Pérolas do Big Brother Brasil - o Febeapá dos nossos tempos
Por Alexandre Inagaki ≈ domingo, 05 de fevereiro de 2012
Imagine câmeras de TV registrando tudo que você faz e fala durante as 24 horas do seu dia a dia. Do momento em que você acorda, ainda com o cérebro em estado de zumbi, até a hora em que você capota na cama feito um saco de batatas. Ninguém consegue ser inteligente, espirituoso e sagaz o tempo todo. E é por isso que dou um certo desconto às declarações que certos participantes do Big Brother Brasil fizeram durante o período em que estiveram confinados neste Show de Truman global.
Vocês acham que eu não penso, mas estão enganados. De vez em quando eu penso um pouco, sim.” (Maria, BBB11)
Ok, é certo que nem todos ficaram notabilizados por sua vasta bagagem cultural (que caberia numa nécessaire na maior parte dos casos), mas proponho um exercício de reflexão: como ficaria a sua imagem pública se microfones e câmeras registrassem todas as asneiras, abobrinhas, xingamentos e pensamentos em voz alta que qualquer um de nós profere ao longo de um dia?
De qualquer modo, é inegável o legado de bobagens que as 11 edições anteriores do BBB perpetuaram na história da televisão brasileira. E não poderia haver nome mais apropriado que Pablo Peixoto, autor do livro Calaboca Galvão (que compila o melhor dos bordões ufanistas e metáforas extravagantes do grande gladiador da locução televisiva tupiniquim) e do videocast Qu4tro Coisas (sobre a boa e velha cultura pop), para esmiuçar as maiores pérolas cometidas pelos 169 ex-integrantes das 11 primeiras edições do Big Brother Brasil.
E assim, com a autoridade de quem acompanha o reality show desde os tempos do BBB de várzea, do BBB de raiz, no qual Marisa Orth dividia a apresentação com Pedro Bial, Pablo Peixoto lançou o livro Como Assim, Bial?. No qual comenta, sem a menor condescendência, falas cometidas por figuras como Kleber Bambam, Leka (a participante do BBB1 que criou o bordão que dá nome ao livro), Solange “Iarnuou”, Talula, Eliéser e Tati Pink.
Refresque sua memória (ou não) com a galeria de imagens a seguir, relembrando algumas das figuras que marcaram as edições anteriores do Big Brother Brasil:
As 96 páginas de Como Assim, Bial? soam modestas, porém, se resgatarmos toda a corpulência de bobagens pronunciadas diante das câmeras globais. Se o Pablo tiver a pachorra de pesquisar mais a fundo o arquivo de todas as edições, creio que terá material para produzir pelo menos mais dois volumes.
Seguiria, assim, o bom exemplo de Sérgio Porto, a.k.a. Stanislaw Ponte Preta, que em 1966 publicou o primeiro dos três livros da série FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assolam o País). Sérgio dispunha de farto material para trabalhar; afinal, morava num país cuja realidade por vezes é mais inverossímil que a mais aloprada das ficções. E, assim, reuniu nas três edições do seu FEBEAPÁ declarações como a de Ibrahim Sued, que, ao anunciar sua participação em programa de TV, vaticinou: “Estarei aqui diariamente, às terças e quintas.” Ou o marcante pronunciamento do deputado Feu Rosa, que citou de memória (inventada ou não) esta declaração de Napoleão: “Dizia muito bem Napoleão Bonaparte: com a espada pode-se fazer tudo, menos sentar-se sobre ela.”
Enquanto aguardo o próximo volume do FeBBBBeapá, recomendo que vocês vejam o episódio do Qu4tro Coisas dedicado ao universo dos reality shows.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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