Músicas para ouvir viajando
Por Alexandre Inagaki ≈ quarta-feira, 05 de setembro de 2007
Há tempos estou para responder a alguns “memes”, mas antes preciso organizar minha bagunça pessoal. Não chegarei ao ponto de fazer como o Cardoso e criar um blog exclusivo para memes, mas penso em definir um dia fixo da semana para esse tipo de post, veremos. Mas tergiverso, tergiverso.
O motivo deste post é um meme que me foi repassado pela ilustradora e blogueira nas horas vagas Dani Dias, que me pediu para relacionar cinco músicas para ouvir viajando. Até imagino que a Dani, ao falar em viagens, tenha pensado no sentido turístico da palavra. Mas eu, que sou mais afeito a viagens maionésicas, optei por selecionar cinco boas trilhas sonoras para fechar os olhos e se deixar levar pelo poder hipnótico que boas composições e arranjos possuem (com a valiosa ajuda de meu amigo YouTube).
Vale a pena ressaltar que os vídeos nada mais são do que trailers das músicas relacionadas. Assim como não é possível comparar a experiência de se assistir a um filme no cinema, com as luzes apagadas, tela grande à sua frente e um ambiente especialmente voltado para a imersão na obra cinematográfica, boas músicas pedem por um bom fone de ouvido, olhos fechados e um lugar confortável para a devida fruição sonora.
Gomez - “We Haven’t Turned Around” - Tenho um fraco por músicas que possuem arranjos de cordas. Mas este single do Gomez, sexta faixa do álbum Liquid Skin, de 1999, tem um quê a mais. Tudo parece se encaixar nesta canção: as guitarras, as cordas, o vocal com um quê de rouquidão de Ben Ottewell. E a letra, que sempre insiste em retinir em minha cabeça nos momentos mais inesperados (“So you wanna spin the world around?/ And anybody else/ So you wanna make catastrophe?/ Won’t you send it right over to me/ I got some time“).
Felt - “Primitive Painters” - “Mesmerizante” e “hipnótico” são os primeiros adjetivos que me vêm à cabeça toda vez que ouço esta canção, gravada originalmente em 1985. Conheci o Felt em um programa exibido na TV Gazeta, de promoção dos álbuns que a gravadora Eldorado, por intermédio do selo Stiletto, lançou no Brasil em meados de 1987. Foi a primeira vez em que ouvi bandas como Nick Cave & the Bad Seeds, Throwing Muses, A Certain Ratio. Além do belíssimo arranjo, destaco nesta música o dueto de Lawrence Hayward, vocalista do Felt, com uma convidada mais do especial: Elizabeth Fraser, do Cocteau Twins.
Lush - “For Love” - Música que conheci nos bons tempos em que Fábio Massari apresentava o Lado B na MTV Brasil. O vídeo me deixou embevecido pela vocalista do grupo, Miki Berenyi, ruiva como as musas de meus melhores sonhos, dona de uma voz doce feito petit gateau. “For Love”, faixa 6 do álbum Spooky (1992), é uma típica canção shoegazer, daqueles que a gente ouve movendo os pés e olhando para o chão. Lamento por saber que a banda saiu de cena por um motivo trágico: o baterista do Lush, Chris Acland, seguiu, infelizmente, o exemplo de Ian Curtis, e cometeu suicídio enforcando-se na casa dos pais.
Cecilia Ann - “Al Fondo de la Pantalla” - Tenho a impressão de que devo ser um dos pouquíssimos gatos pingados que conhecem esta banda no Brasil. Batizada com o nome de uma canção dos Pixies, Cecilia Ann é um grupo surgido em Granada, cidade da província de Andaluzia, na Espanha. É o típico caso de grupo que eu jamais descobriria se não fosse a Internet: pop-rock indie pegajoso, com músicas que a gente ouve e fica cantarolando mentalmente. “Al Fondo de la Pantalla” integra o álbum Si Yo Te Contara, de 2003.
The Smiths - “There Is a Light That Never Goes Out” - Sem exageros, considero ser esta uma forte candidata a melhor composição pop de todos os tempos. Uma letra inspiradíssima de Morrissey, uma música sobre juventude, amor, morte, perenidade. Pra escutar no Winamp no repeat, ouvir antes de sair para uma balada, fechar os olhos e viajar longe. É a faixa 9 de The Queen is Dead (1986), talvez o melhor álbum de toda a excelente discografia dos Smiths.
* * * * *
P.S.: Eu sei que meme deve ser repassado a outros blogueiros, mas como não conversei previamente com ninguém antes de publicar este post, deixo a bola para quem quiser participar da corrente. Augusto, Tina Oiticica Harris e Ulisses Adirt pegaram uma carona nesta viagem. ;)
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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