_____________
: 18 de fevereiro de 2001
: são paulo, londrina, porto alegre, niterói, curitiba, jundiaí,
goiânia, santos
Sou
um cara tímido, daqueles que, se precisam falar em público, ficam gagos,
fanhos e burros. Além disso, não nasci com a cara do Brad Pitt ou o corpo
do Paulo Zulu. Estou em plena forma: de pêra. Portanto, não é difícil
de imaginar como era a minha vida amorosa aos tenros quinze anos, quando
meu rosto pipocava de espinhas e eu era tão atrapalhado quanto Peter Sellers
nos filmes da Pantera Cor-de-Rosa. Duros foram os anos em que eu, recém-saído
da fase púbere da vida, precisava me contentar com amores platônicos, aqueles
só vividos do pescoço pra cima.
Aos
quinze anos, todo mundo é meio imbecil. Com o tempo, isso melhora e a
gente continua soltando besteiras mundo afora, mas vai ganhando experiência
e sem-vergonhice na cara. E foi assim que, aos dezessete anos, seduzi
uma mocinha pela primeira vez. Yeah! Tal experiência me fez constatar
a sabedoria de duas frases que guardo desde então no bojo das minhas memórias.
A primeira é do meu primo de Inúbia: "mulé é bicho bão!". E a segunda,
é de meu ex-colega de banco Marco Antônio: "puxa Inagaki, se com a mão
é tão bom, imagine com mulher...".
Mas
minha vida amorosa só foi engrenar de vez quando ingressei nos bate-papos
de computador, ainda no tempo das BBS e videotextos. Quando manejo a palavra
escrita, as coisas fluem com muito mais facilidade, e foi assim que, por
meio de chats e newsgroups, aflorou-se o Don Juan que se escondia por
detrás deste tímido que vos escreve. O mais inverossímil: não é que conheci
algumas incautas que continuaram interessadas por mim mesmo depois de
conferir o produto in loco? Felizmente há gosto para tudo neste mundo.
Só
que não é apenas isso. Por meio desses contatos virtuais, fiz excelentes
amigos, que acompanham meus passos trôpegos até hoje. Fatos que me fazem
pensar: como tanta gente consegue perder tempo hackeando Web afora, quando
poderia estar dispendendo suas horas de navegação conhecendo pessoas legais espalhadas
pelos quatro cantos do mundo?
***
Enfim.
Todo esse preâmbulo serve exatamente para introduzir-lhes os colaboradores
desta edição, uma vez que quase todos são amigos meus de Internet que
ainda não conheço pessoalmente. Ressalto o "ainda" porque
penso a Net como um meio como outro qualquer, que serve para conhecer
outras pessoas bonitas, legais e joiadas como a gente. ;-)
Pois
de que outra maneira eu encontraria gente como o graaaaande Mateus
Potumati (Londrina-PR), que estréia nesta edição com um conto sobre o eterno,
fascinante e intrincado relacionamento entre homens e mulheres; a Aline
de Mello (Jundiaí-SP), minha amiga cool de enorme futuro, que compartilha
conosco um pouco de suas reminiscências da infância; o trio fantástico
de curitibanos (Ricardo Sabbag, Nicole Lima e Luiz Andrioli) e o mineiro
exilado em Goiânia AL-Chaer; ou mesmo conterrâneos como Suzi Hong, mocinha
que compartilha o mesmo formigueiro que eu, Sampa City, e que tive a sorte
de conhecer por meio do Almas Gêmeas, ou Ian Black, com quem vim a esbarrar
por amigos virtuais em comum?
Aproveitemos,
pois, a tecnologia a nosso favor. E sigam o bom exemplo dos leitores
Fernando Goulart, Fernanda Lima e Vanessa Stelzer, que enviaram mensagens
para o Achados e Perdidos, e da assinante Liú Mélisande, que sob misterioso
pseudônimo nos traz uma crônica sobre a (in)utilidade das cantadas. E
por falar em cantadas, não deixem de conferir a participação especial
de Cardoso, do COL, além do quase hai-kai galanteador de mr. Andrioli.
O cardápio desta semana ainda oferece o sonho de Hector Lima (do Scriptorium
<http://www.nocturnum.cjb.net>), e os
rasgantes textos de Suzi Hong e Ricardo Sabbag, o outro autor intelectual
deste e-zine. Bon appétit!
***
Perguntinha
que a ni me fez, e que repasso a todos: o que vocês fizeram na hora
que sobrou do horário de verão?
::: Novelinha
barata em alguns capítulos (parte 1)
vou
chamá-la de Cíntia, que é o primeiro nome que me veio à cabeça. pois
bem; eu a conheci numa exposição de animais, em 1998, numa época não
muito boa para mim; estava achando o meu trabalho um saco e não tinha
perspectivas de mudança para outro melhor, nem qualquer outro tipo de
perspectiva.
também
tinha acabado de ter uma briga séria com a Paula, minha namorada na
época, e era bem capaz de ela não me querer ver nunca mais.
como
se não bastasse, o fio do chuveiro tinha derretido em plena tarde de
um domingo no meio do inverno, por pouco não queimando o próprio chuveiro.
tive
então que ir até um shopping do outro lado da cidade comprar um fio
novo e os ligantes, porque a única loja dessas "tem de tudo" aberta
em Londrina no domingo à tarde era lá.
demorei pra achar a loja - até hoje não consigo me orientar dentro daquele
shopping - e no meio topei com a tal exposição de animais. na situação
emocional em que me encontrava não poderia haver nada naquele momento
com tanto apelo quanto dezenas de filhotes de cães pelancudos e afins,
todos com cara de "ei, chapa, brinque comigo e alivie um pouco do seu
fracasso pessoal".
comecei
a mexer com um cachorrinho preto dentro de um cercado; era de uma raça
chinesa, com um nome que nem com muito esforço vou lembrar, mas ele
era engraçado com aquela cara de bife à milanesa e o rabo torto abanando
sem parar.
foi então que ela apareceu, a Cíntia. trabalhava na exposição, mas apesar
daquela camiseta alaranjada fosforescente eu ainda não tinha notado
sua presença, até que escutei um quase-sussurro ("-posso ajudar?").
ela
falou realmente baixo, como se não quisesse atrapalhar o meu momento
de sublimação, e na verdade eu quase não a escutei. hoje percebo que
na hora gostei daquilo, porque sempre odiei atendentes que ficam no
pé e interrompem meus passeios totalmente descompromissados por estabelecimentos
comerciais.
quando
me virei pra dar a resposta habitual ("-não, obrigado, estou só dando
uma olhada."), tive uma surpresa: os olhos dela eram uma coisa, rapaz;
negros, fortes, profundos, a sobrancelha desenhada com muita destreza,
subindo em perfeita simetria com o contorno para baixo das pálpebras
levemente rechonchudas. não estava preparado para aquilo e meio que
gaguejei, engoli seco:
- não, quer dizer, pode sim! quer dizer, por favor, se você puder.
- claro - a voz ainda baixa, cheguei a pensar que fosse um problema
ou algo - qual é o seu nome?
-
Francisco. Chico.
-
o que está procurando?
- ahh... - uh, pensa logo - um presente... prum sobrinho.
-
ah, tá, legal. de quantos anos?
-
"ok, vamos ser sinceros, não tem sobrinho nenhum. eu quero fazer sexo
loucamente com você por esta noite e sei que você também está a fim.
só posso às oito e meia, está bom pra você?"
-
sete, talvez oito.
- hmm..
ele gosta de gatos?
-
talvez. você aconselha?
-
acho que seria perfeito, porque um gato é menos dependente e faz menos
sujeira do que um cão. não exigiria muito cuidado dele, que é bem criança,
e daria pouca dor de cabeça pros pais. além do que um gato não é estúpido
como um cachorro.
-
como?
-
estúpido - os olhos negros dela saltaram, mas ela falou baixo. gato
é mais esperto, não se joga em cima do dono, e não fica com aquela lambeção.
-
você gosta de gatos, pelo jeito.
-
ah, gosto. tenho 28 em casa.
-
como?? - ela estava me impressionando de verdade, quase me assustando.
é sério isso, ou você está só querendo muito vender um gato?
ela
riu com esse comentário, e a risada dela era interessantíssima. isso
me deixou mais seguro, porque uma mulher não pode resistir a um cara
que consiga fazê-la rir, e a esta altura a opinião dela era tudo o que
importava. conversamos mais um pouco, ela me disse seu nome e contou
coisas, como o que fazia pra cuidar de todos os gatos e pra não deixar
a casa fedendo a mijo e merda e como conseguia lembrar o nome de cada
um.
acabei
levando um gato meio amarelado 'pro meu sobrinho', e foi com certo
espanto que vi saindo da minha boca, quase naturalmente, as palavras
"a que horas você sai daqui?". considero esta frase final um de meus
feitos de conquistador mais impetuosos e até hoje não sei como tive
capacidade (atribuo em parte ao entorpecimento geral da minha
mente na época, em parte a uma possível hipnose dos olhos
dela e em outra parte a Santa Edwiges, a quem tinha feito uma promessa
dias antes).
-
às sete, por quê?
-
não sei, ainda não comi nada até agora e, como já está quase na sua
hora, por que a gente não come algo por aqui mesmo? daí você me dá mais
dicas sobre como cuidar de gatos.
-
hmm - hesitação, que saco, não estou mais na idade de suportar isto
saudavelmente - tá bom.
-
beleza. então vou só ali numa loja e na volta passo aqui.
-
certo.
fui
pra loja, comprei o que precisava e enrolei um pouco, pra ver se quando
eu voltasse ela estaria esperando. era um pouco mais de sete horas quando
voltei pra exposição, e lá estava ela, em pé, de camiseta branca e jeans,
o cabelo negro liso solto, quase à altura dos ombros. ela segurava uma
bolsa preta levemente cafona, meio grande e sóbria demais pro resto
do conjunto, e aparentava uma certa ansiedade. quando me avistou, acenou
com a mão e tentou sorrir discretamente, mas não conseguiu e se encabulou
um pouco, o que me fez sentir ainda mais dono da situação.
(continua)
:::
P a p o - A r a n h a
::: O
guia moderno da cantada virtual. Quer achar a tampa da sua panela?
Envie uma cantada criativa para [email protected].
A melhor da semana você confere agora.
Fudido
e mal pago
Jovem
jornalista em vias de se formar procura mulher de 18-40 anos disposta
a sustentá-lo, amá-lo e compreendê-lo em sua eterna luta pela legalização
da poligamia. No caso da mercadoria estar em falta, também aceito estágio
ou emprego de meio turno até regime de semi-escravidão. Preciso pagar
meu IPVA e sustentar meus vícios e tenho só 20 reais no banco. Ajude
o Cardoso a não fechar as suas portas para o amor: deposite qualquer
quantia na conta 0057004-2, agência 0448 da Caixa Econômica Federal
ou mande um e-mail para [email protected] com
ofertas de emprego (o número da conta é de verdade).
::: Cantadas,
quem precisa delas?
Lendo
o espaço dedicado às cantadas neste zine, lembrei-me de algumas que
recebi há algum tempo. E confesso que nunca entendi muito bem as razões
que levaram alguns homens a esse exercício. Minha estética está longe
de possuir "sex appeal"; tampouco eles me deram oportunidade de falar
sobre poesia, literatura em geral, cinema, artes etc., possibilitando,
assim, vislumbrar um átimo de intelecto em mim. Sempre fui simpática
com eles, apenas. Dessas que exibem um sorriso ou um semblante tranqüilo
com muita facilidade.
O que me causa estranheza foram a forma e o tempo em que as cantadas
aconteceram. Elas vieram inesperadamente e de diversas maneiras, que
passo a compartilhar com vocês.
Uma delas veio de um professor da faculdade. Ele propôs, no meio de
uma conversa banal, que eu fosse mais uma na vida dele - já que ele
era casado -, e em seguida começou a falar da esposa, dizendo que ela
tinha o péssimo hábito (por que será que os cônjuges, para justificar
certos atos, põem sempre a culpa no outro?) de não fritar o ovo como
ele queria. Ela deixava a gema dura e ele gostava da gema mole, com
aquela membrana branca por cima... E passou a me explicar como
proceder a fim de obter o efeito desejado. Dá para perceber como me
senti diante de um conflito familiar motivado por um ovo indevidamente
frito? Pois bem, naquela hora eu, que já não gostava de gema mole, passei
a gostar menos ainda, e percebi que ela podia ser responsável pela insatisfação
conjugal de alguém.
A outra eu recebi de um colega em seu primeiro dia de trabalho. Receber
bem alguém e fazer com que se sinta acolhido sempre me pareceu algo
elementar. E ao fazer isso eu recebi, em retribuição, uma cantada que
me deixou atônita, principalmente ante as mentiras que eu ouvia, que
não vale a pena reproduzir. Conviver com ele foi um pouco difícil. Principalmente
quando eu ia trabalhar de saia. Tinha que ficar mais atenta do que nunca,
pois bastava alguma coisa cair perto de mim e o meu colega, tal qual
o "The Flash", vinha me socorrer. O curioso é que, uma vez de posse
do objeto, ele se transformava numa tartaruga - não a "Ninja" ou "Touché",
evidentemente - e demorava a se levantar e entregá-lo a mim.
Uma outra foi de um amigo do meu irmão. Ele já conhecia toda a família
com exceção de mim. Nesse dia havia uma pequena confraternização na
minha casa e ele lá estava. Minha mãe falava baixinho no meu ouvido
que ele não tirava os olhos de mim (as mães, nessas horas, sempre enxergam
mais que as filhas). O amigo do meu irmão estava um pouco bêbado e,
em determinado momento, perto da minha mãe, ajoelhou-se a meus pés e
pediu para eu sair com ele. Aquela cena patética fez surgir em mim um
riso fácil e acabei sucumbindo... Creio que naquela época eu estava
precisando de alguém que me fizesse rir sem precisar fazer cócegas.
Apesar das cantadas acima e de outras, o sentimento só aflorou quando
olhares furtivos, silêncios e gestos tímidos, dentre outras coisas,
se fizeram notar. Como costumo privilegiar o sentimento, concluo que
as cantadas - apesar de algumas serem criativas e engraçadas - são prescindíveis,
no meu caso.
::: uma
cantada legal
(OLHAR
LEVEMENTE EVASIVO, SE FOR FUMANTE, UMA BAFORADA LENTA E SUAVE) Vou
sonhar com seu vestido... (TEMPO DRAMÁTICO, OLHA MALICIOSO DENTRO
DA ALMA DA PARCEIRA) Jogado no chão... (CORRE PRO ABRAÇO E SOLTA
UM FOGUETE. NUNCA MAIS ESQUEÇA DESTA NOITE)
:::
D i á l o g o s I n e s q u e c í v e i s
- Você é um
ótimo amante!
- É que eu pratico
muito sozinho.
(em "A Última
Noite de Boris Grushenko", de Woody Allen)
- Gostou da
minha roupa de aniversário?
(Kristin Scott
Thomas, ao aparecer nua em cena, em "Under the Cherry Moon", com Prince.
Quem diria que anos depois ela seria indicada ao Oscar por "O Paciente
Inglês"?)
:::
O fantástico mundo da Aline - Por ela mesma
Que
papai noel, saci pererê e coelho da páscoa, que nada. Quando eu era
pequena, minhas crenças eram bem mais originais...
Quando
eu era pequena, eu achava que aquelas teias de aranha existentes entre
as plantas aqui de casa eram as tais linhas imaginárias que dividiam
o planeta. Sabe, os fusos, os meridianos, os paralelos, aquela coisa
toda que a Eliete falava. Aí eu rompia o fio de uma teia, com o dedo,
achando que estava estragando o mundo. Sério, cara! Juro que eu achava
isso. Toda errada...
Quando
eu era pequena, eu desejava que nevasse na praia, só pra ver o mar congelar!
(Como se ele congelasse, né!) Eu ficava imaginando o mar congelado,
as ondas que não terminaram de cair formando tubos, e tal, e a gente
patinando em cima do mar. E não entendia por que isso não acontecia!
Não entendia mesmo! Eu não era fácil, nunca fui...
Quando
eu era pequena, eu não sabia que o goleiro de um time era “goleiro”,
eu achava que o nome da posição era “taffarel”. Por Deus, eu até lembro
uma tarde que tava trocando figurinhas, eu, a Kika (minha irmã moleca
que jogava futebol enquanto eu brincava de bonecas), e um coleguinha,
na frente do colégio. Ele mostrou as figuras de uma seleção, sei lá,
de outro país, né, e mostrou a foto do goleiro, com o uniforme diferente
e as luvas, e tal, e eu disse: “ah, olha aí o taffarel”. Os dois me
olharam sem entender. He he he, eu sempre fui toda errada, mesmo...
Quando
eu era pequena, olha essa!, lembro que passava uma novela chamada Que
Rei Sou Eu?, e tinha uma Aline na novela. Aí, no Jardim de Infância,
a gente brincava de novela, e eu, obviamente, sempre fazia o papel da
Aline. E um dia pegaram no meu pé porque a Aline deu um beijo na TV,
e eu fiquei braba, mas tri braba, e com medo que meus pais achassem
que tivesse sido eu, porque eu não entendia como duas pessoas podiam
ter o mesmo nome. Quando eu era pequena, eu não sabia que existia sobrenome...
Quando
eu era pequena, eu achava que a gente era filho da pessoa até casar.
Uma vez eu até falei: “então tu ainda era filha dela quando casou? E
depois?” Lembro que minha mãe riu e disse: “eu ainda era e ainda sou
filha dela...” E riu da minha expressão incrédula. Quando eu era
pequena, eu tinha raiva da sabedoria dos adultos. Eu era assim...
Quando
eu não era mais tão pequena assim, na verdade, quando eu tinha uns 16
aninhos, já, achava que o celular a cartão era assim: você comprava
o cartão e passava no telefone, como se fosse um orelhão que se coloca
o cartão telefônico. Foram 14 meses acreditando nisso! O alívio da minha
vida foi descobrir que o Cléber pensava assim, também. E ele é 4 anos
mais velho, hein!
Quando
eu era pequena.... bah, eu devia ser incrível. Assim, uma concorrência
à Mafalda do Quino, sabe? Porque “naquela época” eu vivia no Fantástico
Mundo da Aline. Eu era que nem o Lucas do No Mundo da Lua: o Fantástico
Mundo da Aline era “onde tudo podia acontecer...” Às vezes acho que
acontecia!
E
depois vocês me falam de bicho papão???? Pô, pai! Que decepção!
::: R á
p i d a s R a s t e i r a s
"Jornalista bão não se forma em faculdade, se forma em redação. Tu só
aprende as coisas no trabalho, não são quatro anos de teoria e algumas
palestras que vão te dar alguma noção do que é uma redação de jornal.
Não dá, faculdade de jornalismo é como tu passar quatro anos tendo aula
de direção sem nunca ver um carro".
(Alexandre Matias, jornalista do Correio Popular de Campinas, um cara
que sabe das coisas)
:::
pára-choque de caminhão
Outro
dia, viajando de carro de Goiânia para Brasília (a viagem é curta,
apenas 200 Km, o que eu faço em duas horas e meia, quando não dou
uma paradinha no "Jerivá" que fica quase na metade do caminho; é
bom fazer um comercial, quem sabe o dono seja assinante do
Spam Zine e resolva "patrocinar" meu lanchinho? Calma
pessoal, se isto acontecer, eu saberei representá-los à AL-tura...
e assim, a viagem dura três horas). Parênteses. Eu disse "comercial",
não sou da geração que chama "comercial" de "reclame", nem da geração
que chama "comercial" de "mídia", ou seja, "sou velho para gigolô
e novo para coronel". Fecha parênteses.
O
que me chamou atenção nesta viagem, foi o seguinte pára-choque
de caminhão: w.w.w.tijolo.br (e.x.a.t.a.m.e.n.t.e como
digitei). Adoro ler pára-choques e este me impressionou bastante,
pois foi o primeiro "On Line" que vi (apesar de que nem o caminhoneiro
i.n.t.e.r.n.a.u.t.a, nem nós conseguiremos acessar tal "site" com
tantos pontos). Ultrapassei o caminhão com cautela, pois na
boléia tenho certeza que ia um motorista não somente "rebitado",
mas também "plugado".
Depois
de confirmar uma das leis de Murphy (você sempre acha o que
procura no último lugar procurado, pois, depois que acha, você
não procura mais) achei uma publicação das "500 melhores
frases de pára-choques", editado em 1979 e patrocinado pelo
fabricante de embreagem BORG&BECK (mais um comercial... quem
sabe algum leitor resolva "patrocinar" meu precioso tempo dedicado a
este charmoso "e-zine" no engrandecimento da "e-literatura"? Calma,
pessoal, se isto acontecer, vou convidá-los para um encontro aqui
em Goiânia, regado a muito Chicabon, ao fundo, o "Rap do Tigrão").
Bem,
o assunto é "pára-choque de caminhão", então, vou transcrever algumas
frases do tal concurso, que agrupei por seções:
Seção
Mulher:
-
Se Deus fez coisa melhor que mulher, ficou com ele
-
Duas coisas gostosas: uma embreagem macia e uma mulher carinhosa
Seção
Homem:
-
Mulher é igual esquina, dobro todas
Seção
Preciso Parar de Fumar:
-
Meu coração é de Jesus, meu pulmão é da Souza Cruz
Seção
Vida e Morte:
-
Todos querem o céu, mas não agora
-
A vida começa aos 40 e a morte aos 80 Km/h
Seção Desigualdade
Social:
-
Rico só lembra de pobre na hora do transplante
-
O dinheiro não traz felicidade mas acalma os nervos
Seção
Juntos:
-
Homem é o diabo, não há mulher que o negue, mas todas elas esperam
um diabo que a carregue
-
O amor é como a guerra, depois de declarado não há paz
Seção
Existencial:
-
Seja diferente dos outros, seja você mesmo
-
Na estrada da vida, passado é contra-mão
-
Sonhar é acordar para dentro
Seção
Auto-ajuda:
-
Se o destino lhe der um limão, faça uma limonada
Seção
Gramática:
-
O mundo está mesmo errado: separado se escreve tudo junto e tudo
junto se escreve separado
Seção
Matemática:
-
Rezo 1/3 para achar 1/2 de te levar a 1/4
Enfim,
a frase de pára-choque de caminhão que mais gosto, dentre t.o.d.a.s,
é quando o caminhoneiro escreve apenas o nome de sua amada. Não
existe frase mais significativa do que, apenas, o nome da mulher
a.m.a.d.a:
Gláucia
::: A
c h a d o s e P e r d i d o s
:::
Celebridades, professores, colegas de escola, amigos de infância... Escreva
para [email protected] dando-nos pistas sobre
os desaparecidos, ou dizendo quem você deseja reencontrar.
FERNANDO GOULART
PROCURA: A minha primeira vizinha, que me atirou terra nos olhos enquanto
brincávamos juntos no primeiro dia de aula da escolinha "Luluzinha
e Bolinha". Depois desse dia eu desisti de cursar o maternal e só voltei
à escola para fazer o pré-primário e ler a estória de Didi e Totó na
cartilha "Caminho Suave". Acho que o seu nome era Renata, mas se eu
estiver errado, espero que ela não me cegue novamente.
FERNANDA LIMA PROCURA: Karin
Fabris, morena, não muito alta, de cabelos cacheados. Estudávamos juntas
no colégio adventista em Curitiba. Tá bem... Não estudávamos somente,
fazíamos muiiita bagunça também. :)) Cadê você, muié???
VANESSA STELZER
PROCURA: o nome dela era Adriane, mas a apelidamos de "alcoholic". Estudou
comigo lá em Avaré City, no colegial do Objetivo. Ela tinha cabelo comprido
e olhos verdes. Eu não lembro bem de onde ela era, porque ela fazia cursinho
em tudo quanto era cidade pra passar em Medicina, sei que também morou
em Bauru, Itapeva... Ah, ela também adorava Legião e era amiga da Tatiana de
Itaí!
NICOLE LIMA PROCURA:
o seu professor de biologia do colégio Decisão segundo grau. First Name:
Paulo, Nickname: Boi, ICQ#: unknown, Fenotipo: cabelos loiros, longos,
cacheados, 1,75 (acho) de altura, uns 100Kg, uma camisa roxa, uma calça
amarela, um gorro na cabeça. Procedência: dizem que morou em Brasília,
foi visto pela última vez em Florianópolis em 1994. Idade: aproximadamente
38 anos. Data de aniversário: 17 de Fevereiro (ontem) Motivo de desaparecimento:
uma declaração de amor da sua aluna tão dedicada ao estudo da citologia
aos quinze anos de idade. Boi, are you there?
NICOLE LIMA PROCURA
#2: pelo sindicato dos lanterninhas de cinema aposentados. alguém sabe
por que eles desapareceram?
IAN BLACK PROCURA:
Super Kiko. Em 1984, eu fui na festa Junina da empresa Ciba Geige, em
Taboão da Serra, onde minha avó trabalhava. No palco, apareceu um super-herói
com a
letra K estampada no peito. Era o Super Kiko. Ele encantou a todos com
seus atos de bravura em nome da justiça. Curiosamente, encontrei o Super
Kiko (usando sua identidade secreta de cidadão comum) com sua namorada
em São José dos Campos, em 1985. E ele ficou muito feliz por eu tê-lo
reconhecido. Porém, desconfio que ele tenha abandonado a carreira de
super-herói.
Leila
Woolf acordou cedo na manhã de 9 de fevereiro. Acabara de ter um sonho
horrível consigo mesma. O sonho era tão real que ela jurava que ao se
olhar no espelho, veria seu rosto com 87 anos de idade, murcho, flácido,
amargo, de cabelos acinzentados e seios alcançando seu umbigo, os ossos
da vida à mostra, tal qual como se vira em seu sonho, enrugada, um resto
de gente desenhado por sulcos, sombras e marcas indeléveis de muitas e
muitas perdas.
Leila
correu para seu closet e despiu-se de seu pijama do South Park
que ganhara do seu último ex-namorado, a quem ainda amava e desejava secreta
e intensamente.
Nua,
olhou-se no grande espelho. Pela pequena janela do closet via-se
que a manhã estava cinzenta e chuvosa. Espantada, ela viu que seu rosto
estava branco e seu corpo translúcido. Achou que ainda estava sonhando,
quando o telefone tocou e ela pôde ouvir do outro lado da linha a voz
estridente de sua mãe desejando-lhe um feliz aniversário e lembrando o
quanto Leila lhe deveria ser grata por tê-la posto no mundo, sobretudo
com um nome tão... ahn... original, sonoro e literário.
Puta
merda... Era seu aniversário, 26 anos e um coração de 87. E pensou em
quantos sonhos ainda não tinha realizado e sua cabeça doeu ao lembrar-se
de que tinha um parecer sobre os aspectos jurídicos do comércio eletrônico
para ser entregue no dia seguinte. Seu peito sufocou ao lembrar de que
ele não ligaria naquela dia e tampouco se lembraria dela ao assistir South
Park na MTV.
Leila
tomou um banho demorado e ensaboou com desleixo todas as dobras translúcidas
do seu corpo vazio. Gritou pelo nome da empregada pedindo uma toalha nova
enquanto secava seus cabelos sem corte. Vestiu um tailleur preto, colocou
um pancake no rosto branco, pintou os lábios com batom cor de camelo,
tomou dois stresstabs e seus antidepressivos.
Chegou
cedo ao escritório e foi checar seu e-mail ao lado de uma xícara gigante
de café preto. Nenhuma mensagem interessante; somente os e-mails de sempre
– clientes, estagiários, chefes pedindo e cobrando isso e aquilo.
Seu
coração de 87 anos esqueceu-se de bater por uns minutos e Leila caiu vagarosamente
sob o tapete cinza de sua sala ao tentar pegar o Código Civil. Sua mente
lembrava – só tenho 26 anos, só tenho 26 anos – não quero morrer na sala
deste escritório, preciso falar com ele, pedir perdão a milhares de pessoas
e visitar minha mãe em Florianópolis e meu pai em Salvador. Preciso viver
outros 26 anos por mim e marcar uma consulta com o Pitangui pra dar um
jeito nos 87. Preciso ter filhos e criá-los fortes para engolir e mudar
o mundo. Preciso, preciso... ahn, mas estou tão cansada.
Leila
Woolf foi encontrada morta em seu tailleur preto pela copeira, com os
olhos arregalados em desespero e os punhos fechados com força, duros feito
o chão onde jazia.
De
seus pertences pessoais, tudo foi queimado, com exceção de vários volumes
de um diário secreto encontrado numa caixa de computador junto a uma pistola
automática. Seu ex-namorado mandou os originais para uma grande editora,
e hoje, juntamente com os pais de Leila, ganha fortunas com os direitos
de publicação de tais diários, considerado pela crítica especializada
como o mais puro, real e cru retrato da vida podre e moderna que mata
aos poucos pessoas ingênuas como Leila, cujos sonhos foram esmagados pelo
establishment, termo que até hoje nem mesmo o Aurélio soube definir, tamanha
sua perversidade e seu poder de destruição.
:::
S o n h o d a S e m a n a
:::
Crônicas & egotrips do inconsciente. Envie sua interpretação do sonho
da semana ou mande suas viagens oníricas para: [email protected].
O
encontro de Simone com Seu Madruga
Estava numa praia.
Muito cheia. Faixa estreita de areia, garotas. Farofada. Uma das barracas
era uma casa em cima da árvore. Minha família de São Paulo estava lá
jantando. Saí para andar e quando voltei vi a cantora Simone jogando
vôlei sozinha contra um time adversário. Corri para um dos orelhões
na areia para avisar minha prima que sua cantora favorita estava ali.
Não consegui e deixei
pra lá. Encontrei andando mais à frente, surpreso, o Seu Madruga do
programa 'Chaves'. De chapeuzinho e bermuda branca. Reconheci o figura,
cumprimentei-o contente e disse aliviado como estava feliz de vê-lo
vivo de novo. O ator já morreu. Ele respondeu que eu devia ignorar os
boatos. Que era uma pessoa qulaquer ali, tomando sol enquanto andava
sem camisa. Até ser reconhecido. E uma multidão correr atrás dele.
Era engraçado ver
o cara correr daquele jeito desengonçado, com os joelhos levantando-se
bem alto na frente do corpo. Uma lombriga de tênis branco. Foi bom ver
o velho malandro. Tchau, Seu Madruga.
:::
N a v e g a r I m p r e c i s o
O Conto
Sem Fim
ATANOR!!!
Lasanhas que mordem e pingüins traíras. As quatro mortes de Carola Oliveira.
Homem-Biombo, Garotas Vatapá e as Ariranhas Ninjas de Andrômeda. As verdades
secretas sobre a morte do Senna e os galpões da Perdigão. Uma inolvidável
saga de sangue, suor e trocadilhos infames, com as participações
de Luis Gustavo Claumann e Ricardo Bittencourt, do vitaminado e-zine
700Km.
Harry
"Damien" Potter
GRIFINÓRIA!!!
Esta bombástica página revela: Harry Potter está corrompendo nossas
crianças e preparando o caminho para a chegada do Anticristo! Proteja seus
filhos e sobrinhos! Quem diria que os livros da J.W. Rowling seriam mais
nocivos que o Bonde do Tigrão e os bonecos do Fofão??
:::
bye bye babilônia baby
Joguei a toalha. Pra
mim, deu. Cartas sem sentido. Máscaras no chão. Roupas no chão. Levante-se
daí, guri, isso não é lugar de se ficar. Mother, do you never be my sister.
Passei anos tentando
descobrir como diria a ela que, sim, chegou o fim. Demorei tanto e não
consegui escapar de uma maldita rima: "sim, chegou o fim". Está tudo acabado
pra mim. Não me olhe assim. Vamos comer capim. Enough is enough is enough.
O que eu poderia fazer? Levar por meses e meses aquela vida besta já tinha
sido o suficiente. Não, não me era fácil livrar daquilo tudo. Um bando
de gente dizendo o que eu tinha que fazer. Olha o fone, deve ser a mãe
reclamando "por isso você vai morrer sozinho", me diz, braba. Não vou
morrer sozinho, não, mãe.
Mas é que eu conheci
uma moça, sabe? Uma moça dessas bonitas. É, é trabalhadora, também. Honesta,
divertida, sincera. Carente, até. Fica doida por um cafuné no colo. Mas
o caso é que me faz uma cara tão bonitinha antes... antes "daquilo" (fico
com vergonha de te dizer, mãe). Não, mãe, você não sabe como é isso. Você
sabe como é a cara de uma mulher, mãe? Não, mãe, pelamordedeus, não me
diga que você sabe... Não, NÃO, poupe-me de mais anos de terapia, não
quero ver como é a sua cara...
Whatever.
Sim, mãe. Eu vou falar
com ela. Como, ela quem? A Fátima. Vou dizer a ela que você sente muito
que a gente se separe, e que você espera que ela continue te visitando
apesar "do que aconteceu".
Mas não aconteceu
nada.
Acontece que tudo,
um dia, acaba. Sim. Como a noite termina o dia e o dia termina a noite.
A melhor hora é aquela do meio. Outro dia aqui no décimo segundo andar
ficou tudo alaranjado, mãe, você precisava ver. E tem aqueles dias que
eu chego tarde em casa, sabe, e daí fica tudo azulzinho, bonitinho. É
bonito de se ver o dia nascer, mãe. Não, a Fátima não tava comigo.
Que diferença isso
faz, mãe? Não... não, mãe, eu entendo que você se preocupe comigo. O nom..
O nome dela é Maria de Lurdes, tá, mãe? Não. Não. Não, mãe, eu não tenho
culpa. Foda-se o nome das santas, mãe, não é isso que eu preciso em uma
mulher.
Desculpe, mãe.
Eu vou falar com ela,
sim. Dizer que foi tudo muito bom, e que eu não quero que ela mude seu
jeito de ser. Ela se apegou fácil demais a mim, entende, mãe? Eu não sou
desse tipo, você sabe. Você sabe como eu sou fresco, e não como salada,
não como peixe cru, nem comida macrobiótica. E andava difícil trabalhar
sabendo que todo dia eu iria voltar pra casa com aquela cara de infeliz.
A minha cara de infeliz,
mãe.
Vou pra casa do Jonas.
Vou. Lá tem o sofá dele. Vou precisar acordar mais cedo que é pra não
incomodar, mas isso é por pouco tempo. Tô dando uma olhada em uns apartamentos,
já. Um dia a Fátima viu, mas eu disse que só tava vendo o preço dos carros
usados, dizendo que queria trocar o Gol.
É claro que eu não
vou trocar o Gol. Ele é um bom carro. É pequeno e velho, mas me leva onde
eu quero, e não preciso mais que isso de um carro.
A Lurdes? Ela é pequena.
Não, não é velha. Pare de fazer essa comparação, mãe, você nem a conheceu
ainda. Sim, no domingo. O quê? Não quero saber se o vô gostava da Fátima,
mãe. Era eu que morava com ela, e não você, ou o vô ou a pequepê!
Desculpe, mãe.
Mãe, tem coisa que
a gente não diz assim na cara. Não, mãe, você não sabe o que é isso porque
o pai morreu e você nunca precisou se despedir de ninguém...
Desculpe, mãe.
:::
F a l a q u e E u t e E s c u t o
::: Mande
suas críticas, sugestões e comentários engraçadinhos para <[email protected]>. Aqui, trechos comentados
de correspondências recebidas na última semana.
"Assinei
seu ezine. Semana passada passou em branco, nem tive tempo de ler -- a
gente nunca tem tempo de nada, afinal -- entao encostei. Esta segunda,
cheguei na redacao, dei tratos a bola, separei um tempinho, li o numero
dois. Uma beleza. Bom ritmo. Divertido. Variado. Xer pra cacete. Muito
bom, muito bom. Bacana. =)"
Pedro
Dória
OS
EDITORES: Caro Pedro, suas palavras representaram alimentação balanceada
e mui nutritiva ao ego de todos aqui do Spam Zine, VALEU! Um amplexo fraternal
do leitor do www.no.com.br, A.I.
"Alexandre:
guardados os gostos de cada um, AL-cho que na lista das suas Top 5 do
cinema, faltou a Michelle Pfiffer em 'Susie and the Baker Boys" (neste
filme ela canta - dublada, lógico - dança, veste-se com cada roupa, bebe,
fuma, trepa, briga, grita... não sei em qual situação ela está mais bonita...)".
AL-Chaer
"Sinto
que esqueceste da moça do Perfume de Mulher original (nunca lembro o
nome, mas é daquelas que dá vontade de quebrar meu espelho) e de
Rita Hayworth em Gilda... ".
Marcela
Cardoso Tavares
OS
EDITORES: Graaande AL-Chaer, creia: Michelle Pfeiffer, além de
ser escandalosamente linda, não precisou de dublê de voz em "Susie e
os Baker Boys". Literalmente, ela canta e encanta no filme. E, Marcela,
a moça do Perfume de Mulher italiano é a Moira Orfei. By the way, excelentes
as tuas lembranças. Além destas mensagens, preciso citar ainda o Alexandre
Carvalho, que lembrou da Grace Kelly, em "Alta Sociedade", da Beatrice
Dale, em "Betty Blue", e da Brigitte Bardot, pelo conjunto da obra.
Abraços cinéfilos, A.I.
:::
C r é d i t o s F i n a i s
Direção:
Elenco
(em ordem alfabética):
Spam
Zine é um fanzine distribuído gratuitamente por e-mail todos os domingos.
Para assinar o Spam Zine, visite http://www.spamzine.cjb.net (a casa é modesta,
mas é limpinha). Envio de colaborações, edições anteriores, cancelamento
de assinaturas, críticas anárquicas, dúvidas existenciais e/ou mensagens
de amor? Escreva: [email protected].
:::
P. S.
1) a
nicole não morreu, nem de fome, nem sede.
não morreu
antes, porque morreria agora?
tem ido
menos ao supermercado e as almofadas da sala perdem dia a dia a sua
função
demorou
tanto pra mandar seu texto essa semana que ele agora só vai sair na
próxima
demorou tanto
pra receber amor,
amor: demorou.
mas o segredo da
nicole ainda é ser uma menina esforçada.
até semana que vem:
assistam o novo filme do Woody Allen, bebam limonada suíça, listen to
Magnolia’s soundtrack, durmam com a luz apagada, leiam o livro da Pollyana
Moça (?)
sejam politicamente
incorretos
e eu odeio o Osvaldo
Montenegro
god bless mc donald’s
worm hamburguer
que elas também
são criaturinhas de deus (Lima)
2) E então,
elas sodomizaram o pobre Ronald McDonald... *** São Paulo, 22:30. (Black)
3) A
vida é bela, não se esqueça, mas o filme é uma merda. (Sabbag)
4) E
por falar em filmes, vocês viram as indicações ao Oscar? Para o próximo
ano, sugiro a criação do Oscar de Melhor Lobby: barbada para os estúdios
Miramax, que com "Chocolate" conseguiram emplacar mais um longa mediano
na categoria de Melhor Filme, prosseguindo o dramalhão encabeçado pelos
apenas razoáveis "Shakespeare Apaixonado", "Gênio Indomável" e "Regras da
Vida". (Inagaki)
5) Ao
menos a gente tem motivos pra torcer em frente à TV. Ainda não assisti a
"Uma História de Futebol", o representante tupiniquim indicado na categoria
de Melhor Curta-Metragem de Ficção, dirigido por Paulo Machline. Mas os
internautas já podem conferir o roteiro, disponível em http://oglobo.globo.com/cinema/oscar/roteiro.htm.
E vou lhes dizer: a julgar pela criação dos roteiristas José Roberto Torero
e Maurício Arruda, nossas chances não são de se desprezar. (Inagaki)
6) Este
congresso é uma casa do barbalho. (Inagaki)