Leituras da semana

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 04 de abril de 2013


Contardo Calligaris - ”As vidas que deixamos de viver”

Algumas vidas não vividas são alternativas descartadas pela inércia da nossa história ou porque o desejo da gente é dividido, e escolher implica perder o que não escolhemos. Outras são acasos que não aconteceram (é possível passar pela vida sem encontrar ninguém ou encontrando muitos, mas todos na hora errada). Também, mais dolorosamente, as vidas não vividas são caminhos pelos quais não ousamos nos enveredar (na inscrição para o vestibular, na decisão de voltar de um lugar onde teríamos começado outra vida, nos conformismos de cada dia).



Clara Averbuck - “Feliciano e o Ibope”

Atenção, gente. Não existe “ditadura gay”. Não existem “gayzistas”. O que existe é um grupo de cidadãos que pagam impostos igualzinho a qualquer outro e têm seus direitos negados. Nenhum ativista LGBT quer tirar os direitos de ninguém. Ninguém quer “calar o povo de deus”. Nós apenas queremos que o povo de deus vá exercer sua liberdade de credo em seus templos, suas casas, suas comunidades, não em cargos públicos, não forçando sua fé sobre todos, não aprovando projetos de lei baseados em fundamentos religiosos ou atrasando a ciência citando deus e a bíblia. E queremos que sim, aceitem mulheres casando com mulheres, homens casando com homens e todos sendo felizes. O discurso do “não sou obrigado a gostar” é totalmente ilógico, afinal, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não fere a sua liberdade. Não é a sua vida. Você não tem nada com isso. As feministas clamam pelo direito da mulher sobre seu próprio corpo porque é um absurdo enorme o Estado estar acima da nossa vontade por motivos estritamente religiosos, mais uma vez citando fundamentos com os quais nem todos concordam e levando milhares de mulheres à morte por isso. Não faz sentido. Não em um mundo racional.


Artur Xexéo - “A imagem”

As vans são poderosas no Rio. Não há governador neste estado que consiga administrar em paz sem fazer um tipo de acordo qualquer com seus proprietários. Elas são o exemplo mais evidente da falência de nosso transporte público. Vans ilegais circulam com a mesma desenvoltura das vans que o governo legalizou. É impossível botar um policial dentro de cada van para impedir crimes no interior do veículo. O Rio resolveu impedir a circulação de motoristas embriagados e criou a blitz da Lei Seca. Está dando certo, não está? Será que é muito difícil criar blitz para as vans? Não precisa ser uma ação que se espalhe pela cidade. Mas, se houver blitz-surpresa em ruas de circulação de turistas, já não seria um adianto? Afinal, as vítimas do fim de semana passado não embarcaram num ponto obscuro da cidade, mas na Avenida Atlântica, em Copacabana. Não deveria ser fácil circular como uma van ilegal numa das ruas mais movimentadas do Rio.


Alexandre Maron - “O Big Data e a busca do sucesso garantido”

Uma regra histórica da indústria foi quebrada com a chegada de House of Cards. Em vez dos episódios inéditos serem lançados aos poucos, semana a semana, todos foram liberados para exibição no mesmo dia. Era como se uma caixa de DVDs tivesse chegado na sua casa. Você é quem escolhe seu ritmo de consumo daquele conteúdo. (…) Uma das leis da indústria de entretenimento diz que, para maximizar os lucros, um seriado é exibido primeiro semana a semana, num espaço de mais ou menos oito a nove meses. Ali, ganha-se dinheiro com os comerciais exibidos nos intervalos. Diversas séries são vendidas no iTunes ao longo da temporada, gerando uma renda adicional. Outras são exibidas no Hulu, mediante pagamento de assinatura. Acabada a temporada, o seriado é empacotado na forma de DVDs, uma estratégia que ajuda também a promover novas levas de programas. Essas fases de exibição são chamadas “janelas”. O Netflix investiu pesado nessa “caixas digitais”, temporadas inteiras que aparecem na sua tela de uma vez. A decisão sobre quando e como assistir sendo toda sua. O termo para isso é “binge view”, algo como uma farra de TV, uma maratona.

* * *

P.S.: Com o fim anunciado do Google Reader em julho próximo (que, na real, já não era mais o mesmo desde que o Google, inexplicavelmente, retirou sua função de poder acompanhar os itens compartilhados dos meus amigos), decidi passar a dividir minhas leituras favoritas criando uma nova seção aqui. A íntegra dos textos está disponível clicando nos títulos de cada leitura recomendada.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Mardenzaro

    Descordo plenamente. Lugar de Pastor/Padre é na igreja. Lá que as pessoas buscam a fé. Na política procuramos unicamente a melhoria da sociedade como um todo e não individualmente.A felicidade sim é uma busca comum. Lembramos que o “Deus” que cada um acredita também é diferente e devemos respeitar esse fato também. Namoro há 3 anos e em breve pretendo me casar com minha parceira. Essa é minha felicidade. Não me importo com quem vai casar com quem, ou se as pessoas são ou não do mesmo sexo. Só desejo que elas busquem a felicidade delas. Os métodos arcaicos de julgar nossa sociedade comparando-as a Sodoma e Gomorra são ridículos, naquele tempo o que se fazia mesmo entre casais heterossexuais era passível de punições terríveis. E mesmo assim serve de argumento para nós, os neo-pecadores julgarmos e atirarmos a primeira pedra. Respeitemos os próximos, cuidemos dos nossos relacionamentos e deixemos o livre arbítrio ditar o meio e fim. Posteriormente cada um paga o preço de sua escolha.

  • Caroline Ruiz Campos

    Existe um presente divido que recebemos de Deus chamado “livre arbítrio”. Todos nós podemos gostar ou não gostar do que quisermos. Nós podemos e, além do mais, temos o direito de votar em quem bem entendemos.
    A religiosidade, a fé, a espiritualidade, a entrega a Deus é linda.
    Mas como podemos proibir a união de alguém sendo que nem mesmo Deus nos proíbe de algo?

  • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki
  • http://www.facebook.com/jose.pereira.7121614 José Pereira

    Assim como os gays querer que nós aceitamos o casamento entre casais do mesmo sexo, temos o direito de opinar contra. Outra coisa a religião tem sim de infiltar sim em todos os meios, político e sociais. Porque religião siguinifica religar a Deus, por isso temo sim o dever de trabalhar para que menos gente de desligue de Deus. Ai de nós se não fazer-mos. PAGAREMOS A MESMA PENA DOS QUE DESLIGAREM, por omissão..

    • Caroline Ruiz Campos

      Existe um presente divido que recebemos de Deus chamado “livre arbítrio”. Todos nós podemos gostar ou não gostar do que quisermos. Nós podemos e, além do mais, temos o direito de votar em quem bem entendemos.
      A religiosidade, a fé, a espiritualidade, a entrega a Deus é linda.
      Como podemos proibir a união de alguém sendo que nem mesmo Deus nos proíbe de algo?

  • http://www.facebook.com/gilbertoantonio.martins1 Gilberto Antonio Martins

    Sodoma e Gomorra e o diluvio,foram necessários,por todas as libertinagens e desobidiencias á palavra de Deus,hoje com falsas ciencias e vans filosofias mescladas,estão bem piores.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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