Não verás país como este

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Vaticinou o jornalista Alexandre Maron em seu blog: “O país que não consegue nem controlar a febre amarela não podia saber fazer coisas simples como ter juízes que soubessem julgar. A todo momento surge um juiz posando de educador, de médico e querendo impor decisões a respeito de assuntos sobre os quais claramente não estudaram nada”. Meu xará refere-se à estapafúrdia decisão judicial que proibiu os jogos Counter Strike e EverQuest em todo o país.

Segundo a justificativa publicada no site do Procon de Goiás, os games foram considerados “nocivos à saúde dos consumidores”. A nota afirma ainda que são jogos “capazes de formar indivíduos agressivos”. Tsc, tsc. Irritante essa mania que a Justiça brasileira possui de se intrometer em assuntos que desconhece solenemente, tal como no infame episódio em que o blog Imprensa Marrom foi tirado do ar a mando judicial por causa de um comentário deixado por terceiros. E que besteira é essa de transformar videogames em bodes expiatórios da violência no Brasil, como se a histórica desigualdade social no país, a responsabilidade das famílias na criação de seus filhos ou a inapetência do governo em prover educação de qualidade não tivessem nada a ver com essa história?

A proibição dos jogos foi uma decisão tão patética que, como não poderia deixar de ser, virou motivo de sarcasmos generalizados na internet. No Twitter, Jonny Ken especulou o que virá pela frente: “Juiz condena jogador de Counter Strike em 132.234 anos de prisão por matar 4.407 jogadores on line em 4 anos”. No post “Prendam-me! Eu sou um maldito jogador de videogames!!!!”, GraveHeart relembra precedentes de proibição de jogos no Brasil: “Toda censura é burra, idiota e irresponsável. No passado, Carmageddon e Grand Theft Auto foram proibidos. Houve redução na criminalidade? Sabemos que não”. Mateus, comentarista do blog GeekGear, resgatou o caso do juiz Pedro Percy Barbosa de Araújo, que covardemente assassinou o vigia de supermercado José Renato Coelho Rodrigues com um tiro na nuca, pelas costas, questionando: “Será que esse juiz jogava Counter Strike ou EverQuest???”.

Perguntar não ofende, algumas respostas sim: será que todo jogador de Super Mario Bros. sai por aí pulando em cima da cabeça dos outros, esmagando cogumelos e tartarugas com seus saltos?

* * * * *

“Nunca passou pela cabeça de Almir Rodrigues da Cunha que alguém pudesse morrer assim, de repente, de algo tão raro. Mesmo viajando sempre para áreas de risco, nunca tomou vacina contra a febre amarela”. Assim Willian Vieira, repórter da Folha de S. Paulo, inicia seu texto que traça o perfil de uma das oito vítimas fatais, até o presente momento, de uma doença tropical que há muito já deveria ter sido controlada.

Casado e com duas filhas, Almir passou os feriados do final do ano de 2007 com a família no interior de Goiás. Retornou a Maringá, cidade paranaense onde trabalhava como empresário, no dia 1º; cinco dias depois, estava internado em uma UTI, sofrendo do que os médicos acreditavam tratar-se de uma virose. No entanto, na segunda-feira, dia 7, aqueles que testemunharam sua agonia viram-no lutando contra uma paralisia que o impedia até de segurar um simples copo. Na madrugada do dia 8 para o dia 9, Almir morreu por falência múltipla dos órgãos, aos 47 anos de idade.

Por intermédio de um texto, Almir Rodrigues da Cunha deixou de ser uma estatística de saúde para se tornar uma pessoa.

* * * * *

No dia 30 de novembro de 2007 a artista suíça Mona Caron, atualmente residente em São Francisco, EUA, participou da Bicicletada, movimento que reúne mensalmente usuários de veículos não-motorizados, que se encontram com o objetivo de reivindicar seu espaço nas ruas e o direito de andar com tranquilidade pelas cidades onde moram. Na ocasião, Mona desenhou um painel na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, ilustrado por uma bicicleta alada.

Esse grafite, como mostra a foto abaixo, que encontrei no excelente blog Apocalipse Motorizado, não existe mais. No lugar da arte urbana, restou um muro cinza e estéril.

O registro fotográfico de dezenas de grafites injustificadamente apagados por uma administração municipal incapaz de distinguir publicidades irregulares de artes urbanas está disponível no Flickr de Mundan8. Curiosamente, um muro pichado ainda permanece intocado pelas tintas cinzas da prefeitura. Por que será?

Em tempo: a próxima Bicicletada em São Paulo ocorrerá no aniversário da cidade, no dia 25 de janeiro. Visite o site do movimento para informar-se melhor sobre o evento e sobre como fazer para lutar em prol da qualidade de vida nesta barafunda urbana.

* * * * *

Em dezembro de 2007, o programa internacional de avaliação de alunos da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) avaliou alunos de 57 nações. Os brasileiros obtiveram a 48ª posição em leitura, a 52ª em ciências e a 53ª posição em matemática.

Matéria de hoje de Eduardo Scolese para a Folha de S. Paulo também revela: um em cada cinco jovens brasileiros entre 18 e 29 anos que vivem na zona urbana abandonou a escola antes de completar o ensino fundamental, segundo trabalho feito pela Secretaria Geral da Presidência da República com base em pesquisa de 2006 do IBGE.

E no entanto, há quem aja como se as responsabilidades pelas chagas deste país pudessem ser atribuídas a grafites e videogames.

* * * * *

Em tempos idos, escreveu Olavo Bilac (1865-1918): “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! Não verás nenhum país como este!”. Hoje, sou obrigado a botar mais fé nos versos que Antonio Carlos Ferreira de Brito, o Cacaso (1944-1987), escreveu nos anos 70: “Ficou moderno o Brasil/ Ficou moderno o milagre/ A água já não vira vinho/ Vira direto vinagre”.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • http://www.flickr.com/photos/artetude MUNDANO

    da licença Alexandre,
    bacana o blog e valeu pela referência.

    as ruas de São Paulo são cinzas.
    as calçadas de São Paulo são cinzas.
    os prédios de São Paulo são cinzas.
    a poluição de São Paulo é cinzas.
    o céu de São Paulo está cinza,

    porque não colorir os muros?

    a discução é muito mais ampla que isso, estou apenas fazendo um questionamento simples.quem quiser discutir é só chegar!

    [email protected]

    link para uma intervenção sobre um letreiro de propaganda política do nosso querido ex-prefeito Celso Pitta
    http://www.flickr.com/photos/artetude/1799494397

    “cidade limpa de políticos corruptos”

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  • http://s1.br.gladiatus.com/game/c.php?uid=53997 Linx, o gladiador

    Esses juizes que proibem jogos eletrônicos pensando que os jogos influenciam a cabeça da garotada não tem razão.
    Se eles estivessem certos, a garotada que cresceu jogando Pac Man, hoje estaria adulta, escutando um som repetitivo, dentro de um quadrado escuro e cheio de corredores, enquanto come uns comprimidinhos.
    Qualquer semelhança com uma rave é mera coincidência.

  • Felipe

    Envergonho-me!

  • Sivas

    Olha se o Super Mario for analisado mais a fundo, devia ser proibido tbem, o sujeito faz uso de cogumelos para aumentar sua força, poderia ser enquadrado em apologia a drogas. Pisa em tartarugas fica claro o crime ambiental. E tem tbem o koopa que é um dos sequestradores mais famosos dos games, sempre pega a princesa a força, imagino que seja para algum crime sexual.

  • Arthur Azevedo

    Antes desta ‘epidemia’ de febre amarela, você sempre encontrou facilmente as vacinas em qualquer posto de saude (para quem mora no norte e centro oeste) ou aeroporto.

    Após ver que sua vacina venceu (lembrando que a renovação deve acontecer a cada DEZ ANOS), você bastava tomar novamente a dose.

    Ou seja: A vacina sempre existiu e com muita facilidade!

    Temos que lembrar que o Brasil não é cercado por uma redoma de vidro. Existem certos lugares que a fronteira é uma rua ou um rio, e nestes outros paises não existe estrutura suficiente para vacinar a sua população.

    “…de uma doença tropical que há muito já deveria ter sido controlada…”

    Vamos lembrar da vacina contra paralisia infantil, onde o brasil é exemplo mundial de campanha de vacinação e a doença foi erradicada há 20 anos atras. Nem mesmo assim o pais deixou de fazer campanhas porque a doença ainda existe em outros paises.

    O Brasil é um pais ruim? Até pode ser… mas comparado a outros na própria américa do sul, aqui é primeiro mundo!

    Arthur, as mortes recentes causadas por febre amarela poderiam, sim, ter sido evitadas se, do mesmo modo que turistas são obrigados a serem vacinados quando viajam para países como as Guianas, o mesmo fosse feito a quem fosse a certas regiões de Goiás. Além disso, as vacinas são válidas por dez anos, facilitando o controle da doença. Se fosse repetido o mesmo bom exemplo das campanhas contra a paralisia infantil, com farta divulgação na TV e postos de saúde sobre a doença, não estaríamos lamentando nem as mortes por febre amarela, nem os casos de pessoas que tiveram de ser internadas em hospitais devido à superdosagem da vacina. E o nosso modelo de comparação não deve ser a América Latina, e sim países onde doenças ainda mais maléficas, como a varíola, já foram devidamente sanadas. Há sempre o que aprimorar.

  • Fernando Gilliatt

    Por favor, será que o nobre blogueiro poderia me explicar como se acaba com o mosquito que transmitiu a febre amarela pra essa enormidade de cerca de 10 pessoas que estiveram nas matas? Talvez acabar com as matas? Ou esquadrões de mata-mosquito? Acho que uns 500 mil já dava pra começar né?

    Infelizmente por causa de pessoas irresponsáveis como você que inventaram a epidemia, as vacinas acabaram pra quem realmente precisa e os casos de super-dosagem já superam em muito os casos de febre amarela.

    Ás vezes eu acho que aquela campanha do Estadão era muito boa!

    Fernando, em nenhum momento deste post eu utilizei a palavra “epidemia”. Aliás, muito pelo contrário, em uma das minhas respostas aos comentários escrevi o seguinte: “a falta de maiores esclarecimentos sobre a doença, a vacina e os efeitos colaterais de uma superdosagem já fez com que dezenas de pessoas fossem parar em hospitais por terem sido desnecessariamente vacinados em intervalos de poucos dias. Noticiários catastroficamente alarmistas em jornais e TVs, junto com a inexistência de um trabalho mais eficaz do Ministério da Saúde em informar decentemente a população brasileira sobre a doença, deram nisso”. Ou seja, se você leu algo a respeito de “epidemia”, certamente não foi aqui. E não vou repetir o que já disse a respeito da doença poder ser eficazmente controlada graças a vacinas que têm 10 anos de validade, porque você provavelmente contestará isso com algum argumento “brilhantemente irônico” do tipo “vamos queimar as matas”. Portanto, se você é burro, ignorante, mal intencionado ou as três coisas ao mesmo tempo, creio que da próxima vez serei obrigado a fazer um desenho especialmente dedicado a nobres analfabetos funcionais incapazes de fazer interpretação de textos, que deixam comentários afirmando asneiras a respeito de blogs.

  • http://contosderpg.wordpress.com Tsu

    Palhaçadaa este lance do Counter Strike. Só num país de falsos moralistas para isso acontecer…vai proibir RPG agora também pq é coisa do demônio

  • Carol Brozzon

    Bem, desculpem-me pela ignorância, mas mesmo proibida a venda desse jogo não é possível o compartilhamento através desses programas como kazaa, soul seek, etc? Essa coisa de proibir em tempos em que tudo está disponível na web é um poucom complexo…. não?
    De qualquer maneira discordo de qualquer tipo de censura baseada nesses argumentos.
    Quanto à febre amarela… ela alarma por estar na mídia, mas a verdade é que a inépcia das autoridades sanitárias vai muito além desse circo…
    Na área em que atuo por exemplo (saude animal) milhares de cães estão sendo sacrificados em virtude de uma epidemia de leishmaniose, que é uma zoonose (doença que atinge animais e humanos)sem que qualquer alarde seja feito. Esperaremos pessoas começarem a morrer de leishmaniose para encarar de frente a questão do controle….
    Num país onde verbas para a saude foram destinadas a sabe-se lá o que, no dia em que os agentes de saude do centro de controle de zoonoses tem veículo, não tem gasolina, no dia em que tem gasolina o veículo está quebrado e quando por milagre dos céus o veículo funciona e tem gasolina, falta o funcionário que entrou de férias… esse país é mesmo uma piada…

    Pois é, Carol. Não dá pra impedir que os jogos censurados deixem de circular livremente pela internet. Mais um motivo para qualificar a decisão judicial como estéril, inútil e nonsense. E o caso que você cita, dos cães com leishmaniose, mostra outra faceta decepcionante deste país: não há prevenção, apenas incêndios que são apagados quando eclodem aqui e acolá. Uma piada, sim; mas de péssimo gosto.

  • http://www.horaextra.net Guilherme Vieira

    Do jeito que tá, o próximo passo é proibir a brincadeira de polícia e ladrão para crianças, já que instiga a “violência” e tem o mesmo conceito de CS, não!?

  • http://amortescimento.blogspot.com/ Thomaz

    Bom lembrar também do romance distópico de Ignácio de Lyola Brandão, “Não Verás País Nenhum”.
    Apesar de nossa aventada responsabilidade ambiental, continuamos poulindo, desmatando, desperdiçando… será que nosso Governo não dá mesmo uma dentro?

  • http://www.clubdohardoware.com joca

    Bom lamentavelmente o Gilberto Kassab ( que nunca Sabe desculpe o trocailho)
    Nao consegue mais esconder que deseja se reeleger na verdade disputar uma campanha de verdade por que sempre foi sombra de alguem!
    Partindo desse principio acho que a prefeitura de sao paulo deveria multar o Kassab que nunca sabe sobre pixar muros kkkkkkkkkk
    [ ]s

  • S.

    “nocivos à saúde dos consumidores” “capazes de formar indivíduos agressivos”
    PORCA LÁ Miséria! Então vão ter que proibir o AutoCad!

  • Ione

    Juízes, com raras exceções, assemelham-se a seres de outro mundo, as crianças, adolescentes que jogam quaisquer jogos, são deste nosso mundão doido. Ah, gente, fala sério, vocês realmente acreditam que, por exemplo, todas as crianças que empunham uma arma aos 8 anos na “guarita” do morro têem acesso a certos jogos? Foi-se o tempo, em que proibir algo e tirá-lo de “circulação”,era tão fácil assim. Essa distração com o assunto “jogos”, tira de foco os nossos grandes problemas judiciários que não são poucos. Nossos problemas de saúde pública são resumidos miseravelmente em notas de óbitos apresentadas pelos meios de comunicação. Somos susceptíveis a quase tudo dependendo do lugar e do tempo. Não é um jogo que vai mudar o destino assim.

  • http://ciladas.wordpress.com Dudu Maroja

    Sabe Inagaki.. eu fico me perguntando se já não é hora de nos testarmos a capacidade real dos blogs de influenciar, so que com algo alem de bobagem, como colocar uma blogueira na playboy ou uma garota no BigBrother…

    tava pensando em ir contra alguma decisão polititca.. ou mesmo ir contra essa decisão deste juiz!!!

    acho quê esta mais do que na hora de nos unirmos para fazer uma coisa Boa para todos…

    Concordas??

    se quiser agente pode conversar.. ou por email ou por twitter ou msn mesmo!

    abraços amigo

    Dudu, eu particularmente não creio em grandes mobilizações, em especial pela internet. Aposto, sim, na conscientização pessoal de cada um. Em cada post busco dar o máximo de informações e links de referência, na esperança de que meus leitores interessem-se pelos assuntos que abordo e busquem mais dados que pautem suas próprias opiniões. Neste mundo contemporâneo, informação é poder. Um abraço!

  • http://www.ederlima.com.br Eder Lima

    Apoiado.
    Decisão arbitrária e equivocada, tomada sem fundamento.
    Puro ego.
    O Brasil é assim: Tá cheio de gente querendo mostrar serviço e só fazendo cagadas.
    Uma pena morar aqui.

  • http://www.epassos.com Epassos

    Nos últimos anos, não tenho visto nada que as autoridades tenham feito que realmente tragam benefícios ao povo.
    Porque ao invés de proibir os jogos, os juízes não aceleram o julgamento de bandidos?
    Mas cada povo tem os governantes que merecem.

  • http://www.blogprofissional.com.br Luiz Edmundo

    Nunca joguei CS, não gosto desses jogos, talvez por ser do tempo do PinBol, daqueles de bolinha que a gente dava porrada no canto pra não cair, torcendo pra não dar tilt, o máximo que joguie foi DOOM, e depois que matei os mosntrinhos, perdeu agraça e nunca mais joguei…
    Mas apesar disso, me revolto contra tirarem meu direito de joga-lo, mesmo que eu nãoexerça esse direito ele é meu…
    Mas fazer o que, cada país tem o governo (e isso inclui o judiciário) que merece, quem manda não pensar na hora de votar…

  • http://www.dianapadua.blogspot.com Diana

    Ei, Inagaki… td bem?

    tomei a liberdade de reproduzir parte do seu post sobre a arte urbana que desapareceu sob latas de tinta cinza. Espero que não se importe.

    Qualquer problema, é só me avisar, ok?

    Abraço
    Diana

    Diana, a informação é livre e tem mais que circular mesmo. Sinta-se, pois, à vontade. ;)

  • http://madmaxandrade.blogspot.com Tiago Andrade

    São coisas como estas que você listou que me fazem pensar seriamente em cotar uma passagem só de ida para Santiago…
    E esse negócio de proibir jogos é ridículo – coisa de juízes querendo espaço na mídia à custa de um falso moralismo, do pai que toma um susto ao ver o filho gritando “atira na cabeça!” e age como se não soubesse que aquilo é só um jogo. Eu e meus irmãos crescemos jogando Mortal Kombat, e nem por isso saímos arrancando cabeças pela rua.

  • aninha

    Vou deixar algumas informações meio técnicas aqui, mas talvez esclareçam alguma coisa. A psicanálise (principalmente a infantil) indica jogos e brincadeiras mais violentos para que os indivíduos consigam lidar com a própria agressividade. Como todos devem saber, a agressividade no ser-humano vem no pacote básico pois, apesar do cérebro, ainda somos bichos. O processo que transfere a agressividade real em atividades lúdicas chama-se “sublimação”. Na verdade, sublimação é qualquer transferência de algo negativo em uma coisa positiva. Por exemplo: o cirurgião transfere seu lado sádico para cortar pessoas e salvar vidas, ao contrário de Jack - aquele - correto? Antigamente (muito antigamente mesmo) acreditava-se que dar armas de brinquedo para crianças era ruim. Hoje, sabe-se que é o contrário. Na brincadeira as pessoas colocam para fora boa parte da agressividade que seria usada na vida real. Resumindo: é uma catarse. Se um indivíduo possui mais agressividade do que consegue lidar de forma lúdica ou nos esportes (muito indicados também, aliás), aí, em bom português mesmo, fodeu. O ideal, na verdade, seria que todos esses jogos tivessem alguma questão moral envolvida como salvar o mundo, combater os caras ruins, etc. No entanto, mesmo sem qualquer mensagem moral, os games não têm força suficiente para transformar a sociedade. Esta afirmação não é verdadedeira. Tudo isso que eu expliquei meio toscamente é ciênia, ok? Não crenças dogmáticas. São estudos da psicanálise contemporânea que, por sinal, anda tendo muito trabalho para resolver pessoas que adquirem seus valores morais de lideranças corrompidas - entendendo como “lideraça” a família, o ambiente de trabalho e o próprio governo. Levando em consideração o que é óbvio (acredito que todo mundo aqui lê um pouco de jornal, tem vizinhos e muitos sabem o que é ambiente de empresa), acho que fica claro onde é que mora tanta agressividade. Só para citar uma questão de valor atual, comparem o salário de um professor com o salário de um publicitário. Bom, acho que é isso.
    Espero ter ajudado em alguma coisa. :)

    Excelente contribuição para o debate, Aninha. Obrigado mesmo pelo alto nível de seu comentário!

  • Ronaldo Cardoso

    Eu nunca joguei Counter Strike, mas devo confesar que agora deu vontade. Será que os assaltantes que todos os dias dessem o morro para o asfalto, drogados e armados, fazendo vítimas quase que diariamente jogam Counter Strike? eu acredito que não. E será que com esta decisão de proibir estes jogos as pessoas vão parar de jogar. Acho que vai até aumentar o número de fãs. Bom, a hipocrisia continua em alta nesse nosso Brasil.

  • Com certeza video game influência sim!!Ou melhor…,a mídia num todo!!Esses programinhas como por exemplo que a globo vive inventando,incluindo essas novelas muito mela cuecas,tornam as pessoas,a juventude cada vez mais burra e promíscua,se disserem que é mentira é pq já estão no ramo!!Vão então queimar um baseado,já que isso hj em dia virou motivo de riso,não??Culpa de quem??Fácil culpar o governo,a igreja católica e pq ninguém mete a boca na religião muçulmana??Seria apologia ao medo proposto pela mídia??

    Dú, com todo respeito tô pra ver um comentário mais esquizofrênico que o seu. :crazy: Taí o que o Stanislaw Ponte Preta chamaria de samba do crioulo doido.

  • Mari

    Ixi, me expressei mal :) Concordo contigo, meu questionamento sobre a culpa do governo (e mesmo assim, deveria ser um questionamento e não uma afirmação como pareceu, mas sou boa com letras não..) era no fator febre amarela. Realmente não sei qual a real parcela de culpa dele (governo), e tenho medo de culpa-lo e ficar cega diante do que realmente importa, seja o que for, se houver algo.

    Quanto ao fator games e grafiti, to contigo e não abro ;)

  • http://www.slothsam.wordpress.com Guilherme

    Rapaz, nada justifica essa medida judicial, mas bem que a turma dos games podia fazer uns jogos menos subversivos. A Coca Cola lançou uma simulação do GTA em uma propaganda que seria interessante.
    Mas aí você vai me dizer: “E pq a Coca Cola não faz um refrigerante mais saudável também?”.
    Ou seja, bola de neve.

    Guilherme, “subversivo” é para mim um adjetivo que possui uma conotação mais ampla. Um game como GTA é violento, não mais do que isso. Do mesmo modo que um filme como “O Albergue” ou um livro como “Psicopata Americano”, por exemplo. Não subverte o establishment, não promove idéias novas, não inova artisticamente. Porém, nem por isso vou dar uma de autoridade superior às outras e impor uma proibição ao restante da sociedade. Aliás, há games que promovem a paz, os valores familiares, etc etc. Mas não fazem tanto sucesso, do mesmo modo que blockbusters hollywoodianos sempre terão bilheterias muito maiores que um drama iraniano. Nada de novo sob o sol.

  • Mari

    “há quem aja como se as responsabilidades pelas chagas deste país pudessem ser atribuídas a grafites e videogames.”

    .. e essas pessoas não merecem meu respeito, mas Ina, temos que tomar cuidado para não colocarmos a culpa de tooooooodas as chagas no governo (seja qual for), sob o risco de ficarmos cegos diante de outros culpados, principalmente quando eles somos nós.

    bj

    Ué Mari, é mais do que óbvio que o governo não pode ser responsável por tudo, e em nenhum momento de meu post sugiro isso. Muito pelo contrário, cito uma iniciativa independente, a Bicicletada, ótimo exemplo de que a sociedade deve agir sem depender de quaisquer esferas governamentais. Além disso, critico o fato de o Poder Judiciário (que é independente do Poder Executivo) ter se intrometido em algo que deveria estar na esfera da educação familiar. Todos que vivem na sociedade brasileira têm sua parcela de contribuição a ser feita para que este país torne-se melhor no futuro. Por exemplo, não ficar quieto diante de certos atos estúpidos.

  • http://oleitoresseidiota.wordpress.com André

    Pois é. Se for assim, também temos de culpar a Atari pelo que algumas crianças de classe média que nos anos 80 jogavam Pac-man se tornaram quando adultos: consumidores de pastilhas que mudavam a percepção dos fantasmas da vida, que ficavam em labirintos escuros ouvindo músicas eletrônicas repetitivas e que ficavam com uma larica daquelas e se empanturravam de wafers, ficando obesos mórbidos. Pois é, gente, está descoberta a razão do consumo de drogas sintéticas e da obesidade: Pac-man.
    Peraí, mas eu joguei Pac-man quando criança. OK, estou com mais peso do que o que eu deveria ter, mas nem de longe chego a ser obeso, quiçá mórbido. Ué, mas não consumo altermentes e não gosto de música eletrônica (salvo uma ou outra do Prodigy). O juiz me deixou com dúvidas na cabeça agora, pois teoricamente era para eu me tornar um adulto drogado e obeso…

    Quando adolescente, tinha meu Super Nintendo. Adorava Super Mario World. Como já disseram aqui, nem por isso saí pulando em cima de tartarugas ou cogumelos. Pelo contrário, até gostaria de ter um quelônio de estimação. Jogava Star Fox, mas nem por isso me tornei astronauta. Joguei Donkey Kong Country, mas nem por isso virei um gorila. E o que dizer de Fifa Soccer? OK, aí eu queria ter virado craque de futebol, mas nunca fui bom no esporte. Joguei Zelda, mas nem por isso saí pelas ruas usando espadas ou arco e flecha, esperando que a quadra seguinte da rua andasse primeiro para depois eu ficar nela matando monstros.
    Fiquei adulto e passei para o computador. Joguei Colonization e nem por isso matei índios. Pelo contrário, até costurava uns acordos porretas com os silvícolas, que me ajudaram muito quando pedia independência. Joguei Civilization e Age of Empires, mas nem por isso tornei-me um perigoso tirano que dominou o mundo inteiro. Jogo Need for Speed Underground 2 e nem por isso comecei a tirar rachas na rua com um carro envenenadaço.

    Recuando um pouco no tempo, já na faculdade, um dos colegas de república tinha um Playstation. Jogava Medal of Honor. Pegava em armas pesadíssimas, até em metralhadora antiaérea. E tudo isso usado para matar soldados inimigos. Jogava Die Hard - Trilogy e nem por isso saí matando todo mundo quando entrava em uma garagem. Isso para não falar das altíssimas velocidades que atingia jogando Test Drive 5. Caramba, o que aconteceu para eu não me tornar um demente que usa um carro como arma e anda para todos os lugares com uma 12 carregada?
    Pois é. Fico pensando o que há nesses juízes para que achem que algo obrigatoriamente gerará outro algo que não está relacionado com aquele primeiro algo. O marido de uma das primas de minha mãe era filho de uma mãe esquizofrênica e um pai alcoólatra, e isso no início do século XX, quando, portanto, havia grande ignorância sobre essas duas coisas. Ele viveu em uma área bem barra pesada, lotada de traficantes de maconha (sim, isso era o mais pesado na época). O que ele se tornou, vindo de um lar desestruturado em uma área dessas? Um ótimo marido, um ótimo pai, um amigo para todas as horas, pessoa com um coração enorme. Ué, mas não era para ele ter se tornado o pior bandido possível?

    Tenho um amigo que viveu na favela uma boa parte de sua vida e teve boa parte de sua vida no maior sofrimento e privações. Chegou a usar entorpecentes por um tempo, mas hoje está limpo. Porém, esqueceram de avisá-lo que ele não deveria ir para a faculdade, muito menos tornar-se professor.
    Alguém também poderia avisar para o cara que matou o compadre de meus pais, que só não foi preso porque, para variar um pouco, era dimenó, que ele tem de ser um coitadinho todo rasgado, e não um estudante do primeiro ano de Direito quando do ocorrido, em 2004. Ops, ele cumpriu a medida sócio-educativa já, uma vez que é proibido dimenó passar mais de três anos na Febem. Vou tomar cuidado, pois ele pode estar lendo esta postagem…

    Talvez o melhor lance seja pouparmos os policiais, que, como já constatei na maior parte das vezes em que me deparei com algum, são competentes naquilo que fazem, e começar a cantar a canção dos Titãs trocando “polícia” por “justiça”. Sugerirei esse cover parafraseado a meus amigos, que têm uma banda de rock.

  • http://maroma.wordpress.com/ Marília

    Adorei o verso de Cacaso!…

  • http://metamorfosepensante.wordpress.com _Maga

    Adorei as citações!

    Sobre os muros pintados, lembrei-me da música da Marisa Monte, Gentileza:

    “Apagaram tudo
    Pintaram tudo de cinza
    A palavra no muro
    Ficou coberta de tinta

    Apagaram tudo
    Pintaram tudo de cinza
    Só ficou no muro
    Tristeza e tinta fresca(…)”

    Sobre os jogos, realmente não cabe aos juízes decidirem sozinhos. O certo é que o pais está um caos, fosse um lugar com uma estrutura melhor para nossos jovens talvez até fosse uma decisão a ser pensada. De toda forma, eu precisaria estudar mais o assunto para dar uma opinião minimamente embasada sobre o assunto.

    Um abraço

    Marcela, como sempre encontrando citações bacanas para cada post. :p

  • http://comoestragar.wordpress.com/ Gustavo Brunoro

    Acho que o mais sensato seria continuar com a tendência e proíbir SinCity, que influencia para jovens enveredarem o caminho do crime mais grave do Brasil, a política

  • Daniella Fernandes

    É lamentável as atitudes da justiça brasileira! Com base em que eles tomaram essa injusta decisão?

    Joguei CS durante minha adolescencia inteira e nem por isso me tornei uma pessoa vioenta. Muito pelo contrário.

    Censurar é a pior forma de resovler as coisas. Por que não educar?

    Um colégio particular, aqui de Brasília, oferece para os alunos uma sala interativa de games, chamada de Clube do Vídeo Game. Embora seja proíbido jogos que possam “estimular a violência”… (na minha opinião não há nenhuma comprovação de que um jogo possa tornar uma pessoa violenta)… a idéia de compartilhar sobre jogos na escola é muito bacana!

    bjobjo!
    ps. sou fã dos seus textos. muito bom! =D

  • Carlos Henrique

    Mais uma coisa, o que me incomoda nessa história toda:

    1)A ingênua idéia que basta uma ação simples (proibir a comercialização de um jogo) e toda uma situação complexa (criminalidade) do país está resolvida.
    2)A ação pública invadindo o privado e sem qualquer base real para isso acontecer. É como o Inagaki disse se alguém resolver que O Tempo e o Vento estimula a luta armada, o assassinato, o adultério e pronto está banido. A censura é burro, bem como seu censor. Sou bibliotecário (trabalho numa universidade) e já ouvi casa absurdo de livros censurados em bibliotecas escolares, só porque os livros iam contra as idéias do diretor, que não era pedagogo ou mesmo professor, era apenas um administrador.

    É por essas e outras que sempre rio quando alguém diz que os brasileiros são liberais.

  • http://blogdobriguilino.blogspot.com Briguilino

    Faz-me rir a defesa tão veemente que muitos fazem a respeito dos juizes que proibem videogames.
    Agora a decisão de um juiz censurar um governador (Roberto Requião)não tem a menor importancia.
    Convidei varios autores de blogs a escreverem sobre o assunto e enviarem para eu publicar no meu blog. O unico que me respondeu foi para dizer que estava muito ocupado não tinha tempo.
    Liberdade de expressão não tem importancia…não tenho importancia.
    Parabéns e sucesso sempre.
    Se alguem desejar escrever sobre o assunto e queira que eu publique o meu e-mail é [email protected]

    Briguilino, o governador de um estado como o Paraná tem todos os meios de se defender, principalmente financeiros. Pode, inclusive, criar um blog, como já fizeram Christóvam Buarque, Fernando Gabeira ou César Maia. Eu é que não vou defender um político que já perseguiu jornalistas até que eles fossem sumariamente demitidos de uma redação, como aconteceu com um amigo meu que inclusive escreve aqui no Interney Blogs. Se isso é defender liberdade de expressão… Mas enfim, cada qual possui suas próprias convicções. De minha parte, prefiro lembrar mais uma vez do caso de Alcinéa Cavalcante, jornalista do Amapá que foi covardamente perseguida pelo senador José Sarney e levou mais de 20 processos judiciais nas costas. Dediquei um post a ela durante as eleições de 2006 e sempre que necessário resgatarei essa história. Vale a pena, diga-se de passagem, conferir a entrevista que ela concedeu ao site Jornalistas da Web. Felizmente a internet está aí para que todos criem seus próprios canais de expressão.

  • Carlos Henrique

    Alguém me explica qual a nocividade do EverQuest? Não sou jogador, mas fiquei curioso.

    Kassab, tsc.

    Carlos, EverQuest é um MMORPG (espécie de RPG online no qual vários jogadores interagem em tempo real em um mundo de fantasia) que, por possuir cenas de violência, foi considerado “nocivo à saúde pública” pela Justiça brasileira. Pra ser mais exato, segundo o site do Procon de Goiás o EverQuest leva um jogador “ao total desvirtuamento e conflitos psicológicos ‘pesados’”. Ou seja: não há nada a ver com educação, estrutura familiar ou ambiente em que uma pessoa vive. Se uma pessoa se torna “má”, é tudo culpa de livros, filmes, videogames, programas de TV…

  • http://ohermenauta.wordpress.com Hermenauta

    Ina,

    Não é tão simples quanto parece “controlar” uma doença tropical no Brasil. Eu acho até correto criticar o fato do Ministério da Saúde talvez não dar tanta publicidade quanto deveria ao fato de que pessoas que viajam para áreas endêmicas devem se vacinar. Mas as características ambientais do Brasil realmente tornam proibitivo o custo de eliminar totalmente a doença.

    Dizer isto assim, dessa forma, parece um pouco desumano, mas a verdade é que a cada fim de semana talvez morram mais pessoas nas estradas do que já morreram de febre amarela desde 31 de dezembro e nem por isso alguém exige o fim absoluto dos acidentes de trânsito _ não porque isso não seria bom, mas sim por ser um objetivo inatingível.

    O que está acontecendo é que a epizootia, isto é, o crescimento da epidemia entre macados, é um evento ciclico, por razões puramente demográficas. Só que nesses momentos é que aumenta, também, o risco de contágio em humanos. Aparentemente, é exatamente isso que está ocorrendo: todas as pessoas vitimadas estiveram em áreas rurais.

    abçs!

    Hermenauta, suas ponderações são perfeitamente justificáveis. Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de lembrar que a vacina contra a febre amarela tem validade de 10 anos. E que, se o Ministério da Saúde fizesse campanhas regulares do mesmo modo como aquelas que já foram promovidas com sucesso contra a paralisia infantil, não seria tão utópico assim pensar no controle dessa doença. Além disso, como você bem lembrou em seu comentário, a epidemia entre macacos ocorre ciclicamente, o que possibilita a existência de um planejamento prévio em torno da prevenção da febre amarela, uma vez que existem picos de ocorrências da doença em macacos e humanos em intervalos de cerca de cinco anos.

    Ao mesmo tempo, a falta de maiores esclarecimentos sobre a doença, a vacina e os efeitos colaterais de uma superdosagem já fez com que dezenas de pessoas fossem parar em hospitais por terem sido desnecessariamente vacinados em intervalos de poucos dias. Embora sua afirmação tenha à primeira vista soado tão infeliz quanto a do “relaxa e goza”, admito que a Ministra do Turismo Marta Suplicy teve certa razão quando falou de uma “epidemia de fofocas” acerca da febre amarela. Noticiários catastroficamente alarmistas em jornais e TVs, junto com a inexistência de um trabalho mais eficaz do Ministério da Saúde em informar decentemente a população brasileira sobre a doença, deram nisso. []‘s!

  • http://diariodelaoxitocina.blogspot.com Cíntia

    Alexandre,

    Esse assunto é mesmo cheio de espinhos. Acho que pela quantidade de vezes que já comentei aqui você pode acreditar que censura nao é uma das coisas que eu mais gosto. Mas acho que dessa vez talvez você tenha pegado pesado demais contra o juiz esse. Ok, ele nao vai resolver o problema com essa decisao judicial, o jogo nao vai por si só formar pessoas agressivas, mas também nao temos como dizer que nao vá contribuir para isso.

    O que acontece é que nao acho que seja uma questao de jogar toda a culpa da violência num videogame, é óbvio que tem muitas outras coisas que têm muito mais peso na formaçao de um caráter violento, mas essa é a que ele pôde atacar no momento.

    Me parece violento que sejamos de um país onde deputados podem votar seus próprios aumentos abusivos, onde vira o ano e anunciam um aumento absurdo de impostos já que a CPMF foi eliminada. A sensaçao de que nao tem ninguém cuidando da gente e de que estamos constantemente sendo violados pelo poder público para mim é uma grande geradora de violência. A educaçao, certamente também.

    Ainda assim, nao acho que seja necessário que as pessoas se divirtam com jogos violentos. Ok, é só minha opiniao e talvez nao esteja certo uma opiniao bloquear o acesso dessas pessoas à diversao. Mas sinceramente nao sei qual seria a minha atitude se estivesse na pele desse cidadao. Nao sei se eu decidiria contra a minha escala de valores para garantir a qualquer custo a inexistência de censura.

    E quanto ao argumento do Graveheart, acho bastante ingênuo pensar que esse tipo de proibiçao possa ter efeito imediato na reduçao da criminalidade, assim como se essa decisao tiver algum tipo de efeito negativo nao será algo que possamos ver imediatamente nem de forma tao clara como para relacionar os resultados a ela.

    Abraço

    Cíntia, eu realmente não tenho como encontrar atenuantes na decisão judicial. Hoje um juiz decide censurar jogos violentos, amanhã outro se pauta nessa decisão para vetar a comercialização de DVDs de filmes como “Irreversível”, “Laranja Mecânica” ou “Tropa de Elite”, depois de amanhã outra “autoridade” resolve que o problema, na verdade, está na circulação de livros como “Feliz Ano Novo” do Rubem Fonseca (que, diga-se de passagem, já foi proibido pela Censura em 1975 e só pôde voltar a ser publicado sem restrições 14 anos depois).

    Me irrita essa intromissão exagerada do Poder Judiciário na vida dos cidadãos brasileiros. Passam por cima da autoridade dos pais, que são quem deveriam educar seus filhos a respeito da natureza ficcional desses jogos. E inclusive por cima da própria capacidade que cada indivíduo tem de discernir jogos de realidade. Eu, por exemplo, já joguei muito Doom, e nem por isso saí atirando em todo mundo.

    Meu amigo Marcos Donizetti, que é estudante de Psicologia, escreveu um post excelente intitulado “Faz-me rir, judiciário! Counter Strike e Everquest proibidos!”, em que comenta com maior profundidade os estudos psicológicos que teoricamente comprovariam a ligação entre games violentos e o comportamento dos jogadores. Escreve o Doni: “Um jogo não gera violência (ainda que existam estudos dizendo o contrário, não são conclusivos), pois essa é uma tendência que já está no indivíduo que quer ou precisa dela. É essa tendência que precisa ser observada e tratada”.

  • http://diaaleatorio.wordpress.com Fábio Crestani

    Alexandre pra presidente!! hehe Muito bom seus textos parabéns.

  • http://trottolices.blogspot.com/ Trotta

    Muito boom esse album dos Dead Graffitis! Vou guardar pra futura referência, se vc não se importa, hehehe!

  • http://www.verbeat.org/blogs/gabrielazago Gabriela

    O jeito é sair espalhando bananas para os juízes escorregarem (já que esta era uma tática que funcionava muito bem em Mario Kart :P).

  • http://geradorii.blogspot.com Ewaldy Marengo

    Sorte nossa que imbecilidade não é contagiosa, porque se fosse, a única solução seria colocar políticos e juízes e demais “otoridades” em quarentena.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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