Meus dois centavos sobre o referendo do desarmamento
Por Alexandre Inagaki ≈ segunda-feira, 10 de outubro de 2005
As únicas leis que funcionam neste país, uma vez que independem da fiscalização de nosso pantagruélico Estado, são as leis de Murphy e Gérson. Não vejo grande utilidade, pois, na convocação de um referendo que custará cerca de R$ 210 milhões aos cofres públicos, é baseado na falácia de que a proibição da venda de armas bastará para diminuir a criminalidade (como se a desigualdade social de nossa Belíndia, a corrupção na polícia e a falta de investimentos em educação não fossem os motivos principais da violência que grassa por aí) e desvia as atenções da população de assuntos mais relevantes como os processos de cassação dos deputados envolvidos no escândalo do mensalão.
Você reclamava do baixo nível da programação da TV? Ah, isso é porque você não havia sido obrigado a assistir às propagandas imbecilizantes oriundas desse referendo. De um lado, artistas bradando argumentos repletos de lugares comuns, do tipo “eu sou a favor da paz” (ué, existe algum idiota que declare ser pró-guerra?), esvaziando a discussão de um assunto sério com seus rostinhos bonitos e acéfalos. De outro, atores personificando jovens “descolados” que usam o argumento patético de que é preciso votar “não” porque a juventude é intrinsecamente contra qualquer tipo de proibição. Em comum a ambos os lados, o farto uso de números e pesquisas que supostamente corroboram seus respectivos pontos de vista. Não posso deixar de fazer a piada inevitável: 98,75% das estatísticas são totalmente manipuláveis.
P.S. 1: O único referendo ou plebiscito que este país necessita diz respeito ao fim da obrigatoriedade do voto.
P.S. 2: Perdoe-me se soarei grosseiro, mas não estou minimamente interessado em saber se você votará “sim” ou “não”.
P.S. 3: Indeciso e à procura de mais informações? Não permita que a mediocridade das propagandas televisivas ou a parcialidade de determinadas revistas semanais joguem fora a oportunidade de se fazer um debate minimamente aprofundado. Clique aqui, visite os links do grupo Nós na Rede e conheça opiniões de ambos os lados.