Artigos do mês de: abril 2008

O que é Twitter? Como funciona e como usar? Serve pra quê?

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 28 de abril de 2008

A internet é um grande facilitador do encontro de pessoas que compartilham as mesmas opiniões, gostos, idiossincrasias, curiosidades, interesses. Graças a blogs, e-mails, programas como o MSN e redes sociais como o Orkut, fiz muitos amigos por todo o canto do Brasil e exterior. E isso se dá porque um dos grandes motivos pelos quais a internet é tão bacana é a maneira como dissipa distâncias geográficas.

Graças à internet, posso conversar com minha irmã que mora na Espanha, trocar idéias sobre seriados de TV com amigos do interior do Ceará, falar abobrinhas com um blogueiro de Lisboa ou retomar contato com uma amiga de infância que mudou-se para Belém do Pará como se todos estivessem em uma mesma mesa de bar. E, se há cinco anos revelar que conheci minha namorada pela internet ainda gerava reações de espanto, hoje isso é encarado de maneira muito mais natural. Pudera: como bem afirmou o engenheiro de software André Moniz, “as redes sociais estarão para a sociedade moderna como o café, o bar e a discoteca estiveram para a nossa geração”. Continue Lendo

Secos e molhados

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 25 de abril de 2008

Um dos meus planos pessoais, quando um dia for capaz de programar deveres e compromissos com a devida antecedência, consiste em reservar alguns dias da semana para publicar posts sobre assuntos específicos por aqui. Assim, organizaria o ritmo de atualizações deste blog e evitaria que este cafofo virtual ficasse alguns dias sem atualizações, fazendo com que uma fina camada de poeira cubra sua superfície. Mas enfim, como disse sabiamente John Lennon, “vida é o que acontece enquanto fazemos planos”. De qualquer modo, tergiverso para dizer que gostaria de reservar as sextas-feiras para publicar vídeos com algumas das minhas músicas prediletas. Enquanto não implemento esse esquema, fiquem com o clipe desta sexta: “De Tanto Amor”, música gravada pelo Rei em 1971, no melhor álbum de sua carreira, o mesmo que contém “Detalhes”, a obra-prima de Roberto Carlos.

Você pode até dizer que a música tem uma letra brega, e eu sinceramente não me importo. Para mim, “De Tanto Amor” é uma das mais pungentes e emocionantes declarações de fim de relacionamento em forma de música de todos os tempos. Curiosidade sobre o vídeo: trata-se de uma seqüência do filme Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora, no qual o Rei interpreta Lalo, um mecânico de carros que sonha em ser piloto e é ajudado por Pedro Navalha (Erasmo Carlos), chefe da oficina. O dono é Rodolfo Lara (Raul Cortez), famoso piloto cuja namorada, Luciana (Libânia Almeida), também é o amor platônico do nosso herói. Não digo que é uma obra-prima, mas trata-se de uma ótima Sessão da Tarde, principalmente por causa da trilha sonora e de um elenco que conta ainda com nomes como José Lewgoy, Flávio Migliaccio e Otelo Zeloni.

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O Movimento Blog Voluntário mobilizou mais de 300 blogs para, dos dias 25 a 27 de abril, escreverem artigos e tutoriais direcionados para aqueles que ainda estão dando os primeiros passos no universo digital, ajudando aqueles que estão ingressando na internet a começarem a se familiarizar com este mundo quase ilimitado de informações. Participe você também: cadastre seu blog e redija um post direcionado ao combate ao analfabetismo digital até o dia 27. Pretendo publicar o meu artigo no domingão. O assunto? Twitter. B)

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Já que falei de cinema nacional, não posso deixar de citar um filmaço que assisti e que ainda está em cartaz: Estômago, de Marcos Jorge. Um filme que, apoiado em um excelente roteiro adaptado do conto “Presos Pelo Estômago”, de Lusa Silvestre, narra uma fábula sobre sexo, poder e gastronomia que, tal qual o processo digestivo, começa com a boca (mais especificamente, com um saboroso e divertido monólogo sobre as supostas origens do queijo gorgonzola) e termina com bunda (em um final pouco ortodoxo para uma história de amor igualmente sui generis). Estômago é uma daquelas obras nas quais cada mínimo detalhe da narrativa tem sua razão de ser, como um engenhoso quebra-cabeças na qual acompanhamos a história de Raimundo Nonato, migrante nordestino que chega à cidade grande e torna-se um exímio cozinheiro especializado na arte da gastronomia de boteco (diga-se de passagem, é quase irresistível sair da sala de cinema e ir para uma lanchonete pedir por uma coxinha).

Vejam, como aperitivo, o trailer de Estômago, no qual vocês poderão conferir en passant alguns trechos da atuação de João Miguel, protagonista do filme e um dos melhores atores brasileiros da atualidade. E aproveitem para baixar, no site oficial do filme, um livro de receitas com pratos sugeridos por alguns dos melhores blogueiros de gastronomia da Terra Brasilis.

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A Revista Bula publicou pesquisa realizada pelo Laboratório de Pesquisas de Opinião Pública e de Mercado da Universidade Estadual de Goiás, junto a 300 estudantes de 10 universidades brasileiras, a fim de descobrir quais eram os seus blogs prediletos. Pensar Enlouquece ficou em um respeitável quarto lugar nesse levantamento, em meio a boas companhias, e este que vos escreve agradece a citação feita por 51 entrevistados. ;)

E por falar em revistas, a partir desta edição de abril passo a assinar a coluna Pop Up na Pix, diversão digital garantida no formato de uma publicação de bolso. O conteúdo da Pix, como não poderia deixar de ser nestes tempos pós-modernos, está disponível na Web, mas sua versão impressa está dando sopa em um monte de lugares bacanas por aí. A singela imagem ao lado ilustra a minha coluna. Como de hábito, apareço fazendo mais uma das minhas habituais caretas. ;D

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P.S.: Este post é dedicado aos meus amigos André e Luciana, que na edição mais recente de seu podcast LoveLive fazem uma homenagem a Roberto Carlos, um grande cara que de quebra faz aniversário no mesmo dia de outro dos meus grandes ídolos: meu pai. :D

O primeiro terremoto em São Paulo a gente nunca esquece

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 23 de abril de 2008

Eram nove e pouco da noite. Estava eu sentado em frente do computador, enredado com um monte de trabalhos acumulados para fazer, quando senti um leve tremor na cadeira. A idéia de que pudesse ser um abalo sísmico até me passou pela cabeça, mas soou um tanto quanto inverossímil. “Terremoto em Sampa? Mais fácil nevar por aqui”. No entanto, alguns minutos depois, uma nova sensação de tremor me obrigou a olhar para meus livros e objetos na estante a fim de ver se algum deles balançava; necas de pitibiriba. Prossegui com os meus frilas atrasados, havia coisa melhor pra se fazer.

Alguns minutos depois, como costumo fazer regularmente, entrei no Twitter a fim de dar uma espairada. Catzo! Pois e não é que realmente havia ocorrido um terremoto por estas bandas? Dezenas de twitteiros começaram a relatar suas experiências, criando a tag #terremotoSP para falar sobre o grande acontecimento da noite. E como no Brasil tudo vira motivo de piada, não tardaram para aparecer as primeiras brincadeiras com o assunto. Além das camisetas criadas por Ian Black e Fábio Rex, fui obrigado a destacar aqui as melhores pérolas instantâneas criadas pela twittada. Continue Lendo

Não verás país como este

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 21 de abril de 2008

Para mim, a constatação definitiva de que todo o circo midiático armado em torno do caso Isabella Nardoni extrapolou os limites do bom senso foi quando assisti a uma matéria do jornal Hoje mostrando a história de uma mulher chamada Ana Paula. Ela, que é mãe de um filho, pegou dois ônibus, um metrô e faltou ao trabalho. Tudo isso só para ficar em frente à casa da família Nardoni e ver com os próprios olhos o cenário que tantas vezes viu nos noticiários. Como explicar a atitude de Ana Paula, essa mulher que gazeteou o próprio emprego e, em vez de ficar com o filho, preferiu fazer companhia à urbe que reuniu-se para jogar pedras na casa dos Nardonis e cantar coros como “Pega lá, pega lá, pega lá/ O casal pra nóis linchá”?

Ao ler a reportagem que Laura Capriglione e Ricardo Westin escreveram para a Folha de S. Paulo, relatando a algazarra da multidão de jornalistas e populares em frente à delegacia onde o pai e a madrasta de Isabella deram seus depoimentos à polícia, entretida por vendedores que trouxeram seus carrinhos de sorvete, refrigerante, pipoca e algodão-doce, lembrei da foto acima, que encontrei na coluna do Morph no Judão. Para mim, é a melhor ilustração desta multidão tão sedenta por vingança que esquece de cuidar dos próprios filhos, enquanto ignora outros crimes, escândalos e assassinatos que ocorrem diariamente no Brasil.

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A Terra Brasilis é realmente um país sui generis. No dia 9 de março um babaca postou em seu blog hospedado no WordPress.com um vídeo de sexo explícito. Como se não bastasse a violação de privacidade, o imbecil ainda informou, na URL do site, o nome da garota que foi filmada nua. Por causa dessa imprudência, a vítima entrou com um processo judicial solicitando o bloqueio do acesso à página criminosa.

No dia 19 de março, a Justiça enviou à Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso de Internet) uma ordem judicial (vide a imagem escaneada à direita, disponibilizada por um leitor do Meio Bit) ordenando que o tal blog tivesse o seu acesso bloqueado. A Abranet choramingou, dizendo que seria obrigada a bloquear todos os sites hospedados no domínio wordpress.com, em um caso muito parecido com o episódio no qual o YouTube foi tirado do ar no Brasil por causa do vídeo estrelado por uma conhecida apresentadora de TV. No entanto, conforme esclareceu Matt Mullenweg, fundador do WordPress, em entrevista concedida a Lygia de Luca do site IDG Now, é possível efetuar o bloqueio apenas do blog referido sem prejudicar as demais páginas hospedadas no domínio wordpress.com.

A história, por enquanto, acabou em pizza. Não houve ainda bloqueio do acesso ao WordPress no Brasil, e até mesmo o blog criminoso (cuja URL delata o nome da vítima, de iniciais P.F.) permanece no ar, embora o vídeo que causou toda essa queremela já tenha sido apagado do YouTube. Este, certamente, não será o último episódio de confusões judiciais na internet brasileira. Vide, por exemplo, a ameaça de processo feita por Patrícia Aguille contra a Revista Bacante por conta de suas indicações nas categorias “Melhor Pagação de Peitinho” e “Melhor Ator de Plástico” do I Prêmio Bacante de Teatro. Aguardemos, pois, as cenas dos próximos capítulos…

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Oscar Maroni Filho há tempos é conhecido na cidade de São Paulo como o “empresário do sexo”, graças a criações de sua lavra como o Bahamas Club, famosa casa de prostituição de luxo. Mas seu nome ganhou mesmo notoriedade ao ter sido preso pouco depois da tragédia do vôo 3054 da TAM, em julho de 2007, após ter zombado do prefeito Gilberto Kassab, que havia mandado fechar as obras de um hotel que estava construindo próximo do Aeroporto de Congonhas, e admitido publicamente em entrevista na TV que havia prostituição em sua boate. O episódio tornou-se símbolo da hipocrisia brasileira: um avião caiu e acabaram prendendo só o dono do puteiro?

Por conta da recente prisão do jornalista Roberto Cabrini, flagrado com dez papelotes de cocaína, a equipe do blog NoTeu decidiu entrevistar Oscar Maroni, que entrou na Justiça processando Cabrini e a Rede Bandeirantes por conta de uma série de matérias veiculadas no canal sobre as atividades ilícitas do Bahamas. Maroni não apenas vestiu a camiseta da campanha Free Cabrini como ainda prestou solidariedade ao repórter, atualmente na Rede Record, declarando: “Eu tenho dó do que ele está passando. Eu sei o quanto é frio aquele 13° Distrito Policial da Casa Verde, aonde ficam as pessoas com grau universitário. E eu sei o quanto machuca, na alma, o desespero das noites de solidão, as reflexões sobre a injustiça”.

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Para encerrar este breve compêndio de surrealismos tupiniquins, deixo vocês com a grande novidade da música popular brasileira: Mulher Melancia grava funk “Velocidade 6″. Eis um trecho daquela que promete ser a próxima música a sodomizar ouvidos alheios sem piedade: “Cinturinha fina e um popozão gigante/ Sou a Mulher Melancia e rebolo a todo instante”.

Durma-se com um barulho desses.

Dia Mundial do Beijo

Por Alexandre Inagakidomingo, 13 de abril de 2008

Não sei porque decidiram celebrar o Dia Mundial do Beijo no dia 13 de abril. Terá sido o dia em que Robert Doisneau tirou sua famosa fotografia do beijo de um casal numa rua de Paris? Foi esta a data na qual Rodin terminou sua clássica escultura? Ou o dia em que estreou nos cinemas “A Dama e o Vagabundo”, o desenho da Disney que mostra a cena na qual os cachorrinhos beijam-se acidentalmente ao compartilhar um prato de espaguete?

Bem, o caso é que a resposta não importa tanto. Afinal de contas, assim como um beijo roubado é mais instigante do que um previamente autorizado, os pretextos para que uma data tão interessante como esta seja celebrada pouco importam. E o fato é que falar sobre beijos, embora não seja tão gostoso quanto o ato em si, é ingressar em um universo de curiosidades capazes de fazer a gente perder uma tarde inteira navegando por aí. Por exemplo: vocês sabiam que, na Índia, beijar em público é considerado um ato obsceno que pode ser punido com até dois anos de prisão e 33 euros de multa? O ator Richard Gere, que cometeu a “indecência” de beijar uma atriz indiana durante um evento público em Nova Délhi no ano passado, aprendeu às duras penas que isso não se faz por lá. Continue Lendo

A origem da Lei de Gérson

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 08 de abril de 2008

Gérson de Oliveira Nunes foi um dos melhores meio-campistas de toda a história do futebol brasileiro e teve participação fundamental na conquista da Copa do Mundo de 1970. No entanto, terá seu nome imortalizado não apenas por suas contribuições esportivas, mas também por ter batizado uma das poucas leis que são regiamente respeitadas no Brasil, ao lado da Lei da Gravidade e da Lei de Murphy.

A malandragem, a esperteza e o tão propagado “jeitinho brasileiro” ganharam seu enunciado definitivo graças a uma frase que Gérson pronunciou em uma propaganda de televisão veiculada em 1976, para os cigarros Vila Rica. No comercial, o ex-armador do São Paulo discorre sobre várias vantagens do cigarro que anunciava: “É gostoso, suave e não irrita a garganta”. Continue Lendo

O mundo não é para inocentes

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 07 de abril de 2008

A humanidade me cansa. Ao ver a enxurrada de matérias em jornais, revistas e programas de televisão sobre a morte de Isabella Nardoni, não posso deixar de sentir um certo incômodo com toda a exploração midiática em torno do crime. O prédio de onde a menina foi supostamente jogada virou “atração turística”. Previamente condenados pelos noticiários e pela opinião pública, tanto o pai quanto a madrasta de Isabella tiveram seus nomes e rostos expostos publicamente. Não sabemos ainda se eles são realmente os responsáveis pelo covarde assassinato.

Alguém ainda se lembra de Daniele Toledo do Prado, 21 anos, a mulher que foi detida pela acusação de ter matado seu bebê com uma overdose de cocaína, passou 37 dias na cadeia, foi espancada pelas presidiárias, teve o maxilar quebrado e quase morreu na prisão? Pois bem, o laudo definitivo constatou que não havia cocaína no organismo de sua filha. E Daniele, que ganhou a alcunha de “monstro da mamadeira”, era, vejam só vocês, inocente. Saldo dessa história: Daniele perdeu seu bebê, foi vilipendiada publicamente, quase foi linchada e só pôde visitar o túmulo de sua filha dois meses depois de vê-la morrer.

Não, não estou afirmando que o pai e a madrasta de Isabella são inocentes. Se for provada a participação de um ou de outro no crime, espero que haja exemplar punição a ser aplicada pelo Estado. Porém, creio que ninguém deveria julgar o casal e afirmar peremptoriamente sua culpa com base apenas no que andou lendo e assistindo por aí. Inocentemente, eu só gostaria que houvesse um pouco mais de respeito e bom senso neste mundo. Mas enfim, tecer pré-julgamentos e apontar o dedo para outras pessoas em tribunais públicos compostos por palpiteiros desinformados, moralistas de ocasião e linchadores em potencial é algo que faz parte de nossa condição humana, demasiadamente humana. Afinal de contas, é muito mais fácil para todos nós reconhecer as fraquezas, maldades e mazelas alheias, não?

Encerro este post com uma recomendação expressa de leitura: A Vida dos Outros, artigo no qual o jornalista Guilherme Fiuza relata o dia em que seu filho Pedro caiu do oitavo andar do prédio em que morava, no dia 2 de julho de 1990. Como bem afirma Fiuza, a vida dos outros não é um Big Brother.

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P.S. 1: Luiz Antonio Magalhães, no Observatório da Imprensa, questiona: O caso Isabella Nardoni é uma nova Escola Base?

P.S. 2: A edição de hoje do caderno Link do Estadão tem como principal assunto os dez anos de blogs em português. Gustavo Miller ouviu vários blogueiros, dentre eles este que vos escreve.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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