Os Macacos do Museu Britânico, de Nelson Moraes
Por Alexandre Inagaki ≈ quarta-feira, 29 de setembro de 2010
E eis que finalmente um dos melhores autores de blog do país, o grande Nelson Moraes, tomou vergonha na cara e lançou o seu primeiro livro, organizado por Marconi Leal e editado pela Os Viralata. Um alento para a combalida literatura brasileira, que desde o anúncio da biografia de Geisy Arruda estava precisando receber uma boa notícia.
Sobre os textos do almirante Nelson, disse Fal Azevedo: “O Nelsim tem essa capacidade incrível, esse talento quase imoral de fazer qualquer coisa e nos mostrar ali o que há de ridículo, de humano, de falível. Ele desconstrói (pra usar verbim da moda), unta as peças e refaz, dum jeito novo e fresquinho, surpreendente, inigualável. O humor dele é o humor dos grandes, tem pouca gente no mundo que faz o que ele despeja nas nossas cabeças dum jeito tão generoso, tão displicente, tão genial. Mesmo no deboche mais rasgado do Nelsim há ternura e isso, pra mim, fala muito do homem que ele é.”
E Idelber Avelar, no post que dedicou ao genial blog do Almirante, declarou: “Nelson Moraes talvez seja o único blogueiro brasileiro a ter inventado um gênero. O que você lê em Ao Mirante, Nelson! não é microconto, não é poema em prosa, não é fait divers. É um gênero próprio, burilado ali, algo para o qual ainda não há nome e que poderíamos chamar de post elevado à condição de arte.”
Assino embaixo, em cima e dos lados das palavras do Idelber e da Fal. Quem acompanha o blog do Nelson ou, mais recentemente, segue seu perfil no Twitter, sendo brindado com doses concentradas de wit (exemplo: “Variação mais perversa do Boa Noite Cinderela: você acorda numa banheira cheia de rins e descobre que roubaram o gelo de seu uísque.”), já sabe que coisa boa vem aí. E, para convencer de vez meus leitores a adquirirem seus exemplares de “Os Macacos do Museu Britânico”, pedi ao Nelson para que ele me permitisse reproduzir um de seus textos aqui. Leia a seguir, pois, uma amostra do livro do ano.
O STAND-UP DE MACHADO DE ASSIS
(…) Quer dizer que em setembro agora faz um século que eu morri? Bem que estranhei o silêncio prolongado: achei que estava era faltando assunto na última reunião da Academia Brasileira de Letras (risos). Aliás, falando na Academia, depois que aquele cirurgião plástico e aquele político maranhense se elegeram lá é que fui ver que meus primeiros sonetos não foram a coisa mais execrável que já criei (risos). Pensando bem, essa é a melhor maneira de um mulato ingressar numa academia sem recorrer ao sistema de cotas: fundando uma! (risos) E não, não procede a tese de que escrevi Memórias Póstumas de Brás Cubas para inaugurar o realismo brasileiro. Na verdade foi laboratório para poder tentar o circuito de stand-up comedy cem anos depois de morto (risos). É que eu tenho que defender uns caraminguás, ora: o que vocês fariam se sua obra caísse no domínio público? (risos) E já estou pressentindo um ou outro aí na platéia impaciente para saber se afinal de contas aquela minha mais famosa personagem foi fiel ou não. Não vejo o porquê do mistério: evidente que foi! O cão é o melhor amigo d… Ah, não é do Quincas Borba que vocês falavam? (risos) E, sim, ouvi dizer que o Harold Bloom me incluiu entre os maiores escritores de todos os tempos. Bom, lista feita por um judeu e que inclui um mulato não é lista: é cardápio para skinheads (risos). Como? O que acho dos filmes baseados em minhas obras? Olha, vi todos e se reforçou mais ainda aquela certeza sobre meus primeiros sonetos, sabe? (risos) Ah, e uma recomendação: quando seus filhos forem fazer pesquisa escolar sobre aquele consagrado membro da ABL conhecido como bruxo e que ostentava um cavanhaque grisalho, expliquem que não, não se trata do Paulo Coelho! (…)
P.S. 1: Confira um vídeo no qual a crítica especializada analisa o livro de Nelson Moraes. Ah, e não se esqueça de encomendar seu exemplar!
P.S. 2: Este blog permanece num ritmo errático de atualizações, inclusive porque esqueço de avisar quem me acompanha por aqui das colunas que escrevo para o Yahoo! ou de entrevistas como as que dei para o Movebla ou o site do jornal O Povo. Ê lerê. Mas, ó, todos os links são postados na fan page do Facebook. :)
P.S. 3: Você tem até o dia 7 de outubro para se inscrever no TEDxAmazônia. Eu, que estive no TEDx São Paulo e saí de lá com milhões de ideias ricocheteando na quadra de squash do meu cérebro, posso dizer com tranquilidade: será um evento antológico.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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