Meus filmes e livros favoritos são histórias nas quais, em meio ao enredo, um e outro detalhe que pode passar desapercebido na verdade era uma pista de algum desdobramento futuro que acabou por surpreender os mais desatentos. Mas, no final, tudo fazia sentido e as peças do quebra-cabeça enfim se encaixavam.
A vida real também é assim? Talvez. Não tenho certeza, e isso é bom: dúvidas são o que levam a gente a pensar, refletir, questionar decisões e instigar ideias. E, embora eu acredite muito na teoria do caos e na tese do efeito borboleta, segundo a qual cada pequeno incidente ou decisão aparentemente trivial pode resultar em grandes consequências - como a história de que o bater de asas de uma borboleta catalisaria um efeito dominó de acontecimentos capazes de criar um tufão no outro lado do mundo -, o fato é que a gente nunca sabe que resultados aparecem nos dados que o destino joga o tempo todo em cima do papel em branco que é o futuro.
Até que ponto as pessoas são capazes de seguir o tal do destino? Continue Lendo
Há tempos não uso lápis ou caneta para escrever. Nem os versos que eu costumava cometer nos tempos em que estudava Letras na USP, tampouco listas de compras de supermercado, folhas de cheque, receitas de bolo, manuscritos quaisquer. De tão habituado a só digitar textos, minha caligrafia piora cada vez mais, se equiparando aos garranchos hieroglíficos de médicos apressados. E, na última vez em que fui reconhecer minha firma num cartório, fui obrigado a abrir uma nova porque minha assinatura não batia com a anterior. Males da vida digital.
Tenho guardadas em casa dezenas de folhas de caderno e papéis sulfite com manuscritos da época em que usava canetas para rebobinar fitas cassete e rascunhar versos e contos. Alguns desses textos foram remixados e remasterizados, tornando-se posts e artigos. Outros permanecerão guardados no fundo da gaveta, e só não viram material de reciclagem porque ainda teimo em arquivar certos testemunhos de um passado cada vez mais desfocado.
Mas, assim como arqueólogos volta e meia encontram algum fóssil interessante em escavações, outro dia achei uma pérola inesperada fuçando meus papéis amarfanhados: Continue Lendo
Quem diria que, antigamente, as camisetas eram usadas apenas como peças de baixo, feito cuecas e calcinhas, para proteger o corpo das marcas de transpiração e mudanças de temperatura? Paulatinamente, a camiseta, feito um daqueles coadjuvantes que roubam a cena dos protagonistas em um filme, foi ganhando mais e mais destaque no vestuário cotidiano, com o auxílio de formadores de opinião como Coco Chanel, pioneira em fazer da camiseta marinière uma peça unissex, ou Marlon Brando, cuja imagem no filme Um Bonde Chamado Desejo tornou-se um ícone do sex appeal no cinema.
As camisetas deixaram de ficar escondidas sob qualquer outra peça de roupa. Tornaram-se sinônimos de conforto e liberdade e passaram a estampar sonhos e ideais, por meio de frases e símbolos estampados em modelos customizados. Cada um cria seu próprio modo de usar, expressando um pouco da personalidade de quem veste sua t-shirt. Contudo, é bóbvio que, ao transformarem-se em meios de comunicação, elas também começariam a ser apropriadas pelo establishment. Que atire o primeiro cabide aquele que nunca ganhou uma camiseta com a estampa de um produto, marca ou candidato a algum cargo político (nem que você tenha a transformado imediatamente em pano de chão). Continue Lendo
Pense Nisso!
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.