[S p a m  Z i n e]
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    : 25 de março de 2001
    : curitiba, londrina, são paulo, rio de janeiro, goiânia
 
::: e d i t o r i a l
::: Ricardo Sabbag <[email protected]>
 
INSUPORTÁVEIS SENSAÇÕES
 
Não sei mais o que virá adiante. A luz do quarto está fraca, a estação de rádio saiu do ar, o barulho da vizinhança se apagou e agora o que resta sou eu e meus pensamentos. Demônios, bradaria um amigo distante. Fique sozinho com seus demônios e enlouqueça. O homem é o animal social; a perversão, seu escape. A solidão eu já não sei mais o que é. Achava que era método, hoje acho conseqüência.
 
Pois ficar sozinho com seus demônios pode ser muito perigoso. Estava sendo, para mim, nas últimas semanas. Deita tua cabeça no travesseiro, olha para o teto escuro e vai pensar, menino. Vai pôr a cabeça no lugar, as idéias em ordem. Hoje já não sei mais porque pedem tanto por ordem. O caos, diria alguém amado, é potência, devir, brilho e movimento. Já a ordem é estagnadora. A ordem mata a criatividade.
 
Uma vez fui matar meus demônios em um campo distante, onde o que se via eram só pedras e outras paisagens devastadas. Uma carvoaria, talvez. Daquelas cheias de meninos cobertos de fuligem, fumaça e calor. Lá, tive que expurgar meus demônios assim como um desses pastores evangélicos. É dolorido, sim. Como também apaziguante.
 
Mas há os dias que não se consegue matar seus demônios, ou sequer dialogar com eles. Há os dias em que o homem é tomado por cólera e seu produto é só raiva. E raiva pode ser autodestruição. Um círculo vicioso, pois. A raiva que sinto de ti é o ódio que sinto de mim mesmo, por alguma razão inexplicável.
 
Agora, a descompassada solidão acomete novamente. O soluço da dor incontornável. Falta de ar. Câncer. Olha para cima e não reconhece ninguém. Olha à esquerda e verá tua própria morte. A morte, amigo, que te acompanha em todos os momentos. Que te toca o ombro quando quer avisar do perigo. Ela é paciente e perspicaz.
 
Olhar inconsolável para o alto é flagrar-se olhando de perto para seus próprios demônios. Que fazer com essa insuportável sensação? Resguardar-me-ei de hoje em diante. O que sinto é só para mim. O expurgo da alma inconsolável é a morte.
 
***
 
EDIÇÃO  O I T O
 
Oito é um número tão bonitinho... Fico feliz de estar lhes entregando a edição OITO do Spam Zine. Essa edição, para que todos saibam e para que eu possa bradar aos quatro ventos o que me incomoda, está sendo editada em meio a uma série de reportagens cabeludas e ao X Festival de Teatro de Curitiba.
 
Está sendo duro descobrir como eu não gosto de reportagem. Quando decidi ser jornalista, queria ser por vários motivos. Estar em contato com as palavras. Acho que era isso. Mas as coisas não são tão fáceis como parecem. Entrar nesse clubinho requer jogo de cintura e saber engolir muitos sapos. Mas não gosto. Não gosto mesmo de reportagem. Outrora o jornalismo era feito de repórteres e redatores. Eu queria ser redator. Hoje não dá mais. Tem que ser de tudo. Tem que apurar, escrever, editar, revisar e às vezes até publicar.
 
Mas agora é isso, virei repórter. Anos de dedicação e estudo para eu ter que ficar conversando com delegado sobre como aconteceu o crime. O jornalismo é boçal. Gira em torno do furo. E o furo é uma merda, sempre me lembra daquele tipo de gente que adora dar 'em primeira mão' as novidades, por mais patéticas que sejam. A velha fofoca, sacam? Eu nunca fui desse tipo. Não me importo em ser o mais bem informado. Aliás, o que será que me importa. Diga lá: LEITOR, O QUE TE IMPORTA? Respostas para [email protected].
 
Tudo bem, tem o Festival de Teatro, que é bem legal, e esse ano está cheio de coisas. De peças, evidentemente. Só na mostra paralela, o Fringe, são mais de cem. Já pensou ver cem peças em dez dias? Não tem como, né? Claro que não. Daí você arrisca, vê muita porcaria e de repente pode até encontrar algo de bom. Mas é legal. Legal, mesmo. Se um dia vierem perguntar pra mim "E aí, seu Sabbag, que me diz desse Festival de Teatro?", eu vou responder: legal.
 
***
 
ENFIM AO QUE INTERESSA
 
Vamos lá. Hoje temos o melhor do que está sendo produzido em termos de jornalismo alternativo e literatura inventiva. Quero crer que esse seja o nosso caminho: apresentar autores novos e de qualidade COM resposta do público. Portanto, escreva. A sua participação faz os nossos dias mais felizes.
 
O destaque desta edição fica por conta da estréia no Spam de Orlando Tosetto Junior. As letras de Orlando também poderão em breve ser conferidas no site Enloucrescendo, gerenciado pelo colega spamzineiro Ian Black. Aliás, a bela página de Ian também reserva alguns textos de outros de nossos colunistas. E teremos mais reforços no ar, aguardem pela semana que vem. Mas e você, também quer ser um colaborador do Spam Zine? Fácil, envie mail para [email protected]. Suas letras serão analisadas por uma equipe de especialistas e, conforme disponibilidade, colocadas no ar. Duvida? Qual o quê, rapagão! Nesta edição estreamos a seção Mãe, olha eu no [S p a m  Z i n e]!!, elaborada especialmente para acolher textos de leitores colaboradores.
 
Agora, chega de falatório. Beijos a quem merece.
 
 
::: pedido de desculpas, papo-aranha & recado final
::: Mateus Potumati <[email protected]>

rapêize, desculpem pela demora, mas é que a minha banda tem tomado realmente muito tempo. (espíritos zombeteiros, www.mp3.com/espritos_zombeteiros -- 'espritos' mesmo, aqueles americanos analfabetos).

mas não temam, que Chico e Cíntia não serão esquecidos assim, como dois personagens de uma novela barata publicada num fanzine qualquer. a história tem um fim, sim, que já está escrito, mas como vou levar até lá ainda não sei ao certo, e isso de certa forma me excita.
 
se excitá-los também, melhor, e se alguma garota bonita, morena de preferência (mas tenho boa tolerância com as outras), com idade entre 19 e 23 anos, coluna bem formada, saudável e suavemente sinuosa (coluna é fundamental, como lembrava o Daniel Galera), que goste de beijar, de fazer e receber sexo oral e que saiba distingüir relações casuais de casos amorosos; se uma moça assim ficar excitada também, por favor envie e-mail para [email protected] para um possível contato físico num futuro próximo.
 
e me escrevam falando sobre as colunas. usem acento nos e-mails, por favor.
 
divirtam-se.
 
::: Novelinha barata em alguns capítulos (parte 3)
::: Mateus Potumati <[email protected]>

. trilha sonora .

|+| sometimes, hail hail, last exit - pearl jam.
|+| se leonardo dá vinte, seqüestraram minha sogra - bezerra da silva
|+| kick out the jams, sister anne, high school - mc5
|+| japan trees, red dress, lay me down, fetch, bite my hand - sweet 75
|+| the actress - the delgados
|+| you send me - sam cooke

[frase da semana: 'vamo si invorvê!']

a lua brilhava solitária no céu sobre a BR-369. Cíntia olhou pela janela e o brilho iluminou todo o seu rosto e o gato no colo. a luz enegrecia mais ainda seus cabelos e deixava seu longo pescoço totalmente exposto e branco. apesar de estar olhando em direção à lua, seus olhos iam além, como se pensasse em outra coisa.

aquele ângulo do rosto dela era realmente bonito, o melhor que eu tinha visto até agora, e eu quis muito tirar uma foto, mas nunca tive câmera e sempre fico na mão em situações como essa.

passamos num grupo dessas lombadas de acordar motorista e ela virou-se de repente, como se acordasse assustada de um sonho. me pegou de espectador e tirei os olhos um pouco. voltei a olhar para ela, que ainda me olhava com uma certa expressão de susto.

sorri com um sem-gracismo cínico, já tentando ironizar. ela sacudiu a cabeça, riu também e voltou a olhar pela janela. começou a tocar Soul Sister, do Allen Toussaint, e ficamos em silêncio por uns 5 minutos, até a música acabar.

a música me lembrou Paula, de como nosso relacionamento tinha ido pro lixo, e tive vontade de olhar para através da lua também, mas tentei esquecer e me concentrar em como faria para conseguir entrar na casa da garota da feira de animais.

seguimos pela estrada até que ela disse para pegarmos uma via lateral, que dá acesso ao Jardim Sabará, um bairro suburbano de casas do BNH enfeitadinhas e conjuntos de prédios caixa-de-ovo, quase na divisa com Cambé. logo que a música acabou, ela quebrou o silêncio antes que ele ficasse constrangedor.

"você vai saber voltar daqui, depois?"
"claro. eu conheço esses lados. e você não mora tão longe assim".
"você não deveria fazer isso.", ela disse, olhando para os dedos da minha mão direita.
"isso o quê?"
"roer unhas".
escondi minhas unhas. "quem é você pra me dizer o que eu devo ou não fazer?"
"é só um conselho".
"pois vou te dar um conselho, também: troque de bolsa". então foi ela quem olhou espantada para a bolsa e pôs as duas mãos em cima.
"o que há de errado com minha bolsa?"
"além de feia por si só, não combina com o seu tamanho, nem com suas roupas, nem com seu cabelo".

a expressão no rosto dela transformou-se de espanto em fúria muito rapidamente. acho que acabei falando demais.
"ora vejam só, um estilista me dando carona, e nem me dou conta disso! e você por acaso acha que em algum momento me enganou com essa história esdrúxula de gato para o seu sobrinho? pensa que sou burra, ou o quê? fiz uma venda e ganhei uma carona, e você deve estar se achando o mestre da sedução".
virei o rosto para a frente e fiquei muito vermelho. peguei a direita depois de um trevo, e parei o carro. ela tinha conseguido fazer baixar o escroto em mim.
"tudo bem, então acho que a sua carona furou. você desce aqui".
havia começado a chover uma garoa bem fina, o frio era cortante e ventava. não fazia idéia do quanto ela ainda teria que andar para chegar em casa, mas seria cruel de qualquer maneira.

ela desceu, e foi levando o gato.
"e deixe o meu gato aqui, por favor".
bateu fortemente a porta e atravessou a rua bem rápido, sem olhar para trás. arranquei com o carro, andei um quarteirão e voltei. ela estava andando pela outra pista, e parei do seu lado. ela parou também, virou-se de costas e abaixou-se. não vi o que estava fazendo, mas parecia pegar algo no chão.

"vem, entra aqui".
Cíntia virou-se, aproximou-se da janela e, num gesto rápido, jogou muita lama gelada no meu rosto e na minha roupa. o gato, que estava no meu colo, pulou com uma rapidez incrível para o outro banco, e saiu ileso.
Cíntia entrou no carro sem dizer uma palavra.

chegamos ao prédio onde ela morava, uma das caixas-de-ovo. parei, ela desceu. a lama no meu cabelo, rosto, jaqueta e na camiseta fedia, devia estar misturada com merda, ou lixo, ou alguma coisa assim. o vento na roupa molhada castigava.
antes que ela fosse embora sem dizer nada, eu falei.

"bem... desculpa a grosseria".
Cíntia virou-se, veio até mim, e fiquei com medo de outra reação agressiva.
"tudo bem", ela disse.
"mesmo?"
"mesmo, tudo bem. você é que não está nada bem, com essa sujeira".
"eu agüento".
"não, suba e se limpe. eu te empresto uma roupa".
aceitei.

ela dividia um apartamento minúsculo de dois quartos com outra garota, enfermeira, que segundo ela nunca estava em casa. ela não estava no apartamento, então estávamos a sós. 

(continua)
 
 
::: P a p o - A r a n h a
::: O guia moderno da cantada virtual. Quer achar a tampa da sua panela? Envie uma cantada criativa para [email protected].
 
Nada como uma cantada ridícula a sério
Pedro Vitiello <[email protected]>

1) Menino: Oi... Estava te olhando e desculpa te perguntar, mas... Posso te perguntar uma coisa?
Menina: HUMN?.. (Levantando a sobrancelha, de mau humor, com aquela cara de "já sei o que ele vai falar, que me achou gata e que tá afinzão de mim... Pobre coitado, estou preparada!")
Menino: Teu pai é ladrão?
Menina: (Perdendo o rebolado pelo inusitado, pronta para meter a mão no engraçadinho, assim que sair do choque) O QUE VOCÊ PERGUNTOU, gasp, COF COF???
Menino: (com voz meiga) ...É porque só assim para entender como ele roubou o brilho das estrelas para colocar no seu olhar...!
Menina: (Suspirando, sorrindo e com voz de encantada...) Hahnmm!!!!!

Funciona melhor se a menina tivar olhos claros, mas funciona de qualquer jeito. Não se esqueça de lançar um olhar James Bond para prolongar os efeitos.

2) Parece fraquinha, mas funciona se for por "torpedo" (aqueles bilhetinhos que se manda em um bar):

"Oi... eu estou aqui da minha mesa olhando você e pensei uma coisa. Sabia que você é quase perfeita? É sim, eu juro! Mas agora você deve estar se perguntando porque quase perfeita, se você tem tudo? Tem charme, inteligencia, bom-humor e beleza? Bom, porque falta uma coisa... eu ao seu lado ...!"

Se ela rir, já é um bom sinal. Agora, se ela rir e, ao encontrar o seu olhar, sorrir mais ainda, levanta da mesa e vai falar com ela seu lerdo!
 
P.S.: Só homem dá cantada? As mulheres bem que podiam participar (com as melhores e piores que já deram e/ou receberam, pelo menos)
 
NOTA DO EDITOR MAL-HUMORADO: Faço coro às palavras do Pedrão. Mulheres, onde estais vós que não nos presenteiam com as melhores ou piores garganteadas que já receberam? E não tem mulher sozinha no mundo, não? Até parece que todo mundo é feliz e contente...
 
 
::: A coreografia das quatro taças de vinho
::: Luiz Andrioli <[email protected]>
 
É olhando para sua foto que você não sabe que tenho que lembro dos seus olhos me espiando por trás do furinho da bolacha de água e sal. Na hora foi apenas uma piada de quem já passou por quatro taças de vinho. Hoje já coloquei aquele momento nas cinco melhores lembranças no balanço da minha vida que pretendo fazer daqui a vinte e três anos.
 
Você veio na hora errada, não pediu licença e nem ligou antes para dar tempo de eu esconder a bagunça da sala, chutando almofadas sujas e garrafas pela metade atrás da cortina. Com teu jeito discreto, olhar curioso, me fez olhar para dentro de um cara simplesmente besta, que ficou em recuperação na matéria de relacionamentos mal explicados. Há uns oito anos, seria completamente normal eu me sentir um acéfalo diante de uma mulher como você, mas hoje isto se torna mais ou menos patético. Se eu fosse comediante, diria que nem piada eu consigo tirar disto. Se fosse músico, diria que da bagunça do que passa na minha cabeça não soube expressar em um único acorde, nem rock eu fiz com a nossa dança onde você vai pra trás e eu fico parado feito cachorro tentanto atravessar a Marechal Deodoro às cinco da tarde.
 
Curitiba cidade grande, que não tem espaço suficiente para a minha fuga de você. Acabo sempre passando em frente ao seu prédio, atrasando o trânsito, contando as janelas do edifício, tentando saber qual luz do seu apartamento está acesa. E sempre tem uma acesa. E logo que eu atravesso a quadra, aperto contra a vontade um interruptor dentro de mim... Mais um dia que passou, eu paguei a conta de luz e continuo guiando pelas ruas da cidade segurando uma vela, protegendo a chama do vento do verão que se despede.
 
Você é bailarina e eu sou escritor. Você quer ser coreógrafa, e eu, mesmo não tendo muita noção de ritmo, dancei nas suas mãos. E dancei bonito... 
 
 
::: D i á l o g o s  I n e s q u e c í v e i s
 
"Dimo uns tiro e si fudimo tudo"
(Depoente do programa 190 Urgente, aquele que era apresentado pelo Ratinho antes da fama. A pergunta do repórter foi: "e aí, elemento, o que aconteceu?")
 
 
::: Mãe, olha eu no [S p a m  Z i n e]!!
::: Espaço aberto para o leitor. Os melhores textos selecionados entre as colaborações que chegam à redação.
 
Não diga Fusca, diga adeus
Mirella Imogen <[email protected]>
 
Foi como se dois druidas neo-punks tivessem pulado da garganta dela. Foi um sacrilégio tamanho família, sem coca-cola. Foi como se eu descobrisse um Bozo psicopata, como se aquela estação evangélica AM estivesse, de repente, transmitindo um show dos Misfits ao vivo. Foi uma cena exatamente idêntica a uma nunca imaginada antes. Foi uma revelação que declarava o óbvio ululante em altos brados, da forma mais pessoal possível, para o mundo inteiro escutar. Foi algo que eu temia de fato descobrir. Foi tão agradável quanto um beliscão na córnea. Disfarcei minha surpresa e mudei o assunto, mas não adiantava, aquelas palavras continuavam lá, dançando incólumes na minha frente. Vai, diz que é mentira, diz que foi de propósito, que foi uma brincadeira... Ela não disse. E ainda piscou os olhos e respirou devagar, como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se não tivesse feito desabar um mundo inteiro de ilusões que eu tinha criado.
 
Ela era o puro mal, personificado naqueles cabelos cacheados e naquelas bochechas discretas de quem não sorri nunca. Sorria agora, por acaso ou por pura maldade. Como alguém tem a coragem de me destruir assim e continuar existindo? Anda, vai, tenha um piripaque agora, vá encontrar o Jim Morrison pessoalmente, desapareça! Posso imaginar toda a situação como se fosse um filme, um filme de cinco horas de duração, de um lugar ermo qualquer, filmado numa Super 8. Ele ia começar com aquela frase, e ia ter um close demorado nesse teu (agora) maldito semblante calmo, e logo depois iam me filmar, e aí iam aparecer todas as coisas que eu pensei.
 
Eu pensei num cogumelo atômico a te devorar, eu pensei no suspiro de oito mil pelicanos verde-oliva, eu pensei na primeira vez que eu te vi há uns cinco anos atrás e pensei também na última vez, há um segundo atrás. E aqueles malditos telefonemas de madrugada quando você brigou com o fulano e fez questão de chorar na minha frente, e aquela droga daqueles cartões de natal que você mandava prá minha família todos os anos? Será que isso não conta porra nenuma, no final? Nada é por acaso, essa é a lei! E me veio também aquela cara que você fez quando assistiu no meu vídeo A Insustentável Leveza do Ser, e aquele fim de semana que a gente foi à praia e você cortou o pé num caco de vidro marrom. Puta que pariu! Desaparece pelamordedeus... Vá escutar "Kid A" outra vez, e faça-me o favor de esquecer o lado crítico e os comentários intelectualóides, só sinta-se depressiva, tão depressiva quanto o Radiohead pode fazer você se sentir. Cansei de bostejar sobre o mesmo assunto, pronto. Tenho o ímpeto de dizer-lhe como você foi uma troglodita, como eu nunca mais quero te ver, como eu pouco me importo com um passado ou com um futuro. Ao invés disso, peço outra cerveja e parece estar tudo bem. Na verdade, até fico triste quando você tem que ir embora.

Duas semanas depois eu a encontro por acaso na rua, e é como se alguma coisa continuasse errada. Putz, pra que você falou aqueles troços pra mim, eu pergunto. Ela desvia o rosto, o olhar e o corpo. Dobra a esquina, foge e não diz por quê. Olha, eu sou uma pessoa legal, eu juro que tento te entender, pára de fazer drama. Não adianta, ela não escuta mais nada, já está longe. Fiquei falando sozinha. Tóin!
 
Três da manhã. Ela telefona: "Porra, parece que tu morreu. Encontrei uns troços teus aqui em casa e me afundei de chorar". Rá-rá-rá. Enfim, vingança! Mas resolvo ser sincera: "É, eu sei. Outro dia eu tava no carro e tocou aquela música. Troquei até de estação, mas aí eu vi que era uma fita tua. Deu uma raiva, joguei pela janela e ela foi atropelada, a fita. Por um fusca." Ela faz indignação: "Porra, por um fusca!?" Aí vem a pausa, porque toda boa conversa de telefone sempre tem uma pausa para soar mais dramática. Mas o que acontece é que a pausa continua. Continua até hoje, na verdade. A gente desligou sem dizer tchau. E a última palavra dela pra mim foi, simplesmente, "fusca".
 
 
::: N a v e g a r  I m p r e c i s o
 
Os piores erros do Oscar
ROSEBUD!!! Confiram, no primeiro link, texto de Sérgio Augusto a respeito dos maiores micos e vexames de toda a história do Oscar. A seguir, vejam a divertida seleção do Internet Movie Guide com os 12 maiores erros da Academia (dica retirada da coluna de Pedro Dória em http://www.no.com.br). São páginas para serem visitadas comendo pipocas, que servem de aquecimento para a premiação de hoje. Não deixem de visitá-las, principalmente se "Chocolate" ou "Gladiador" levarem as estatuetas que "Traffic", "Quase Famosos" e "O Tigre e o Dragão" merecem ganhar...
 
Em Alto Mar
PELAS BARBAS DO PROFETA!!! Sou cara-de-pau mesmo! Vou usar este conceituado e-zine para promoção pessoal: estou trabalhando num blog (quase) pessoal, o "Em Alto Mar". Tá ficando bunitim e tem egotrips, páginas de diário, bobagens, links, poema e prosa de todos os tipos. Leitores, deixem sua pegada na minha praia. Uhu! E acabei de ser convidada pra participar do Blogueiros, o maior weblog coletivo em língua portuguesa. São mais de 90 blogueiros postando mensagens de todo tipo. É uma zona, é mix, é pop, é eclético. (Hong)
 
 
::: Minhas mulheres, essas invisíveis
::: carlãO
<
[email protected]>
 
Helena
 
Como poderia receber Helena se diante dela eu não podia tocá-la? Foi nessa situação estranha que convivi com um tipo de amor que relembro com saudades. Helena não podia deixar o quarto não podia entrar em contato com bactérias e germes simples que estão ao nosso redor todo o tempo. Assim ela me ensinou que o olhar é mais profundo do que parece e que é possível se tocar com a alma. Helena escrevia longas cartas e vertiginosos poemas que lia para mim através do vidro com a sua voz linda e que o mundo decidiu prender. Seria tão bela assim que deixaria pássaros mudos? Ela também cantava e dançava levemente naquele ponto de móveis brancos e almofadas lisas e fofas como um quarto no alto do céu como um quarto de querubim flutuante. Helena com sua pele alva suas roupas impecavelmente limpas e os olhos vivos inquestionavelmente belos sua boca vermelha e cabelos soltos leves envolventes como os seus sorrisos.
 
Nós inventávamos brincadeiras e eu tentava passar para ela a sensação do tato que se tem quando se toca uma asa de pássaro ou o dorso de um gato ou a aspereza da minha barba adolescente quando esquecia de fazê-la. Então as asas dos pássaros de Helena tinham a constituição de folhas de alface a almofada coberta com uma blusa fazia-se de corpo de um gato e os rabanetes cortados extremamente finos eram claras borboletas. E ela os admirava e ela dava movimentos a eles e a cada dia suas poesias e seus textos ganhavam incrivelmente mais vida e mais realidade. Helena extraía e tentava decifrar o mundo através dos professores e dos livros e dos meus casos e relatos de coisas do cotidiano e assuntos que só falavámos quando estávamos sozinhos. Ela já estava com 16 anos.
 
Havíamos nos beijado várias vezes tendo a lâmina fria do vidro nos mantendo distantes como fosse uma cortina de gelo inquebrável. Ela sussurava pois o vidro embaçava e ela perguntava se era quente qual era o gosto e por que ela sabia que seria tão bom mesmo nada sentindo...

Helena partiu para o exterior num domingo à tarde. O tratamento deveria continuar lá e lá ela ficou. Casou-se com um dos médicos que a curaram e sei que tem duas filhas saudáveis e sapecas que Helena deve entreter fazendo pássaros leves com alface tenra e borboletas suaves com rabanetes e translúcidas como o rosto de um anjo que um dia pensei ter e que nunca sequer toquei.
 
 
:::  A c h a d o s  e  P e r d i d o s
::: Celebridades, professores, colegas de escola, amigos de infância... Escreva para [email protected] dando-nos pistas sobre os desaparecidos, ou dizendo quem você deseja reencontrar.
 
LUIZ ANDRIOLI PROCURA: um tratamento para parar de fumar que seja mais barato e tenha menos contra-indicação do que o próprio vício de fumar. Não vale simpatia nem reza brava. [email protected].
 
PATRÍCIA CORREIA PROCURA: Marisa, minha colega de residência de UERJ entre 93-95. Soube que ela foi pra Curitiba, mas sonhei com ela me dizendo que estava morando em Brasília... [email protected].
 
Achamos!!!
 
Angélica de Amorim Romacheli, procurada pelo leitor Carlo Gabriel na edição 006, foi encontrada pelo colaborador AL-Chaer em Goiânia-GO. Não é que esta seção realmente ajuda??
 
 
::: Lançada a primeira revista sobre o nada
::: Eduardo Fernandes <[email protected]>
 
"A única pessoa no mundo que gostaria de conhecer profundamente sou eu mesmo, mas por enquanto não vejo a mínima possibilidade disto acontecer".
Oscar Wilde
 
Você já leu a nova revista da MTV? Eu li. Mas foi como se não tivesse lido. É que depois de séculos de debates entre filósofos e cientistas, a MTV finalmente descobriu o que é o nada. E fez uma revista sobre isso.
 
Procurei algum assunto na revista por horas. Mas tudo o que via eram espécies de introduções. Quando pensava que iria começar o texto, já havia acabado. Uma revista de narizes de cera.
 
Em alguns momentos, pensei que se tratava de uma tentativa de criar uma concorrente para a Trip. Mas logo notei o absurdo da comparação.
 
A Trip, com todas as suas virtudes e defeitos, já fez matérias antológicas. E deu espaço para muita gente pensante falar, na sessão Páginas Negras. Fez até campanha solitária contra a indústria do tabaco. Tirando dinheiro do próprio bolso (isto é: não ficou só no discurso politicamente correto).
 
A revista da MTV é uma Capricho aditivada. Voltada para o povo que mora em Higienópolis (bairro extra cool e endinheirado de SP). Nada contra. Quer dizer, muitas coisas contra. Mas não sejamos radicais. O fato é que há uma incompatibilidade cósmica entre eu e a revista, como diria a Baby do Brasil.
 
Mas eu queria mesmo é chegar à Bizz. Embora a revista tenha melhorado muito nos últimos anos, ela tem um ponto em comum com a da MTV. Parece um catálogo de produtos. Ou melhor: cada vez mais as revistas se parecem com aqueles panfletos que recebemos nos domingos, junto com o jornal.
 
Você a lê e tem vontade de consumir desenfreadamente. Eu mesmo a leio amarrado ao pé da cama. Senão saio correndo, babando e com os olhos esbugalhados, gastando todo meu escasso dinheiro em cds. Que vou achar tediosos assim que os ouvir.
 
Muitas vezes, compro mais pelo hype do que pelo desejo de diversão. É a cultura das listas, que só servem mesmo como guias de compra. E o interessante é que se cria todo um comportamento, uma erudição, em volta do consumo de música (pra mim, consumir música é diferente de ouvir música).
 
Imagine se alguém decorasse esses panfletos de supermercado e ficasse discutindo apaixonadamente o assunto: "cara, comprei uma lingüiça Toscana em 4 vezes sem juros", "melhor é a oferta do Extra: você não precisa nem dar entrada". "Não. Em 1960 é que havia ofertas! As de hoje nem se comparam..."
 
Nada contra se informar sobre música. Muito pelo contrário. Mas a exibição de erudição musical é tão chata e pretensiosa quanto à erudição de acadêmicos isolados do mundo. Se forem vazias de reflexão, autocrítica e diversão, ambas são sacais.
 
Pior: conheço gente que só fala sobre música. E mais nada. Se perguntar sobre o que aconteceu na semana, ele falará sobre os lançamentos de uma gravadora indie do Sudão. Mas não saberá nada sobre quem cuida dos buracos da rua da sua casa.
 
Por isso é que a maioria das revistas sobre música do Brasil não tem colunistas, não fala sobre comportamento, não tem humor. Porque, muito mais do que provocação, reflexão, ou entretenimento, o importante para elas é enumerar, adiantar tendências etc. Vender cds.
 
Enfim: tédio, tédio, tédio.
 
Agora repita comigo: que falta faz a Revista General!
 
Forastieri, você está lendo isto? Venda aqueles seus dois iates e reedite a revista. Sei que não venderá trinta exemplares. Mas faça até parceria com o FMI, se for necessário. Porque se o máximo em cultura pop no Brasil for a revista da MTV, quero ficar velho. E logo.
 
Para escapar das leituras tediosas:
www.pastilhas.hpg.com.br (prestem atenção neste nome: Fábio Sooner)
http://rhizome.org
www.plastic.com
www.viceland.com
E, é claro, www.eduf.hpg.com.br
 
 
::: Um Copo D'Água
::: Orlando Tosetto Junior <[email protected]>
 
Tudo já foi dito, mas não para mim. Este verão está sendo muito difícil. Até hoje cedo não parecia, mas de lá pra cá descobri que está sim. Eu queria dizer que aconteceram coisas. "Coisas", assim vago, assim sorrateiro, assim vítima de conspirações cujo nome virá nos próximos capítulos.

Mas não aconteceu nada. E a dificuldade do meu verão também não advém desse nada que não aconteceu, ao contrário do que possa parecer. É que, como eu disse, tudo já foi dito, mas não para mim. Deparei agora, no meio do verão, com a certeza quase palpável da falta que me faz tudo o que nunca me disseram.
 
Por exemplo: nunca ninguém me parou na rua de sopetão e disse "eu te amo", assim violento e improvisado. E como eu queria ser amado repentinamente! Virar o segundo de alguém; o segundo não, o minuto, quem sabe a hora. Homem ou mulher, hoje tanto faz, eu queria que me amasse de estalo. De estalo, não mais - um amor que acabasse depressa, antes da minha surpresa, antes da minha confusão e do meu irresistível, inocultável prazer terem tempo de desaparecer.
 
Outra coisa: nunca ninguém me disse, também na rua e de improviso, "beba aqui este copo d'água". Sendo sincero, as coisas andam dum tal jeito que é duvidoso que eu bebesse. Mas como saber, se não me ofereceram? Já andei tanto no calor, já subi tanta ladeira. Eu mereço um copo d'água. Mas nem...
 
Tem mais. Muitas vezes eu me sentei em escadas. Quando a gente se senta em escadas é para esperar ou para pensar, e as duas coisas são geralmente muito tristes. Pois bem: muitas vezes eu me sentei triste em muitas escadas, e nunca ninguém veio e me perguntou "quer apoiar a cabeça no meu colo?". Ou "quer encostar a cabeça aqui no meu peito e berrar bem berrado? Ou chorar?". Nunca. E bem que eu quis colo, e bem que eu quis chorar, e berrar bem berrado. Escada, no fundo, foi feita pra gente chorar.
 
Nunca recebi uma carta me pedindo uma janela. Fosse formal, "o senhor teria a bondade de me dar uma janela?", fosse infantil, "dá janela", fosse como fosse. As janelas que eu dei, e foram poucas, foram sempre por mim oferecidas, nunca a mim pedidas. Por que ninguém me pede janela? É uma coisa bonita, a janela, que às vezes nos entristece, mas que, ao contrário do nosso peito, sempre se pode abrir, escancarar. Dá até pra fugir por ela.
 
Também nunca me pediram espinho. Eu dou flor de bom grado, mas o espinho só vai forçado. Por quê? E flor por acaso não espeta e não machuca do mesmo jeito? E perfume? E olho? Olho faz muito mais mal do que espinho. Olhar mata mais que atropelamento, que bala de revólver. E as pessoas pedem tiro, morte, traição, e olhares até o fim da vida. Mas ninguém pede espinho.
 
Nunca me ofereceram um segundo sem ar. Se alguém chegasse pra mim, ou falasse no rádio, ou me desse um folheto oferecendo um segundo de estrangulamento, eu acho que topava. Um segundo só de agonia voluntária, de súbito vazio, um segundo no nada. Todas as agonias que eu tive, todo o ar que me faltou não me foi oferecido, foi imposto. Eu queria saber por um segundo como é sofrer por querer.
 
Nunca me disseram que feder é bom, e pode feder à vontade, Orlando, Deus te abençoe.
 
Nunca me disseram "tudo é tão bonito que eu quero morrer aqui mesmo". Nunca ninguém me disse que ia se matar de pura felicidade - e eu, em vezes que fiquei feliz, quis morrer pra não dar tempo de passar.
 
Nunca me pediram um punhado de terra. Nunca me pediram um beija-flor. Nunca me pediram uma batata pintada, uma sacada verde; nunca me falaram "me leve já pruma rua silenciosa e me beije até ficar de manhã, me beije até a polícia achar esquisito e prender nós dois"; nunca me perguntaram se há atalho para algures; nunca me perguntaram o caminho pro fim.
 
Nunca me perguntaram se eu tinha tudo isso pra dar. Respondo: não tenho não. Também nunca me pediram pra ir buscar.
 
 
::: F a l a  q u e  E u  t e  E s c u t o
::: Mande suas críticas, sugestões e comentários  engraçadinhos para <[email protected]>. Aqui, trechos comentados de correspondências recebidas na última semana.
 
"Uma coisa que deve ser analisada com carinho no mundo das versões: até hoje não se conhece uma versão ruim de uma música do Velvet Underground. Há várias, feitas por Cowboys Junkies, Nick Cave, Echo & The Bunnymen e por aí vai... Será que é porque quem gosta de Velvet é incapaz de fazer uma banda ruim? Ou será que sou eu que ouvi uma versão ruim e não prestei atenção?"
Charles Pilger
 
OS EDITORES: Charles, acho que é fácil: você só citou gente boa que fez versões do Velvet. Enquanto o músico for de qualidade, fará versões, aversões e quaisquer outras coisas com a competência de sempre. Por isso que eu não gosto da Maria Bethânia. Bem, na verdade não é por isso. Mas eu não gosto dela mesmo assim. Abraços, R.S.
 
"Também odeio versões e regravações, de um modo geral. Mas realmente "Cherish" pelo Renato Russo é muito melhor! Parece outra música. Aproveito para protestar contra os cantores do baile da terceira idade no clube do lado da minha casa. A cantora acha que é a Elis Regina rediviva e que "Morango do Nordeste" é poesia... O cantor é menos irritante. Claro que ninguém que freqüenta aquela droga (que vai às vezes até 2h da manhã de terça para quarta!!!! Ninguém trabalha não?) vai ler, mas vale pelo desabafo..."
Patrícia Correia
 
OS EDITORES: Querida Pat, como diz Falcão, o poeta kitsch brasileiro, "é por isso que o Brasil não vai pra frente". Mas vamos deixar os velhinhos se divertirem. Parafraseando Falcão novamente, "é por isso que eu tenho essa cara linda". Nada a ver de novo. Ouch, tô piorando. Beijos carinhosos do R.S.
 
 
::: C r é d i t o s  F i n a i s
 
We all live in a yellow submarine (EDITORES):
Ricardo Sabbag <[email protected]>
Alexandre Inagaki <[email protected]>
 
Let me take you down, 'cause I'm going to strawberry fields (COLABORADORES):
carlãO <[email protected]>
Eduardo Fernandes <[email protected]
Luiz Andrioli <[email protected]>
Mateus Potumati <[email protected]>
Orlando Tosetto Junior <[email protected]>
Pedro Vitiello <[email protected]>
Suzi Hong <[email protected]>
 
Something in the way she goes (PARTICIPAÇÃO ESPECIAL):
Mirella Imogen <[email protected]>
 
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::: P. S.
 
1) O calvário da esperança perdida é o mausoléu da alma. (Sabbag)
 
2) Pior que gastar a maior grana com antidepressivos, é minha mãe achar que o mundo é cor-de-rosa e que basta deixar a energia yin e yang fluírem com equílibrio no meu corpo para que eu me reintegre à harmonia universal. (Hong)
 
3) Já está no ar a nova atualização do e-magazine Falaê! (http://www.falae.com.br), com um especial sobre o tema Tempo. Vale a pena conferir, principalmente por causa de textos deliciosos como os sobre futebol de botão, assinados por Gustavo de Almeida, Ricardo Zobaran, Dante Sasso e Augusto Sales. Momento César Maia de auto-promoção: confiram em http://www.falae.com.br/pensarenlouquece coluna assinada por este cara-de-pau que vos escreve. (Inagaki)
 
4) O importante é o que importa. (Inagaki, citando os amigos Renato e Ricardo da NC-NB)