Barack Obama, o novo presidente dos EUA
Falando em bom português, Barack Hussein Obama, eleito o 44º presidente dos Estados Unidos da América, terá de encarar uma tremenda fria. Seu antecessor, um homem fraco e desastrado capaz de se engasgar com pretzels, deixa como legado a pior crise econômica desde o crash de 1929 e um país às voltas com os desafios impostos pela crise ambiental, tropas enredadas no Iraque, um sistema de saúde arruinado e a sombra do terrorismo que não se dissipa desde aquele dia 11 de setembro de 2001.
Sim, o mundo todo festeja, com motivos de sobra, a eleição de Barack Obama. E foi bonito de se ver os eleitores americanos, apesar do voto ser facultativo (como eu espero que seja um dia aqui no Brasil), fazendo filas para apoiar seu candidato preferido, porque nutriam a convicção de que estavam cumprindo com o seu papel de cidadãos. Afinal de contas, apesar do amplo favoritismo nas pesquisas, ninguém poderia nutrir a certeza da vitória. A recente gabeirada nas urnas cariocas provou que nao existe eleição ganha na véspera. E, oras, quem poderia garantir que não haveria um Timo Glock a 500 metros da bandeirada final nas apurações eleitorais?
Mas, ufa, felizmente não precisaremos mais dormir aflitos a cada noite, na angústia de imaginar uma política retrógrada e despreparada como Sarah Palin como vice-presidente dos EUA. John McCain, o candidato derrotado dos republicanos, admitiu sua derrota em um belo discurso no qual afirmou: “Esta noite, mais do que em qualquer outra noite, o que tenho é amor por este país e por todos seus cidadãos. Desejo, agora, a melhor das sortes pelo homem que foi meu adversário e agora é meu presidente. Nós, americanos, não nos escondemos do futuro, nós fazemos o futuro”. E Obama, em seu discurso da vitória em Chicago, disse: “O grande mérito desta nação não é a força, são nossas idéias: democracia, oportunidade, liberdade. Esta é a América verdadeira” (excertos traduzidos por Pedro Doria).
Agora que foi eleito, para o júbilo de todo um planeta, Barack Obama terá pela frente o considerável desafio de concretizar todos os sonhos que sua vitoriosa campanha vendeu. O ex-presidente Bill Clinton, ainda na época em que Obama disputava com Hillary Clinton as prévias do Partido Democrata, afirmou com bastante precisão que Obama fazia campanha em poesia, mas seria obrigado a governar em prosa. É fato. Após mesmerizar multidões com discursos que atingiam em cheio as almas e os corações de seus eleitores, o primeiro presidente negro da América precisará provar a sua capacidade de construir os alicerces sob os castelos oníricos de uma nação, que está apostando fundo no desejo de mudança personificada na imagem deste senador de Illinois, que ainda estava em seu primeiro mandato antes de ser alçado para o maior desafio de sua vida.
A América fez História nesta noite e resgatou em muitos céticos a esperança na humanidade. Sim, nós podemos sonhar. Com os pés no chão, mas os olhos voltados para as estrelas.
Pense Nisso!
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.