Maitê Proença - Fevereiro de 1987 - Hoje em dia é muito mais fácil para um jovem cercado de espinhas e dúvidas existenciais por todos os lados satisfazer suas curiosidades peladísticas. Basta fazer algumas rápidas pesquisas no Google e, voilá, terá acesso a milhares de fotos e vídeos de mulheres nuas, peladas, au naturel, sem roupa e do jeito que vieram ao mundo. Mas, na época em que a mítica Playboy com Maitê Proença na capa chegou às bancas, eu era apenas um moleque de 13 anos, bobo como todos os homens são nessa idade (na verdade, continuamos bobos; apenas adquirimos um pouco mais de know how ao longo dos anos).
Se ainda hoje sofro com minha irreversível timidez, imagine a minha situação naquele longínquo verão de 1987, louco para conferir com meus olhos e mãos a nudez daquela atriz por quem me apaixonara irremediavelmente ao assisti-la protagonizando Dona Beija, novela da finada Rede Manchete na qual Maitê exibiu generosamente seu corpo em cenas como a vez em que sua personagem cavalgou nua, tal qual Lady Godiva, pelas ruas de Araxá. Continue Lendo
Quando Steven Spielberg anunciou que seria um dos produtores executivos de um filme baseado naqueles carrinhos e aviões de brinquedo que se transformavam em robôs, fiquei incrédulo. Será que o diretor mais bem-sucedido da história de Hollywood conseguiria levar para as telas uma trama minimamente atraente a partir daqueles robôs que marcaram a infância de muitos garotos na década de 80? A resposta estará ao nosso alcance dia 20 de julho, quando o filme, dirigido por Michael Bay, especialista em blockbusters como A Rocha (1996), Armageddon (1998) e Pearl Harbor (2001), estreará nos cinemas brasileiros. Bem, ao menos há um motivo para que eu alimente expectativas menos pessimistas sobre a produção: os ótimos teasers em que eletrodomésticos simulam participar de testes de elenco de Transformers - O Filme.
Às vésperas do lançamento do novo filme, o portal G1 publicou uma matéria da Associated Press com uma curiosidade sobre a primeira versão para o cinema de Transformers: um longa animado de 1986. Pois e não é que o desenho animado baseado nos robôs de brinquedo foi também o último filme de Orson Welles? A biografia de Welles, escrita por Barbara Leaming, revela que o diretor de Cidadão Kane e A Marca da Maldade passou seus últimos dias de atividade cinematográfica dublando um brinquedo: Unicron, o vilão da história.
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Nas esquinas de Porto Alegre um casal se encontra, se perde, se reencontra. A câmera acompanha as ações e, principalmente, não-ações de Ciro, um tradutor desempregado interpretado com alma por Júlio Andrade; às vezes em close-up, às vezes de soslaio. Porém, mantendo sempre um clima huis clos, externando a apatia claustrofóbica de um jovem de vinte e poucos anos. Personificação de uma geração que, atordoada diante da quase infinidade de perspectivas que a vida pós-moderna lhe oferece, mantém-se em estado de letargia. Beto Brant trilha aqui a mesma senda aberta por Crime Delicado, seu longa anterior. Cão Sem Dono é outro filme intimista e subjetivo, que explora as relações íntimas entre Eros e Tânatos. Desta vez Beto divide créditos de direção com Renato Ciasca, seu comparsa de longa data, que o acompanha há tanto tempo quanto Marçal Aquino, roteirista de todos os seus filmes anteriores. Nesta corajosa adaptação do livro Até o Dia em Que o Cão Morreu, de Daniel Galera, destaca-se ainda a bela estréia de Tainá Muller, no papel de Marcela, modelo e quase namorada de Ciro. A cena em que Tainá canta “Moonshiner” de Cat Power é de deixar boquiaberta a alma de qualquer cinéfilo.
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Você já encontrou algum cinéfilo comendo pipocas ou tomando Coca light enquanto assiste a um filme de Bergman, Kiarostami, Yasujiro Ozu ou Tarkóvski? Nem eu. Para mim, a quantidade de junk food consumida durante uma sessão de cinema é inversamente proporcional à exigência intelectual da película projetada na tela. É de se imaginar que pipocas consomem neurônios imprescindíveis para a devida fruição de uma obra mais densa. Não é de se estranhar, pois, que durante a sessão de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado a convite da BloggersCut, eu tenha consumido um saco e meio de pipoca e mais 500 ml de Coca Light.
A mais recente adaptação de quadrinhos da Marvel flui que é uma beleza: entretenimento descompromissado, entremeado por piadas infames e cenas de ação repletas de CGI. Eu, particularmente, não achei a interpretação de Jessica Alba tão ruim no papel de Sue Storm (afinal de contas, todos devem saber que a maior contribuição dramática dela está no embelezamento da fotografia do filme). Decepcionado mesmo fiquei com a caracterização de Galactus: eu, que tinha em mente a imponente entidade devoradora de planetas de capacete roxo tal como retratada na graphic novel clássica de Stan Lee com Moebius (uma das melhores HQs de todos os tempos), achei pra lá de insossa sua transformação em uma mera nuvem. Pena, ainda, que o filme tenha esvaziado os dilemas filosóficos do personagem do Surfista Prateado, dublado por Laurence “Morpheus” Fishburne. Porém, como não sou nenhum fã xiita de quadrinhos, não condenarei o filme por ser infiel à obra original (embora uma de suas melhores cenas, a da aparição de Stan Lee, reproduza uma cena clássica das HQs). Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado cumpre, pois, sua função: é diversão a ser desfrutada acompanhada por muita pipoca e refrigerante.
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P.S. 1: Interessado em mais informações sobre Transformers - O Filme? Então confira a entrevista de Michael Bay ao site Dark Horizons.
P.S. 2: A resenha de Cão Sem Dono foi originalmente publicada na edição 6 da RollingStone Brasil.
P.S. 3: Recomendação cinéfila do dia: o blog Cinematório, de Renato Silveira.
Cometendo o cabotinismo de citar minhas próprias palavras, escrevi em um poema:
Carrego dentro de mim sonhos e sentimentos que morrerão comigo,
momentos que não existem em nenhum lugar mais
além do meu coração:
pôr-de-sol, brisa no rosto, conversa com amigos, sorriso de mulher.
Instantes que valeram por uma vida inteira,
rastro de estrelas num céu poluído e aparentemente vazio.
Não é de se estranhar, pois, que uma das minhas cenas preferidas em filmes seja a seqüência em que o personagem de Woody Allen em “Hannah e Suas Irmãs” explica como conseguiu superar uma crise existencial assistindo a um filme dos irmãos Marx.
Hoje, dia 19 de junho de 2007, a versão brasileira do YouTube entrou oficialmente no ar: e.com.br. Mais oito países ganharam suas versões locais: França, Irlanda, Itália, Japão, Holanda, Polônia, Espanha e Estados Unidos. A Rede Globo, seguindo o exemplo de canais norte-americanos como a NBC e a CBS, já tem canal oficial no YouTube, embora ainda seja restrito a cenas de Malhação. Se antes da chegada de sua versão em português o YouTube já havia se tornado um dos sites mais populares no Brasil (Daniela Cicarelli que o diga), imaginem agora que a barreira do idioma foi derrubada.
Não é todo dia que a gente vê coisas como essa sendo exibidas ao vivo, no principal noticiário da televisão brasileira.
Em tempos de YouTube, como não poderia deixar de ser, os três amigos que alopraram a entrada ao vivo do repórter Paulo Renato Soares no Jornal Nacional trataram de postar na Web o making of de como arrancaram o sorriso maroto de Sandra Annenberg após a exibição da matéria. Continue Lendo
Eu sou um cara de sorte e não posso reclamar do que a vida tem me proporcionado. Mas sou plenamente solidário aos meus amigos que reclamam de todo o oba-oba em torno do Dia dos Namorados. Em homenagem a eles e a todos os cínicos cênicos, seguem abaixo alguns dos sensacionais cartões do Bald Guy Greetings.
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“Seja minha namorada. E por ‘seja minha namorada’, quero dizer: ‘vamos dar uma trepadinha neste Dia dos Namorados?’” Continue Lendo
Mash-up, bastard pop ou bootleg é a justaposição de duas ou mais músicas em uma só, resultando em uma forma renovada de tocar canções que você já havia enjoado de escutar. Quer um bom exemplo prático do que digo? Então confira “Every Car You Chase“, mistureba de primeira feita pelo DJ Party Ben, que amalgamou “Every Breath You Take” do The Police com “Chasing Cars” do Snow Patrol, e mandou muito bem no resultado final.
Marisa Toma e Wagner Brenner curtiram a dica e já trataram de difundi-la blogosfera afora. Pra quem quiser saber mais a respeito de mash-ups, recomendo fortemente a leitura do artigo “Geração Copia e Cola“, de Adriana Alves, disponibilizada no blog de um dos maiores experts brazucas do assunto, meu xará Alexandre Matias. Ah, dê um pulinho também na Mashups Community do Imeem!
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Você ficou preso em Sampa City porque não conseguiu enforcar o feriado da quinta ou preferiu driblar a muvuca nas estradas e aeroportos? Confira esta dica camarada, pois: veja neste sabadão, dia 9, o show de Lucas Santtana, a partir das 23 horas, no Studio SP.
Preliminares pra você chegar afiado ao showzaço de Lucas Santanna: conferir petardos sonoros como “Lycra Limão” ou “Tijolo a Tijolo” em seu MySpace. É Diginóis na fita, mano!
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Pedro Damian, que se descreve como um “jornalista que ama a boa música“, publicou um post denominado 107 Best CDs of 2007. O CD agoniza? Viva a música!
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“O disco se arranha e se gasta, a cantora talvez esteja morta; eu vou embora, vou tomar meu trem. Mas, por trás do ente que cai de um presente para o outro, sem passado, sem futuro, por trás desses sons que dia a dia se decompõem, se lascam e deslizam para a morte, a melodia permanece a mesma, jovem e sólida, como uma testemunha implacável“. (Jean-Paul Sartre)
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.