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(fdp), a nova série da HBO

Por Alexandre Inagakidomingo, 26 de agosto de 2012

Poucos são os ofícios mais ingratos que o de árbitro de futebol, uma profissão na qual receber xingamentos e ofensas é algo tão cotidiano quanto beber um copo d’água. Atividade mais esculachada que essa, ao que me consta só as de atendente de telemarketing, entregador de folhetos e olhe lá. Mas dá pra ser mais vilipendiado ainda: você poderia ser a mãe de um juiz de futebol.

Taí uma ideia que me surpreende por ainda não ter sido realizada antes: no país do futebol, creio que (fdp) é a primeira produção dramatúrgica que tem um árbitro como protagonista. O nome deste novo seriado da HBO que estreia no domingo, dia 26, remete obviamente à sigla do xingamento catártico destinado aos rebentos de progenitoras habituadas a cobrar por suas práticas sexuais. Ou às incautas mulheres que deram a luz a filhos que optaram por seguir uma atividade que é bem exercida justamente quando ninguém presta atenção nela. Afinal, boa arbitragem de um jogo é aquela que passa desapercebida, sem pênaltis mal marcados, expulsões injustas ou partidas sem tretas e porradarias comendo soltas ao fim de 90 minutos.

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O mês dos blogs

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 31 de agosto de 2007

Hoje é celebrado o Dia do Blog. Excelente pretexto para fazer um balanço deste mês de agosto, possivelmente o mais agitado de toda a história da ainda incipiente blogosfera brasileira. Encontro de blogueiros e leitores no Rio, rankings e o mapa do Dahmer, BlogCamp em São Paulo e a polêmica campanha publicitária do Estadão deram ensejo a inúmeras discussões, virtuais ou in loco, sobre diversos temas ligados a blogs: busca de credibilidade, mídia “tradicional” x mídia digital, jornalismo colaborativo, formatos de microblogging. Mas, incrivelmente, todas as conversas confluíam para um cada vez mais modorrento assunto: monetização de blogs.
Já afirmei isso em outras ocasiões, e torno a repetir: se uma pessoa decide criar um blog com o intuito mercantilista de ganhar dinheiro, melhor permanecer no papel de mero receptor. Se você se ativer a publicar posts atraindo pára-quedistas do Google com textos anunciando fotos de mulheres peladas ou de vítimas do acidente de ocasião, terá o que merece: uma horda de analfabetos funcionais, que sairá de seu blog em questão de segundos e dificilmente retornará a ele. Do mesmo modo, se você se limitar a copiar e colar notas que já saíram em outros sites, por que ter um blog, se seu recanto virtual não passar de uma mera câmera de eco (reverberando a expressão citada por Tiagón Casagrande) papagaiando tudo que é publicado por aí?
Fiquei desanimado, pois, quando vi Marco Chiaretti, meu ex-professor da Cásper Líbero e atual editor-chefe de conteúdo digital do Grupo Estado, anunciando, ao final do debate sobre responsabilidade e conteúdo digital, que o próximo tema a ser discutido com blogueiros será… monetização. Oras, cáspite, carambuelas! A resposta definitiva para qualquer questão envolvendo monetização é simples: a chave está na produção de conteúdo inédito e relevante. Se você publicar posts diferenciados do que já encontramos em portais ou outros blogs, paulatinamente se fará conhecer. Expresse opiniões, compartilhe conhecimentos, escreva sobre os assuntos que você domina melhor, dê a cara a bater. Justifique, enfim, a existência de seu recanto virtual, antes de se preocupar com SEO e outras técnicas de divulgação do seu blog. O aumento do número de visitas, o reconhecimento junto à comunidade e a rentabilização de seu espaço serão conseqüências, não fins, desse processo.
Sobre credibilidade, Edney Souza, meu parceiro de Interney Blogs, escreveu um post bastante esclarecedor, mas aproveito para ressaltar um diferencial fundamental dos blogs em comparação com páginas hospedadas em portais: a inserção de links externos em cada texto. Cada post de caráter informativo que publico é repleto de links para as fontes que consultei. Assim, dou a oportunidade para que cada leitor rastreie todas as fontes de informação online que visitei, seguindo os passos que dei até a redação final. Esta é uma característica fundamental da Internet, que precisa ser aproveitada por todos os produtores de conteúdo: a oportunidade de deixar aparentes os andaimes que foram utilizados na construção de um texto.
Um blog, como bem afirmou Hernani Dimantas, é um projeto pessoal. Que, interligado a outros blogs, torna-se uma rede de intercâmbio de conhecimentos e experiências. É isso que dá sentido à blogosfera e a toda essa tecnologia à nossa volta: a construção de um espaço anarquicamente coletivo, sem hierarquias pré-definidas. Uma rede capaz de ser solidária, lúdica, informativa, humana, unindo pessoas por idéias e afinidades. O resto é papo pra boi (ou macaco) dormir.

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P.S. 1: Quer “monetizar” seu blog? Sugestão: siga o bom exemplo do Biajoni.
'Impression, Soleil Levant', quadro de Claude Monet.
P.S. 2: Outros ângulos do caleidoscópio: Quando esse pessoal vai aprender?, de Raphael Lullis, Falem mal, mas falem, de Mario Amaya, “Nós amamos os blogs!”, de Ana Brambilla, Parem o mundo que quero descer, blogueiros não sabem debater?, de Carlos Cardoso, Por onde vai a credibilidade da Internet?, de Pedro Doria, Blogs x Estadão, de Gilberto Pavoni Junior, Blogosfera brazuca, de Paulo Bicarato, “O segredo” para ganhar dinheiro com seu blog, de Gilberto Alves Junior, Tem é que descer o cacete na blogosfera!, de Alexandre Carvalho, Debate sobre os blogs promovido pelo Estadão, de Rodrigo Ghedin, Os blogs estão na mídia - e na moda, de Manoel Netto, e Debate do Estadão: marque esta data, de Anderson Costa.
P.S. 3: As regras do BlogDay2007 falam em indicar cinco blogs para leitura. Sinceramente? É pouco. Todo domingo publico um rol de onze novos “blogs da semana”, devidamente linkados em meu sidebar direito. Em tempo: o Alforria, o Bad Hair Day, o Caco na Cuca, o Café do Dom, o Caminhar, o Casa do Cacete, o Cybervida, o Esculhambação, o Google Discovery, o Judão, o Manual do Cafajeste (Para Mulheres), o Pedro Menezes, o Por Onde Andei, o Por Uma Second Life Menos Ordinária, o Update or Die e o W3CSS indicaram o Pensar Enlouquece no dia de hoje. Valeu pela lembrança! :D

Entrevista com Stefen Fangmeier, diretor de Eragon

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Graças à Fox Filmes e, em especial, à senhorita Renata Pimentel, tive a oportunidade de fazer algumas perguntas a Stefen Fangmeier, diretor de Eragon, filme que descrevi na resenha que fiz para a Rolling Stone como um mashup razoavelmente bem remixado e remasterizado de diversas histórias conhecidas (em particular, de O Senhor dos Anéis), fazendo jus ao preceito lavoisieriano de Hollywood: nada se cria, tudo se refilma. A entrevista deixa claro que Fangmeier é um cineasta de estúdio. Quando perguntei se não estava em seus planos dirigir filmes que prescindam de efeitos especiais, ele afirmou: “primeiro terei que me estabelecer como um diretor de sucesso“. Ou seja, nem lhe passou pela cabeça a hipótese de desenvolver um projeto independente, fora do abrigo (e das exigências comerciais) de um grande estúdio.

Independentemente de seus eventuais méritos artísticos, é interessante saber o que se passa na cabeça de um cineasta que, anteriormente indicado três vezes ao Oscar por ter integrado as equipes de efeitos especiais dos filmes Twister (1996), Mar em Fúria (2000) e Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo (2004), aventurou-se pela primeira vez na direção em um filme que já faturou mais de US$ 226 milhões nas bilheterias do mundo inteiro. Enjoy it!

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Logo em sua estréia como diretor, você assumiu um filme com orçamento de US$ 100 milhões, que está sendo encarado pelo estúdio como possível prelúdio de uma nova franquia. Como foi lidar com tamanha pressão?

Evidentemente, havia muita pressão para que eu entregasse um filme extremamente excitante, que fosse capaz de atingir um público muito grande e que se tornasse um sucesso comercial. Isso também exigiu um alto grau de envolvimento de todas as pessoas envolvidas na produção. Não pude, pois, tomar decisões realmente significativas sozinho. Algo que eu até já esperava, mas não no nível em que aconteceu. Tentei ser muito colaborativo com essas pessoas do estúdio e sempre procurei ver o lado positivo do seu envolvimento. Ver que, na verdade, eles estavam dividindo comigo a responsabilidade de produzir um filme tão grandioso logo na minha estréia. Afinal das contas, eu sou o diretor e a maior parte do público pensa que sou responsável por todos os detalhes do que eles assistem. Embora esta seja a percepção geral do processo de fazer um filme, certamente não é a realidade em grandes produções na indústria de Hollywood. A não ser, é claro, que você seja Steven Spielberg ou George Lucas.

Você foi diretor de segunda unidade de Heróis Fora de Órbita, filme que satirizava o universo dos fanáticos por Star Trek. Agora que você foi o responsável pela adaptação de um best-seller que arrebatou uma legião de fãs radicais, como foi a experiência? Foi complicado lidar com as reclamações daqueles que se queixaram das mudanças do livro para o filme?

Logo que comecei a trabalhar no roteiro de Eragon com uma equipe de escritores, eu já imaginava que alguns fãs do livro não iriam ficar satisfeitos com as mudanças que estávamos fazendo. Mas não há como agradar a todos. Adaptar um livro tão denso para o cinema significa, necessariamente, ter que deixar de fora alguns elementos que não nos pareciam ser tão essenciais, reestruturando partes da trama. Como nesse caso também houve muita participação do estúdio, não sinto que esta seria a minha adaptação própria. Mesmo que os fãs queiram culpar o diretor pelo que não ficou tão bom, em seus julgamentos.

O uso dos efeitos especiais no cinema contemporâneo não está sendo supervalorizado? Na sua condição de expert em efeitos visuais, com várias indicações ao Oscar no currículo, você não pensa em um dia dirigir um filme que prescinda de efeitos do tipo?

Efeitos especiais são apenas uma ferramenta para o cineasta – algo que certamente pode criar uma série de elementos muito interessantes para se utilizar quando contamos uma história. No entanto, creio que alguns filmes apelam demais para os efeitos especiais e deixam a história num plano secundário em relação ao espetáculo e à ação.

Sim, eu tenho muito interesse de dirigir um filme que não precise de efeitos especiais, embora creia que seja difícil convencer um estúdio a me escolher para dirigir um roteiro assim neste estágio da minha carreira. Por isso, primeiro terei que me estabelecer como um diretor de sucesso (e, para isso, é preciso mais que apenas um filme), para depois poder me envolver em projetos diferentes dos filmes pelos quais sou conhecido agora.

Quais são seus cineastas prediletos?

Sou muito eclético com relação a cinema, arte e música. Mas sempre identifico imediatamente quando gosto ou não de alguma coisa. Por isso, acho mais fácil listar os meus filmes prediletos, como Blade Runner, Chinatown, Lawrence da Arábia, O Samurai, Beleza Americana e Gallipoli. Mas há muitos outros, até de outros estilos, como comédia. A maior parte dos cineastas faz filmes muito diferentes ao longo da sua carreira. Às vezes gosto de vários trabalhos de um diretor na seqüência, às vezes não. Então, prefiro fazer uma lista de filmes favoritos do que de diretores.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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