Haters gonna hate? Ok, vamos transformar ódio em amor
Por Alexandre Inagaki ≈ segunda-feira, 28 de abril de 2014
Vivemos tempos de opiniões bastante intransigentes na internet. Cada assunto potencialmente polêmico gera manifestações exaltadas, dentro daquela (i)lógica triste na qual cada voz que se ergue é respondida com berros mais altos ainda, até chegar ao ponto em que se torna quase impossível ouvir algum argumento minimamente ponderado.
O vídeo sobre o qual escreverei foi postado no YouTube há mais de três semanas, período que para a internet parece uma eternidade. Não me importo com isso, porém: o tema é mais do que relevante, e a abordagem do vídeo foi impecável. Mas, antes, é preciso assistir a um outro, que causou toda a controvérsia. Trata-se de um comercial da marca de snacks Honey Maid, cujo slogan diz: “Não importa o quanto as coisas mudem, o que nos torna saudáveis nunca muda”. O vídeo, que mostra cenas de famílias felizes como nas tradicionais propagandas de margarina, passaria desapercebido, se não fosse pelo seu casting: casais homoafetivos, interraciais, tatuados, espelhando a saudável diversidade contemporânea.
A recepção ao comercial da Honey Maid passou longe da unanimidade. E, infelizmente, não faltaram reações fomentando ódio e intolerância, seja através da manifestação de ONGs acusando a marca de fazer uma “tentativa de normalizar o pecado”, seja pela postagem de comentários no YouTube repletos de críticas repugnantes. Como a Honey Maid respondeu a tanta raiva e incompreensão? De uma maneira exemplar.
Duas artistas plásticas imprimiram centenas de comentários postados no YouTube. Depois, enrolaram esses papéis impressos e fizeram uma colagem transformando-os em algo muito maior e melhor.
O vídeo, que documenta a transformação de comentários deprimentes em uma colagem da palavra “love” em 3-D, é uma lição de como dar uma resposta a algo negativo com classe.
Mas o mais bacana é a segunda parte, quando a Honey Maid mostra que, apesar de tanta negatividade, a quantidade de mensagens positivas deixadas no vídeo foi cerca de 10 vezes maior do que as críticas postadas.
Se todo o chorume virtual que é despejado na internet fosse transformado em coisas tão bacanas quanto esta obra, o mundo viraria uma enorme galeria de arte.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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