No final de semana fiquei 30 minutos preso em uma fila de carros para sair do estacionamento de um shopping. Motivos à parte, as pessoas começaram a buzinar depois de uns 10 minutos. Até que demorou, mas quando começou, ficou ensurdecedor. Pais tapavam os ouvidos de seus pequenos enquanto caminhavam pelo estacionamento.
Minha esposa, então, sugeriu: “E se você buzinasse ‘Tã-tã-tã-tã-tã’ e esperasse ver se alguém completa com ‘Tã-tã’?”
[A melodia -- ou ritmo -- é o que vemos no filme do Roger Rabbit quando o Christopher Lloyd quer provocar o coelho a sair de trás da parede.]
Esperei uma pequena pausa no buzinaço e puxei algumas vezes a buzina que convidava os outros carros a completarem.
“Se vai buzinar, que seja pra se divertir, né?” ela comentou comigo. Continue Lendo
ATENÇÃO: você está prestes a ler um trecho de A Comédia Mundana, livro do meu amigo Luiz Biajoni que reúne três novelas policiais com nomes brejeiramente sugestivos: “Sexo Anal (Uma Novela Marrom)”, “Buceta (Uma Novela Cor de Rosa)” e “Boquete (Uma Novela Vermelha)”. Recomendo, pois, a leitores mais sensíveis, que cliquem aqui. Caso contrário, deleite-se com o teaser a seguir e encomende desde já um exemplar de A Comédia Mundana no site da Livraria Cultura.
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O céu estava bem azul, sem nuvens. O clima, quieto. Nem as folhas das árvores balançavam. O sol estava quente, embora não fossem ainda sete da manhã. Ninguém passava por ali, ninguém viu quando Vermelho abriu a porta e saiu de dentro da casa, segurando um balde cheio.
Debaixo do outro braço, ele tinha uma brocha larga e nova. Olhou para os lados, como se procurasse alguém, sentiu o ar fresco entrar em seus pulmões e caminhou até à frente da casa principal. Estava agora bem diante daquele amarelo esmaecido, que lhe causava enjoo. Olhou com cuidado. A cor pálida, toda craquelada, era realmente horrível. Era uma casa sem vida, sem cor, desbotada. O ânimo dele estava assim também.
Há muito tempo que ele queria isso, pintar a casa de vermelho, a sua cor, o seu nome. Não era um pedido complicado, não havia nenhum sacrifício. Sara não queria, gostava do amarelo, tinha trauma de casas pintadas de vermelho. Mas ele ia pintar. Continue Lendo