A “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton
Por Alexandre Inagaki ≈ sábado, 24 de abril de 2010
A recepção de um filme depende bastante das expectativas que você nutre a respeito da obra. Para mim, foi natural alimentar grandes expectativas a partir do momento em que soube que Alice no País das Maravilhas, clássico da literatura nonsense infantil escrito por Lewis Carroll, ganharia uma versão cinematográfica capitaneada por Tim Burton. Um cineasta que, embora não seja um dos meus prediletos, é inequivocadamente criativo e original; quem já assistiu a filmes como Edward Mãos-de-Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet já tem uma boa ideia de como é o universo bizarro e fantástico que perpassa toda a obra de Burton.
Assistir ao trailer de Alice consolidou a impressão que eu já nutria de que o visual do filme seria de fazer cabeças explodirem, como diriam os Jovens Nerds. E depois, ao receber em casa o sensacional kit de imprensa do filme em formato de livro, chapei de vez. Pudera: quem não piraria com um press-kit desses, que contém um livro dentro do outro, feito aquelas bonecas russas, e que oculta dentro do último um pen drive em formato de chave?
Pois bem: assisti ao filme em uma exibição em 3D, cercado das mais altas expectativas. E, embora a versão de Alice de Tim Burton seja digna de ganhar o Oscar de direção de arte, a trama em si, o aspecto essencial de uma obra, me deixou decepcionado. O enredo não deslancha e o ritmo deixa a desejar. Não por culpa dos atores; o elenco todo, incluindo Mia Wasikowska no papel principal, Anne Hathaway (a Rainha Branca), Johnny Depp (o Chapeleiro Louco), Helena Bonham-Carter (a Rainha de Copas) e as vozes de Stephen Fry (o cantor predileto de Zeca Baleiro, que dubla o Gato de Cheshire) e Alan Rickman (que faz a voz da Lagarta), está muito bem.
Pena que o roteiro, que misturou elementos de dois livros de Carroll (“Alice no País das Maravilhas” e sua continuação, “Alice no País do Espelho”), está longe de ser bem resolvido. Em uma carreira irregular que se assemelha a uma montanha-russa repleta de altos e baixos, diria que Alice não está nem entre os melhores filmes de Burton (como a sua obra-prima, o conto de fadas pós-moderno Edward Mãos-de-Tesoura), nem entre os piores (vide Marte Ataca! ou o remake de O Planeta dos Macacos). Mas confesso que eu provavelmente teria gostado mais de Alice se não tivesse ido ao cinema com tantas expectativas sobre o encontro de Disney, Burton e Carroll.
P.S.: Quer ganhar um livro-kit de Alice igual ao que recebi em casa (confira mais fotos em meu Flickr)? Visite o Judão e o Videocast de Cinema da MTV e saiba o que fazer para concorrer a um exemplar.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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