Jingles inesquecíveis: bala de leite Kid’s

Por Alexandre Inagakisábado, 08 de junho de 2013

A vida era mais difícil quando ainda não havia internet para resgatar as coisas que a gente quase não lembrava mais que tinham existido. Por exemplo, o jingle das balas de leite Kid’s, que embalou minha infância numa época em que controle remoto de TV era o dedão esticado do meu pé mudando os botões dos canais. Passei anos sem ouvir o arranjo original daquela canção, embora nunca tenha me esquecido dos seus versos:

Roda, roda, roda baleiro, atenção
Quando o baleiro parar põe a mão
Pegue a bala mais gostosa do planeta
Não deixe que a sorte se intrometa
Bala de leite Kids
A melhor bala que há
Bala de leite Kids
Quando o baleiro parar…


Em 2004, enfim, na mesma época em que o Orkut estava no auge, promovendo encontros improváveis com coleguinhas sumidos de infância, encontrei no Clube do Jingle um arquivo de áudio com aquela preciosidade. Quase pude sentir a sensação da bala se desfazendo aos poucos na minha boca, e minha memória logo resgatou imagens da propaganda na TV, que mostrava um garoto com os olhos vidrados em um baleiro repleto de guloseimas, que girava, girava e ia parando aos poucos. O vídeo do comercial demorou mais alguns anos até que algum colecionador digitalizasse essa jóia da publicidade brasileira e a disponibilizasse no YouTube.

Renato Teixeira, Sérgio Mineiro e Sérgio Campanelli são os compositores deste jingle, cujo comercial foi veiculado pela primeira vez em 1978. Teixeira, que também é o intérprete da música, compôs músicas clássicas da MPB como “Romaria” (sucesso na voz inesquecível de Elis Regina), “Frete” (tema de abertura de “Carga Pesada”, o seriado da Globo com Antônio Fagundes e Stênio Garcia). Renato deixou ainda sua marca na publicidade brasileira ao compor jingles para outros produtos como Ortopé (“Ortopé, Ortopé/ Tão bonitinho”) e Sonrisal (“Beber, bebi/ Comer, comi/ E tudo mais/ E muito mais/ Sofrer, sofri”). Trilhas sonoras que, convenhamos, eram bem mais inspiradas do que o “Ah Lelek Lek Lek Lek” da Mercedes

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Clara Meire

    Realmente faz termos boas lembranças de uma época excepcional. O bom que temos a tecnologia a nosso favor e como em http://reservasonibus.com.br/ , até passagens de ônibus online são vendidas para lugares tão memoráveis!
    Um beijão

  • Lauro Bevitori

    Largaria minha vida pra viver essa época que era tudo um sonho e não sabíamos.

  • Pingback: Estrela brasileira em céus turbulentos | Pensar Enlouquece, Pense NissoPensar Enlouquece, Pense Nisso

  • Paul

    Pô Ina, esqueceu de dizer que ele também é o compositor do tema de abertura do SOM BRASIL, quem não lembra de ouvir nas manhãs de domingo:
    “Amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar…”

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Pô Paul, se eu tivesse que citar todas as composições mais significativas do Renato Teixeira, precisaria lembrar também de “Tocando em Frente” (sucesso na voz da Maria Bethânia), “Um Violeiro Toca” (que foi hit na voz de seu parceiro Almir Sater, além de trilha sonora da novela “Pantanal”), “Sina de Violeiro” (consagrada na voz de Sérgio Reis), etc etc…

      • Paul

        Verdade, não te tiro a razão… é que esse programa ( e essa música consequentemente) foi marcante na minha infância mesmo.
        Belo post, um abraço!

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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