Artigos doo ano de: 2007

Desencontros do amor no Grand Canyon

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 12 de novembro de 2007


O que mata na vida são relacionamentos mal resolvidos. Aquela menina que sorriu pra você na festa da formatura da 8a. série, e que você não abordou porque era um tremendo dum bunda-mole. A colega de trabalho com quem você teve um flerte que não foi adiante porque tanto ela quanto você estavam enrolados com outras pessoas, e que permanece encalacrada em seus pensamentos feito uma bala Soft entalada na garganta. A vida que poderia ter sido mas não foi, como escreveu o Bandeira. Continue Lendo

Cinco minutos a mais

Por Alexandre Inagakidomingo, 11 de novembro de 2007

Bruno Melo, do blog Verdade Absoluta, viu o site 5 Minutos a Mais e criou um “meme” para o qual este incauto que vos escreve foi convidado. O mote: o que eu faria com 300 segundos a mais em cada hora?
Eu, que ando sem tempo para atualizar este blog com a regularidade ideal, achei ótima a idéia de reservar cinco minutos para pensar no que eu faria se tivesse esses 12 avos de hora a mais todo santo dia. Eis as respostas que me vieram à cabeça durante os cinco minutos que levei para rascunhar este post:
1) Teria tempo para assistir mais um dos clipes que fico desenterrando graças ao YouTube. Eis o exemplo da vez: “Time After Time”, sucesso do álbum She’s So Unusual, de 1983, em uma interpretação matadora de Cyndi Lauper ao lado de Sarah Mclachlan. Garanto que o tempo que você levará assistindo a este vídeo compensará os minutos que forem gastos.
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2) Responderia a algumas das dezenas de e-mails que estão acumulados em meu HD. Quem já passou pela experiência de mandar um e-mail para mim sabe que o atraso em minhas correspondências é algo tão evidente quanto o excesso de testosterona no corpo da Rebeca Gusmão. :(
3) Trataria de aproveitar os famosos “cinco minutinhos” que pessoas costumam desfrutar logo depois que o alarme do despertador berra fazendo a gente sair a fórceps do sono. Eu, que ultimamente ando dormindo pouco e mal, definitivamente preciso descansar melhor.
4) Aproveitaria para dedicar um tempinho extra a novas leituras. Até porque já andei adicionando em meu feed vários dos blogs participantes da destemida Liga dos Blogueiros de Saco Roxo, além do site do Nossa Via.
5) Reservaria cinco minutos para apertar a tecla “pause”, tentando descansar um pouco da enxurrada de informações que nos é bombardeada diariamente. Em meio ao ritmo vertiginoso dos nossos dias, destinar uma fração do dia para refletir sobre a vida e seus malucos desígnios é fundamental para que a gente consiga manter um pouco da nossa sanidade.

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P.S. 1: Quer participar deste “meme”? Molesma: basta escrever um texto dizendo o que você faria com seus cinco minutos adicionais por dia. Depois, deixe o permalink nos comentários deste post, para que eu possa linká-lo aqui. ) UPDATE: Moziel T. Monk, Cleverson Braga, Luiz Biajoni, Alexandre Palo, Delfin, Straits e Ana entraram na corrente.
P.S. 2: Na semana em que deixei este espaço empoeirado, finalizei alguns frilas que serão publicados brevemente por aí. B) Além disso, escrevi posts sobre B-52′s, Lily Allen, Front 242, Michael Jackson e StSanders em minhas perambulações blogosféricas.
P.S. 3: Para encerrar, um hai-kai de Mestre Millôr Fernandes.

A vida é um saque
Que se faz no espaço
Entre o tic e o tac.

Os casos de Flavia Souza e Ana Virgínia

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 05 de novembro de 2007

De link em link, acabo tomando conhecimento de histórias que, em tempos pré-blogs, dificilmente ficaria sabendo. Hoje, por exemplo, ao navegar pelo Querido Leitor, fiquei estarrecido com a história relatada por um e-mail que a Rosana Hermann recebeu de sua leitora Anelize Salvagni. Por meio dele, soube da história de Flavia Souza Belo, que no dia 6 de janeiro de 1998 desceu com seu irmão Fernando para ir nadar na piscina do prédio em que moravam, no bairro de Moema, em São Paulo. Os cabelos de Flavia, que na época tinha 10 anos de idade, foram sugados pelo ralo da piscina, e ela passou longos minutos debaixo d’água. Em conseqüência desse absurdo incidente, Flavia sofreu graves lesões em seu cérebro e permanece em estado de coma profundo até hoje.

Sua mãe, Odele Souza, criou um blog intitulado Flavia, Vivendo em Coma, com o objetivo de divulgar outros casos semelhantes de acidentes causados por ralos de piscinas. O blog é também um meio de protestar contra a lentidão da Justiça brasileira, que até hoje não puniu os (ir)responsáveis pelo danos afligidos a Flavia: os administradores do condomínio onde moravam e a empresa fabricante do ralo.
No espaço de comentários do Querido Leitor, o leitor Henrique citou um caso semelhante, mas que felizmente teve um final feliz: Jonatas Abbott, empresário que, enquanto trabalhava no salão de eventos de um hotel em Salvador, quase perdeu o seu filho, Gustavo, de 6 anos de idade. E mais uma vez por causa do ralo de uma piscina. Por sorte Gustavo, que teve o seu braço sugado até a altura do ombro pelo ralo, foi salvo por alguns hóspedes do hotel. Jonatas relatou todos os acontecimentos no post “Aos heróis que salvaram a vida do meu filho”.
Eu, que não sabia do risco que ralos mal regulados e mal instalados podem causar, descobri mais histórias dramáticas no blog da mãe de Flavia. Dentre elas a de um certo motel em São Paulo no qual duas mulheres, uma em 2001 e outra em 2005, já teriam morrido afogadas por causa da bomba de sucção do ralo da piscina de uma de suas suítes. Bem, o caso é que o tal motel permanece funcionando normalmente (e cobrando diárias nem um pouco prazerosas). É de se perguntar: que providências a Justiça brasileira tomou a fim de punir os culpados por uma negligência criminosa e, mais nonsense ainda, reincidente?
Ana Virgínia ao lado de seu filho Leonardo.Em paralelo, os familiares de Ana Virgínia Moraes Sardinha pedem auxílio à blogosfera para a divulgação o caso de uma brasileira detida em Portugal desde o dia 5 de julho, acusada de ter matado o próprio filho, Leonardo, de 6 anos. Entretanto, o caso é que Leonardo sofria de epilepsia. Ana teria prestado os primeiros socorros, sem sucesso, viu impotente o falecimento de seu filho e, desesperada, tentou suicídio. Após sair do hospital, foi mandada para a prisão e há severos indícios de que teria sofrido maus tratos na cadeia.
O vídeo a seguir, uma matéria exibida pela filial baiana da Rede Globo, mostra uma caminhada organizada por amigos e parentes de Ana Virgínia. E hoje, por iniciativa dos blogueiros Luma, Ronald e Luci Lacey, foi convocada uma blogagem coletiva com o intuito de divulgar o caso e a petição online que será encaminhada ao governo brasileiro.

Blogs não são “revolucionários” nem têm a pretensão de mudar o mundo. Mas é inegável constatar que eles democratizaram a difusão de informações. Se antigamente dependíamos de jornais e revistas para tentar saber o que acontecia ao nosso redor (e, com isso, ficávamos dependentes da seleção de notícias que era feita pelos gatekeepers), hoje somos nós que elaboramos nossas próprias pautas e decidimos sobre quais assuntos escrever. Os casos de Flavia Souza e Ana Virgínia, embora tenham sido relatados em veículos tradicionais, caem rapidamente no esquecimento por conta do turbilhão de novas manchetes que nos soterra a cada dia. Porém, os blogs possuem a capacidade de dar novas dimensões a notas breves de um jornal, e mostram que podem ser muito mais do que meros meios de monetização.

Uma foto e algumas camisetas

Por Alexandre Inagakidomingo, 04 de novembro de 2007


Domingo frio, nublado e chuvoso em Sampa City, daqueles que não animam a gente a sair de debaixo das cobertas, e no qual aviões e helicópteros deveriam evitar deixar o solo. Mas quando esta cidade monstrenga é fotografada por um cara como Henrique Manreza, da agência de fotografia e design Luci04, não é que São Paulo aparenta ser mais bela?

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Afirmou Constanza Pascolato: “A camiseta é uma tela em branco”. Digo mais: camisetas são como outdoors pessoais. Fáceis de serem customizadas, servem para que passemos mensagens que elucidam um pouco de nossas personalidades, para o bem e para o mal. Um exemplo negativo: o ex-presidente Fernando Collor, que, durante sua catastrófica passagem pelo Palácio do Planalto, usava em suas corridas matinais camisetas que estampavam frases marqueteiras. Alguns exemplos extraídos do Guia dos Curiosos: “Collor - Apoio ao Esporte”, “Roxo de Paixão Pelo Brasil”, “Deixe Meu Ozônio Livre” e “Não Fale em Crise, Trabalhe”. E assim, as camisetas, que antigamente eram vistas como sinônimo de rebeldia nos anos 50 e 60, foram melancolicamente apropriadas pelo establishment neoliberal.
Contudo, é bóbvio que um ex-presidente sozinho não seria capaz de conspurcar o fascínio das camisetas, e muito menos o seu aspecto mais bacana: a capacidade que elas possuem de deixar vislumbrar pistas do que somos, sentimos, pensamos. Este blogueiro nerd que vos escreve admite, por exemplo, que adorou as estampas encontradas neste link encontrado por Luiza Voll: top 11 camisetas geek.


Aproveitando o mote da última camiseta, que tal conferir um vídeo no qual um incauto usa um botão “digg me” que efetivamente funciona, e um site com um tutorial que ensina como instalar esse kit Digg em qualquer t-shirt?

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Ainda sobre o assunto, eis um link deixado por Cris Del Nero no Update or Die: as diversas galerias de presos usando camisetas com mensagens edificantes (ou não) do The Smoking Gun.



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Para encerrar, que tal (re)ver o sensacional vídeo de “D.A.N.C.E.”, do duo francês Justice?

“Progressiva, degenerativa e irreversível”

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 02 de novembro de 2007

Hoje de manhã, ainda imerso no típico estado de molesma que costuma atingir a gente em dias de feriado, zapeei a televisão e vi que o padre Marcelo Rossi estava celebrando uma espécie de “showmissa” no autódromo de Interlagos. Me despertou atenção a chamada do evento: “Show da Vida – Saudade Sim, Tristeza Não”. Concordo discordando desse mote.

Sim, neste dia de Finados reservo uma parte do dia para lembrar de meus amigos e parentes que morreram e que fazem falta por aqui. Recordo-os com carinho, resgatando os bons momentos que tive a sorte de compartilhar com eles. Porém, é mais do que natural ver pessoas que ainda sofrem pelas perdas que sofreram, e fico um tanto quanto incomodado com uma espécie de ditadura da felicidade que reina atualmente, fazendo com que seja socialmente desejável aparentarmos estar felizes, serelepes e “pra cima” o tempo todo. Continue Lendo

Dia de Todos os Santos (e fantasias)

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 01 de novembro de 2007

Hoje é o Dia de Todos os Santos. Em Portugal e em algumas cidades de Santa Catarina, nesta data as crianças saem à rua e, ao contrário da tradição de Halloween de perguntarem por travessuras ou gostosuras, juntam-se a fim de solicitar o que é conhecido como “pão-por-Deus” de porta em porta. Pão-por-Deus é um pedido, formulado na forma de versos e escrito em um papel acetinado recortado na forma de coração. Eis um exemplo de quadrinha deixada em um pão-por-Deus:

Lá vai meu coração
Por este mundo sem fim,
Pedindo um pão-por-Deus
Pra que não esqueças de mim”

Além das crianças (que, tal qual acontece no Dia das Bruxas, ganham doces e bolinhos de quem as recebe), pessoas também aproveitam os pães-por-Deus para mandar o equivalente ao “correio elegante” das festas juninas: mensagens de amor ou amizade devidamente endereçadas a quem lhes interessa. A origem dessa tradição é diretamente ligada ao Dia de Todos os Santos, criado pela Igreja Católica com o objetivo de homenagear numa mesma data todos aqueles que foram canonizados, uma vez que o número de santos é bem superior aos 365 dias do ano, e também aqueles que tiveram condutas exemplares durante sua “vida terrena”, em especial os cristãos martirizados por causa da sua fé. Nesta data, todos os santos intercederiam em favor dos pedidos e orações de seus fiéis. Continue Lendo

“Detalhes”, a obra-prima de Roberto Carlos

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 30 de outubro de 2007

Músicas não diferem muito de filmes: elas também vendem ilusões. O melhor exemplo do que afirmo é uma canção composta por Roberto e Erasmo Carlos em 1971 e gravada em um álbum considerado pela revista Rolling Stone o vigésimo oitavo melhor disco da MPB de todos os tempos. Lembrança mais do que justa para um álbum que reúne grandes canções como “Todos Estão Surdos” (soul de primeira, regravada posteriormente por Chico Science & Nação Zumbi), “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” (a famosa homenagem a Caetano Veloso, que na época estava exilado em Londres), “Como Dois e Dois” (confira aqui o Rei cantando esta baita canção ao lado de Caetano, seu compositor), “De Tanto Amor” (balada capaz de fazer pedras se emocionarem) e a faixa inicial, música predileta de Roberto Carlos e de seus fãs: “Detalhes”.

Estamos falando aqui da música definitiva sobre dores de cotovelo. Pois “Detalhes” narra em primeira pessoa a história de um homem que, apesar de ainda mostrar inconformidade pelo fato de ter sido trocado por outro amante (“Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido/ Palavras de amor como eu falei/ Mas eu duvido”), não se deixa abater. Muito pelo contrário, alimenta a convicção de que jamais será esquecido, imaginando que será constantemente evocado pela ex-amante (“Se alguém tocar seu corpo como eu não diga nada/ Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada”). Estamos, pois, diante de um homem que exorciza o fim de um relacionamento fomentando a certeza de que seu amor do passado jamais encontrará alguém tão marcante quanto ele. É um paradoxo interessante: ao mesmo tempo em que parece rogar uma praga (“Desesperada você tenta até o fim/ E até nesse momento você vai lembrar de mim”), o eu lírico da canção recorda um grande amor com toda a ternura que alguém que levou um pé na bunda é capaz de nutrir. Continue Lendo

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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