Dê seu coração a um cachorro, e ele lhe dará o dele
Por Alexandre Inagaki ≈ domingo, 19 de janeiro de 2014
Quem já conviveu com um cachorro sabe de todo o amor que um animal desses é capaz de dar. Cães são carinhosos, generosos, leais. E é por isso que, quando assisti ao vídeo do resgate de Fiona, uma pequena cadela que sobrevivia em um canto abandonado no sul de Los Angeles, cega, tremendo de frio e infestada por pulgas, ciscos começaram a cair misteriosamente em meus olhos, estimulando minhas glândulas lacrimais e incomodando minhas lentes de contato (o que é estranho, já que não uso lentes).
Fiona foi salva por uma ONG, a Hope For Paws, que cuidou de sua recuperação, tratando-a com o carinho merecido e levando-a a um veterinário que ainda conseguiu recuperar a visão de um de seus olhos. Algumas semanas depois, Fiona foi adotada por um casal, que enviou fotos dela em seu novo lar, entretida com um macaquinho de brinquedo.
Navegando pelo canal do YouTube da Hope For Paws, encontrei outros vídeos de resgates de cães abandonados em condições tão comoventes quanto a história de Fiona. Será difícil esquecer, por exemplo, da expressão de medo de Holly, mais uma cachorrinha que deve ter sido muito maltratada por seres humanos (os piores animais da face da Terra), ao ser encontrada pelos voluntários da ONG. Os segundos iniciais do vídeo a seguir, que mostram Holly encolhida, rosnando e tremendo de pavor, foram doloridos de se ver.
É incrível ver a transformação de Holly, documentada no vídeo acima. Graças aos cuidados que recebeu e ao convívio com outros cães que haviam sido abandonados, ela recuperou a capacidade de confiar em pessoas. A foto abaixo foi tirada pelos seus novos donos, que a adotaram junto com Wally (cão que aparece no fim do vídeo de seu resgate).
Mas o caso mais impressionante é o de Miley, uma cadela que estava largada ao léu em um depósito de lixo. Se não tivesse sido resgatada naquele momento, é difícil acreditar que ela conseguiria sobreviver por muito tempo. Infestada por sarnas e parasitas e sofrendo de desnutrição, Miley estava quase sem forças, combalida e repletas de feridas em carne viva. Neste momento, o calor começou a fazer com que meus olhos suassem, ao mesmo tempo que a equipe de ninjas invisíveis, que surgiu quando escrevi o post sobre velhas fotografias, retornasse subitamente à minha casa, descascando freneticamente um saco repleto de cebolas.
Levada para um hospital veterinário, Miley passou por duas semanas de intensivos cuidados médicos, sendo tratada com antibióticos, remédios antiparasitas e frequentes banhos medicinais. Mas o estímulo fundamental para a sua recuperação foi a presença de Frankie, um chihuahua que tinha sido resgatado em um túnel abandonado. O modo como Miley acolheu Frankie mostra a capacidade comovente que cães têm de compartilhar amor. E, não à toa, o vídeo de seu resgate já chegou à marca de mais de 13 milhões de visualizações, tendo repercutido em lugares como o Huffington Post e o programa da Ellen DeGeneres. A foto a seguir, tirada dois meses após Miley ter sido salva, é a melhor prova de sua impressionante recuperação.
Vale a pena visitar o site da Hope For Paws para saber mais sobre suas atividades. Já no Brasil, qualquer um que gosta de animais precisa conhecer melhor o Projeto SalvaCão, iniciativa de um grupo de amigos que se uniram para cuidar de animais das ruas ou que estão em estado de abandono ou maus tratos.
P.S. 1: Posts relacionados: Carrinhos e bonecas são brinquedos, cachorros não e Abrace seu cachorro. Agora mesmo.
P.S. 2: O título deste post é uma citação, facilmente reconhecível, de um livro cujo filme fez com que o mesmo grupo de ninjas invisíveis que me acompanha constantemente fizesse uma visita surpresa à sala de cinema: Marley & Eu, de John Grogan.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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