Música no ar, tempos maravilhosos e uma visita a Amsterdam
Por Alexandre Inagaki ≈ domingo, 23 de junho de 2013
Há apenas dois dias, eu estava voando, sentado em uma cadeira no céu, acessando internet a 10 mil metros de altitude e vendo músicos de uma orquestra tocando composições de Mozart e Beethoven dentro de um avião, em uma viagem de Amsterdam para São Paulo. Há alguns anos, diriam que o evento que tive o privilégio de vivenciar só poderia ter ocorrido em um conto de ficção científica. Mas é como bem afirmou Louis CK, em uma entrevista antológica a Conan O’Brien: estes são tempos maravilhosos.
Assistir aos músicos da Orquestra Real de Concertgebouw tocando no meio de um voo foi um daqueles momentos que, feito a renúncia de um papa, jamais esperaria testemunhar. Algo que, de quebra, pude compartilhar em tempo real, atualizando perfis de Twitter e Facebook graças a um avião equipado com wi-fi. Uma experiência singular, vivida por mim e pelos demais passageiros que embarcaram no voo KL791 da KLM, de Amsterdam para São Paulo, do dia 21 de junho.
Este evento especial foi promovido por duas instituições icônicas da Holanda, a terra natal de Van Gogh, MC Escher, Rembrandt, Anne Frank, DJ Tiësto e Robben: a Orquestra Real do Concertgebouw, que neste ano celebra seu 125º ano de existência, e a KLM (Royal Dutch Airlines), companhia aérea fundada em 1919 que já tinha sido responsável pelo mais longo voo da história da aviação movido a biocombustível, e pela primeira exposição de fotos a uma altitude de 33 mil pés. O concerto fez parte das celebrações do Ano de Amsterdam, uma vez que 2013 é repleto de datas significativas para a capital holandesa, incluindo-se aí o 40º aniversário de seus canais, os 175 anos do Zoológico Real de Artis e a reabertura do Rijksmuseum, o Museu Nacional da Holanda, após dez anos fechado para reformas.
A ocasião também foi um ótimo pretexto para que eu conhecesse um pouco mais de Amsterdam. Em minha breve passagem pela Holanda, visitei dois museus, o Rijksmuseum e o Stedelijk, com acervos fantásticos que incluem obras de Mondrian, Van Gogh, Chagall, Vermeer, Breitner e Rembrandt. E fiquei hospedado no fantástico The Grand, um hotel incrível e localizado no centro de Amsterdam, cujas instalações já foram ocupadas anteriormente por um convento no século XV e pela prefeitura da cidade.
Amsterdam é, definitivamente, uma cidade a ser conhecida melhor. Chama a atenção, por exemplo, pela quantidade caudalosa de ciclovias e de pessoas que usam bicicletas como seu meio principal de transporte, sendo que há também a opção de pegar um “bike táxi“. Outras características desta cidade apaixonante e liberal estão bem descritas neste ótimo post do Sedentário & Hiperativo: 63 impressões de um brasileiro na Holanda, escrito por Gabriel Candido.
P.S. 1: A Orquestra Real de Concertgebouw, que se apresentou na manhã de domingo no Parque do Ibirapuera, fará mais três apresentações no Brasil: dias 24 e 25 de junho na Sala São Paulo, e dia 26 de junho no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Vale conferir também o site oficial da orquestra, com imagens de bastidores de sua passagem pelo Brasil (incluindo uma foto de manifestantes nas ruas de São Paulo).
P.S. 2: “Vivemos em um mundo fantástico, maravilhoso, e ele é desperdiçado por uma geração de idiotas mimados.” Se você não viu ainda a entrevista que Louis CK deu a Conan O’Brien, não hesite em clicar aqui a fim de conferir o que ele diz sobre avanços tecnológicos e reclamações despropositadas.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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