive a sorte (ou o azar,
seja lá como for) de aprender a ler e escrever aos quatro. Diz meu avô que era
porque eu ficava "lendo" muito gibi, e acho que acabei mais ou menos entendendo
como funcionava aquele código de símbolos. Esse fato sempre orgulhou minha mãe
nos chás das amigas. Mas sinceramente não acho que tenha sido o prenúncio de
qualquer vida sensacional. A afinidade com as letras acabou se revelando
o contraponto à falta de tato com tantas outras coisas. A timidez, por exemplo.
Ou a ingenuidade. A incrível inabilidade esportiva, por certo.
Depois de anos
é que você vai ver que tinha um monte de gente parecida com você. Talvez não
estivessem ali por perto, na vizinhança. Mas a alguns olhares mais longínqüos
no pátio da escola. Olhares, aliás, que com o passar da infância acabavam se
tornando mais intensos, às vezes ganhando o status de um grande amor.
(tom de escárnio)
Grandes amores... amores que suscitaram a recuperação do lirismo apagado lá
nas discussões com os meninos, onde não se podia falar de mulheres. Menina não
entra. Passa um tempo, a voz vai mudando, a cara vai piorando e, de repente,
o fruto proibido vira o fruto desejado, mas aí é tarde demais.
A inspiração
dos pequenos versos deixou de ser o amor infante - que sempre morria no sonho
-, e virou toda a sorte de sensações que se apoderam do pequeno coração. A solidão,
a inquietude, a incompatibilidade, a dor do que possa ser. A dor (a antítese
do amor?). A musa das letras sôfregas nos cadernos da madrugada. Os quais os
amigos poeteiros trocavam nas tardes para ver a quanto andavam as escritas alheias.
Mas chegou
o dia em que desisti da poesia. Como? Sim, desisti. Minhas preocupações estilísticas
se tornaram maiores do que minhas possibilidades como escritor. O verso partido,
o verso parido; não partiria mais. Não havia mais quem o parisse. Tudo em nome
da paciência. Não queria afugentar os poucos que se aventuravam a ler alguma
coisa que houvesse saído dos meus punhos.
Às vezes penso
que o verso possa estar voltando à verve do texto. Talvez o sufoco porque passe
na necessidade frenética de produzir frases estéreis tenha, antes de sufocar
enternamente o verso, trazido-o de volta à tona, como resposta natural à aridez
de todo o resto. A poesia que surge como a rosa na calçada, parafraseando o
compositor.
Mas o lirismo,
a matéria-prima da poesia, só existe mesmo nos grandes leitores. Prefiro acreditar
que sei ler a bela poesia ao escrevê-la.
***
SOUVENIR (em
agradecimento a Laís Helena Teles, pela insistência mais que pertinente)
:::
Embriaguem-se
:::
Charles Baudelaire
É preciso estar
sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível
do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com
vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura,
nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna
do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte
ao vento, à vega, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo
que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas
são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É
hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se;
embriaguem-se sem descanso" Com vinho, poesia ou virtude, a escolher".
***
DIRETO AO PONTO
Na décima edição
do seu Spam Zine, a estréia (enfim!) de Tatiana Leão, mais conhecida como sweethell (visite
http://fimdamente.org/sweethell para
maiores informações) no nosso time de colaboradores. Também quem colabora com
a edição camisa 10 spamzineira é Renata Parpolov, dessa vez assinando a seção
Mãe, olha eu no [S p a m Z i n e]!!!.
Tal seção é dedicada a contribuições dos leitores em geral. Renata já foi vista
em edições anteriores do Spam, mas hoje suas letras serão encontradas ali. Leitores
fiéis: quereis vos tornar colaboradores fiéis do Spam Zine? Escrevei para [email protected].
Destaque também
para a quarta parte do folhetim de Mateus Potumati. Não sei se ele encontrou
alguma mulher que goste de fazer e receber sexo oral (há quem não goste?). Acho
que não, porque ainda não resolveu o caso entre Chico e Cíntia. Ademais, a nova
série de autoria de carlãO e o texto-resposta de Alexandre Carvalho a 'São Paulo',
de Nicole Lima.
É isso. If
we die before we wake, let's pray to lord our souls to take.
***
:::
Novelinha barata em alguns capítulos (parte 4)
::: Mateus Potumati <[email protected]>
trilha
sonora:
|+| smashing pumpkins: mellon collie and the infinite sadness - twilight to
starlight
|+| frank black & teenage fanclub: the man who was too loud
|+| fiona apple: when the pawn (ei, não me olhem assim, é uma história
de amor)
|+| neurotron606: codectified
|+| powderfinger: my happiness
|+| talkingheads: the best of - once in a lifetime
logo que entramos, o gato cagou no tapete da sala, sob os olhos atentos de
outros seis gatos que estavam por ali. um bem grande, inteirinho cinza, bocejou
e deitou a cabeça de lado. eu nunca havia visto um daquele tamanho.
"você realmente cria 28 gatos aqui?", perguntei, abismado com a possibilidade.
"não, aqui ficam só oito. os outros vinte estão na casa da minha mãe".
ela passou rapidamente para a área de serviço, de onde voltou com uma toalha.
jogou-a, mais contra mim do que para mim, e mostrou onde era o banheiro. eu
quase disse que não precisava, mas lembrei-me de que ainda teria de arrumar
o chuveiro em casa, e que estava frio e que era meu terceiro dia sem banho.
nem falei nada, e entrei no banheiro.
o
banheiro era minúsculo também; tive que passar de lado entre a pia e a parede.
mas estava impecavelmente limpo e cheiroso, e sem nenhuma calcinha pendurada.
olhei para toda aquela lama sobre a minha camiseta, e é claro que estava me
achando um filho da puta sortudo por ter conseguido entrar no apartamento
da garota de belos olhos negros e atitudes explosivas de maneira tão inusitada,
apesar de achar que ainda devia manter a pose de quem havia acabado de ter
tido uma briga insana com uma quase desconhecida.
o jogo da conquista amorosa é excitante e triste. toda sedução dá algum prazer
na vida, te faz celebrá-la como um cachorrinho que abana o rabo. estar interessado
por alguém e fazer-se interessante para ele ou ela, sem ultrapassar a linha
tênue da vassalagem sentimental, é um exercício de talento e para mim é um
dos momentos mais intensos de uma relação. só que, como disse um romano sensível
à tragédia existencial, 'depois do coito todo animal é triste'. só se salva
o cara que come a viúva-negra, por morrer logo que goza. quanto a nós, homens
(e me refiro mais ao sexo masculino mesmo, e mais ainda aos que estão na faixa
dos 20), nos resta a sina de deixar de desejar tão logo temos em mão o que
desejamos, ou tão logo sintamos o frio na barriga depois de gozar. vivemos
de criar para nós mesmos brinquedos de pegar, como aqueles cachorros de corrida.
quando pegamos, eles não fazem mais sentido. pensando bem, o mundo animal
inteiro deve ser assim. os gatos só se interessam por um brinquedo enquanto
ele está se mexendo e é difícil de agarrar. e se desinteressam quando aparece
outro balançando na frente. talvez os cães não sejam assim. talvez só os cães
sejam capazes de amar incondicionalmente, e é por isso que são os melhores
amigos do homem.
terminei o banho, com a mesma conclusão de sempre: foda-se, ao infinito e
além. depois leio algum Nietzsche se sobrar angústia.
tinha uma camiseta limpa no banheiro, ela deve ter entrado enquanto eu tomava
banho e não percebi. coloquei e era apertada, mas tava valendo. a Cíntia estava
na sala, vendo tevê com óculos redondos e grandes e de sala apagada e pipoca.
sentei ao seu lado, mas ela não tirou os olhos do aparelho.
"e a minha jaqueta...?"
"limpei com um pano úmido e coloquei no secador", sem tirar os olhos da tevê.
"ainda vai demorar um pouco pra secar", ela disse. "se quiser eu posso te
emprestar uma blusa".
"não, valeu. mas não tinha uma camiseta menos apertada?".
"camiseta?".
ela virou-se e teve um ataque de riso descontrolado quando me viu com
aquele troço apertado.
"é, tá ridículo", eu sabia.
"mas por que você colocou essa blusinha?"
"ué, você não deixou ela ali pra eu vestir?"
"não!, ela é da garota que mora aqui", e teve outro ataque de riso. eu também
ri.
"vem aqui, eu te dou uma coisa mais confortável pra vestir".
fui
atrás, e pela primeira vez reparei que ela tinha uma bundinha muito simpática,
que balançava muito simpaticamente naquele shortinho jeans sem botão. o cabelo
estava preso atrás num rabicho, deixando a nuca branca à mostra. o moleton
larguinho dava o toque final ao meu fetiche. o quarto da Cíntia ficava no
fundo do corredor, a cozinha à direita, junto com a àrea de serviço, o banheiro
um pouco à frente e o quarto da outra garota à direita. era um cômodo muito
pequeno também. a cama de solteiro ficava espremida entre duas estantes cheias
de livros, cds, caixas coloridas e bugigangas de menina. do outro lado, um
guarda roupa alto e estreito de onde desceram dois gatos quando ela abriu-lhe
as portas.
"tó, essa deve servir". era uma camiseta dessas de colegial, com um número
e algum nome estúpido de turma na frente, e com o nome 'Adheamor' nas costas.
"quem
picas é Adheamor?", perguntei.
"ahhh, um ex-namorado. ninguém".
("Adheamor?", pensei, "ninguém namora um cara chamado Adheamor").
fui tirar a camiseta, ou a blusinha, sei lá, mas ela estava tão apertada que
entalou na cabeça e não saía de jeito nenhum. fiquei com medo de rasgá-la,
e pedi ajuda a Cíntia. ela tentou de várias maneiras, mas não conseguia. é
incrível como certas coisas entram, mas não saem. Cíntia já estava ficando
irritada, e deu um puxão tão forte que a peça finalmente saiu, quase arrancando
meu nariz e minhas orelhas. abaixei a cabeça, porque o nariz doía mesmo.
"nossa, machucou?", ela perguntou.
"uh, mais ou menos", disse, com a mão sobre o nariz.
"deixa ver". Cíntia chegou perto, tirou minha mão, e olhou. pôs sua mão gelada
no meu nariz, que pulsava, e aquilo foi gostoso. ela me olhou nos olhos. fechou
os seus e me beijou na boca.
(vocês sabem que ainda não acabou)
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D i á l o g o s I n e s q u e c í v e i s
TOM:
Ouve essa: você abre uma empresa chamada 'Fã-clube das Bichas do Comichão
Anal'. Daí você paga um anúncio na contracapa de alguma revista gay, anunciando
a 'última novidade em vibradores de introdução no ânus!', dizendo que 'é capaz
de fazer o que nenhum outro vibrador faz!'; 'o melhor e mais novo em tecnologia
sexual!'; 'resultados garantidos ou seu dinheiro de volta!', e tudo mais.
Esses
vibradores custam 25 libras cada um - uma miséria perto de todo o prazer que
eles vão dar aos compradores. Daí o cara envia um cheque a uma empresa de
nome nada ofensivo, tipo, 'Bobby’s Bits' ou qualquer coisa, de 25 libras.
Você deixa os cheques no banco por duas semanas e desconta. Agora, essa é
a parte esperta: você manda de volta os cheques de 25 libras no verdadeiro
nome da empresa, 'Fã-clube das Bichas do Comichão Anal', dizendo "desculpem,
não conseguimos o estoque da América, eles venderam tudo". Agora você vê quantas
pessoas vão descontar esses cheques? Nenhuma alma viva! Porque quem quer que
seu gerente de banco saiba que você tem comichão no cu quando
não está pagando em cheques?
(A melhor maneira
de se conseguir dinheiro fácil segundo o filme 'Jogos, Trapaças e Dois Canos
Fumegantes', de Guy Ritchie, o marido da Madonna)
:::
Porque toda mulher deveria ter pelo menos dois homens: uma epopéia científica
sobre a lerdeza masculina
1) Introdução.
Para melhor
entender este fenômeno complexo e intrigante da psicologia animal– a lerdeza
masculina - é preciso iniciar nosso estudo científico fazendo uma ressalva.
Em primeiro lugar, torna-se necessário estabelecer uma divisão clara entre os
vários tipos de homens existentes. Isto posto, cabe aceitar que os homens se
dividem em:
A. Lerdos;
e
B. Cafajestes.
2) Descrição
técnica.
Os homens lerdos
são aqueles cuja velocidade de reação é extremamente baixa. Torna-se imprescindível
o uso de catalizador para provocar qualquer reação – ainda que superficial –
em seu estado de animação suspensa ou inércia afetiva. O consumo exagerado de
homens lerdos pode levar à inanição, visto que estes jamais demonstram necessidade
de contato humano, podendo eventualmente repelir qualquer tentativa de aproximação.
A apatia crônica do homem lerdo é tal que chega, em casos extremos, a ter alto
poder infecto-contagioso, causando ansiedade crônica, stress, e mais raramente
eritrema cutâneo nas usuárias constantes do produto. Portanto, suspenda o uso
se aparecerem as reações adversas mencionadas.
Já os homens
cafajestes fazem parte de uma sub-espécie de micróbios amebóides anencefálicos
facilmente encontrados no habitat urbano, cujo alto poder de virulência causa
danos irreparáveis às vítimas. As advertências quanto ao manuseio, transporte
e armazenamento de homens cafajestes devem-se ao fato de que esta sub-espécie
pode causar inúmeros distúrbios psiquiátricos severos, tais como: choro, depressão,
síndrome do pânico, tendências suicidas, e, nos casos mais graves, perda total
do cérebro.
Os estudos
com seres humanos relativos a homens lerdos e cafajestes ainda são recentes;
no entanto, já foi comprovado que os efeitos colaterais provocados pelos mesmos
podem diminuir significativamente, se empregadas as devidas medidas profiláticas.
3) Profilaxia.
Dada a baixa
atividade dos homens lerdos, e a alta taxa metabólica dos cafajestes, recomenda-se
o uso concomitante ou alternado dos dois produtos. Esta medida terapêutica mostrou-se
altamente eficaz no controle das cobaias. O aparecimento ocasional de chifres
nos homens lerdos e cafagestes, apesar de desconfortável, é um sintoma esperado
e indicativo do pleno sucesso do tratamento.
4) Precaução.
Nunca utilize
bebidas alcoólicas na presença de homens cafajestes ou lerdos. Siga corretamente
o modo de usar. Não desaparecendo os sintomas, consulte o psiquiatra mais próximo.
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L i s t a s A b o b r o l
Top
5 Melhores Piadas do Casseta & Planeta
1)
Roberto Carlos fala para um guarda real inglês (daqueles que são impassíveis
a tudo e a todos): É, bicho. Eu já fui como você. Já fui jovem... já fui guarda...
Jovem Guarda...
2)
Quando era exibida a novela 'Renascer', na Globo, Ivan Lins era o dono da música
tema: "Nada cai do céu, nem cairá..." (cai um cofre na cabeça do cantor, ele
desaba). Em outro momento, o cantor feirdo da última: "Nada cai do céu,
nem cairá..." (cai um peixe gigante na cabeça do cantor, ele desaba).
3)
FANHOKÊ DAS ORGANIZAÇÕES TABAJARA! Brinde: 200 músicas do Belchior.
4)
No site: GRANDES EXCRETORES BRASILEIROS (seguido da foto do Sarney).
5)
DAS FRASES DE CAMISETAS : Bandeira do Brasil. No lugar de 'Ordem e Progresso',
escrito "Ê POVINHO BUNDA!"
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Orlando Tosetto Junior <[email protected]>
Quase debruçada sobre as páginas, ela lê Júlia. O título do romance do mês é,
segundo acho que distingo, Fúria da Paixão. A capa mostra uma moça de vestido
branco e sombrinha, emoldurada em azul, contra um fundo pastoril ou campestre.
Quando estou de mau humor, dou-me ao trabalho inútil de tentar adivinhar a história:
a heroína, moderna, já teve vários amantes, mas nenhum que a fizesse sentir-se
plenamente mulher, até que deu de cara com ele, homem sedutor, másculo e sensível,
com desprotegidos olhos de menino. Perco-me nas variantes, nos encontros e desencontros,
na rival, no velho invejoso, etc. Mas tudo isso é só quando estou de mau humor;
hoje estou tranqüilo, e gasto meu tempo olhando para ela, que lê tão absorvida.
Mais à frente, outra moça (as mulheres lêem muito mais que
os homens) devora um romance mediúnico, pelo espírito de algum doutor que a
miopia não me deixa descobrir quem seja. Há muitos romances mediúnicos saindo
no Brasil ultimamente; o que me leva a crer que há médiuns em penca, e muita
gente do além ansiando por ser publicada cá embaixo. E tem pra todos os gostos:
acolá uma moça bem moça, quase menina, lê uma dessas bíblias de zíper, arrastando
o indicador sob as letras certamente pequeninas. Seus lábios se movem com a
leitura. Êxtase? Dificuldade? Quem sabe?
As três são feiinhas. Mulher bonita não lê, é lida.
Mas
num banco, com os cabelos compridos e lisos derrubados sobre as páginas, uma
moça de óculos e lábios grandes se debruça sobre o que, sorrateiro, descubro
ser uma apostila de um curso de direito – vejo vagos latins, aberratio delicti,
jus et norma loquendi, mais fáceis que o português em que se expressam as leis.
Ela tem lábios que, se vistos mordiscando um lápis, dariam calafrios. Beijar
é tão bom.
Quase em frente a ela, um rapaz lê um compêndio do tipo
“Dez Dicas Para ser um Bom Gerente”. Já fui forçado a ler livros assim; livros
que nos ensinam a “administrar o tempo”, como se com isso conseguíssemos adiar
a morte (única razão para poupar o tempo); livros que explicam em minúcias todas
as coisas que mudam de minuto em minuto na administração – por exemplo: por
que é que hoje é bom ser um funcionário cigano, e amanhã será mau; livros que
nos ensinam a ser “pró-ativos”, uma coisa que deveria ser maravilhosa, ser “ativo
a favor”, se alguém soubesse dizer direito o que é que é ser “contra-ativo”,
e se isso existe, e que coisas afinal devemos ser pró, e que coisas ser contra;
livros que nos ensinam a manipular pessoas nos fazendo crer que as estimulamos.
Sim, li vários desses. Se funcionam? Não sei; quem os leva a sério termina não
se importando com mais nada.
Mais atrás, de costas (tenho que espichar o pescoço para
ver que livro é), um outro rapaz mais jovem lê um desses livros da chamada “auto-ajuda”,
que o fará acreditar que não há nada no mundo que ele não possa mudar, e que
todas as situações se resolvem em decorrência da maneira como ele se comportar.
Não há livros que ensinam que o acaso, a vida, têm outros planos, ou tomam caminhos
esquisitos, diferentes.
Muitas
pessoas lêem manuais em que se ensina a usar programas de computador. Programas
inadequadamente chamados “processadores de textos” – você que me lê, se acha
capaz de processar algum texto? Se tiver de processar alguém, processará o autor,
não é mesmo? Programas das chamadas “planilhas eletrônicas”, que são na verdade
meras tabelas; programas de “bancos de dados”; de “apresentações”.
Falando
em apresentações: eu uma vez estava no metrô mesmo, lendo algum livro policial,
quando se sentou ao meu lado um homem já velho. Ele olhava tão insistente pro
meu livro que eu, meio por troça e meio por desaforo, terminei por lhe mostrar
a capa. “Já li”, ele disse, e eu ri, porque achei que ele diria isso mesmo.
Depois ele falou: “Eu também gosto de ler, mas sabe? Eu também escrevo. Escrevo
contos de mistério”. Fiz minha cara de nossa-que-interessante, e ele se animou.
Abriu sua malinha, tirou de lá uma pasta de papel cartão, e me estendeu. “Veja.”
Era um conto de poucas páginas, umas quatro ou cinco, chamado “O Mistério das
Rabanadas”. Eu ia ler quando ele me tomou da mão e disse: “A apresentação, veja
a apresentação!”. E folheou. De fato, muito bem datilografado. Mas como saber
se era bem escrito? Ele logo o guardou, e desceu uma ou duas estações depois.
Ou
seja: este é um tempo em que a apresentação conta muito. Por isso hoje temos
programas que fazem apresentações. Falo mal deles, mas o uso, já que se exige
de mim. E encho minhas “apresentações” do português canhestro que fala em “tendências
de mercado”, em “remanejamento”, em “parâmetros”, em “prover soluções”. Rio
muito quando falo em “prover soluções”: parece que vou virar um entregador de
remédios, ou que vou causar soluços imensos em alguém.
Olho
pra todo mundo. Não vejo ninguém com um livro que eu leria, o que me ensina
(mais uma vez) que não sou medida para nada. Andando pelo vagão, vejo gente
lendo volumes dessa série do Ramsés, o faraó-superman. Terapias florais – me
assanho todo, pensando que comer flores talvez cure doenças. Minutos, gotas,
máximas de sabedoria: conhece-te a ti mesmo, sê um homem bom, ouve o teu coração,
despreza os valores materiais, ama o interior – frases imperativas, de cima
para baixo, lindas de mandar fazer, impossíveis de viver.
Um
dia crio vergonha e escrevo o livro que me deixará rico: “Como Viver”. Será
fino (147 páginas), terá letras grandes, muitos desenhos bonitos, e custará
barato. E não decepcionará ninguém, porque só vai ensinar o que todo mundo já
nasce sabendo: viver dói, e que o melhor a fazer é ignorar a dor enquanto der,
e ir tocando. Do jeitinho mesmo que a gente já faz.
:::
P a p o - A r a n h a
::: O
guia moderno da cantada virtual. Encontre você também a tampa
da sua panela: [email protected].
Nesta
edição: Pérolas do Almas Gêmeas
Diretrizes
de busca: eu sou HOMEM, procuro MULHERES, que tenham entre 16 e 50
anos, de QUALQUER signo, que morem em QUALQUER estado, que se interessem
por ARTES e LIVROS
(quaisquer
erros de ortografia e pontuação devem ser creditados à mensagem original)
"Gostaria
de ti conhecer"
Arquiteta
linda, argentina, bonita, mal casada, tipo Vera fechar, 25 anos, altura 1,72,
59 quilos. Busca um homem executivo alto padrão social educado com nível superior,
por favor, não insista se não for do mesmo nível de padrão social, idade acima
de 22 anos. Para encontros à tarde e à tardinha.
COMENTÁRIO
DO EDITOR: Se a Vera fechar, ninguém vai aproveitar.
"Mil
motivos para você me conhecer"
Sou
dengosinha, sensível, espiritualizada, companheira, fogosa, uso calcinha bem
pequenininha (quando uso) e estou à procura de homens acima dos 35 anos, gostosos,
inteligentes, bem sucedidos profissionalmente, cultos (cultura é essencial),
cheirosos, peludos, que tenham bom hálito, que curtam se cuidar, que gostem
de um bom wisque, boa música, sinceros e que saibam fazer uma mulher feliz dando-lhe
proteção, amando-a da forma que uma mulher deve ser amada, que saiba dar colo
sem perder o tesão, que me olhe, me dispa e me coma com os olhos. É maravilhoso
estar ao lado de um homem que te dá a sensação de que, enquanto você estiver
ao lado dele, nada de mal vai lhe acontecer e que você é a mulher mais importante
e bela do mundo. Estou à procura de algo sério, pois cansei de me machucar,
de ser a única a batalhar para que a relação siga em frente. Aguardo você me
escrever.
COMENTÁRIO
DO EDITOR: Calcinha pequenininha QUANDO usa? Hmmm... É, cultura é mesmo essencial.
"Recado"
Sou
gaúcha, 29 anos, pele clara, cabelo liso, descendente de alemães, 1,67m, peso
proporcional, bonita, bom nível intelectual, financeiramente independente. Procuro
homem saudável e inteligente, preferencialmente que se pareça comigo fisicamente,
para fins de REPRODUÇÃO (unicamente). Gostaria de receber fotografia. Obrigada.
COMENTÁRIO
DO EDITOR: Para aqueles que cansaram de engravidar só azulejos.
:::
São Paulo do avesso - um comentário
Nicole,
li seu texto,
cinematográfico, sobre São Paulo. Adicionei suas impressões às minhas, que moro
nesta cidade desde que nasci, e minhas conclusões não chegaram aos campos planos
do Ibirapuera, nem ao coração da metrópole, que não é a Sé, pelo menos para
mim.
Também não
entendo a Sampa que Caetano canta. Penso que a cidade que ele conheceu, no fim
dos anos 60, era uma reprodução um tico mais inocente do que é a São Paulo de
hoje, com sua violência e caos urbano, suas ruas que começam ricas de mansões
e terminam miseráveis, sua confusão de projetos urbanísticos.
Visitei Curitiba
uma única vez, quando criança, minha primeira viagem de avião. Só me lembro
dos paralelepípedos de uma rua qualquer, perdida nos labirintos da memória,
e de meu pai correndo para apanhar o avião. Gostei desta parte do dia, com uma
pitada de aventura, na disparada para embarcar ao lado do meu herói de infância.
Adulto, minha
referência sobre a cidade passou a ser Paulo Leminski, um de meus heróis literários,
moderno sem ser chato como os Campos. Uma luz do Sul sobre os terrenos baldios
da poesia nova.
São Paulo é
uma inspiração que me atrai em seu lado mais opressor. A cidade que engana seus
habitantes. Dediquei a ela a introdução de meu caderno de poemas, "A noite sem
Deus":
"Santa São
Paulo das crianças loucas,
dos rios de sangue,
das chuvas memoráveis.
Procuro, em tuas nuvens vorazes e carregadas,
a resposta para o poema derradeiro.
Procuro o Pai, que nos castiga a descrença
e premia seus filhos pródigos com lágrimas do céu.
Navego nas ruas desertas e cheias de gente
sem ninguém que ilumine meus passos morenos.
Sem ninguém, senão a lua.
Sem ninguém".
Mas não a entendo.
Esta cidade é um oceano, que explode em manifestações calorosas, e se retrai
na fria solidão dos flats, nos braços trêmulos das prostitutas da Rua Augusta,
que entrevistei faz dez anos, no auge dos meus ímpetos de herói das relações
humanas. Cada rua tem uma história e uma lenda, e as duas são valiosas na ilusão
de quem vive em suas calçadas.
Nicole, vejo
a Sylvia Plath em seus versos e me amedronto. Em seu site,
há beleza e melancolia, mas também aventura e desafio. O conteúdo de uma lágrima
cuidadosamente depositado em links e notas de um diário chamado "Enquanto espero".
Onde estão
suas fotos?
São Paulo é
igualmente um enigma, que a plasticidade viva e incomplexa de uma obra pop não
consegue reproduzir, ainda que na delicadeza de Caetano Veloso.
São Paulo não
é só paisagem sem cor.
Ela é ritmo
e novidade.
Ela é um altar de incensos que se misturam,
mas não se combinam.
Ela é o som risível de um sotaque.
Ela é o choro baixo das crianças
na escuridão sob os viadutos.
Ela é o berço de Carolina,
minha prima,
a herdeira de todos os sorrisos,
que aboliu a tristeza em João Pessoa.
Ela é o humor sutil dos meus amigos,
os anjos que andam comigo,
e recriam os matizes desta São Paulo de mil santos e algozes.
São deserdados
da cidade,
mas que a cantam
em suas noites intermináveis
de cinema, cerveja, riso e lamentação.
São meus amigos,
os donos dessas calçadas.
São paulistanos.
Mas, Nicole,
não a entendo.
::: Da
série (nada séria) BIOGRAFIAS INÚTEIS - porque um dia você não vai precisar
delas
Hoje:
São Valentim
Valentim era o irmão mais novo de três: Valentão, Valente e Valentim. Desde
pequeno sempre teve aversão para brigas, porém, como um chamariz, a porrada
só caía nele.
Naquela época, Idade Média, começavam os primeiros esboços
do computador PROLOGICA 500, movido a energia animal, onde Valentim começou
a esquematizar, através de planilhas feitas em Fortran e Aramaico Plus, seus
planos de vingança intelectual.
Tem-se
notícia de que ele projetou a primeira catapulta de lançar português bêbado,
dizendo que era um novo tipo de banheiro.
Tentou
projetar um lança-chamas de metanol, mas foi infeliz no lance, pois toda vez
que pegava fogo na sua roupa ele não podia vê-lo, e era obrigado a atirar-se
da torre do seu castelo, financiado pela A.C.E.F (Avó da Caixa Econômica Federal),
o que lhe causava lesões no pulso (primeiros sintomas da L.E.R.) e no osso occipital
direito, quando caía na ponte movediça.
Não
desistiu das suas empreitadas e, ao levar um coice.com, descobriu um poderoso
antídoto para todo tipo de veneno. Ficou rico vendendo-o ao Rei Fuçardo II,
que ficou imune a todas as poções até uma lipoaspiração desastrada acabar com
aquela majestosa e monótona vida real. Valentim, obstinado, investiu sua grande
quantia em computadores mais novos, os incríveis 386, e passou a ser perseguido
pela Inquisição Espanhola, que achava serem os 386 filhotes da besta apocalíptica
666.
Enquanto
todos corriam atrás de Galileu e Giordano Bruno, concebeu incrivelmente o sistema
de viagem pelo tempo. Esteve no século XX disfarçado de um tal de Bill Gates,
mas voltou logo depois de receber uma torta na cara.
Virou
santo porque conseguiu tele-transportar um Papa-Móvel para o Papa Gregório VII,
que o usou como banheira para banhos medicinais (naquela época a gasolina já
estava a R$1,99). Codificou seu estupendo sistema de viagem pelo tempo, mas
quem o achou nada entendeu e apenas o utilizou na realização dos roteiros dos
seriados Perdidos no Espaço e Jornada nas Estrelas além do filme De Volta Para
o Futuro.
Hoje
se comemora erramente o dia de São Valentim como o dia dos namorados, mas ele
queria mesmo era ser lembrado pela descoberta de uma tecla única de Crtl+Alt+Del,
nunca usada.
P.S. Ah! Ele nunca mais brigou, envolvido que estava com seus programas, estudos
e projetos, juntamente com René Descartes, sobre uma tal de internet.
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Mãe, olha eu no [S p a m Z i n e]!!!
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As melhores colaborações enviadas por nossos leitores. Participe você também:
escreva para [email protected], indicando sua cidade
e, se possível, não ultrapassando os 4.000 caracteres (os editores agradecem).
O frio está
chegando aos poucos. Queria que ele chegasse logo, pra poder usar minhas roupas
de inverno e ir tomar um café bem quente em alguma biboca do centro, a cara
toda gelada, meio escondida atrás de um cachecol. Não quero trilha sonora, nem
precisa, eu mesma posso ir assobiando ou cantando na rua, do jeito que as coisas
andam em São Paulo ninguém vai nem ligar mesmo. Também não interessa. Andar
no centro de São Paulo é maravilhoso, especialmente no frio. Especialmente quando
estou apaixonada.
É tempo de
amar, ou de sofrer por amor. No meu caso, nem um nem outro: eu fico por aí,
meio abobada. Pensei que se apaixonar fosse fácil. Eu sempre me apaixonei tão
fácil. Só que agora, algo é diferente. Minha última paixão durou duas semanas.
Passei duas semanas pensando, escrevendo mil poemas pobres que foram todos
pro lixo, escrevendo mil cartas. Interpretando gestos mínimos como visíveis
declarações de amor. E de repente, passou (é isso que é amor de plástico*,
Ian). Agora, os gestos são os mesmos, e não são mais prova de amor. Os poemas
miaram. E eu fico aqui, rindo da minha breguice.
Sei muito bem
que amar é dolorido e difícil, porque eu já amei. É verdade sim, apesar da minha
fama de bloco de gelo, eu já chorei muito, já quebrei e enchi esta mesma cara,
já lambi muito chão por aí. Já sofri terminavel e interminavelmente por bobagens. E
eu sei que não é nada legal.
Mas como eu,
justo eu, posso ficar por aí sem amar? Eu quero pastar um pouquinho sim, é preciso.
Podem jogar as pedras, apaixonados que sofrem, mas eu sinto falta de amar,
de sofrer por amor também. E eu tenho medo de não conseguir me apaixonar de
novo. Porque se apaixonar é muito essencial.
Alguma coisa
aconteceu comigo que me tornou imune a paixões eternas que duram alguns meses.
Quando me apaixono agora, sei que vai durar uns dias e vai passar, porque sempre
passa. Eu só não queria que passasse tão rápido como vem passando. Sei lá se
foi algum trauma (bem provável), mas tomara que passe logo (se bem que estou
assim há dois anos).
Quem pensa
que é fácil viver desse jeito está redondamente enganado. Por pior que seja
a paixão impossível, estar apaixonado é quase a reason for being. Que graça
tem ouvir popsongs quando não se está apaixonado? Qual a graça das noites frias,
dos goles de chá olhando pro além, da chuva? De ficar do lado da janela, olhando
o céu às vezes preto, às vezes cinza? Das músicas bregas de amor e dos filmes
antigos? E quem consegue passar sem isso? Se alguém consegue, me ensina como.
Não consigo ver graça nas coisas do jeito que estou. Olhar pela janela e não
ficar imaginando a cara de ninguém é tão sem sentido.
Mas é claro
que eu vou sofrer um pouquinho, ou talvez eu sofra pra caralho, tanto faz. Eu
não ligo. Também não faço tanta questão assim de ser correspondida. Claro que
se eu for melhor, né?
Bom mesmo é
ter aquela sensação de que o mundo tem mais cores, ficar com aquele sorriso
de múmia** na cara e suspirar o dia inteiro olhando pra cima.
Renata Parpolov
ainda acredita no amor, ladies and gentlemen. E não vê a hora de chegar o frio.
:)
* amor de plástico é
uma expressão de Ian Black. E que demorou um pouco pra eu entender, mas
agora eu sei.
** sorriso
de múmia é de Orlando Tosetto Jr., ótima, perfeitamente descritiva. Todo
mundo já viu ou sorriu um sorriso de múmia...
22/03/01
Não
se adiante à leitura desta carta, ao recebê-la, tirando conclusões precipitadas
sobre seu conteúdo; nada há de amor aqui. Não se deixe enganar também pelo papel
infestado de melosos corações românticos e pela letra que falha às vezes: às
onze da noite, nessa cidade distante de São Paulo e nas condições em que me
encontro, é absolutamente impossível obter material melhor. Não há aqui nenhum
trunfo: a perda, que a uma hora ou outra se apresenta de forma sempre incorrigível,
é que leva a atitudes ridículas em situações extremas.
Assim,
tendo sido esclarecido tudo isso, creio que se faça necessário seguir. E é isso
a que se resumem talvez todas as minhas ações, tão incompreensíveis e desnecessárias:
eu sigo, eu passo, eu existo, e é só. Quem sabe toda a minha problemática, que
você sempre julgou algo inacessível, não seja nada mais que essa síntese?, a
existência, só ela, pura e simplesmente.
Isso
não importa realmente.
Na
realidade, pouca coisa importa. Coisas assim como estar sozinha na casa que
desejei com tanta vontade, na noite à qual sempre me dediquei imersa e que jamais
me roubou o abrigo de sua escuridão, ouvindo músicas que me trouxeram (e trazem
ainda) o alívio triste da identificação, cercada de livros que explodem
de observações pertinentes sobre o comportamento humano que nunca deixei de
ansiar conhecer mais e mais profundamente, e tudo ser ainda intensa e insuportavelmente
vazio.
Quem
se importa? Enfim, tanto faz.
Com
a exceção, é claro, do que se vai perdendo aos poucos no vácuo lento da
vida. A fita que você recebe anexa a esta carta é a nossa grande comemoração,
a celebração suprema da nossa irremediável perda. A arte: essa, sim, permanece.
Uma celebração com o porte proporcional a nossos danos mútuos pede pela permanência
mais indelével: todo o resto ficará para trás.
As
músicas que agora lhe envio já passaram por tantas pessoas, e passarão ainda
por tantas outras que nunca conheceremos e, ainda assim, elas nunca significaram
ou significarão o que estão a significar agora. Cada uma delas, na vastidão
de suas mensagens em um mosaico ainda mais complexo e infinito de interpretações,
carrega agora uma mensagem tão pessoal quanto uma "digital afetiva": elas dizem,
em meio à prostituição de seus significados, o que eu não tenho mais forças
para lhe expôr. Por excesso de exposição, aliás, é que recorro a tal expediente:
já me perdi demais no processo.
Faça
com tudo isso que por ora lhe deixo o que lhe aprouver, pois intenções são vagas
e não vamos perder nosso tempo já esgotado com elas. Não tenha, no entanto,
a ousadia de enxergar nisso uma aproximação que lhe permita tentar me tocar
de qualquer forma que seja: antes, contenha-se e trabalhe a consciência de sua
perda, e logo. Assim, amanhã você estará usando a máscara do seu sorriso indiferente,
como nada houvesse acontecido. Rápido e simples: enfim, tanto faz.
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F a l a q u e E u t e E s c u t o
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O seu ombro amigo nas tardes de domingo. Participe você também, enviando suas
críticas, sugestões e comentários engraçadinhos para [email protected].
As mais-mais ganham uma bola quadrada inflável.
"Num Posto
da Ipiranga, às margens plácidas,
De um Volvo
heróico Brahma retumbante
Skol da liberdade
em Rider fulgido
Brilhou no
Shell da Pátria nesse instante
Se o Knorr
dessa igualdade
Conseguimos
conquistar com braço Ford
Em teu Seiko,
ó liberdade
Desafio nosso
peito à Microsoft
Ó
Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
Amil um sonho
intenso, um rádio Philips
De amor à
Lufthansa terra desce
Intel formoso
céu risonho Olympikus
A imagem do
Bradesco resplandesce
Gillete pela
própria natureza
És belo Escort
impávido colosso
E o teu futuro
espelha essa Grendene
Cerpa gelada!
Entre outras
mil é Suvinil, Compaq amada.
Do Philco deste
Sollo és mae Doril
Coca Cola,
Bombril!"
Alex Barbosa
(com participação autoral de Bruno Karam)
OS EDITORES:
Hahahahaha! Alex, não deu pra aproveitar o teu texto todo, mas escolhi a paródia
do hino. Muito boa. Vamos todos ser presos por crime à lesa-pátria. Abraço por
trás do R.S.
"Ric, por que
vc não mandou sua mensagem para a gente? Estamos esperando sua contribuição
para o fã-clube; pode ser fotos suas quando era pequeno, fotos daquele seu amigo
maravilhoso, o Jones Rossi, ou até mesmo contribuição em dinheiro. Nós te amamos".
Janaína do Sítio Cercado, Cleusa do Campo Comprido, Aletéia do Conjunto Ipiranga
e Jandira do Jardim Mércúrio
OS EDITORES:
Gente, preciso ressaltar que não consigo responder a todas as mensagens que
chegam das fãs. Garanto que leio todas, no entanto. Mas carinho nunca é demais.
Continuem assim. Ah, meninas, vou mandar o link de uma foto em que vocês podem
conhecer o âmago da minha pessoa:
Beijos
carinhosos, R.S.
:::
C r é d i t o s F i n a i s
Condução:
Orquestra:
Solistas:
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mas é limpinha). Envio de colaborações, pedidos de edições anteriores, cancelamento
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de amor? Escreva: [email protected].
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P. S.
1) Continuo
cansado do lirismo comedido. (Sabbag, inspirado por Mário de Andrade)
2) E se eu
quiser que minha senha seja cinco asteriscos? (Sanfelice)
3) De feio
já bastam os amigos e as dificuldades que a vida nos impõe. (Gusso)