Sou fascinado pelas atrizes francesas. Imagino Isabelle Adjani dando um peteleco em minha orelha, sussurrando, maviosamente: “zinedine zidane”. Julie Delpy, só de calcinha em minha casa, ajoelhada para cortar as unhas do meu pé, balbuciando com um sorriso malicioso nos lábios: “foie gras et crepe suzette”. Sophie Marceau, fazendo cosquinhas em minha barriga de três meses de grávido, depois de fritar uma omelete para o meu café da manhã, cantarolando: “voyage voyage joe le taxi”. Emmanuele Béart, tentadoramente estendida no tanque, lavando minhas cuecas enquanto puxa um papo-cabeça comigo: “echarpe lingerie renault champagne”. Ah, mas este meu francês tão tosco.
Um dos aspectos menos comentados no rompimento da parceria entre Xuxa e Marlene Mattos foi o desemprego repentino de todas as paquitas. Chacretes pós-modernas, essas assistentes de palco de dona Maria da Graça Meneghel representaram por muito tempo o emprego dos sonhos de toda ninfeta desocupada, e a tara secreta que alimentava a porção Humbert Humbert de todo chefe de família. As paquitas surgiram em 1984, junto com o primeiro programa capitaneado pela parceria Xuxa-Marlene Mattos, o Clube da Criança, na finada TV Manchete. A origem do vernáculo “paquita” veio de um bicho de estimação da ex do Pelé, um papagaio bobviamente chamado de Paquito. Andréa Veiga, a primeira de todas, herdou o apelido e até hoje é chamada carinhosamente pelos amigos de “paca”. Trajava uma roupa semelhante à de um soldadinho de chumbo, só que com shorts minúsculos, para o deleite dos altinhos. Sua principal tarefa: ajudar a ex do Ayrton a controlar a pentelhada enquanto rolavam as brincadeiras do programa. Foi capa da Playboy em 1989.
À semelhança das chacretes, que recebiam do Velho Guerreiro Abelardo Barbosa alcunhas esdrúxulas como Sueli Pingo de Ouro, Soninha Toda Pura e Ester Bem-Me-Quer, as paquitas subseqüentes começaram a ganhar apelidos, hum, originais. A começar por Andréia Faria, vulgo “Xiquita Sorvetão”, primeira paquita da era Globo, quando a ex do Szafir passou a apresentar o Xou da Xuxa, em 1986. Esta também faturou alguns cobres posando nua: Playboy em 1995, e Sexy em 2002. “Pituxa Pastel” foi outra que se deu bem: trata-se de Letícia Spiller, intérprete da Babalu na novela Quatro por Quatro, e da vilã Maria Regina, em Suave Veneno. Bianca Ranaldi, a.k.a. Xiquita Bibi, também garantiu seu ganha-pão: fez o papel-título da novela do SBT Pícara Sonhadora, e apareceu nua na revista Sex Way em 2000. Merecem menção ainda: Ana Paula Almeida, a “Pituxita Bonequinha”, por ter namorado o Romário em 1995; Juliana Baroni, a “Catuxa Jujuba”, que atuou em obras inolvidáveis do cinema nacional como Gaúcho Negro e Sonho de Verão; e Luciana Vendramini, que nem paquita foi, a despeito da chamada de capa da Playboy em 1987 (ela fez apenas testes para o programa da Xuxa). Mesmo assim, reinou por muito tempo como musa das poluções noturnas de muito pivete nos anos 80, até se casar com o vocalista do RPM Paulo Ricardo e sumir feito Neuzinha Brizola, Lidia Brondi, Alice Pink Punk, Shigueaki Uéki e outras figuras sui generis da época. Como você pôde viver sem saber destas coisas? Ok, não tem de quê…
Cá estou, ocupando meu terreno antes que alguém o tomasse por usucapião, sacumé. Contatos para este incauto podem ser feitos através do meu e-mail, ou pela minha abandonada página pessoal. Ou então, visite o Spam Zine, que você ganha mais. A propósito: só Evasão salva.