Cinco grandes músicas nacionais que ouvi nos últimos tempos
Por Alexandre Inagaki ≈ sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Tom Bloch - “O Amor (Zero Sobrevivente)”. Quarta faixa do álbum de estréia desta banda gaúcha que lançou seu segundo disco pelo selo Som Livre Apresenta, “O Amor (Zero Sobrevivente)” é uma canção não recomendada a pessoas que terminaram um relacionamento e não conseguiram cicatrizar suas feridas ainda. Pedro Veríssimo, filho de Luís Fernando e compositor desta música ao lado de Juliano Goyo, não à toa afirma que é sobre um período horrível de sua vida. Que, no entanto, inspirou alguns dos versos mais inspirados de todo o rock nacional: “Eu desviei do amor/ Mas foi como bater de frente/ O amor foi como um acidente/ Foi cruel e inconseqüente/ O amor foi como um acidente/ E ninguém se salvou/ Do amor”.
Los Porongas - “Enquanto Uns Dormem”. Uma das mais marcantes músicas dos últimos tempos, de uma das mais gratas revelações do cenário roqueiro tupinambá. Los Porongas é uma banda do Acre, que recentemente migrou para Sampa City e lançou, no começo de 2007, seu primeiro álbum (que, diga-se de passagem, está à venda por módicos R$ 15). Mesmo assim, é possível baixar todas as faixas no site da banda. Atitude coerente com as palavras de Diogo Soares, letrista e vocalista do grupo, que afirma: “O CD é um suporte caro, supervalorizado pelas grandes gravadoras e que cumprirá, com o tempo, apenas a função do que posso chamar de ‘suporte físico sentimental’”. Com seus versos justapostos e repletos de aliterações e jogos verbais, “Enquanto Uns Dormem” é para mim um clássico instantâneo desta geração. Não à toa, outra das bandas mais interessantes da atualidade, o Vanguart, fez sua própria versão desta música.
Violins - “Ok Ok”. Houve época em que eu ouvia esta canção, faixa que encerra o álbum “Grandes Infiéis” de 2005, em loop. É música para ser cantada em altos brados, a fim de botar pra fora todos os sentimentos doloridamente represados. Os versos de Beto Cupertino, poucos e certeiros, são emoldurados por violões e um arranjo de cordas: “Sobrou pra mim/ A felicidade sempre ofende/ Mas tristeza demais cansa/ Bem, que se fodam os ofendidos/ Então respira mais/ Que eu respiro mais/ Ok, ok”. Uma canção talhada para fazer parte da trilha sonora da vida de todos que se identificaram algum dia com a sua letra.
Pato Fu - “Agridoce”. Nesta semana mesmo conversei com minha namorada a respeito de muitas das mais belas músicas serem tão tristes. Melancolia combina com beleza? Bem, o fato é que há canções que parecem pegar a gente pelo colarinho, sacudindo a gente enquanto as emoções caem pelas algibeiras da alma. Na letra inspiradíssima de “Agridoce”, John emula as melhores composições de Roberto & Erasmo Carlos em sua fase áurea, em versos de rasgar pulsos: “Saio em segredo/ Você nem vai notar/ E assim, sem despedida/ Saio de sua vida/ Tão espetacular”. Que ganham ainda mais força em contraste com a doce voz de Fernanda Takai.
Mônica Salmaso - “Beatriz”. No ano passado a cantora paulistana Mônica Salmaso gravou, junto com o grupo instrumental Pau Brasil, um magistral álbum-tributo a Chico Buarque intitulado “Noites de Gala, Samba na Rua”. Se você nunca a ouviu cantando, caramba! Mas enfim, que bom que você enfim entenderá porque Edu Lobo, co-autor de “Beatriz” ao lado de mestre Chico, afirmou tratar-se da melhor voz que ouviu nos últimos anos. Uma interpretação de fazer escapar lágrimas no canto do olho.
P.S.: Já recebi mais de 70 e-mails relativos à promoção Coração de Pedra, na qual presentearei dois de meus leitores com um exemplar do livro infanto-juvenil de Charlie Fletcher e alguns brindes relativos ao meu blog. Participe: escreva para [email protected] até o dia 25 de janeiro, dizendo qual o livro que mais marcou sua infância e justificando sua escolha. Pretendo publicar as duas melhores respostas aqui na segunda, dia 28.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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