Poesia numa hora dessas?

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Quando comecei a navegar pela internet, em meados de 1997, a primeira coisa que fiz foi tentar encontrar pessoas que compartilhassem dos mesmos interesses que possuo. Inscrevi-me, por exemplo, em fóruns e listas de discussão que falavam de Arquivo X, cinema brasileiro e quadrinhos em geral. Na época, eu ainda não havia abandonado o curso de Letras da USP e nutria em silêncio o sonho de um dia me tornar um escritor reconhecido, daqueles que lançavam anualmente best-sellers e freqüentavam a lista dos mais vendidos da Veja quando ela ainda merecia respeito.

Data desses tempos a época em que participei de uma lista de discussões intitulada “Escritas”, reunindo poetas inéditos que trocavam entre si mensagens com críticas, observações e versos das mais variadas métricas, formas e gêneros, num ambiente no qual a internet era como sempre deveria ser: um ponto de encontro online no qual conhecimentos são generosamente compartilhados. Por meio de listas como a “Escritas”, li pela primeira vez autores como Orlando Tosetto Junior, Lau Siqueira, Fred Matos, Maria Frô, Daniel Francoy, José Félix, AL-Chaer, Tatiana “Sweethell” Leão, Sara Fazib e Alyuska Lins, que vocês talvez não conheçam porque infelizmente o mercado editorial brasileiro nem sempre contempla os melhores escritores, em especial aqueles que se dedicam a versos. Ainda mais em um país estranho como o nosso, no qual há mais “poetas” (com ênfase nas aspas) do que leitores de poesia, e são raras as pessoas que dominam a arte da metrificação, têm noção do ritmo compassado das redondilhas ou são capazes de distinguir sonetos ingleses de sonetos italianos.

Eu, que há tempos abandonei a ilusão de virar um grande autor, deixei arquivado um livro de poesias intitulado Aprendizado - Rascunhos Definitivos, que está devidamente guardado na adega da minha gaveta até que o vinho um dia revele sua condição de mero vinagre. De vez em quando sucumbo à tentação de publicar alguns versos só para constatar que poesia definitivamente não dá ibope, vide os escassos comentários a poemas meus como “Sete Faces”, “Língua” e “Futebol”. Menos mal que atualmente me dedico a atividades capazes de garantir o meu nome fora do SPC e do Serasa, destinando o ofício da poesia a escribas mais qualificados. Contudo, quando recebi e-mails de antigos colegas da lista “Escritas” relatando a criação do blog coletivo Poetas Lusófonos com o intuito de reunir novamente amigos virtuais que se conheceram há mais de uma década, não pude deixar de resgatar certas lembranças. Para não deixar este post sem um verso sequer, segue abaixo um poema que escrevi há mais de oito anos. Ocasionalmente sinto saudades daqueles tempos em quis me tornar um escritor.

* * * * *

O Código Secreto das Estrelas

Leio nas entrelinhas do teu sorriso
rumores, canções que falam em pássaros.
Teus passos soletram pelas calçadas
sussurros de sombras por entre pétalas secas.

Falo de sonhos como quem tange nuvens,
galáxias, sintaxes de sons de estradas,
enquanto o tempo risca no vidro da memória
confusas lembranças que sibilam ferozes.

Hoje sei que tudo passa, embora ainda durma
com olhos de vigília e perfumes apócrifos.
Recordo com gosto agridoce de espelhos
na boca tua pele, teu sexo, teus olhos.

O tempo é turvo. O tempo é turvo.
Mastiga utopias, cospe sementes de névoa,
esparge fagulhas de luz no passado
- brinquedo imberbe nas mãos do acaso.

Mas não quero mais ser racional.
Deitado dentro de mim, hoje evoco
o momento único em que te encontrei,
e já começava a te perder.

* * * * *

P.S. 1: Peguei emprestados o título e a ilustração deste post de um livro de Luis Fernando Veríssimo.

P.S. 2: Eis a minha lista de dez poemas que recomendo a qualquer um que se interesse por versos realmente bons: “Tabacaria” (Fernando Pessoa), “em algum lugar onde nunca estive” (e. e. cummings), “A Casada Infiel” (Federico Garcia Lorca), “A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock” (T. S. Eliot), “Áporo” (Carlos Drummond de Andrade), “A Sierguéi Iessiênin” (Vladimir Maiakóvski), “O Tygre” (William Blake), “Balada (em memória de um poeta suicida)” (Mário Faustino), “Janelas Altas” (Philip Larkin) e “Uma Faca Só Lâmina” (João Cabral de Melo Neto).

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

Comentários do Facebook

Comentários do Blog

  • m@ry

    “sonhar e nao desistir cair e ficar de pe “ nxzero te desejo isso!!!

  • m@ry

    se tornar autor nao e ilusao ,e um sonho !!!e sonhos foram feitos para nos fazer acreditar e alem disso o que nos faz viver e a certeza que temos que vamos conseguir realizar tudo aquilo que sonhamos nao se esqueça disso  jamais!!!

  • m@ry

    acho que vc ñ deveria deixar seu sonho de ado ,as pessoas costumam criticar tudo aquilo que e rico e belo ,apenas por acreditar quetodos devem ser iguais !amo poesia e nada me faz acreditar no contrari ,adorei sua lista derecomendaçoes sao meus autores favoritos mto sucesso !!!

  • Jeanete

    Linda poesia, continues escrevendo não pare, poesia alimenta a alma!Quisera eu ter o dom de colocar os sentimentos em versos.
    Um abraço
    Jeanete

  • http://recntodasletras joverlina paz

    gosto muito de poemas gostei do que vi aqui escrevo alguns que estão publicados
    lá no recanto das letra meu nome de autora e dona joana dona

  • emely

    pais de mais

  • http://poetapaulo.omeu.com.br Paulo de Andrade

    O pobre fica com vinte por cento,
    Dividido em partes iguais,
    A cara de pau de quem governa,
    Governar não é capaz.
    Só me resta dar o trôco,
    Pra quem sabe de fato pensar,
    Tem como essa maldade vencer,
    No Partido Verde vamos votar.
    Do poeta: Paulo de Andrade

  • http://poesianumahoradessasluizverissimo vitoria

    O livro é bom eu tenho ele ele pega poesias tão bonitas

  • sarah

    Muito legal , parabéns luis!
    livros incriveis feito pelo senhor

  • k0325568/88*588

    não gostei desse site1
    Sorry!

    Ok. Ocasião para reciclar aquele velho clichê: “se nem Jesus agradou a todos, não sou eu quem fará isso”.

  • Wally

    Ina,
    Gostaria que vc escrevesse um post esclarecendo a seguinte afirmativa, que consta no seu texto do dia 28 de fevereiro: “e freqüentavam a lista dos mais vendidos da Veja quando ela ainda merecia respeito.”.
    Eu gostaria de saber por que a Veja não merece mais respeito e qual (ou quais) a(s) revista(s) que atualmente merecem respeito, na sua opinião, e por quê.
    Um abraço.

    Wally, não faria melhor serviço do que o Luis Nassif. Recomendo que você leia o Dossiê Veja escrito por ele, e mais especificamente o texto “Os Mais Vendidos”. Quanto às publicações em geral, Wally, não vou dizer no que você deve ou não confiar: a capacidade de referenciar revistas, checar e apurar informações está em nossas mãos. Escrevi um texto sobre o tema, “Sobre a redação da Fuvest e a blogueira francesa que trabalhava em um supermercado”, que talvez lhe interesse ler. Um abraço.

  • Mariângela de POA

    caro Ina,infelizmente devo admitir que poesia não é mesmo o meu gênero favorito porém, como exceção à regra,gosto muito de ler o Carpinejar,daqui do sul,creio que conheças,ele tem um blog muito bom que acompanho regularmente.Até!

    Compreendo perfeitamente a sua exceção, Mariângela. Carpinejar tem uma capacidade invejável de ser popular mantendo um ótimo nível de qualidade.

  • Álvaro

    Talvez não tenha dado certo na poesia porque você é bem melhor como blogueiro.
    Não que seja ruim a poesia. Mas algo acaba prevalecendo.

    Abraço. Também não precisa parar de fazer versos.

    Álvaro, na real parei de escrever versos à medida em que comecei a trabalhar profissionalmente com palavras. Houve uma era em que fiquei tão imerso em textos de não-ficção que comecei a travar na hora de produzir ficções ou poemas.

  • http://tresdoisverbo.blogspot.com/ AL-Chaer

    Grande cumpádInagaki!!!

    Esta reunião que resultou no blog “Poetas Lusófonos” é digna de destaque, porque a Frô reeditou a tentativa de uma idéia de dois anos atrás (que não teve muito sucesso), mas - que, agora - os Deuses e os ventos conspiraram a favor, de modo que em menos de três dias, todos aqueles escritores foram contactados e responderam ao chamamento, com entusiasmo, resgatando o encontro de uma década atrás, no início da Internet.

    Em pouco tempo, os contatos de uns se juntaram aos de outros e, rapidamente, atualizamos e reorganizamos e-mails, de grupos que se mantiveram em contato, por todo este tempo.

    E você, Inagaki, com seu talento e sua capacidade, tenha certeza, exerceu um papel fundamental para o crescimento de todos nós, com a troca de experiências naquela época e com o desdobramento de sua trajetória, passando pelo SPAM ZINE e, posteriormente, sedimentando a “marcAlexandre Inagaki” no PENSAR ENLOUQUECE, que é uma referência e uma leitura que faz com que o leitor PENSE NISSO. ALém de ser um orgulho para todos nós, é um privilégio ter você como leitor e merecer sua interlocução.

    Muito obrigALdo pela citação. A minha poesia passa a ter mais responsabilidade ainda e este reconhecimento é mais um motivo para eu continuar nesta busca.

    Grande AL-Braço
    AL-Chaer

    AL-migo AL-Chaer, o senhor é mesmo um exagerado. Bom te ver por aqui, cumpadi. Um grande abraço e muita (ins)piração a você!

  • alisson

    Alexandre, quanto a possivel alteração da lista dos mais vendidos na VEJA, leia esta carta que Mario Sabino publicou no blog de Reinaldo Azevedo http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/02/contra-patrulha-5-gente-que-estuda-e.html
    Enquanto que você acha que a VEJA não tem credibilidade, eu acho que Nassif é quem não tem credibilidade http://veja.abril.com.br/240805/mainardi.html

    Alisson, o Nassif respondeu à carta do Mario Sabino no texto “Os Mais Vendidos” de maneira sólida e convincente. Sobre o Mainardi, recomendo a leitura do artigo “O post-it de Mainardi”. Sobre a suposta demissão de Nassif por parte da Folha de S. Paulo, o próprio Otávio Frias Filho em pessoa se pronunciou, dizendo: “Apesar de divergir de Nassif sob vários aspectos, não conheço fatos que o possam condenar do ponto de vista profissional”.

  • Michelle

    Poesia “não dá ibope” pq temos q ler com um tanto de calma e bem atentamente, pq é um tipo de desconstrução, não reproduz a maneira como falamos, sem contar as palavras incomuns, q às vezes temos q procurar no dicionário o significado… Acho q isso td acaba dando uma certa preguiça de ler poesias…

  • http://fredmatos.multiply.com/ Fred Matos

    Prazer que é meu também.
    Conheço poemas do Nathan de Castro, citado em comentário pelo Pablo. É um ótimo poeta.

  • alana

    ótima indicação de poemas!obrigada.
    destaque para “tabacaria” o melhor de Fernando pessoa Pessoa.

  • Anônimo

    Tenho esse livro do LFV… Gosto muito do poema Tu e eu. ;) Passei da fase de escrever poemas, sabe, Alexandre? Fico feliz em lê-los somente. Ao mesmo tempo, não consigo me desfazer dos que eu escrevi, mesmo sendo ruins.

    Lu, já eu devo confessar que descarto sem dor no coração mais da metade dos poemas que cometi na vida. E aqueles que vêm a público são constantemente reescritos, porque tem sempre alguma vírgula, estrofe ou palavra que precisa ser retocada.

  • http://geradorii.blogspot.com Ewaldy Marengo

    Cara, você até que é bom nisso… hhehe

    Gostei muito da forma desse pedaço:

    galáxias, sintaxes de sons de estradas,

    confusas lembranças que sibilam ferozes.

    fiquei um tempo repetindo mentalmente “galáxias, sintaxes de sons de estradas.”

    Muito bom..

    Valeu, Ewaldy. Sabe que eu fiquei escrevendo e reescrevendo esse verso, a fim de encontrar a sonoridade e o ritmo que eu buscava, com as vogais abertas e as aliterações devidas? Aquelabraço!

  • http://www.tavernadoorc.blogspot.com/ Seth

    Esse texto eu tirei do jornal A gazeta do Espírito Santo.
    Para que poetas em tempo indigente?

    Esse é o tema do Seminário do Museu da Vale, neste ano, para o qual não consegui me inscrever, pois não tenho ligeireza necessária nestes tempos de informática, em que o não afobado nem come cru, quanto mais cozido. Não sou da época das carruagens, nem dos bondes, mas cheguei a conhecer carro que só pegava com manivela habilmente manuseada e que se encaixava num buraco à frente do motor, que só pegava depois de alguns tiros. Só então, todos se amontoavam na boléia, que saía supimpa e garboso, adjetivos da época. Diríamos que sou analógico em oposição aos digitais de hoje.
    Pois é, nesse tempo já vivido, pouco mais de meio século de vida, conheci e li muitos poetas. O primeiro que me encantou foi Murilo Araújo, mineiro de Serro Frio, com “A Estrela Azul”, o primeiro livro de poesias que não só li, como decorei. Dedicado “à aplicada Maria da Penha”, minha irmã, quando ela concluiu o primário, em 1964, por sua professora, a comadre Anésia, mão do atual deputado Elion Vargas, foi minha iniciação poética. Depois, decorei poemas de Castro Alves e Gonçalves Dias, Fagundes Varela e Olavo Bilac. Mais tarde, aprendi a amar Cecília, Bandeira, Drummond, Murilo Mendes, João Cabral, Fernando Pessoa, Neruda, Elliot, Kaváfis e tantos outros. Há sempre um poeta e uma poesia para nos lembrar que somos gente, que temos alma e que não se vive só da matéria, pois “la vida es sueño”.
    Nunca precisamos questionar se havia ou não poetas ou por que os havia. Bastava conhece-los e ama-los. Hoje, em tempos “indigentes”, adjetivo derivado de “indigência” que significa não só “extrema necessidade material, penúria, miséria, pobreza”, mas também “falta, carência, necessidade, mediocridade intelectual e moral, desvalor”, de acordo com o Dicionário Houaiss, torna-se necessário discutir, em Seminário Internacional, o tema “Para que poetas em tempos indigentes?”
    Para pôr lenha na fogueira da discussão, e não da inquisição, vade retro, listo as músicas mais pedidas nas rádios capixabas, de acordo com o jornal A GAZETA: 1. “Fala” (Edson & Hudson); 2. “Fotos” (Victor & Leo); 3. “Dança do Créu” (MC Créu); 4. “Beber Cair e Levantar” (Marcelo Marrone); 5. “Fada” (Victor & Leo); 6. “Razão da Minha Vida” (Belo); 7. “Livre Para Voar” (Exaltasamba); 8. “Muito Além do Prazer” (Calypso); 9. “Que qui tem que qui tem”(sic) (Daniel); 10. “Não Tem Perdão” (Sorriso Maroto).
    Considerando-se que a música é o produto cultural mais consumido, ao lado da televisão, e diante do repertório e da “qualidade” desses cantores, o que só revela uma absoluta “indigência cultural”, haverá lugar para a poesia e os poetas no mundo atual?

    Francisco Aurélio Ribeiro
    [email protected]
    Jornal A Gazeta 19/02/2008

  • http://www.aventurasmacabeuzas.wordpress.com Caroline

    Parabéns pelo blog (devo ser o milésimo comentário que começa assim).
    Eu tive a pretensão de achar que poderia ganhar a vida escrevendo, felizmente isso aconteceu quando a pouca idade me dava licença para pensar no que quisesse.
    Também me atinge a saudade desses tempos, mas escrever anoninamente e para ninguém na net têm me feito bem feliz.
    Fantástica a lista de poemas, Tabacaria é a imagem da perfeição para mim.

    Obrigado, Caroline. Em tempos de monetização de blogs, muitos se esquecem que a mais gratificante remuneração são os comentários dos leitores. :P Também iniciei meu blog exatamente desse jeito, escrevendo simplesmente porque curto escrever, expor minhas idéias e pensamentos e, de alguma maneira, encontrar outras pessoas que de alguma maneira se identifiquem com os textos. Um abraço!

  • http://attu.typepad.com/universo_anarquico tina oiticica harris

    Dos poemas favoritos teus , alguns são também meus, mas não conheço os da língua anglo em português. Livro de poesia só vende mesmo em noite de autógrafo, é o que me dizem.
    Gosto muito do Poeta Laureado, Paulo Henriques Britto, com seus versos enxutos, secos, escritos quase que do prisma dos objetos. Você teria um post sobre a diferença de versos letra de música e versos de poesia, de verdade?

    Gosto mais deste poema que de “Língua”.

    Tina, ainda não escrevi nenhum texto falando das diferenças entre poemas e letras de música, mas gostei da pauta. Anotá-la-ei pra desenvolvê-la um dia. :)

  • Patrícia Köhler

    Aliás, falando em poesia e na Sara (que faz maravilhosos hai cais), lembrei que li esta notícia hoje sobre a origem dos Hai Cais e achei muito oportuna aqui neste seu post!

    http://www1.folha.uol.com.br/folha/podcasts/ult10065u376561.shtml

    Valeu pelo link, Pat! Meu avô, diga-se de passagem, foi um haikaísta premiadíssimo no Japão. De vez em quando arrisco a cometer uns, inclusive porque é um desafio fascinante tentar sintetizar um insight em apenas três versos e dezessete sílabas. Beijabraço procê!

  • Patrícia Köhler

    Ina, eu gosto demais dos seus poemas. Ficava mesmerizada com eles quando te lia em sites literários aqui e acolá.
    Aliás, que bom você recordar de nomes como Sara Fazib e Lau Siqueira. Ambos maravilhosos (e tive a sorte de ter poemas publicados com o Lau em muitas edições do Livro (Agenda) da Tribo. A Sara também apareceu timidamente em uma edição. Merecia mais destaque, ela é super talentosa (aliás, o nome dela não é Sara, tampouco o sobrenome é este… descobri depois por uma tia dela. :-)…)

    e.e. cummings é um dos meus poetas do coração.
    Uma Faca Só Lâmina é sublime.
    Nossa, só coisa boa neste seu post!
    :-)
    Ando lendo Michel Melamed e até lamentei ter esperado tanto pra ir atrás dele (já haviam me recomendado seus versos há um tempinho), você o conhece mais a fundo? Se não, fica a dica. ;-)

    Oi Pat, brigadão pelo feedback. Não li nada do Michel Melamed ainda. Tô esperando a vida dar um sossego pra que eu consiga botar as leituras em dia, mas quem disse que Vida tem tecla “pause”? Anyway, valeu pela dica!

  • http://www.cozidocompapricas.com Natanael Mahon

    Lembrai que há vinagres balsâmicos, deliciosos… Compartilho absolutamente de tua lista de versos! Só não li Larkin e só sinto falta de Ferreira Gullar. Me permite uma rapidinha dele?

    PINTURA

    Eu sei que se tocasse
    com a mão aquele canto do quadro
    onde um amarelo arde
    me queimaria nele
    ou teria manchado para sempre de delírio
    a ponta dos dedos.

    Reintero minha admiraçao…Grande abraço!

    Lembrança muito bem-vinda do Gullar, Natanael. Meu poema predileto dele (e de 90% dos leitores) é “Poema Sujo”. Um abraço!

  • http://incendioacidental.blogspot.com Pablo Pamplona

    Sei que meu pai fazia parte dessa lista há bons tempos (não tenho certeza se ainda participa)… Nathan de Castro. É da sua época? Procura, que garanto boa leitura ;)
    (eu sei, isso soou como jabá nepotista)
    abs,

    Pablo, não lembro do seu pai na lista, mas seria bacana visitar o blog dos Poetas Lusófonos, que linka todos aqueles que participavam da Escritas na época. Um abraço!

  • http://www.mybends.blogs.sapo.pt henrique haddefinir

    Blog turbinado!! Modificações feitas. Atualização diária. Tenho chances de entrar nessa lista??

    Se você mantiver o hábito de deixar comentários off-topic com o intuito único de divulgar seu blog e não comentar nada que seja relacionado a um post, difícil…

  • http://isahsf.blogspot.com/ Isa

    Uma vez poeta, sempre poeta.
    Seja guardando estes maravilhosos versos para si, ou postando para as pessoas que sabem apreciá-los, o importante é que eles agradem o autor.
    Os poemas são como filhos, e sentimos orgulho deles, não é?
    Estou adorando este espaço com seus pensamentos. Parabéns!
    Abraços!

    Isa, às vezes os filhos são rebeldes, outros são pródigos, e ainda há alguns sobre os quais hesito em reconhecer a paternidade. ;)

  • http://kafkanapraia.blogspot.com karen

    Nem um poema da Emily Dickinson? :(

    Tenho orgulho de ser uma leitora de poesia (e de pecar contra ela em meu tempo livre! rs)

    Abraços!

    Karen, se eu fosse citar todos os poetas que aprecio (só pra ficar em mulheres, ainda teria que falar da Elizabeth Bishop, da Mariane Moore, da Hilda Hilst, da Adélia Prado…), o post não teria fim.

  • http://jornalistaterraqueo.blogspot.com Luís Pereira

    ótimo post. Lindo poema. Ina, vc deve conhecer, mas, se não, dê uma lida no poema Esperança, de Vicente de Carvalho. De tanto que eu gosto até publiquei no meu blog.

    Um belo soneto sem dúvida nenhuma, Luís. Aliás, soneto é uma forma de poema que eu aprecio bastante, e admiro poetas que se especializaram no formato, como Tite de Lemos, Glauco Mattoso e, claro, Camões. Um abraço!

  • http://deprofundis7.blogspot.com Taina

    quando eu tinha quinze anos eu escrevia mais do que hoje.
    Hoje eu li o que eu escrevi há dois anos, ou ano passado… e tive vergonha
    awhawhhawhawhawhawhahw
    desses todos escritos, um eu achei válido. :)

  • Anônimo

    poxa, esse seu lado poeta foi uma revelação pra mim. ei, será que a gente já se cruzou na FFLCH? também fazia letras lá nessaa época e também abandonei, heheh

    beijo!

    Simone, freqüentei as salas de aula da FFLCH entre 1991 e 1993 no período noturno. De repente… Em tempo: e você, não tem uns versos escondidos nalgum bojo por aí?

  • http://olderchests.wordpress.com Kash

    Lindos versos…
    Me fez ter vontade de estar loucamente apaixonada…

    As sugestões de poemas são perfeitas..

    bjos

  • http://fredmatos.multiply.com/ Fred Matos

    Alexandre, velho amigo, que sabe e saboreia a loucura intrínseca que se abriga na racionalidade. Você me emocionou além das medidas e apenas a sua generosidade pode explicar citar-me. Para agravar o quadro de comoção (devia haver lei proibindo isso) o Catatau aparece e diz que as minhas poesias são maravilhosas: deve ser tão louco quanto você, que, como para confirmar a anomalia mental, afirma, na maior cara de pau, que não é poeta e, para desmentir, ou confundir os incautos, deixa um poema de fazer inveja a qualquer versejador fajuto como este teu amigo.
    Obrigado, querido.
    Abraço grande e forte.

    Grande Fred, é muito bom vê-lo por aqui. Quanto à tua citação, ô rapaz, é o mínimo a fazer como agradecimento pelos poemas de sua autoria que eu tive o prazer de ler! U baitabraço!

  • Lah

    Mto bom o post!!!
    Gostei das poesias, as recomendadas são mtos legais!!! :D
    *sempre em tempo:
    Parabéns pelo sucesso do blog! \o/
    :*

  • http://catatau.blogsome.com catatau

    O rizoma.net é um pouco mais recente que esses outros. Mas a boa notícia é que, após os acontecimentos que o levaram a sair do ar, olha lá ele de volta. Muito bom!

    ;))

    Catatau, de fato foi bom ver o Rizoma de volta. Mas o seu comentário me fez pensar no monte de sites bacanas que foram saindo do ar ao longo dos anos, como se a internet fosse uma velha desmemoriada que sequer trapos deixa, na volatilidade do meio. E só através do Archive.org é que ainda é possível resgatar as memórias de sites como Falaê, Exquisite, revista Gonzo, Puta que Pariu e no.. Outros ainda tem registros no Geocities velho de guerra, como o Cardosonline. Há outros que deixaram de ser atualizados, como A Fábrica. E há muitos outros que infelizmente sumiram na poeira virtual em definitivo.

  • Brisa

    Sei não, estou achando meio difícil esse vinho se contentar em virar vinagre, assim tão facilmente.
    Posso até estar enganada, mas quando velhos amigos se reencontram…coisas acontecem.
    Não tive coragem de comentar o post anterior(assumo de cara limpa), eu terminei de ler entre lágrimas…Algumas músicas e histórias me deixam sem fala.
    Mas este post não pode passar em branco.O poema então, merecia uma vida inteira pra se comentar.De imediato só posso deixar expresso que “só você sabe dizer tudo aquilo que sempre quis ouvir”.
    Ahh, eu venho aqui só pra andar descalço!
    Um milhão de bjos dessa fã que se derrete toda a cada linha lida.

  • http://catatau.blogsome.com catatau

    Salve Inagaki!

    Conheci o Fred Matos pelo Multiply, e inclusive tenho um livro dele. Há algum tempo não acompanho as poesias dele, mas são maravilhosas, recomendadíssimas!

    Quanto a 10 anos atrás na net, vc também conhecia sites como o tristessa, o informarte, ou o passenger? Penso que ali ferviam reflexões sobre o hipertexto, algo que poderia ensinar muito às tão calejadas discussões de hoje em dia sobre blogs e monetização…

    Catatau, naqueles tempos sites como todos os que você citou e mais o saudoso Rizoma.net traziam discussões para a Web que infelizmente são ofuscados pelos quiproqüós tautológicos que ninguém com bom senso não agüenta mais acompanhar.

  • http://herikamiya.blogspot.com/ Herika

    Que lindo poema, aliás fui xeretar seus poemas e adorei todos (ou quase todos) rsss…
    Uma surpresa gostosa encontrar um rapaz tão assumidamente romântico.
    Com certeza seu sonho de viver de suas escritas não está muito longe de se realizar.
    Bjs!!!

  • http://blogdopedrox.wordpress.com/ Pedrox

    Realmente é muito triste ver a poesia enquanto arte marginal. Estereotipada como coisa de emo ou de vagabundo maconheiro. Eu acredito que você não é nada disso (ou seria um japonês emo vagabundo que dá uns tapas na pantera?) Piadinhas sem graça a parte, gostei bastante dos teus poemas… especialmente aquele do futebol.

    P.S.: Tenho um tio poeta que decidiu apresentar sua obra num blog também: http://www.paesloureiro.com vale dar uma olhadinha lá.

    Pedrox, valeu pelo link para o Blog do Paes Loureiro. É sempre bom encontrar pessoas que apreciam poesia. Nem que sejam emos. :P

  • http://www.asletrasdasopa.blogspot.com marie tourvel

    É sempre bom ler poesia. E “numa hora dessas”, torna-se imprescindível. A sua é ótima. Cito Baudelaire e Auden.
    Quem merecia respeito, a lista ou a Veja? Ou as duas?

    Marie, eu diria que as duas. Aliás, sobre a lista de mais vendidos da Veja, recomendo a leitura de um artigo no qual o Luis Nassif fala especificamente sobre as mudanças dos critérios para a sua elaboração que privilegiaram um editor da revista.

  • http://www.tanztheatre.blogspot.com Quelma

    Olá Alexandre,

    Infelizmente temos mais “escritores”, que leitores…se bem que sou dessas que se mete com as escritas, mas sem abrir mal do belo hábito de ler…sempre.

    Adoro teu blog.

    Beijo

    Quelma, sei que, depois que fiz Letras na USP e passei a estudar os escritores de verdade, como Julio Cortázar, Charles Baudelaire e Federico Garcia Lorca, preferi deixar a literatura aos mestres de verdade. Contento-me com o blog mesmo. Um beijo e obrigado pelo comentário.

  • http://www.torcidaflamengo.net Thiago

    fala cara, blz.

    muito bom o seu poema cara. tem um amigo meu que escreve e é muito bom tb, abaixo segue o end. do blogue dele:
    http://barcaf.blogspot.com/

    esse ‘em algum lugar onde nunca estive’ é fascinante, confesso que me deu um frio na barriga enquanto eu lia.

  • http://www.oblogdadri.blogspot.com Dri

    “Tabacaria” é o meu poema preferido da vida, mas achei engraçado você ter falado do “Uma faca só lâmina”, porque li e reli esse poema essa semana e acabei postando no meu blog ontem.
    Abraço.

    Dri, isso mostra que você tem ótimo gosto. :P Um beijabraço!

  • http://[email protected] Conceição Oliveira

    Querido Alexandre bom te ter, bom te ler novamente:

    “Leio nas entrelinhas do teu sorriso
    rumores, canções que falam em pássaros.”

    Bonito ouvir teu código secreto das estrelas.

    A Frô anda eclética nesses onze anos de rede: no mariafrô é um blog essencialmente político; a poesia e a prosa deixei guardadinhas no Puxadinho da Frô (http://www.afroditefro.multiply.com) e para a História e ensino de história (http://www.historiaemprojetos.blogspot.com)
    Estamos te esperando lá no poetas-lusofonos, tens a chave da porta da frente.
    beijos imensos

    Parabéns pela iniciativa em reunir o pessoal novamente, Frô. E obrigado pelo convite! ;)

  • http://groselha.wordpress.com Bia Cardoso

    Essa poesia me lembrou uma música dos Paralamas chamada “nebulosa do amor”.
    E ótima lista de poemas, gostei bastante e recomendei aos amigos.

  • http://leitedecobra.blogspot.com/ Kenia

    Por que você não promove um concurso de Poesia aqui no blog?
    Como prêmio, sugiro a compilação dos melhores poemas do Inagaki. :P

    Beijo.

    Kenia, sem falsa modéstia, não creio que essa compilação seria das melhores. Um poeta precisa ter senso crítico e superego afiado, e eu te confesso que muita coisa que escrevi no passado felizmente não chegou às livrarias. :roll: O negócio é deixar a Poesia com quem realmente sabe escrever. :D

  • http://naldus.spaceblog.com.br/ Naldus

    Poesias, poesias…

    penso que o que falta mesmo na nossa vida é um pouco mais da sensibilidade poética e a falta de ibope da poesia é um indício disso…

    adorei seu post!

    se tiver curiosidade, pode dar uma olhadinha no meu site, não tem muita coisa lá, só um punhadinho de letras jogadas ao acaso!

    http://br.geocities.com/casatau/

    paz e bem!

    Naldo Costa

    Valeu pelo link, Naldo. []‘s!

  • Diego Goes

    Opa Inagaki,

    também adoro esta poesia de e.e. cummings. Zeca Baleiro fez uma versão super bacana dela (N´algum lugar), no álbum Líricas. Eu recomendo a você.

    Abraços!

    Diego, conheci esse poema de cummings quando assisti a “Hannah e Suas Irmãs”, do Woody Allen. Já ouvi essa música do Zeca, mas o marco audiovisual para mim é mesmo a cena em que a personagem da Mia Farrow lê esses versos. :D

  • http://www.nossanoite.com.br/divadomasini Masini

    Inagaki!

    Você é um poeta. Eu, por exemplo, quando me atrevo a criar algum versinho, eu peço mil perdões aos poetas, vivos e mortos.

    abraços

    Masini, às vezes sou obrigado a ajoelhar no milho por desrespeitar a memória de poetas de verdade como Baudelaire, Rimbaud, W. H. Auden e Rainer Maria Rilke. XX(

  • http://www.digestivocultural.com Verônica Mambrini

    Inagaki, só para nadar contra a corrente, nunca comento os posts, mas esse está especialmente terno e delicado. Gostei do seu poema, sensorial e flutuante.
    Torço para ver mais deles por aqui.

    Verônica, obrigado pelo feedback generoso. De vez em quando publicarei uns versos por aqui. Um abraço!

  • http://diariodelaoxitocina.blogspot.com Cíntia

    Como diz uma embalagem de chocolate que eu ganhei: “A verdadeira poesia faz com que aconteçam coisas” (traduçao livre do espanhol).

    Acho que poesia e filosofia fazem tanta falta nos dias de hoje que para mim aí está a explicaçao para tamanha busca de livros de auto-ajuda. Como a sociedade rejeita os pais, acaba ficando com os bastardos…

    De métrica, sinceramente, nunca entendi muito bem, assim como nunca consegui aprender a tocar nada por achar um crime “destripar” uma música em pontinhos e tempos. Mas adoro poesia e música, e já assumi que nasci para ser só admiradora dessas duas disciplinas.

    Obrigada pela indicaçao dos poemas do fim do post, o de “algum lugar onde nunca estive” é um dos meus preferidos,e Joao Cabral de Melo Neto tem um jeito especial de usar as palavras que sempre envolve…

    Abraço

    Cíntia, para mim João Cabral de Melo Neto é o melhor poeta da língua portuguesa de todos os tempos.

  • http://ateiadaaranha.blogspot.com José Félix

    alexandre

    o regresso, por muitas recordações que nos façam lá ir, nunca é um ponto de chegada; é um ponto de partida. e, talvaz daqui, se a solidariedade, mesmo que virtual, nos emprestar alguma dignidade, respeito e disponibilidade, traçaremos novos e outros caminhos.
    como você nota, e muito bem, há mais poetas que leitores. a poesia não tem público desde o renascimento que o liquidou definitivamente. a poesia é um entretenimento doloroso do pensamento e muitos não estão dispostos, sequer, a pensar para ler o que quer que seja ou esteja relacionado com o discurso poético.«você é poeta? ah, você anda sempre na lua», é o que dizem. mal sabem eles que o poeta é o homem que tem os pés mais bem assentes em terra.
    um abraço pela memória que trouxe aqui e pela consideração que o meu nome teve em ser mencionado.
    bem-haja.

    josé félix

    Caro Félix, a citação era mais do que obrigatória a alguém que foi o criador de uma das melhores e mais gratificantes listas de discussão das quais participei. Um abraço d’além-mar!

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
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